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domingo, 18 de julho de 2010

Nova Tradução na Linguagem de Hoje - paráfrase?

Segundo a Sociedade Bíblica do Brasil, que detém os direitos da obra, a Nova Tradução na Línguagem de Hoje faz jus ao seu nome.

Ela é a primeira tradução bíblica produzida pela SBB a partir dos idiomas originais. Foram usados especialistas nas línguas originais das Escrituras Sagradas e especialistas no idioma português, objetivando verter a Palavra de Deus ao vocabulário popular do povo brasileiro, evitando todos os termos arcaicos, as palavras em desuso.

A diferença de estilo entre a tradução de João Ferreira de Almeida e a NTLH é que a primeira seguiu o princípio “equivalência formal” e a segunda a “equivalência funcional”.

Detalhe: A tradução no estilo “equivalência formal” verte palavra por palavra e o estilo “equivalência funcional” considera toda a frase ou sentença, levando em conta o contexto social em que ela está inserida.

Um exemplo de falta de praticidade na "equivalência formal" é a tentativa frustrada de verter ao inglês o sentido do nome do veículo de voo esportivo “asa-delta”. Não é possível transportar o sentido literal palavra por palavra (delta wing é incompreensível aos ingleses, induzindo-os ao erro de se pensar numa aeronave de guerra). Pela equivalência funcional as pessoas de fala inglesa entendem plenamente. A tradução não é ao pé-da-letra. É: hang-glider.

Curiosidade: temos em português a publicação Cartas Para Hoje, que não é uma tradução bíblica, é apenas uma paráfrase. A edição foi escrita em 1960 por J.B. Phillips, norte-americano. Ele leu e escreveu, de maneira manuscrita, parafraseando, as epístolas do Novo Testamento a partir da tradução King James. Usou o vocabulário do inglês corrente, objetivando que seus filhos pequenos pudessem entender as cartas dos apóstolos. A editora Edições Vida Nova, em 1994, verteu a paráfrase ao nosso idioma através do tradutor Márcio Loureiro Redondo. E, no prefácio, Elizabeth Ekdahl, especialista na línguística das Escrituras, recomenda que o leitor esteja acompanhado de uma tradução bíblica, apesar de apoiar a iniciativa de J.B. Phillips.

E.A.G.

Os cristãos evangélicos e as pesquisas pré-eleitorais

Diversas pesquisas pré-eleitorais estão por aí, sendo veiculadas na mídia. É preciso cautela para não sofrer influências delas. Não consigo crer que sejam 100% honestas e desinteressadas, embora torça para que sejam.

Não há provas de idoneidade de nenhum desses institutos de pesquisas. Eles dizem que candidato fulano é o primeiro e cicrano é o segundo e beltrano é o último... Mas não há ninguém checando quais são as metodologias que dão os resultados apresentados. Não há ninguém fazendo auditoria no trabalho deles. Acho que o Ministério Público Federal deveria observar isso, deveria acompanhar essas pesquisas bem de perto, porque o cidadão brasileiro é o mais prejudicado se houver manipulações e publicações de fraudes.

Da minha parte, eu penso que nós, cidadãos cristãos, para escolher em quem votar precisamos fazer uma análise com bases bíblicas. Sei que não deve haver nenhum candidato que esteja totalmente comprometido com a vontade de Deus, então, precisamos escolher àquele que esteja mais perto dessa vontade. Não é o caso de escolher o melhor, mas o menos pior.
Sobre o critério correto de escolha dos canditados, concordo com o raciocínio que diz que eleição não deve ser tratada como uma corrida de cavalos. Realmente devemos votar em quem pensamos corresponder melhor às nossas expectativas, quem queremos que nos represente no Poder e não em quem parece que vai ganhar a eleição.
E ainda dentro desse critério, eu não votarei em quem dá seu apoio ao aborto. É o caso da candidata do Lula. Ela é quem mais está distante da filosofia cristã.

E.A.G.

sábado, 17 de julho de 2010

Eclesiastes 11.1 - O que quer dizer lançar o pão sobre as águas?

"Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás" - Eclesiastes 11.1.

