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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Rute: o oitavo livro da Bíblia Sagrada

Boaz permite Rute colher trigos de seus campos. Antes ele
havia ouvido sobre seu tratamento bondoso em favor de
Noemi. Ilustração de William Brassey Hole (1846 1917). 
O autor do Livro de Rute não é identificado no texto. A tradição aponta ao profeta Samuel, devido a semelhança de linguagem com os livros Juízes e Samuel. Outros autores indicados são Davi e Ezequias. No entanto, nenhuma dessas afirmações são comprovadas.

De acordo com o texto, a história acontece no período final do tempo dos juízes, mas sua redação costuma ser datada do tempo do reinado de Davi (Rute 4.22).

O livro de Rute apresenta uma bela narrativa sobre a verdadeira fé e o temor de Deus. Exibe para nós o retrato fascinante de uma mulher que, apesar de ter crescido em uma cultura pagã, aprendeu a honrar e obedecer a Deus por meio do seu caráter exemplar e profunda humildade. Mostra como era o cenário do tempo violento dos juízes pela perspectiva de uma série de vislumbres íntimos da vida particular de membros de uma família israelita. Relembra memoravelmente a bondade e a provisão do Senhor na vida de duas viúvas: Noemi, senhora hebreia, e Rute, jovem moabita.

Rute era viúva, estrangeira e nora de Noemi, sua personalidade era serena e cheia de paz. Ainda que não fluísse sangue israelita em sua veias, ela possuía fé no Deus de Israel, provavelmente por observar o estilo de vida santo de sua sogra.

O relacionamento de amizade entre Rute e Noemi era exemplar, poético, intenso. Não era parcial e nem possessivo. Quando Noemi decidiu voltar para sua terra natal, deixou Rute totalmente livre para permanecer em Moabe. Mas Rute estava determinada a acompanhar Noemi. Assim, após ambas chegarem a Belém, Noemi se empenhou ao máximo para arranjar um novo casamento para Rute. A seu tempo, as duas mulheres assoladas pela pobreza, encontram o favor de um rico fazendeiro hebreu, chamado Boaz, que se apaixonou e casou-se com Rute.

Em meio ao caos nacional e crueldade da época, Boaz demonstrou gentileza, integridade e cuidado com Rute e Noemi, fez o que era certo e bom: "Ouve, filha minha; não vás colher em outro campo, nem tampouco passes daqui; porém aqui ficarás com as minhas moças. Os teus olhos estarão atentos no campo que segarem, e irás após elas; não dei ordem aos moços, que não te molestem? Tendo tu sede, vai aos vasos, e bebe do que os moços tirarem" (2.8-9).

Boaz representa o homem com caráter de Deus, que gentilmente cuidou destas duas viúvas em tempos difíceis, como Tiago 1.17 nos instrui a fazer. Ele considerava Rute uma mulher virtuosa (3.11).

A história contida no Livro de Rute é cheia de amor e devoção, o leitor encontra Deus operando para proporcionar satisfação na vida de pessoas que se sentiam vazias em período de ausência de chuvas. Leitores modernos se deliciam não somente com a história de amor, mas também citam frequentemente o texto encontrado no capítulo 1 e versículo 16 ("aonde quer que tu fores, irei eu, e onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus") em cerimônias de casamento, como parte da aliança e da promessa entre marido e esposa, sem considerar que a solene declaração são palavras de Rute dirigidas para sua sogra e não para seu par romântico.

As esposas e mães atuais, e cristãos em geral, podem aprender muito com a conduta de Rute, Boaz e Noemi, neste livro que tem um começo triste e um final feliz.


Compilação:
A Bíblia da Mulher, página 446, impressão de 2011, Barueri, (Sociedade Bíblica do Brasil).
Bíblia Devocional da Mulher, página 306, edição 2003, São Paulo, (Editora Vida)
Bíblia de Estudo da Mulher, página 253, 6ª impressão em 2005, Belo Horizonte (Editora Atos).
Bíblia de Estudo Preparando Casais para a Vida, página 495, 1ª edição em maio de 2013, Rio de Janeiro (Editora Central Gospel).

terça-feira, 29 de julho de 2014

Charge: Inteligência em informática e o relacionamento online


A embriaguez e a sedução da beleza e gosto do vinho


"Para quem são os ais? Para quem os pesares? Para quem as pelejas? Para quem as queixas? Para quem as feridas sem causa? E para quem os olhos vermelhos? Para os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando vinho misturado. Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. No fim, picará como a cobra, e como o basilisco morderá" - Provérbios 23.29-32.

