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quarta-feira, 27 de novembro de 2019

O Escorpião em citações na Bíblia Sagrada e na Biologia moderna

Por Eliseu Antonio Gomes

Dados da Biologia

Os escorpiões são animais invertebrados. A biologia classifica-os como sendo da ordem dos aracnídeos. São descritos como artrópodes. Então, poderíamos dizer que são da classe das aranhas, carrapatos, ácaros e opiliões.

Existem muitos tipos de escorpiões. Aproximadamente, 1600 espécies são conhecidas em todo o mundo. No Brasil, há cerca de 160 variações distribuídas nas seguintes famílias: Bothriuridae, Chactidae, Liochelidae e Buthidae.

Algumas espécies de escorpiões possuem até seis olhos, porém, cientistas afirmam que eles enxergam o mundo apenas pelos tons azul e vermelho, e distinguem apenas o claro do escuro. Sua visão é fraca, sendo que um dos pares de olhos fica na região central da superfície dorsal. Mas, compensando a visão reduzida, há espalhados em seu corpo apêndices sensoriais, parecidos com bigodes, que captam muitas vibrações da pressão do ar no ambiente. Assim, conseguem perceber a aproximação da presa, mesmo que ela seja discreta. Esta característica ajuda-os bastante, principalmente durante os períodos de luz, quando enxergam menos. E para que tenham vantagem ainda maior sobre sua presa, o hábito de caçar é noturno.

Sua cauda possui uma estrutura com seis articulações, denominada de telson. Na cauda, existe um par de glândulas produtoras de veneno e um ferrão, também chamado de esporão, que é em formato de curva. As glândulas desembocam em dois orifícios situados no final da cauda. O ferrão é usado para perfurar e injetar a peçonha em suas presas com um picada aguda.

O tamanho do escorpião varia entre 7,5 a 15 centímetros de comprimento. Apresenta o corpo dividido em cefalotórax e abdômen, onde estão o tronco e a cauda. É um inseto revestido de carapaça, tem seis extremidades articuladas. duas espécies de pinças (usadas para agarrar-se e alimentar-se), orifícios no tronco (que servem para respirar), e oito pernas ágeis. 

A característica mais marcante do escorpião é o seu ferrão. Move-se com aparência ameaçadora, mantendo a cauda erguida. Parece estar sempre pronto para atacar. É carnívoro, alimenta-se apenas de insetos. Mata e devora sua própria espécie quando não há facilidade para encontrar bichos de outras espécies. Caso a presa seja grande ou ofereça resistência, elas são paralisadas pela ação do veneno, após entorpecida, é triturada ainda agonizante e engolida sem dificuldade alguma.

Habitat

O escorpião é comum em países de clima quente e de baixa umidade, sobrevive em regiões tropicais e subtropicais. Abriga-se em lugares escuros e secos, oculta-se embaixo de rochas, buracos, camufla-se em vegetação rasteira, encobre-se nos solos arenosos dos desertos. Nos centros urbanos, é encontrado em paredes de ruínas antigas, fendas de muros, dentro de calçados. É mais ativo em meses de temperaturas mais elevadas, quando afasta-se com mais frequências dos esconderijos para capturar presas distraídas.

A espécie Buthidae, encontrada no Brasil, é abundante e perigosa, como as espécies do gênero Tityus. Entre as espécies Tityus, prolifera no território brasileiro a Tityus serrulatus (escorpião amarelo), causadora de graves acidentes, sua ferroada é capaz de levar a óbito se não houver socorro rápido.

Reprodução

Os escorpiões são insetos solitários. O macho e a fêmea encontram-se apenas para a reprodução da espécie. Antes da fecundação, há um prelúdio que pode durar mais de sessenta minutos. O macho faz movimentos que lembram uma dança. O cortejamento termina com o abraço dos ferrões e o deslizamento do sêmen no abdome da fêmea, posicionada de uma maneira que o líquido entre em seu aparelho reprodutor. Ela é capaz de incubar entre cem a duzentos ovos. Os pequenos escorpiões permanecem durante alguns dias no abdome da mãe, ficam com ela até a primeira troca de pele; os filhotes esfolam o próprio corpo quando começam a crescer e partem para sua jornada desacompanhados, depois de grandes trocam a pele mais vezes.

Não é raro acontecer de as fêmeas comerem seus próprios filhotes. Algumas vezes o macho também age praticando o canibalismo contra sua prole e pode ser canibalizado pela fêmea após fecundá-la.

O ataque peçonhento

Os acidentes com humanos são excepcionais, os casos não são motivados pela questão da busca por alimentação, mas porque o escorpião se vê ameaçado. O veneno é  bastante tóxico, todas as vítimas precisam buscar o tratamento médico. Alguns casos de envenenamento a consequência é a morte da vítima. Portanto, todos devem ser socorridos com urgência, principalmente crianças, pois o organismo infantil é mais frágil que os adultos.

Geralmente, as picadas ocorrem nos membros superiores, sendo mais da metade delas nas mãos ou antebraços. A picada irradia dor intensa no membro afetado. A intensidade dos sinais e sintomas depende da dose do fluído venenoso. A gravidade do envenenamento deriva não só da quantidade de veneno como a espécie de escorpião, sendo que o veneno do escorpião amarelo (Tityus serrulatus) é o mais potente na América do Sul e no Brasil.

Após a ferroada dolorida, no intervalo de duas a três horas surge a sensação de queimação no local picado. A lesão assemelha-se ao de uma vespa ou abelha. Causa inchaço e avermelhamento; inflamação, náusea, diarreia, dor abdominal, elevação da temperatura corporal, grande fluxo de suor, salivação, vômito. Os quadros mais graves acontecem pela demora no socorro. Na condição mais crítica, as vítimas apresentam acúmulo de fluídos no pulmão, arritmia, sonolência, confusão mental, e o óbito. O maior número de vítimas fatais são as crianças menores de 14 anos.

Na Bíblia

Em muito relatos bíblicos, o escorpião, cujo vocábulo é tradução do termo hebraico " 'aqrãbh" e em grego de "skorpius", é usado para simbolizar castigos, os ímpios, os inimigos do povo de Deus e os inimigos do próprio Deus

Há um dezena de variedade deles na Palestina e territórios adjacentes. Em Deuteronômio 8.15, em sua jornada rumo à terra prometida, o povo judeu, recém liberto da escravidão no Egito, encontrou uma grande quantidade de escorpiões no deserto. Assim como foi no tempo do êxodo bíblico, nos dias atuais ainda é comum encontrá-los nas proximidades do mar Morto e península do Sinai - e também o clima extremamente seco e a presença de serpentes.