Um internauta pergunta: o que quer dizer a figura de linguagem existente nesta passagem bíblica?
Para responder, primeiro é necessário levar em conta que Eclesiastes é uma leitura singular, todos os versículos contidos no livro necessitam ser analisados tendo em vista do primeiro ao último capítulo. A sabedoria nele expressada é tremendamente profunda. O escritor desafia diversas filosofias da vida, revela a conduta do ser humano no mundo pecaminoso sem as camadas de verniz. Procura o sentido da existência humana, além de focar os dilemas traz no final as soluções de todos eles.
Há duas correntes quanto a autoria do livro. A tradição mais aceita considera que o autor de Eclesiastes seja Salomão, outra, afirma que o autor tenha sido uma pessoa anônima, um líder da assembleia que escreveu usando o recurso didático pela perspectiva de um monarca.
O escritor do livro Eclesiastes é abrangente
“Lança o teu pão sobre as águas” (11.1); “reparta o que você tem” (11.2); não tenha medo de arriscar, o homem cujas ações são determinadas pelo futuro incerto nunca começará e nem terminará nada; (11.4); o surgimento de um novo ser na barriga de uma mãe é algo maravilhoso e você não pode entender como começa uma nova vida (11.5); se a pessoa não semear no tempo apropriado, ela não pode ter certeza se prosperará ou não, se ela seguir as leis da natureza e as condições forem normais, poderá ser abençoada com a prosperidade e isso é algo com que se pode contar (11.6 a); “pela manhã semeia a tua semente, e a tarde não retires a tua mão”, não seja preguiçoso (11.6 b); “certamente suave é a tua luz e agradável é aos olhos ver o sol” (11.7); “alegra-te … anda pelos caminhos do teu coração” (11.9) e “lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade” (12.1).
Os pais e seus filhos de vinte e poucos anos
Nem sempre é fácil relacionar-se com os jovens. Eclesiastes 11 pode ser muito bem aproveitado pelos pais ao aconselharem os seus filhos que já estão no período da adolescência e perto dos primeiros passos para a vida independente. As últimas partes de Eclesiastes dão voz a algumas das preocupações comuns entre os pais de hoje, e também mostram que o início da vida adulta é muito mais do que obter estabilidade financeira.
Mesmo que a parte de educação pareça uma missão cumprida depois que os filhos crescem, o relacionamento familiar continua por toda a vida, pois o relacionamento pais / filhos perdura como família. Os pais precisam auxiliar os jovens a exercitarem sua independência e assumir todas as responsabilidades com sabedoria, enquanto eles não se casarem e constituírem suas famílias.
Lance o teu pão sobre as águas, corra riscos (11.1)

O significado desta recomendação não é totalmente claro, mas com toda a certeza não diz para que se jogue pão fora. É uma expressão metafórica que teria sido extraída do comércio marítimo de cereais em uma cidade portuária.
Nestes versículos o escritor concluiu que a vida envolve tantos riscos como oportunidades. Pelo fato de a vida não oferecer garantias, devemos estar preparados, a fim de aproveitarmos as boas oportunidades. Demonstrou não aprovar atitudes mesquinhas e despreparadas.
Temos três interpretações a apresentar, e compreendemos que todas elas são perfeitamente aplicáveis ao viver cristão. Elas não se chocam, ao contrário, se complementam.

• Primeira interpretação:

Lançar o pão sobre as águas é uma frase muito usada para animar a obra missionária de além-mar. Trata-se pois do “pão da vida”.
Reparte-o com sete (11.2). A obra missionária deve ser levada adiante, como Cristo determinou: "ide e fazei discípulos de todas as nações". Quando o missionário evangeliza, reparte o pão com a alma faminta. Ao evangelizar, com o passar do tempo os seus discípulos também se tornam mestres. O ciclo natural do compartilhamento da Palavra de Deus é o crescimento, o compartilhamento do conteúdo bíblico. Dessa forma o Evangelho se expande, diuturnamente, ao redor do mundo.
• Segunda interpretação:
Um provérbio árabe utiliza a expressão “lança o teu pão sobre as águas” com o sentido “dê seu pão com generosidade”, “pratique o bem”, “ seja como os que aceitam os riscos e colhem os benefícios do comércio marítimo”. E a partir daí, alguns intérpretes concluem que também o verso é um convite para realizar boas obras, já que estas não ficarão sem recompensa. Sugere a não ter medo de ser generosos (Provérbios 11.24).
Ao se fazer benefícios exercendo misericórdia, não devemos esperar recuperar o nosso "pão", como um rendimento de boa obra. Deus a seu tempo ("depois de muitos dias") recompensará, pois Ele é quem reparte seu pão com o faminto.
Reparte-o com sete (11.2). O escritor ensina: seja generoso enquanto tem sua porção em abundância; infortúnios imprevisíveis poderão deixá-lo dependente da generosidade alheia. Não devemos esperar que, aquele que foi beneficiado pelo nosso amor, nos pague oportunamente. Deus, contudo nos há de suscitar um benfeitor quando o necessitamos. Os que por nós foram contemplados, no dia do juízo darão testemunho em nosso favor (Atos 14.13; Mateus 25.40).
• Terceira interpretação:
Outros veêm a ilustração dessa passagem bíblica, que alude às exportações via comércio marítimo, como aconselhamento referente a perspectiva de sucesso em empreendimento comercial ousado, um incentivo a empregar o dinheiro em bons negócios. A recomendação para enviar o pão pelo oceano seria uma referência ao "pão" como resultado do trabalho da pessoa, isto é, o seu dinheiro, o resultado do próprio esforço do empreendedor.
Apesar da operação de exportação pelo mar ser um investimento de alto risco, traz, definitivamente, grandes benefícios. O simples fato de a vida ser incerta não significa que não há o que fazer. Embora o mundo seja incerto, e os seres humanos não possam controlar os acontecimentos, continua sendo melhor agir do que ficar paralisado de medo sem fazer nada. Precisamos de um espírito confiante e corajoso para enfrentar os riscos e as oportunidades com entusiasmo e fé direcionados por Deus.
Reparte-o com sete (11.2). O mundo não é lugar seguro, e as pessoas não têm controle sobre o que acontece ao seu redor. Não sabemos que mal sobrevirá à terra.