Entre os muitos conselhos sábios que existem no Livro de Provérbios, encontramos a advertência sobre a embriaguez, o que nos leva a saber que problemas gerados pelo alcoolismo não é um fenômeno apenas da cultura dos tempos atuais. O texto bíblico mostra que já era situação recorrente no antigo Oriente Médio. Os mesmos sintomas que se vêem hoje em uma pessoa alcoólatra, são apresentados na página da Bíblia: brigas, rixas, feridas por motivos banais, queixas, saúde arruinada, perda de controle da própria vida, pesares, olhos vermelhos.

O escritor apresenta o exemplo de um bêbado, que ingere o vinho misturado com outras especiarias ou drogas. O conselho é para guardar-se da sedução da beleza e do gosto do vinho, pois o que parece extremamente apreciável no início ao final se mostrará igual a consequência, quase sempre fatal, do ataque do basilisco e da víbora.

Outras advertências sobre o perigo da embriaguez em Provérbios de Salomão: 20.1; 21.17; 23.20, 21; 23.30-35; 31.4-7.

As referências apontam às bebidas alcoólicas, mas podemos aplicar o mesmo princípio a todas as demais drogas da atualidade chamadas lícidas ou não, como o fumo à base de nicotina e de maconha por exemplo. Assim como era no passado, hoje em dia há muitas pessoas presas ao vício que ainda não se deram conta da situação que se encontram. Ingerem em excesso refrigerantes, estimulantes, suplementos. Sem orientação médica, muitos indivíduos fazem uso de maneira desregrada de analgésicos, xaropes e remédios em geral. Todos esses produtos agem como as sagazes serpentes, que se espreitam e atacam de surpresa envenenando suas vítimas, para segui-las cambaleantes e trêmulas até que caiam e morram, para depois devorá-las. 

E.A.G.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

O cuidado ao falar e a religião pura

Por Eliseu Antonio Gomes

Ouvir é uma arte essencial

Há na atualidade pouca disposição em se ouvir, estudar e entender, compreender para expor um assunto. Mesmo sem maturidade intelectual, muitos querem sair por aí questionando e opinando sobre tudo e todos os temas antes de preparar-se para abordá-lo.

Ao ouvir alguém, quer através da comunicação verbal, escrita ou oral, quer através da comunicação não verbal, admitimos a possibilidade de aprender para conhecer. É esperado de quem se propõe a falar sobre qualquer assunto que tenha o mínimo de conhecimento necessário a respeito do tema que falará.

A fala do cristão

"Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios" - Salmo 141.3.

Tiago nos aconselha a manter a língua sob irrestrita vigilância. Afirma que "todos tropeçamos em muitas coisas", incluindo-se ele próprio entre os crentes que falham e acrescentando que "se alguém não tropeça em palavra" tal pessoa é perfeita e capaz de refrear todo o corpo.

É muito difícil dominar a linguagem, entretanto, é extremamente necessário combater o tropeço ao falar. A palavra dita sem pensar, fora do tempo, e sem conhecimento dos fatos pode provocar grandes tragédias. Às vezes dizemos algo que não gostaríamos que saísse de nossos lábios, quando percebemos o ato falho já aconteceu e o que foi dito causa sérios problemas a quem diz e a quem ouve. 

O modo de exprimir ideias e sentimentos ou a maneira de dizer revela o coração de uma pessoa. A língua controlada significa um coração e um corpo controlados. O tom de voz e o estilo de expressão apresentam o que vem do pensamento e da intenção, mostra o que está no interior da pessoa; por isso, devemos vigiar, santificando o linguajar e a alma, para não tropeçar no uso do vocabulário e ações.

Jesus Cristo advertiu: "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; porque o que passa disso é de procedência maligna" - Mateus 5.37.

A calúnia, a difamação e a injúria constituem crimes cometidos com a língua, pecados que destroem valores humanos. O boato, a murmuração, o palavreado torpe agradam ao diabo e entristecem ao Espírito Santo. Se quisermos atingir o perfil do homem perfeito, teremos que controlar nosso ímpeto e evitarmos tropeçar na comunicação.

O cristão alcança o domínio no diálogo através da constância à leitura e prática do ensino da Palavra de Deus, vigiando e disciplinando a conversa. Ao entregar o nosso eu ao controle do Espírito Santo, Ele pode refrear nossos impulsos, inclusive a compulsão no pronunciar-se desordenadamente.

Através da fala, tanto podemos bendizer como amaldiçoar. É importantíssimo evitar a dubiedade da língua, calar quanto ao ato de disseminar maldição e falar apenas com a intenção de proclamar a bênção.

Na mesma linha de raciocínio de Tiago, 1.19, que ensina ser mais importante ouvir do que falar, o apóstolo Paulo escreveu que a fé surge no coração humano através da disposição de ouvir a Palavra de Deus. Jesus Cristo é o Verbo Divino de Deus, a quem devemos estar sempre atentos (João 1.1; Hebreus 1.1).

Quem ouve o que o Senhor nos diz alimenta a própria alma e ao abrir a sua boca para dirigir-se a alguém, falará reproduzindo a inteireza da Escritura, que "é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra" (2 Timóteo 3.16-17).