Roboão manifestou ser um rei de índole cruel contra o povo que governava. Em discurso, lançou uma ameaça dizendo que o castigaria com escorpiões. É aceitável pensar que a citação do inseto peçonhento era apenas uma alusão ao sentimento de dor causado por sua picada. Provavelmente, referia-se ao azorrague, chicote com muitas tiras e pontas de ferro em forma de gancho, instrumento de flagelo capaz de provocar feridas tão ou mais doloridas que a perfuração e injeção de substâncias venenosas (1 Reis 12.11,14, 2 Crônicas 10.14). 

Em Ezequiel 2.6, encontramos a narrativa que nos faz saber que o Espírito descreve o povo de Judá, que demonstrava obstinada rejeição às mensagens que Ezequiel entregava, como casa rebelde. O Senhor o instrui a não temê-los e a continuar profetizando, mesmo que fosse arrastado para sarças e espinhos e desafiado a estar entre escorpiões. 

Em Lucas 10.19, Jesus fala usando o recurso da metáfora. Anuncia que deu aos cristãos poder para pisar serpentes e escorpiões e pisotear todo o poder do inimigo, sem que isto cause qualquer dano. Existe revelação parecida em Salmos 91.13, afirmando que o servo de Deus pisará o leão e o áspide, calcará serpentes e leõezinhos. A linguagem figurada representa atuações demoníacas, o apóstolo Paulo interpretou o uso deste recurso linguístico ao escrever, de maneira literal, que o Deus da paz esmagará Satanás debaixo de nossos pés (ver em Romanos 16.20).

Jesus lembra que por natureza o homem nasce em pecado e tem tendência a ser mal, mas quando os filhos lhe pedem ovo, não lhe dá um escorpião (Lucas 11.12-13). Talvez, aqui, haja alusão à aparência de ovo que o escorpião tem quando enroscado um ao outro, ou o ovo de escorpião com um filhote dentro. Parecido com a lagosta, o escorpião é inadequado como alimento.

Há, simbolicamente, citações sobre o escorpião em Apocalipse 9. O texto escatológico fornece ao leitor a noção de como será terrivelmente agonizante o período da Grande Tribulação. Assim como a vítima da picada do escorpião rola pelo chão, espumeja pela boca e range de dor, as pessoas que não estiverem preparadas para a Segunda Vinda de Cristo sofrerão à beira do limite do insuportável, quando forem afligidas por Satanás e suas hostes malignas.

No versículo 3 deste capítulo, os escorpiões estão citados juntos com enxames de gafanhotos. No versículo 5, os gafanhotos estão descritos como portadores de poder igual a de escorpiões; com potencial para atormentar os homens por um período de cinco meses. E no versículo 10, o ferrão de escorpiões está mencionado como método causador de grandes sofrimentos aos seres humanos.

Conclusão

Além de tipificar Satanás e suas legiões de anjos caídos, o escorpião é comparável aos indivíduos que usam engano e falsidade em suas relações interpessoais, este hediondo inseto simboliza gente incapaz de retribuir atos de bondade que lhe sejam feitos. Quando praticam o bem, fazem isso em troca de algum interesse.

O escorpião é um inseto asqueroso cujo formato de rosto é incomum. Não há nenhuma expressão facial nele. Tal criatura representa pessoas que escondem suas intenções ruins, é traiçoeiro e indigno de confiança. Infelizmente, pessoas assim são encontradas até no círculo cristão, ambiente de convivência que deveria sempre haver lealdade e amor recíprocos.

Os falsos amigos e falsos irmãos em Cristo destilam o veneno conhecido como traição. Agem assim porque ainda não tiveram um encontro verdadeiro com Jesus; não abriram o coração para mensurar o valor da lealdade a Deus e ao próximo.

É possível ajudar a pessoa que vive sob a índole do escorpião. Temos que orar, pedindo a Deus que tenha misericórdia e lhe dê oportunidade de arrepender-se de seus pecados e possa renascer em Cristo, ter a mentalidade das ovelhas do rebanho do Senhor.

Que Deus nos guarde das picadas de escorpiões. Que todas as pessoas vítimas de gente traiçoeira tenha a capacidade de usar o antídoto contra a traição, que é a oração em favor dos traidores e a liberação de perdão a eles. 

E.A.G.

Com informações de:
Bible History Online - www.bible-history.com/links.php?cat=41&sub=853&cat_name=Bible+Animals&subcat_name=Scorpion
Easton's Bible Dictionary - www.bible-history.com/eastons/s/scorpions/
Fausset's Bible Dictonary - www.bible-history.com/faussets/S/Scorpion/
Klexikon. Skorpion - https://klexikon.zum.de/wiki/Skorpion
Wikipedia / Estados Unidos - https://en.wikipedia.org/wiki/Scorpion
Smith's Bible Dictonary - www.bible-history.com/smiths/s/scorpion/

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

O Reinado de Davi

Jerusalém - Cidade velha
Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Na Bíblia, Jerusalém é mais citada do que qualquer outra cidade. A primeira citação está em Gênesis 14.18, onde é chamada de Salém, e a última referência está em Apocalipse 21.10.

Na época em que os israelitas cruzaram o Jordão para entrarem na terra prometida, a cidade é descrita como "Jebus" e "da banda dos jebuseus" (Josué 11.4; 15.8). Deixou de ser conquistada durante a posse de Canaã por Josué e permaneceu nas mãos dos cananeus até o tempo em que Davi tornou-se rei.

I - DAVI É CONSTITUÍDO REI

1. Três motivos para sua escolha

Os anciãos de Israel, que representavam as tribos do norte, isto é, de cada tribo de Israel, foram a Davi em Hebrom com o firme propósito de se submeterem ao seu governo. As razões alegadas pelos israelitas para quererem fazer de Davi o rei:

• ele era um irmão israelita (Deuteronômio 17.15);
• ele era o melhor guerreiro e comandante (1 Samuel 18.5,13-16,30);
• ele havia sido escolhido pelo Senhor para ser o rei de Israel (1 Samuel 13.13-14; 16.1,13,14; 16.1,13; 23.17; 25.26-31).

