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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

A utilidade das Escrituras no aconselhamento

Por Wayne Mack

O que a Bíblia nos ensina? A Bíblia nos ensina a respeito da vida; ela nos ensina a própria verdade (João 17.17). A Bíblia nos ensina a verdade de que precisamos saber para começarmos a viver a vida que honra e glorifica a Deus. Ela nos ensina o que é certo e o que é errado; o que é proveitoso, o que é sábio e o que é estultice. A Bíblia nos ensina como podemos escapar da corrupção que existe no mundo e em nosso coração. Ela nos ensina como podemos ser eficientes no ministério cristão; como ser bons esposos e esposas, pais e filhos; como podemos ser bons cidadãos, como amar a Deus e ao próximo (2 Pedro 1.3,4). A Bíblia nos ensina como resolver nossos problemas à maneira de Deus (1 Coríntios 10.13; Romanos 8.32-39). Ela nos ensina como ter alegria, paz, gentileza,paciência, bondade, amabilidade, autocontrole e dignidade (2 Pedro 1.5-7; Gálatas 5.22,23). A Bíblia nos ensina a respeito da Divindade, do céu, do inferno, da vida presente e da vida por vir. Na verdade, a Palavra de Deus nos ensina (pelo menos na forma de princípios) tudo oque necessitamos saber para que tenhamos uma vida eficaz e bem-sucedida, conforme Deus mesmo define esse tipo de vida (2 Pedro 1.8,9;1 Timóteo 4.7;João 10.10).

As Escrituras são o nosso padrão infalível e inerrante em assuntos de fé e de prática. A Palavra de Deus é "perfeita e restaura a alma"; é "fiel e dá sabedoria aos símplices"; é correta e alegra o coração; é pura e ilumina os olhos". Seus ensinos são "mais desejáveis que o ouro, mais do que muito ouro depurado". Por meio deles, o povo de Deus é advertido, protegido do erro e das angústias, e,"em os guardar, há grande recompensa" (Salmos 19.7-11).

O Salmo 119, o capítulo mais longo da Bíblia, refere-se totalmente à Palavra de Deus. Neste salmo, em quase todos os seus 176 versículos, o autor exalta a utilidade dos ensinos encontrados na Palavra de Deus. Conhecer e praticar os ensinos da Palavra de Deus produz uma vida abençoada, um coração agradecido, livramento do opróbrio, pureza do coração, libertação do pecado, alegria e gozo incomparáveis, livramento da reprovação e do desprezo, vigor e fortalecimento interior, ousadia e coragem, conforto e refrigério, liberdade e segurança e muitos outros benefícios. Não devemos nos admirar destas palavras do salmista:

"Terei prazer nos teus decretos; não me esquecerei da tua palavra" (versículo 16).

"Também os teus testemunhos são o meu prazer, são os meus conselheiros" (versículo 24).

"Terei prazer nos teus mandamentos, os quais eu amo"- (versículo 47).

"Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, é luz para os meus caminhos" (versículo 105).

"Por isso, considero, em tudo, retos todos os teus preceitos e detesto todo caminho de falsidade" (versículo 128).

"A minha alma tem observado os teus testemunhos; eu os amo profundamente" (versículo 167).

Que bênção é possuirmos o ensino infalível do Deus infinito e inerrante, desfrutando deste ensino como um guia para nossa vida e um auxílio para entendermos nossos problemas e as soluções para eles!

Este ensino se tornou especialmente real para mim há algum tempo, quando estava em meus estudos universitários na área de psicologia. Enquanto estudava na universidade, ouvi muito a respeito de teorias e opiniões de muitas pessoas supostamente eruditas no que diz respeito ao homem e seus problemas. Depois de apresentar as várias e habitualmente conflitantes teorias a respeito do homem e seus problemas (teorias ensinadas por líderes respeitados no campo da psicologia), um dos professores disse:
"Não podemos ter certeza se qualquer destas teorias é completamente verdadeira. Mas, se vocês têm de aconselhar outras pessoas, estudem estas teorias e decidam qual delas lhes parece mais sensata. Vocês têm de fazer isso porque, quando as pessoas vierem para aconselhamento, elas desejarão ouvir algo que lhes esclareça a razão dos problemas pelos quais elas estão atravessando". 
Apreciei a sinceridade deste homem, mas fiquei triste por reconhecer que pessoas estariam procurando ajudar outras a entenderem seus problemas e a encontrarem qualquer razão consistente que lhes daria a certeza de que as coisas em que estavam crendo tinham algum valor genuíno. Ao mesmo tempo, eu me regozijei em saber que a Palavra de Deus é proveitosa para nos ensinar, de maneira infalível, "todas as coisas que conduzem à vida e à piedade" (2 Pedro 1.3).