A vida é um risco após outro. É sábio diversificar os investimentos, evitar empatar tudo que temos em um só negócio, pois ninguém sabe que calamidades pode acometer certo empreendimento.

Aplique seu dinheiro e talento em vários lugares. O sábio aconselha a diversificação na aplicação do capital, porque falhando um deles, os demais ainda terão a oportunidade de ser bem-sucedidos.


No lugar em que cair ali ficará (11.3)

O verso 3 pode ser aplicado à morte, que decide a sorte eterna, depois dela não há possibilidade de mudar o destino (Marcos 16.16; Lucas 16.20-31).

O escritor de Eclesiastes admoesta a estar sempre precavido, pois não havendo condições de fazer socorro em tempo, posteriormente o mal poderá ser irreparável.
Não brinquemos com as possibilidades remotas nem com o que possa vir a acontecer. A prudência recomenda agir onde podemos, reconhecer nosso papel, ou nosso conhecimento, que tem suas limitações. Sempre levando em consideração que muitos acontecimentos da vida têm caráter decisivo e inevitável.

Quem somente observa as circunstâncias nunca se realizará (11.4)
Há o perigo de ser excessivamente cauteloso devido à imprevisibilidade da natureza.

Esperar as condições perfeitas indica falta de iniciativa. Esta compreensão prática também é aplicável à nossa vida espiritual. Se esperarmos a ocasião e o local perfeitos para ler a Bíblia, nunca começaremos a leitura; para ter o ministério perfeito, nunca serviremos.

Em todas as esferas da vida, profissional, familiar e espiritual, devemos dar os nossos passos em direção ao crescimento. Não devemos aguardar condições que provavelmente jamais existirão!
Conclusão
O capítulo 11 de Eclesiastes é um conselho valioso, cuja síntese é: aproveite sua juventude e lembre-se de Deus em todas as etapas da sua vida.

As últimas partes do capítulo são as palavras de um homem maduro e sábio, ele olha para uma vida que estava longe da satisfação. Entendemos que quanto menos a pessoa amadurecida deixa-se paralisar diante de suas preocupações, melhor será para ela. E quanto mais os jovens de vinte e poucos anos prestarem atenção a elas, será melhor para eles. Os jovens precisam analisar com cuidado a escolha da profissão, saber o valor da poupança, reconhecer a necessidade de trabalhar com afinco e além disso manter seu coração consagrado a Deus.

E.A.G.
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O artigo está liberado para uso, desde que citados o nome do autor e o link (HTML) do blog Belverede.

Notas consultadas: Bíblia de Estudo da Mulher (Editora Atos), Bíblia de Estudo Vida (Editora Vida), Bíblia de Estudo NVI (Editora Vida), Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal (CPAD), Bíblia de Estudo Dake (CPAD / Hagnus), Bíblia Devocional de Estudos (Fecomex), Bíblia de Estudo NTLH (SBB), A Bíblia Anotada Expandida Charles C. Ryrie (Editora Mundo Cristão), Bíblia Almeida Século 21 (Editora Vida Nova / Hagnus), Bíblia Vida Nova (Edições Vida Nova).