Davi foi o único rei na história de Israel que foi ungido três vezes. Primeiro, ele foi ungido rei na casa de seu pai (1 Samuel 16.13); depois, foi ungido rei na sua tribo, Judá (2 Samuel 2.4); e, por último, foi ungido rei perante toda a nação. A terceira unção (2 Samuel 5.3-4) resultou na unificação das doze tribos sob seu reinado, quando a unidade nacional estava destruída na guerra civil entre apoiadores de Saul e apoiadores de Davi (2 Samuel 2.8 - 3.1).

Diante da unção triplicada, não havia dúvida de que Davi era realmente um ungido de Deus. O reino estabelecido sob a governança de Davi foi de fato uma monarquia unificada, pois o Senhor era com ele, e o fazia cada vez mais forte (2 Samuel 5.1-2, 10).

2. Davi como pastor e chefe.

Assim como Moisés foi pastor de ovelhas e se tornou um grande líder dos judeus, Davi também foi pastor e comandou o povo de Deus (Êxodo 3.1-2; 2 Samuel 7.8).

Havia doze tribos descendentes de Jacó. Davi pertencia a tribo de Judá, que ele governou por sete anos. Houve uma grande guerra entre Judá, governada por Davi, e o restante de Israel, encabeçado pela tribo de Benjamin, que apoiavam Isbosete. Por fim, essas tribos enviaram seus líderes e pediram a Davi que as governasse também, ungindo-o rei (2 Samuel 5.3). Assim, ele teve sua liderança reconhecida, se tornou rei das doze tribos e governou por quarenta ano. Conquistou esse reconhecimento por seu caráter e valores. Ao longo dos anos, foi  visto pela nação israelita como comandante e governante legítimo (1 Samuel 13.13-14; 25.30; 2 Samuel 3.9-10,18).

O líder da nação era simbolicamente chamado de pastor, e a nação era o rebando das ovelhas (Isaías 44.28; 66.11). Mas a maior parte dos reis de Israel e Judá fracassaram como pastores; então Deus colocou-se como pastor do seu povo (Ezequiel 34.1-19) e anunciou que levantará Davi para isso (Ezequiel 34.23-24; João 10; 1 Pedro 2.25). Davi, como rei é um tipo de Cristo: Isaías 9.7: 2 Samuel 7.1-17; Marcos 11.10; Lucas 19.38; Apocalipse 5.5. A profecia se cumpriu parcialmente, quando Jesus nasceu como ser humano, viveu sem pecado e entregou a sua vida em favor dos pecadores e ressuscitou ao terceiro dia; será cumprida integralmente, quando arrebatar o povo santo e levá-lo ao Céu.

3. Entrando em aliança com o povo.

Houve uma aliança  de Davi, como rei, e o povo, para ele e o povo fossem abençoados pelo Senhor. Trata-se da renovação da aliança mosaica, a qual Israel  tinha sido constituído como o povo de Deus (Êxodo 19.5,6; Deuteronômio 4.20). Nesta ocasião, Davi se comprometeu com os israelitas, diante do Senhor, a pôr em pratica certas obrigações, a fazer cumprir seus direitos e responsabilidades, tanto de uns para com os outros como para com o Senhor (2 Reis 11.17).

Em seu esforço para unificar as tribos do norte e do sul, Davi procurou estabelecer uma capital que não desagradasse a nenhum dos lados. Escolheu Jerusalém, porque estava situada na fronteira entre o norte e o sul e também porque não pertencia a nenhuma tribo. Mesmo assim, tempos depois, a unificação dos reinos foi abalada, com a rebelião liderada pelo benjamita Seba (2 Samuel 20.1) e a dissolução do reino unido, quando Jeroboão rebelou-se contra Salomão e provocou a divisão de Israel em dois reinos (1 Reis 12.16).

II - A CONSOLIDAÇÃO DO REINO DE DAVI

1. A edificação de Jerusalém.

Jerusalém ficava no território de Benjamin, perto da fronteira norte de Judá, localizada em grande altitude e cercada por profundos vales, o que a tornava naturalmente defensável por três lados.

• Davi conquistou o território de Jerusalém em uma batalha difícil (2 Samuel 5.6-10);
• Jerusalém ficou conhecida como a Cidade de Davi (2 Samuel 5.7);
• Metaforicamente, Jerusalém é o lugar de a Igreja receber revestimento de poder (Lucas 24.47-49);
• Em Jerusalém, o Espírito foi derramado, no Dia de Pentecostes (Atos 2.3-4);
• Jerusalém é o ponto de partida de onde os crentes da Igreja Primitiva começaram a obre missionária (Atos 1.8);
• Segundo estudiosos das Escrituras, o nome Jerusalém aparece 813 vezes na Bíblia Sagrada.

2. As reformas religiosas.

É importante comentar que quando a Arca do Senhor era trazida à Jerusalém, por três meses ela ficou na casa de Obede-Edom, o geteu, natural de Gate, a cidade de Golias (1 Samuel 5.8; 17.4). Durante sua permanência naquele lugar, o Senhor o abençoou Obede-Edom e toda a sua casa. Esta situação mostra que a presença de Deus não estava restrita ao governo de Davi, a Jerusalém e aos israelitas, esclarece que Deus é soberano e abençoa a quem quiser.

Com isso, entendemos que nenhuma iniciativa humana, por mais sincera que seja e por mais eficaz que pretenda ser, não produz os resultados esperados se Deus não permitir que isso aconteça. O Senhor não está restrito às instituições religiosas, o Espírito sopra em quem me onde quer.

Sob o governo de Davi, Jerusalém passou a ser o centro do culto, da bênção e da promessa de Deus (2 Samuel 6.12-19; Salmos 133 - 134). 

3. A suprema aliança davídica.

A aliança que Deus estabeleceu com Davi deu continuidade à alianças feitas com Abraão e Moisés e apontaram para a nova aliança em Cristo (Jeremias 31.31-34; Mateus 26.27-28). Deus prometeu a Davi fazer seu nome habitar para sempre em Sião, uma promessa que alude à eternidade com Cristo, o Rei dos reis.