Em outro curso de psicologia, a questão dos valores estava sendo discutida. Havíamos aprendido que a única maneira de alguém determinar o certo e o errado é agir de conformidade com esta máxima: "O certo é tudo aquilo que é significativo e satisfatório para você e não machuca as outras pessoas". Em meu papel de respostas daquela aula, afirmei que isto nos deixa em um dilema terrível, relativista e incerto no que se refere a determinar o certo e o errado. De maneira tão respeitosa e gentil quanto possível, escrevi:
"Esta maneira de determinar o certo e o errado é bastante relativista e subjetiva, pois aquilo que eu penso ser significativo e satisfatório pode ser muito diferente daquilo que outra pessoa pensa ser significativo e satisfatório. Além disso, como eu posso saber que algo é realmente e satisfatório? Visto que eu sou um ser humano limitado, aquilo que eu penso ser ser significativo e satisfatório pode não ser, de maneira alguma, uma avaliação exata."
No mesmo papel de respostas, escrevi as seguintes perguntas a respeito da declaração de que o certoé aquilo que não machuca as outras pessoas:
"Que padrão devo utilizar para determinar se algo realmente não machucará outra pessoa? Como posso ter certeza de que outra pessoa não será ferida por aquilo que eu faço ou não faço? Sou finito e falível, e meu entendimento daquilo que machuca os outros pode ser total ou, pelo menos, parcialmente errado". 
Quão infeliz é a situação daqueles que, trabalhando em ajudar outras, não têm uma base sólida que lhes capacite a entender as pessoas e seus problemas e a encontrar soluções para eles. Quão agradecidos e humildes nós deveríamos mostrar pelo fato de que temos a Palavra de Deus, a qual é proveitosa para nos ensinar. Posso dizer, não com orgulho, mas com ousadia, que realmente temos respostas!

Temos a verdade na Palavra de Deus. Neste livro,a Bíblia,o Deus Todo Poderoso nos revela o que é certo e o que é errado. Quando fundamentamos nosso entendimento nesse livro, não precisamos perguntar: "O que eu estou fazendo é certo ou errado?"

Os ensinos deste livro são inspirados por Deus, podemos ter paz, confiança e segurança, se aquilo em que cremos, o que dizemos, o que fazemos está de acordo está de acordo com o que a Bíblia diz. O Deus Todo Poderoso, onisciente, totalmente sábio nos ensina, então o que nos importa as coisas ensinadas pelo resto do mundo? Assim sendo, qualquer coisa que contradiz a Palavra de Deus é expressamente falsa (Isaías 8.20).

Se uma pessoa não tem a certeza resultante de que reconhecer que aquilo em que ela crê é o ensino de Deus, tal pessoa passa a vida toda como um navio sem âncora. Ela é constantemente jogada de um lado para o outro, sem qualquer ensinamento verdadeiro para ter certeza a respeito de qualquer coisa. Quando tal pessoa medita realisticamente a respeito de sua situação, o resultado é incerteza, temor, ansiedade, depressão, confusão, perplexidade e várias outras experiências desagradáveis. Ao contrário disso, quando uma pessoa reconhece que os ensinos da Bíblia foram inspirados por Deus, e tal pessoa entende, crê e aplica esses ensinos à sua vida, ela possui fundamentos sólidos para desfrutar de paz, confiança, certeza, contentamento, ousadia, coragem, gozo, gentileza, bondade, amabilidade, autocontrole e dignidade.

Fonte: Fé para Hoje, ano 2004, número 24, páginas 16-19, São José dos Campos/SP (Editora Fiel).

domingo, 24 de dezembro de 2017

Jesus nasceu e está vivo



Por José Wellington Costa Junior

"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu. O governo está sobre os seus ombros, e o seu nome será: 'Maravilhoso Conselheiro', 'Deus Forte', 'Pai da Eternidade', 'Príncipe da Paz'" - Isaías 9.6.

“E você, Belém-Efrata, que é pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de você me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade" - Miquéias 6.2.

"Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo" - Mateus 2.1-2.

"O anjo, porém, lhes disse: Não tenham medo! Estou aqui para lhes trazer boa-nova de grande alegria, que será para todo o povo: é que hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor" - Lucas 2.10-11.

Essas mensagens registradas na Palavra de Deus e tantas outras são repetidas várias vezes há muitos anos em nossas Igrejas, principalmente por ocasião do Natal.

Neste mês de dezembro, o mundo cristão comemora o Natal de Jesus. Trata-se de um mês diferente dos demais porque se percebe nos rostos, nos olhares e até no comportamento das pessoas um anseio em não deixar esta data passar em branco. A maioria das família desfruta de momentos especiais, promovendo a tão esperada e desejada Ceia de Natal, com troca de presentes, crianças felizes abrindo pacotes que escondem brinquedos tão aguardados, além de pais alegres em conseguir presentear seus filhos e em ver a felicidade estampada em seus rostinhos.

Há um ar de alegria, felicidade, paz, amor e união; o sentimento natalino é contagiante. Nas igrejas, em geral, apresenta-se uma programação especial dando destaque a tudo o que a Bíblia relata a respeito do nascimento de Jesus. É sempre muito bonito e emocionante assistir as crianças apresentando suas bem ensaiadas poesias e louvores, adorando o Senhor Jesus, o motivo de toda essa euforia.

Nós, que somos crentes, temos muitas razões para comemorar o Natal do Senhor Jesus Cristo, pois estamos certos do significado de seu nascimento. Embora não se saiba a data exata em que Ele nasceu, temos a plena certeza que Jesus nasceu. E seu nascimento mudou a história da humanidade; mudou a nossa história. Condenados que estávamos pelas nossas transgressões, Ele nos abriu a porta da salvação, através de um plano divino projetado no céu, cujo início se deu naquela simples manjedoura em Belém.

Profecias já tinham vaticinado esse tão grande acontecimento. Era a esperança trazida a uma humanidade pecadora e sem expectativa de salvação e que, finalmente, se tornara real e concreta em Jesus.

Por isso, desfrutemos e adoremos ao Senhor nosso Deus neste momento ímpar, neste mês que se comemora o Natal de Jesus. Permitamos que essa alegria nos envolva, não somente devido às comemorações, mas, principalmente, devido ao verdadeiro significado do Natal.

Por fim, há algo para o qual chamo a atenção de todos os que servem a Jesus: devemos viver esse clima envolvente do Natal todos os dias. Em todo tempo, através da salvação que alcançamos pelo sacrifício na cruz do Calvário, o Senhor Jesus nos concede e nos permite desfrutar desse amor, dessa paz, dessa alegria e da certeza de que um dia virá para nos buscar e então com Ele vivermos eternamente. Ora vem, Senhor Jesus!

Como está o teu viver no dia a dia? Você tem desfrutado da salvação, da paz e da alegria que o Senhor Jesus te oferece? Tenho a plena certeza de que o desejo dEle é que todos alcancem o que de melhor Ele coloca à nossa disposição.

Que a alegria do Natal esteja presente em todos os dias da nossa vida e que o Senhor Jesus, que nasceu em Belém da Judeia, permaneça vivo em nossos corações. Feliz Natal a todos.

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Pastor José Wellington Costa Junior é presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB).

Nota do Editor de Belverede: Os textos bíblicos citados nesta postagem são extraídos da tradução Nova Almeida Atualizada (NAA), porém o autor do artigo fez uso da tradução Almeida Revista e Corrigida (ARC). As duas versões são da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB).

Fonte: Mensageiro da Paz, ano 87, número 1591, dezembro de 2017, coluna Palavra Pastoral, página 2, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD). 

domingo, 17 de dezembro de 2017

Riqueza material não é prioridade para o crente

Por Antonio Gilberto

O rico, quer reconheça ou não, deve toda a sua riqueza a Deus. Quem dá vida e saúde ao homem e todas as condições e meios para ele adquirir riquezas?

Riqueza material é a posse de bens em quantidade. A gradação dessa riqueza depende da abundância desses bens. A Bíblia não proíbe e nem condena a posse pelo crente de riqueza material. Mas adverte-o clara e repetidamente contra seus perigos.