Que Deus nos ajude a disciplinarmos nossa linguagem para que sirva de instrumento à exaltação do Senhor e à edificação espiritual do nosso próximo.

A religião pura

O que é religião? Geralmente a religião se caracteriza pela crença na existência de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e obediência. A religião verdadeira é composta de autênticos discípulos de Cristo, não se consiste em ritual e regra humana, mas em vida de amor a Deus e ao próximo, portanto, ninguém deve pensar que agrada a Deus apenas pelo costume de frequentar um templo.

Na prática da religião pura, o crente possui autocontrole tanto no falar quanto em suas emoções. É pronto para ouvir e não se apressa para dizer algo e irar-se. Em tempo: a Bíblia Sagrada não proíbe o sentimento de indignação, apenas estabelece limites para a conduta cristã em momentos de raiva (Isaías 58.1, 7; Lucas 1945; Efésios 4.26; Provérbios 17.27).

Tiago compara a verdadeira e a falsa espiritualidade, a primeira chamada por ele de religião pura (1.7), que procede do coração voltado para Deus, é compreensiva e manifesta-se em atos positivos. No capítulo 2, ele trata da questão do crente não combinar a profissão de fé com a evidência clara de transformação de vida. E em 4.1-5, 7 enfatiza que a verdadeira espiritualidade é desinteressada, generosa, imparcial e paciente.

Em vista disso, o crente não deve pensar apenas em si mesmo, mas demonstrar o que significa amar tanto de teoria quanto de fato. Não basta dizer que temos fé, o verdadeiro teste da fé não são as nossas afirmações religiosas, mas as nossas ações em compatibilidade com o ensino de Cristo. A religião e a fé verdadeira são demonstradas por obras e atitudes que espelham o autêntico Evangelho.

O praticante da religião pura

"Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era" -Tiago 1.23-24.

No capítulo 1, versos 2 ao 18, Tiago aborda a necessidade de o crente pedir a sabedoria do alto. E nos versos 19 ao 27 ele expõe uma análise minuciosa sobre como o cristão deve usar esta sabedoria dentro e fora da comunidade cristã. Ensina que o crente precisa apresentar coerência, pois não é o discurso que mostra quem somos, mas a nossa ação.

O apóstolo usa a ilustração de uma pessoa diante do espelho para descrever o cristão que vive a religião pura. Tal pessoa ora tal qual o salmista, que pedia a Deus ajuda para contar os seus dias até alcançar um coração sábio (Salmos 90.12).

Contemplar-se diante do espelho é a mesma orientação apresentada por Cristo na parábola da trave e o argueiro: antes de observar a falha do outro é preciso observar-se atentamente e  corrigir os próprios erros. Também, é a mesma orientação de Paulo aos crentes à  mesa de Santa Ceia (Mateus 7.5; 1 Coríntios 11.28).

Conclusão

Quem dentre os religiosos é um discípulo de Cristo?

O praticante da religião pura é um autêntico discípulo de Cristo. Ele está pronto para ouvir e usa prudência ao falar; fala na hora certa, do modo certo; não vive uma vida de discursos vazios. Suas palavras são providas de uma consciência oriunda do Evangelho, através de sua conduta as pessoas em sua volta sabem o tipo de fé e sabedoria que ele tem.

Os discípulos de Jesus são pessoas que adotam o sacrifício da santificação pessoal diuturnamente, que é: refrear a língua; o exercício da misericórdia; manter-se puro. Sabem que é por meio da vida consagrada que irão influenciar positivamente o mundo, sabem que cada cristão é responsável por sua santificação e que cada um prestará conta de si mesmo a Deus.

Assim, em tudo que fazem aparece o respeito, a ternura e o amor. Professam e adotam as propostas do Evangelho, como também aplicam sua compreensão crescente da vida do Reino de Deus a todos os aspectos da sua vida na terra. Guardam-se a si mesmos de serem contaminados pelo sistema de valores da sociedade sem Deus; e empenham-se na busca de sua santificação e na pureza da sua vida (Romanos 14.12; 2 Pedro 3.14).

Os discípulos de Jesus são pessoas que adoram ao Pai e servem aos irmãos desinteressadamente.

E.A.G.

Compilações:
Ensinador Cristão, ano 15, nº 59, página 38, julho-setembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 33-39, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre, Elinaldo Renovato de Lima; 1º trimestre de 1999, páginas 45-51, Rio de Janeiro (CPAD).
Revista Exposição Bíblica - Liberdade, Fé e Prática - Gálatas e Tiago; Arival Dias Casimiro; páginas 34; 3ª edição em julho de 2013; Santa Bárbara d'0este/SP (Z 3 Editora Ltda). 


Artigo atualizado: 02/08/14 - 5h01.