A promessa feita por Deus de sustentar os descendentes de Davi sugeria que Israel sempre teria a liderança de que necessitasse (2 Samuel 7.3-17). Deus nunca anulou essa promessa. Mesmo depois de Israel ser conquistado e perder a independência política, os israelitas continuaram esperando um rei da família de Davi - o Messias.

III - A GRANDEZA POLÍTICA DO REINADO DE DAVI

1. As realizações militares.

Quando Davi orientou seus soldados a tomarem Jerusalém, em posse dos jebuseus, povo de ascendência cananeia (Gênesis 10.16-18), a cidade já era uma fortificação. A estratégia de ataque foi entrar usando a canalização secreta de túneis. O canal subterrâneo canalizava a reserva de água que abastecia a população, a partir da fonte de Giom fora dos muros da cidade no lado leste até dentro da fortaleza. Ao tomar Jerusalém, Davi conseguiu superar todo o aparato de proteção criado pelos jebuseus, passou a morar na fortaleza e estabelecer ali a sua capital (2 Samuel 5.8-9; 1 Crônicas 11.4-7).

Antes da conquista de Davi, Jerusalém havia sido conquistada por Judá; mas nem Judá e nem Benjamin lograram êxito em desalojar permanentemente seus habitantes  (Josué 15.33; Juízes 1.8, 21).

2. As administrações de Davi.

O líder eficiente tem o hábito de prestar contas. Prestar contas significa viver em honestidade total e integral. O líder capacitado recebe constantemente comentários dos que estão acima dele, dos que estão ao lado dele e dos que trabalham para ele. O líder precisa exigir que seus liderados prestem contas de seus atos. Mas quem irá cobrar a prestação de contas do líder? Se ele for uma pessoa inteligente, Os seus iguais, os colegas, os amigos. O apóstolo Pedro era líder na Igreja Primitiva, ensinava que a liderança da comunidade cristã deveria agir com humildade (1 Pedro 5.1-4).

Em 2 Samuel 11.1-5,17 temos o relato da tragédia ocorrida com o Davi. Todo líder corre o risco de sofrer com alguma especie de tragédia, que poderia ser evitada, se não estiver envolvido em uma estrutura que o faça justificar a forma como usa seu tempo pessoal e profissional.

Davi era um rei que desfrutava uma caminhada íntima com Deus, tinha em seu currículo uma série de conquistas militares, possuía família, e posição política estável. Mas ele não possuía tudo. Não havia quem o questionasse por suas atitudes. Ele não tinha a bela esposa de Urias. Então, enquanto seu exército estava em guerra ele passava por um momento de folga em seu palácio, resolveu tomar para si aquela mulher, quis cometer e cometeu adultério; depois cometeu um assassinato porque não pretendia explicar nada a ninguém.

Antes disso, cria sistemas de transparências que impedem o pecado. Nossa capacidade de enganarmos a nós mesmos é infinita, por isso é tão necessário nos submetermos ao conselho de alguém. Ao não fazer isso, acabamos justificando qualquer coisa, especialmente se o erro que envolve pequenas concessões. Um dos benefícios do hábito de prestar contas é que isso nos protege de outros e nos protege de nós mesmos.

O cristão que afirma prestar contas somente a Deus, e ignora o conselho pastoral, não sabe que Deus estabeleceu uma hierarquia eclesiástica para o nosso bem (Hebreus 13.7). Nos lares, Deus deu ao marido a esposa, aos filhos os seus pais (Efésios 5.22-23, 25, 28; 6.1-2.). É importante haver um parceiro a quem pedir opinião, alguém que podemos ser totalmente honestos e que seja capaz de fazer comentários pertinentes e incisivos sobre as diversas áreas da nossa vida.

Provérbios, no capítulo 9 e versículo.9, ensina que instruir a pessoa sábia faz com que ela fique mais sábia e no capítulo 11 e versículo 14 nos diz que havendo falta de conselhos o fracasso é quase uma certeza e que na multidão de conselheiros encontramos segurança. Portanto, o líder sábio não espera a crise surgir para formar relacionamentos de responsabilidade e estabelecer a prestação de contas.

Apenas Deus não precisa prestar contas a ninguém, pois não existe princípio ou pessoa acima dEle e nEle não há nenhuma possibilidade de cometer erros.

3. O culto público.

A Arca do Concerto simbolizava a presença do Senhor e por este motivo deveria estar em posição central em Israel, para que os judeus cultuassem a Deus, mas durante o reinado de Saul estava em Quiriate-Jearim. Davi reconhecia a enorme significância da Arca como o trono terrestre de Deus e  consultou a congregação e os oficiais de seu exército sobre a intenção de trazê-la de volta a Jerusalém.

Os assuntos espirituais devem ser tratados da maneira reverente, conforme Deus estabeleceu. Como devemos cultuar ao Senhor?

• Devemos cultuá-lo com sinceridade, verdade e obediência (Josué 24.14,24);
• Devemos cultuá-lo com um coração perfeito e com uma alma voluntária (1 Crônicas 28.9);
• Devemos cultuar ao Senhor com temor e tremor (Salmos 100.2);
• Devemos cultuar ao Senhor com exclusividade (Mateus 6.24);
• Devemos cultuar ao Senhor de boa vontade (Efésios 6.7);
• Devemos cultuar ao Senhor com consciência pura (2 Timóteo 1.3);
• Devemos cultuar ao Senhor de modo agradável e reverente (Hebreus 12.28).

Os filisteus usaram um carro para transportar a Arca (1 Samuel 6.7). Porém, as leis do Antigo Testamento exigiam que a Arca fosse carregada pelos filhos de Coate, usando os vários prescritos (Números 3.30-31; 4.15; 7.9; Êxodo 25.12-15). Ao invés de consultar as Escrituras e seguir as orientações quanto ao modo de transporte exigido pelo Senhor, os israelitas imitaram o procedimento irreverente como os filisteus haviam transportado a Arca. Uzá, juntamente com seu irmão Aiô, guiou o carro que carregava a Arca quando foi levada da casa de Abinadabe a Jerusalém. Na eira de Nacom, os bois que puxavam o carro tropeçaram e Uzá segurou a Arca com a mão. O Senhor o feriu por irreverência e ele morreu. (2 Samuel 6.3-8; 1 Crônicas 13.7). Embora, talvez, sua intenção fosse boa, violou as instruções claras  que o Senhor havia dado sobre o manuseio da Arca (1 Crônicas 15.13-15; Números 1.50; 4.15; 7.9).