O rico, quer reconheça ou não, deve toda a sua riqueza a Deus. Quem criou a vida, a terra, as leis agrárias, naturais e universais, as sementes, a diversidade de plantas, as nuvens e a chuva, a luz, o sol, o vento, o calor, os minérios, a água? Deus. Quem dá vida  saúde ao homem e todas as condições e meios para ele adquirir riquezas? Deus.

Quem tem bens e riqueza de qualquer natureza precisa perguntar a si mesmo: "Quanto deves tu ao Senhor?" (Lucas 16.5 b).

"Lembrem-se do SENHOR, seu Deus, porque é ele quem lhes dá força para conseguir riquezas; para confirmar a sua aliança, que, sob juramento, prometeu aos pais de vocês, como hoje se vê" (Deuteronômio 8.18). É lastimável que os homens adquiram riquezas de muitas formas e delas desfrutem, sem qualquer reconhecimento de que tudo provém de Deus. Por isso, o rico não deve gloriar-se nas duas riquezas (Jeremias 9.23), nem tê-las como certas e infalíveis (1 Timóteo 6.17).

Muitas pessoas, quanto mais recursos têm, mais gastam consigo mesmas primeiramente. Esquecem-se de Deus e das necessidades do seu reino. Diante do Senhor, o que pesa não é o volume da riqueza que alguém possui, mas o modo como este a utiliza.

A Bíblia possui vários exemplos de possíveis problemas e perigos da riqueza, como na parábola do homem rico; a história do rico e Lázaro; e a história da viúva pobre.

Os ensinos da "confissão positiva" ou da teologia da prosperidade, afirmam que o crente que sofre doença prolongada, revezes, contratempos, prejuízos, provações, privações, tribulações,  pobreza, é por que está em pecado diante de Deus; não tem fé em Deus; é infiel a Deus em coisas do seu conhecimento. Eles citam Deuteronômio 15.4 ("para que não haja pobre no meio de vocês") mas se esquivam do versículo 11 que faz parte do mesmo livro e capítulo ("nunca deixará de haver pobres na terra"). Esquecem dos Salmos 34.19 e 91.15; de João 16.33; Atos 14.22; Romanos 8.17, 18. Todos esses textos, e muitos outros, falam de sofrimentos a que o crente está sujeito nesta vida.

A Bíblia mostra três formas do sofrimento do justo:
1 Sofrimento probatório. São provas, tribulações, adversidades, doenças, e outros males. São casos em que Deus permite o sofrimento para depurar a nossa fé, ou na sua soberania cumprir seus propósitos.
2. Sofrimento culposo. Colhe-se o que foi semeado. Oseias 8.7 afirma: “Porque semeiam ventos e colherão tempestades." O que você está plantando, colherá (Eclesiastes 3.2). Umas das leias agrárias é que se colhe muito mais do que se planta.
3. Sofrimento maligno. Satanás faz tudo o que pode para enfraquecer, distrair, enganar, dificultar e destruir o crente. À medida que travamos a guerra espiritual "contra os príncipes das trevas deste século", é inevitável a ocorrência de choques contratempos, dificuldades e outros males (Efésios 6.11-16, 1 Tessalonicenses 2.18).
Nunca o mundo teve proporcionalmente tantos ricos como na atualidade, sendo que grande parte dessa riqueza é de origem duvidosa, nebulosa, injusta, etc. O crente rico precisa pensar nisso, com o objetivo de fazer, pelo menos, duas perguntas sondadoras:

Como obtive a minha riqueza?

Além do atendimento das minhas necessidades pessoais, familiares, e de investimento, que uso faço da minha riqueza em relação ao reino de Deus?

Fonte: Jornal A Voz da Assembleia, julho de 2002, página A6. 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

A canção como adoração a Deus

Por F. W. Krummacher

Conforme o costume judaico da Festa da Páscoa, Jesus entoou um hino, acompanhado de seus discípulos, a canção de louvor que consistia dos Salmos 115 a 118. Neste episódio, encontramos nosso Senhor cantando. No texto original em grego, não existe margem para dúvidas quanto a isso.

Por meio desse cântico, Cristo consagrou para sempre a música vocal na liturgia de cultos da Igreja.

A ação de cantar é um valioso dom do céu à terra: envolve a linguagem de sentimentos, exala o estado elevado da mente, é a expressão de uma alma extasiada.