Com este imprevisto, a procissão foi interrompida e a Arca foi levada para a casa de Obde-Edom, por orientação de Davi e lá permaneceu por três meses ( 2 Samuel 6.11). Depois disso, Davi soube que Deus abençoava a casa de Obede-Edom e entendeu que a ira do Senhor havia terminado. Então, Davi, providenciou para que os levitas transportassem a Arca do Concerto da casa de Obede-Edom até Jerusalém da maneira que o Senhor havia estabelecido por intermédio de Moisés. Ele pediu que os sacerdotes se santificassem para a ocasião.

Davi, juntamente com os sacerdotes cantores, oficiais e anciãos de Israel, acompanhou a Arca até Jerusalém em meio à grande celebração, aos cânticos de adoração e instrumentos de louvor.

CONCLUSÃO

O Antigo Testamento traz a história das relações de Deus com a nação judaica, ao apresentar o propósito de um dia Ele abençoar a todas as nações através da linhagem real de Davi, com o nascimento do grande Rei que vive para sempre. Em 2 Samuel, descobrimos que Deus escolheu Davi para unificar Israel e trazer paz política aos israelitas e expandir suas fronteiras. A aliança de Deus com Davi desenvolveu o plano da vinda do Messias. Embora Davi tenha realizado feitos importantes e Deus o tenha escolhido para ser ascendente do Messias, foi homem falho. Entretanto, esses pontos falhos de Davi não impediram o plano divino. A bênção futura para Israel e todos os povos, estabelecimento do reino que não terá fim é uma realidade, assim como o Messias, capaz de unir e trazer a paz duradoura ao povo de Deus e estabelecer o reino de Deus a toda a terra.

E.A.G.

Bíblia de Estudo Pentecostal, segunda impressão 1996. Página 635. Impressa nos Estados Unidos com editoração e fotolitos da Casa Publicadora das Assembleias de Deus.  

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Missionario Eurico Bergstén e família no Brasil


Nome completo: Lars Eric Bergstén. Conhecido pelos brasileiros como missionário Eurico Bergstén. Nasceu em Helsinque, capítal da Finlândia, em 13 de agosto de 1913, faleceu na capital de São Paulo / Brasil, em 6 de março de 1999. Cresceu em lar evangélico. Casou-se em 2 de dezembro de 1936 com Ester Lindfors, que passaria a ser chamada Esther Margareta Bergstén, e com ela teve Nils Göran, Ulla, Gitta, Else e Ruy Bergstén, que trabalhou como gerente de produção da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. 

Veio ao Brasil em 2 de setembro de 1948. Esteve 7 meses no Rio de Janeiro e 7 meses em Belo Horizonte, quando mudou-se para a Bahia em 29 de novembro de 1949. Fixou-se em Salvador até o ano de 1956. Deixou as atividades no município soteropolitano com destino a Recife (PE), onde permaneceu até 1960. Atendendo convite do Pastor Cícero Canuto de Lima, transferiu-se para São Paulo, ficando na capital paulista até 1967, seguindo ao Rio de Janeiro. 

As características do missionário Eurico Bergstén que mais se destacaram foi sua humildade, sinceridade, vida de oração, paixão pelas almas e pela Palavra de Deus, além de sua resignação e sensibilidade à voz divina. Algumas experiências e curiosidades em sua vida denotam o quanto vivia pela fé. 

"O Senhor disse-me"

Ao escrever os comentários para revistas de Escola Dominical, Bergstén costumava encher o cesto de lixo várias vezes com seus rascunhos, porque preocupava-se muito com a qualidade do que estava escrevendo para o povo de Deus. Ao término. afirmava que tudo o que ficara no cesto de lixo era proveniente dele, ser humano falho, e o que ficara à revista, o que estava bem feito e seria publicado, não era dele, mas de Deus, porque "o que é bom é de Deus", costumava lembrar. 

Quanto aos sermões, irmão Eurico não era de repetir mensagens. Mesmo se fosse pregar em uma igreja humilde no sertão do nordeste, em um lugar distante e simples, não repetia uma mensagem. Ele lembrava que não devemos entregar "pão dormido", "maná velho", ao povo. Também considerava que fazer esboços bíblicos de todas as mensagens que iria pregar, todas obtidas depois de orar a Deus perguntando o que deveria falar na ocasião. Por isso, muitas vezes, no meio da pregação, ratificava: "O Senhor disse...", porque o que entregava era o que o Senhor realmente lhe tinha dado para aquele momento. 

Ao vir com a sua família de Recife para São Paulo em 1961, ficou morando na antiga igreja do Belém (SP), enquanto procurava casa para alugar, mas sem sucesso. Porém, certo dia, em oração, Deus lhe disse: "Não quero que procure casa para alugar, mas para comprar". Surpreso e sem saber como poderia comprar uma casa se mal podia morar de aluguel, perguntou a Deus: "Como, Senhor?" Deus então deu o nome de um irmão a quem deveria pedir determinada quantia em dinheiro para ser paga posteriormente em data a ser acertada. Ao falar com o irmão, foi atendido prontamente e o irmão ainda disse que não se preocupasse em pagar logo. Mesmo assim, mais à frente, Deus abençoou-o e pôde liquidar o compromisso. 

Detalhes

O irmão Eurico costumava ser atendido por Deus até nas coisas mínimas. Certo dia, numa ida à cidade, perdeu sua agenda. Sem saber onde poderia tê-la deixado, fez uma breve oração e Deus falou ao seu coração: "No banco. A moça do caixa tal está com a sua agenda". Então se dirigiu ao local e à moça indicada por Deus. A agenda realmente estava lá e a moça prontamente devolveu-a. 

Antes de dormir, costumava orar de joelhos por duas Horas. Orava todos os dias pela manhã a partir das 4 da madrugada. Quando sua esposa despertava às 6 horas, oravam juntos alguns minutos. Mas, depois de sofrer uma cirurgia causada pelo trauma da perda da esposa, passou a ter períodos menores ajoelhado em oração, porque perdera muito da sua capacidade física.

No fim do ano 1998 foi avisado por Deus da aproximação da sua morte. No dia em que isso aconteceu, repetiu várias vezes e com muita euforia as seguintes palavras: "Eu estou muito alegre! Hoje eu estou muito alegre mesmo!" Perguntado sobre a razão de sua estranha euforia, respondeu: "O Senhor disse-me hoje que está bem próximo o dia da minha partida". Poucos meses depois, partiria para o Senhor. 

Descrito como modelo expressivo da vocação missionária, homem de espírito reto, mente determinada e aberta, vigososo, escreveu 35 revistas da Escola Dominical e 5 livros, sua obra literária foi toda publicada pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Em 1987, a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) prestou-lhe homenagem, deu-lhe o título de Conselheiro Vitalício da CPAD, juntamente com o missionário Bernhard Johnson Jr.

 "A Assembleia de Deus no Brasil perdeu recentemente uns de seus grandes baluardes... Em razão de um edema pulmonar, ele partiu para o Senhor às 20h30 do dia 6 de março, sábado, deixando saudades e exemplo de vida íntegra ao serviço de Deus. Estava com 85 anos, dos quais 65 de ministério e 50 deles servindo ao Senhor no Brasil. O velório foi realizado no Cemitério da Paz, no bairro paulistano Morumbi. Seu sepultamento se deu às 16 horas do dia seguinte, no Cemitério Horto da Paz, também em São Paulo' (...) O pastor finlandês Gösta Bergstein, irmão do missionário (...). falou em nome das igrejas da Suécia e da Finlândia através de uma ligação telefônica" - escreveu o articulista de O Mensageiro da Paz.

A nota revela que Bergtéin afirmava que veio ao Brasil com o propósito de cooperar nas questões de liderança, costumava intitular-se um pequeno servo de Deus e tinha como lema não ser desobediente à visão celestial. Diz que tanto no Brasil como na Finlândia ganhou muitas almas para o Reino de Deus, e deixou um grande legado para todos os que o conheceram seu exemplo de vida.

E.A.G.

Fonte:
Assembleianos Puritanos. Biografia: Eurico Bergstéin. 29 de abril de 2011. http://assembleianospuritanos.blogspot.com/2011/04/biografia-eurico-bergsten.html

Mensageiro da Paz. Ano 54. Edição especial. Março de 1999. Bangu. Rio de Janeiro / RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD). 

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Lídia: a crente hospitaleira - N. Lawrence Olson

Pico 'O Dedo de Deus'
 Serra dos Órgão; Guapimirim, Rio de Janeiro, Brasil · Cordilheira
 · Ilustração de capa; revista Lições Bíblicas (CPAD).
Publicação ao 2º trimestre de 1975. Artista não identificado.

Por N. Lawrence Olson

INTRODUÇÃO

Verdade prática: A genuína hospitalidade bem pode tornar-se o meio de um expressivo serviço para Cristo. "E tudo quanto fizerdes, fazei-o de coração, como ao Senhor, e não aos homens," Colossenses 3.23.

Leitura em classe: Atos 16.12-15; 35-40; 3 João 5-8.

Após as experiências, da região da Galácia, Paulo pensou em evangelizar a província da Ásia, mas o Espírito Santo não o deixou. Pensou em ir à Bitínia, mas novamente foi impedido. Mas seguiu para Troas, porto de mar, conhecida na história como Troia, a cidade que na antiguidade sustentou o cerco dos gregos durante 10 anos. Aqui Paulo teve a visão do "homem da Macedônia", que lhe implorava vir ajudá-lo. Então entendeu o motivo de o Espírito Santo fechar as portas das outras províncias.

Deus nessa hora abria as portas da Europa! Seria na Europa onde o evangelho teria a sua maior expressão e vitória. Depois, da Europa, o evangelho prosseguiria seu caminho rumo aos confins da terra. Embarcando em um navio em Troas, Paulo e seus companheiros chegaram a Neápolis e dali rumaram a Filipos, cidade que era colônia romana.

Foi um privilégio do autor destas linhas visitar esta região, há dez anos passados, e estudar e fotografar as ruínas de Filipos, incluindo a prisão interior em que estavam encarcerados Paulo e Silas. Estas ruínas incluem uma igreja construída no meio do 4º Século, em que se vê até hoje o tanque de batismo, provando que o batismo era por imersão como algumas igrejas ensinam. Ele fotografou também o rio Angites, distante menos de 2 quilômetros da cidade, em que o carcereiro e sua casa foram batizados nessa noite (Atos 16.33).

Em Filipos Paulo não encontrou sinagoga, pois haviam poucos judeus, mas à beira do rio encontrou Lídia, vendedora de púrpura, que abriu seu coração e mais tarde sua casa, de dimensões amplas, ao evangelho.

I - A CONVERSÃO DE LÍDIA

Leitura: Atos 16.12-15.

A. Encontrada no lugar da oração. Versículos 12 a 14. Nessa primeira cidade europeia a ser evangelizada, Pulo não encontrou "uma comissão de recepção"! Parecia que não tinha ninguém" Sinagoga não havia" Como ia começar o trabalho? Mas lá ao oeste da cidade ele encontrou um grupo de senhoras que ali, à beira do rio (num lugar arborizado e muito apropriado para tais reuniões, como o autor teve oportunidade de verificar "in loco"!) costumavam orar, aos sábados. Paulo começou logo a pregar-lhes a mensagem de Cristo, o Salvador. Ele não se importou que só senhoras compunham a sua audiência. A alma da mulher vale tanto quanto a do homem. Onde estavam os maridos? Não sabemos, com certeza, mas possivelmente eram homens que preferiam deixar as coisas de religião com as mulheres, como muitas vezes acontece! Queremos crer que esses mesmos homens fossem depois evangelizados e viessem a assumir a liderança na igreja nascente em Filipos, como é normal. Mas quanto não devemos a mulheres fiéis que, na falta de homens para liderar, fazem o que podem, muitas vezes com sucesso extraordinário! Lídia foi uma dessas. Lídia era negociante de "púrpura". Segundo o dicionário, "púrpura" era uma anilina ou púrpura da mais excelente qualidade, extraída  da raiz de "garança", ou "ruiva  dos tinteiros", e dum molusco marinho. Até hoje os pintores a usam por causa de sua grande durabilidade. Sendo um artigo caro, entendemos que o negócio de Lídia limitava-se à alta classe. Lídia era gentia, vinda de Tiatira, mas de coração faminto pelas coisas de Deus. Foi Paul oque lhe deu de comer do "pão da vida"!