A analogia entre as almas e um violão quebrado
O músico também é um crente

Executado no serviço da reuniões de culto nas igrejas, quão benéfica e abençoadora é a boa influência da mensagem cantada! Quem ainda não experimentou o seu poder maravilhoso de elevação espiritual, de pôr o ser humano acima do ambiente sombrio da rotina neste mundo? Quando o crente entoa hinos, a sua alma é dilatada, o seu coração é comovido, os correntes da inquietação são desbaratadas e o peso da tristeza são repelidos.

A melodia litúrgica é capaz de promover situações melhores que essas. Através do louvor sincero, o Espírito Santo combina a ação do crente ao usar a voz melodiosamente, em veneração ao Senhor, com seu sopro divino. E assim, inumeráveis vezes o Consolador tem trazido tranquilidade aos aflitos, expulso Satanás e seus projetos destruidores do meio do povo de Deus. 

À semelhança de uma perfumada brisa da primavera, o costume de cantar para adorar ao Senhor tem feito com que corações duros se derretam como ceras, tornando-os frutíferos, plenamente prontos para receber as sementes das Escrituras Sagradas e entrar à eternidade na companhia do Altíssimo.

O rei Davi recebeu uma honra indescritível ao ter suas composições sendo cantadas pelos lábios graciosos do Senhor Jesus Cristo - a inspiração suprema de suas obras de louvor. Se ao escrever os Salmos ele soubesse que isso ocorreria, talvez não conseguisse empunhar a pena e escrever uma só palavra. Não há registro bíblico que outro autor tenha recebido tamanha honraria do próprio Criador de todas as coisas.


Fonte: The Suffering Savior via revista  Fé para Hoje, ano 2004, número 24,  página 19, São José dos Campos/SP (Editora Fiel). Texto adaptado ao blog Belverede.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Os cinco pontos do arminianismo (parte 2 de 5 postagens)


Que aqueles que são enxertados em Cristo por uma verdadeira fé, e que assim foram feitos participantes de seu vivificante Espírito, são abundantemente dotados de poder para lutar contra Satã, o pecado, o mundo e sua própria carne, e de ganhar a vitória; sempre - bem entendido - com o auxílio da graça do Espírito Santo, com a assistência de Jesus Cristo em todas as suas tentações, através de seu Espírito; o qual estende para eles suas mãos e (tão somente sob a condição de que eles estejam preparados para a luta, que peçam seu auxílio e não deixar de ajudar-se a si mesmos) os impele e sustenta, de modo que, por nenhum engano ou violência de Satã, seja, transviados ou tirados das mãos de Cristo (João 10.28). Mas quanto à questão se eles não são capazes de, por preguiça e negligência, esquecer o início de sua vida em Cristo e de novamente abraçar o presente mundo, de modo a se afastarem da santa doutrina que uma vez lhes foi entregue, de perder a sua boa consciência e de negligenciar a graça - isto deve ser assunto de uma pesquisa mais acurada nas Santas Escrituras antes que possamos ensiná-lo com inteira segurança.

III - O caráter de Deus revelado nas Escrituras e as implicações com a doutrina da salvação 

Antes de discorrer sobre o arminianismo, ou sobre a remonstrância, desejamos resumir sobre a revelação das Escrituras quanto ao caráter de Deus e seus atributos divinos, chamados de atributos morais. Ter em mente esses atributos de Deus é fundamental para a análise crítica sobre quaisquer formulações teológicas sobre a salvação do homem.

1) A Santidade de Deus. Deus é absolutamente Santo. Bancrof [5] diz que "a santidade de Deus é seu atributo mais exaltado e destacado, pois expressa a majestade de sua natureza e caráter morais". No aspecto negativo, a santidade de Deus significa que Ele é separado de tudo o que é pecaminoso. No sentido positivo, entende-se "a absoluta perfeição, a pureza e integridade de sua natureza e seu caráter" (ibidem, p. 66) [...] "Esta santidade ética de Deus pode ser definida como a perfeição de Deus, em virtude da qual Ele eternamente quer manter e mantém a sua excelência moral, aborrece o pecado, e exige pureza moral em suas criaturas".