B. A Ouvinte Ávida. Versículos 14 e 15. Quando o servo de Abraão procurou uma esposa para Isaque, ele encontrou Rebeca como a resposta à sua oração. Depois ele testificou, "...o Senhor me guiou no caminho", Gênesis 24.27. É um princípio espiritual que Deus nos guia quando estamos no "caminho" e encontrará uma direção perfeita pela mão do Senhor. Foi o que aconteceu com Lídia que andava na luz que possuía e consequentemente sua luz ficou mais forte como a do meio dia! Ela encontrou a sabedoria que provém, não da mente humana, mas si do Espírito de Deus. 1 Coríntios 2.13,14. No princípio ela tinha condições de indagar as coisas do Espírito, mas quando regenerada, abriu-lhe um mundo novo de realidade celestial. É o que significam as palavras "o Senhor abriu-lhe o coração". Versículo 14. A palavra "abrir" no original significa "abrir de tudo", como também é usada em Lucas 24.32,45, onde Jesus "abriu" o entendimento dos dois discípulos de Emaús. Lídia demonstrou a mudança de coração por ganhar a sua família para Cristo, incluindo empregados e associados da vida comercial. Lídia foi mesmo exemplo de crente!

II. A CONSAGRAÇÃO DO LAR

Leitura: Atos 16.15,24-34

A. A Hospitalidade Cristã. Versículo 15. Lídia, logo após a sua conversão, ofereceu a sua casa para hospedar os missionários, sentindo com muita obrigação para com eles. Queria servir-lhes e a Cristo, com algum conforto do que dispunha,. É interessante notar como a oferta que ela fez, sem imposição, mas fazendo-os sentir que era o privilégio dela recebê-lo em sua casa. Ela procurou um modo de continuar a demonstrar a sua fé, de maneira concreta. Queria que seu lar fosse um centro de evangelização, e sem dúvida nos primeiros tempos sua casa serviu de salão de cultos, com osemmpre acontecia no início dos trabalhos. Que belo exemplo para os demais em Filipos! Esta igreja, que nesses dias nascia, tornou-se a igreja mais chegada ao apóstolo Paulo. Foi a única que nenhuma repreensão levou quando o apóstolo escrevia suas cartas. Quem pode duvidar que Lídia teve forte influência nessa formação espiritual dessa igreja? Quanto vale um bom exemplo?

B. Um Lugar de Descanso.

Leitura: Aros 16.35-40. 

Versículos 37-40. No prosseguimento da obra em Filipos, Paulo foi usado por Deus para expulsar um demônio de uma moça possessa, fato em que resultou ser ele e Silas açoitados com varas e postos numa prisão interior. Mas não se importaram com os sofrimentos e de estar presos no tronco, que era um terrível instrumento de tortura. A meia-noite cantavam hinos em louvor a Deus! Foi quando um terremoto sacudiu o prédio, fazendo chegar às pressas o carcereiro que, supondo que os presos houvessem fugido, ia suicidar-se. Tocado no coração, perguntou aos pregadores que devia fazer para se salvar. Paulo disse: "Crê no Senho Jesus". O homem creu e toda a sua casa. Tratou de curar as feridas, e nessa madrugada o carcereiro e sua família foram batizados no rio Angites. 

Foi uma vitória importante para o evangelho. Os magistrados então queriam que Paulo saísse da prisão pela "porta dos fundos", mas isso ele recusou fazer, exigindo que eles mesmos o "soltassem" Exigia respeito às leis romanas sob cuja proteção ele tinha direito, como cidadão romano. Eles cumpriram a exigência, servindo-lhes de lição para não maltratar os pregadores do evangelho sem nenhuma razão. 

Após esses acontecimentos então foi que Paulo retirou-se para a casa de Lídia, onde teria sossego e comunhão com os crentes e onde juntos louvariam ao Senhor por seu livramento. Notamos que, em vez de Paulo exigir o conforto dos outros, foi ele quem os "confortou"! Isso porque de Deus ele havia recebido conforto do Senhor, que o fez capaz disso.

A CONFIRMAÇÃO DO PRINCÍPIO DE HOSPITALIDADE

Leitura: 3 João 5-8.

A. A Hospitalidade é Obra de Fé. Versículo 5. A hospitalidade caracterizou a Igreja Prtimitiva em toda parte. A terceira carta de João foi escrita numa época quando Diótorfes, que desejava proeminência na igreja, queria embargar os mensageiros do idoso apóstolo João de receber hospitalidade dos cristãos. Mas Gaio manteve seu lar aberto para esses servos de Jesus, apesar das ameaças. Gaio assim fez porque era uma expressão de sua fé que abrangia até pessoas estranhas e forasteiros. É assim que o amor cristão opera, preocupando-se com as necessidades de outrem.

B. A Hospitalidade Facilita a Promoção do Evangelho

Leitura: 3 João 5-8; 1 João 3.14-24

Versículo 6-8. Nem sempre podemos demonstrar o nosso amor e a nossa hospitalidade no lar. Mas sempre podemos cooperar de modo tangível com as nossas ofertas e sustento regular para as obras de missões. João menciona que não devemos exigir nada dos estranhos à causa do Senhor, para eles nã opensarem que o evangelho é um comércio. Os crentes devem sustentar os obreiros que saem para os campos no mundo afora. O espírito liberal muito ajudará nessa obra de evangelizar o mundo.

E.A.G.

Fonte: Lições Bíblicas. N. Lawrence Olson. Lição 9: Lídia - a crente hospitaleira. abril-maio-junho-de-1973. Guanabara / Rio de Janeiro (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Raquel, a esposa muito amada de Jacó

Por Eliseu Antonio Gomes

Raquel em hebraico significa "ovelha", cuja conotação é pacificadora e mansa. Ela era filha caçula de Labão, irmã de Lia e sobrinha de Rebeca. Mulher de grande beleza (Gênesis 29.17). Casou-se com Jacó; foi sua esposa favorita. Sua história está registrada no livro de Gênesis, dos capítulos 29.1 a 35.29.

O primeiro encontro dela com Jacó aconteceu quando ele se encaminhava à Padã-Arã, por orientação de Isaque, seu pai, para conhecer uma mulher que fosse sua esposa de entre os parentes de sua mãe (28.1-2). Na ocasião, ela conduzia o rebanho para beber água e ele a ajudou abrindo a tampa do poço e saciando a sede dos animais, e depois beijou-a, foi amor à primeira vista (29.2-10-11).

Jacó  ficou na casa de seu tio Labão um mês inteiro. Aí o tio lhe disse que não era correto ele trabalhar de graça, só porque era seu parente, e perguntou quanto ele queria ganhar. Como Jacó estava apaixonado por Raquel, não perdeu tempo, pediu a mão da moça em casamento a Labão. Ambos entraram em um acordo pitoresco, Jacó sugeriu trabalhar cuidado do rebanho de Labão por sete anos, para só depois desse tempo ter a permissão dele para casar-se com ela. E Labão aceitou a proposta, dizendo que preferia ver sua filha casada com ele do que com um estranho. O amor de Jacó por Raquel era realmente admirável, pois considerou esse tempo como se fosse poucos dias pelo muito que a amava (29.20).

Assim, Jacó trabalhou sete anos com o objetivo de casar-se com Raquel. Quando passou o tempo combinado, Labão agiu desonestamente com Jacó. Deu uma festa de casamento e convidou toda a gente da região. Mas naquela noite Labão pegou Lia e a entregou a Jacó, e ele teve relações com ela. Só na manhã seguinte foi que Jacó percebeu que havia dormido com Lia, que Labão não havia cumprido com a palavra empenhada. Tentando justificar-se, disse-lhe não era costume em sua terra dar primeiro a mão da filha caçula em casamento antes da filha mais velha. Talvez, tenha feito isso, para que Jacó continuasse cuidado de suas ovelhas. E Jacó aceitou aquele sacrifício. Quando terminou a semana de festas do casamento de Lia, Labão permitiu que Jacó se casasse com Raquel. Jacó relacionou-se intimamente com ela; e ele amava Raquel muito mais do que amava Lia. E ficou trabalhando para Labão, conforme havia dito que ficaria (29.15-26).

Duas irmãs casadas com o mesmo marido - isso não pode dar certo... Ainda mais quando o amor não é dividido de forma igual. Só mais adiante foi que se proibiu o casamento com duas irmãs durante a vida de ambas (Levíticos 18.18). Neste triângulo que se formou, Lia estava sobrando... A irmã mais velha, só se tornou esposa de Jacó porque, na noite de núpcias, ele foi enganado pelo pai da noiva com uma artimanha engenhosa.

Deus viu que Jacó desprezava Lia e que ela sofria muito com a situação em que foi envolvida. E se compadeceu dela, fazendo com que ela tivesse um filho atrás do outro. Pôs no primeiro filho o nome de Ruben; no segundo Simeão; o terceiro, Levi; o seguinte, Judá. Para cada nascimento, ela reconhecia que o Senhor a abençoava através da maternidade e nutria a esperança que seu marido a amaria mais, se aproximaria mais e louvava a Deus em cada gravidez.

De todas as maneiras as duas irmãs tentavam se destacar mais que a outra no quesito filhos. Raquel era estéril. Sendo assim ela se sentiu enormemente atormentada e decidiu usar a escrava Bila como  "barriga de aluguel", levou-a a Jacó e disse que ela seria sua concubina e todos os filhos que gerasse seriam considerados como se fosse dela. Então, a disputa entre as duas irmãs deslanchou de vez. Com Bila, Jacó foi pai de Dã, Naftali.

Lia percebeu que não seria mais mãe e entregou sua escrava Zilpa a Jacó como concubina também, e esta concebeu a Gade, Aser.

Quando viu que Rubem havia achado mandrágoras no campo e trouxe-as para sua mãe, quais algumas para si e foi pedir a Lia, que negou-se a dar-lhe. Para que mudasse de ideia, disse a irma que permitira que Jacó se deitasse com ela novamente, e elas entraram nesse acordo (Gênesis 31.19,34,35). Para sua surpresa, Lia veio a engravidar outras vezes, o próximo filho teve o nome Issacar e o sexto menino chamou-se Zebulom. E na sua última gravidez nasceu uma menina e a ela deu ao bebê o nome de Dina.

Raquel era capaz de ações sem princípios. Quando Jacó, depois de 20 anos explorado pelo sogro tomou a iniciativa de afastar-se definitivamente de Labão, sem o avisar que voltaria à casa de seu pai, Raquel aproveitando a ausência do pai, furtou dele uma imagem de culto idólatra, conhecida como terafins e "ídolos do lar" (Gênesis 31.19). Labão ao dar falta de Jacó, das filhas, dos netos o do objeto idólatra, perseguiu a Jacó para reclamar de sua saída às escondidas e reaver o objeto e o alcançou. Jacó permitiu que fizesse uma revista em todos os seu pertences. Ele não o encontrou, pois estava escondido na sela do camelo em que Raquel havia se sentado e recusou-se a levantar dando como desculpa estar no período menstrual. Ali foi o único lugar que não houve verificação, por certo porque Raquel gozava de toda confiança do pai e do marido. Jacó, sem saber da transgressão de Raquel, revoltado com o fato, amaldiçoou quem havia roubado seu sogro, para sua tristeza a maldição não demoraria a surtir efeito (Gênesis 31.22.42).

Raquel se sentia envergonhada e orava ao Senhor para que pudesse ter mais filhos, ao menos mais uma vez. Deus ouviu sua oração e fez com que ela engravidasse. E ela foi mãe de José. Depois, voltou a engravidar, teve problemas no trabalho de parto, quis chamar a criança de Ben-Oni (filho do meu sofrimento), suspirou e faleceu. Jacó preferiu que o filho se chamasse Benjamin (que quer dizer filho da minha mão direita). Enterrou-a em Belém e levantou ali um memorial de pedras em sua homenagem (Gênesis 35.16-20). José e Benjamin foram os filhos mais estimados de Jacó.

José, o primeiro filho de Raquel e Jacó

E.A.G.

Compilações:
História de Mulheres da Bíblia. Eva Mündlen. Edição 2013. Páginas 89 a 94. Barueri - SP (Sociedade Bíblica do Brasil - SBB).
História Sagrada do Antigo e Novo Testamento. Bruno Heuser. Edição 1965. Petrópolis - Rio de Janeiro (Editora Vozes).
O Novo Dicionário da Bíblia.  Volume 3. Quarta edição 1981. Página 1368. São Paulo - SP (Edições Vida Nova).