Desse modo, a santidade de Deus não permite que ele cometa pecado ou seja injusto, pois Ele é o modelo, o padrão e o exemplo perfeito para suas criaturas. Por causa de sua santidade, Deus não pode mentir (conferir Tito 1.2). Deus disse a Jeremias: "O SENHOR me disse: 'Você viu bem, porque eu estou vigiando para que a minha palavra se cumpra'" (Jeremias 1.12). Jesus disse: "Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão" (Mateus 24.35). Deus não pode dizer algo em sua palavra e mudar em sua aplicação no relacionamento com o homem. Ele se limita em si mesmo para que não se contradiga perante ninguém, sendo o fiador da sua Palavra.

2. O amor de Deus. Deus é Deus de amor. Ele próprio é amor: "E nós conhecemos o amor e cremos neste amor que Deus tem por nós. Deus é amor' [o amor na prática], 'e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele" (1 João 4.16).

Chaffer [6] afirma que "Deus não obteve o amor, nel Ele por qualquer esforço mantém o amor; o amor é a estrutura do seu ser. Deus é a fonte inesgotável do amor [...] Como nenhuma outra virtude, o amor é a motivação primária  em Deus, e para satisfazer o seu amor, toda a criação foi formada". Diz ainda: "que o amor divino não começou a existir somente quando suas criaturas foram criadas, mas que Ele já previra em si o seu amor para com elas. Porém, quando o mal sobreveio à criação de Deus, houve um conflito "dentro dos atributos de Deus". "A santidade condena o pecado enquanto o amor de Deus procura salvar o pecador" (ibidem, p. 230). Deus nos ressuscitou porque estávamos mortos espiritualmente. "Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossas transgressões, nos deu vida juntamente com Cristo — pela graça vocês são salvos" (Efésios 2.4,5). Por causa do seu Amor, Deus não pode agir de modo injusto e contra a sua bondade.

3. A bondade de Deus. Segundo Strong, "bondade é o princípio eterno da natureza de Deus, que o leva a comunicar sua própria vida e bênção aos que são semelhantes a ele no caráter moral. Bondade, portanto, é quase idêntica ao amor da complacência; misericórdia ao amor da benevolência". [7]

Deus é bom, no sentido absoluto. Diz a Bíblia: "De fato, Deus é bom para com Israel, para com os de coração limpo" (Salmos 73.1); "Saindo dali, Jesus foi para o território da Judeia e para além do Jordão. E outra vez as multidões se reuniram junto a ele, e, de novo, ele as ensinava, segundo o seu costume" (Marcos 10.1). Sua bondade anda lado a lado com o seu amor e a  sua justiça. Admitir a predestinação, desde o ventre, não condiz com seu amor e sua justiça.

4. A justiça e retidão de Deus. Há teólogos como Bancroft [8] que consideram a justiça e a retidão como aspectos da santidade de Deus. Aqui, preferimos tratá-las como atributos distintos, embora intimamente ligados à santidade, como a outros atributos. "A retidão de Deus é a imposição de leis e exigências retas; podemos chamá-las de santidade legislativa. Nesse atributo, vemos revelado o empenho de Deus pela santidade que sempre o impele a fazer e a exigir o que é reto" (ibdem, p. 69). Segundo Joyner, "a retidão de Deus é tanto o seu caráter quanto o modo que ele opta por agir. Deus é ético no seu caráter ético e moral e, portanto, serve como padrão para determinar qual a nossa posição em relação a Ele" [9].

Por ser justo, não pode agir contra seu amor e sua bondade. Não se pode sequer imaginar Deus contrariando o seu caráter divino, como revelado nas Escrituras, fazer acepção de pessoas, a tal ponto de Ele dizer que não tem prazer na morte do ímpio, e, ao mesmo tempo, decretar, a priori, sua condenação inexorável ao inferno seria uma contradição jamais justificável diante do caráter do Deus bom e justo.
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5. E.H. BANCROFT, Teologia Elementar, p. 63-64;
6. Lewis Sperry CHAFFER, Teologia Sistemática, p. 229-30;
7. Augustus H. STRONG, Teologia Sistemática, p.432;
8. E.H. BANCROFT, Teologia Sistemática, p. 69;
9. RUSSEL, E. Joyner. Apud Horson, Stanley M. Teologia Sistemática, p. 140.

Fonte: revista Obreiro Aprovado, ano 38, número 75, 4º trimestre 2016, páginas 68, 69, 70, 77, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD).

[ Em breve este artigo continuará em outra postagem. Agradecemos por sua opção de leitura neste blog: http://belverede.blogspot.com.br