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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

O "até breve" ao missionário Anne van der Bijl fundador do Portas Abertas

Anne van der Bijl, ficou conhecido nos países lusófonos como Irmão André e internacionalmente como Brother Andrew. Missionário cristão, um autêntico apóstolo do nosso tempo, notabilizou-se por fazer passar bíblias de forma clandestina para os países comunistas no auge da Guerra Fria, dentro do seu icônico fusquinha modelo 68 da cor azul. O feito extraordinário de anunciar o Evangelho na antiga União Soviética e outros países comunistas rendeu  a ele o apelido de "Contrabandista de Deus".  

Bijl começou em 1955, a encorajar a igreja no Leste Europeu e na Rússia, perseguida pelo regime comunista. Centenas de viagens seguiram em um fusca, que serviu por 35 anos como o logotipo do ministério. Nos primeiros anos, Bíblias e livros cristãos foram transportados abertamente. Em algumas entrevistas, revelou ter presenciado os guardas não enxergarem os materiais que levava, situação que descreveu como milagres.

O holandês  fundou a organização missionária Portas Abertas, cuja missão não denominacional é ajudar cristãos perseguidos em todo o mundo. Em 2022, a instituição comemorou 67 anos de ministério e atua em mais de 60 países, onde a igreja é perseguida e os cristãos sofrem em nome da fé em Jesus Cristo. Distribui bíblias e literatura, gravações de áudio, transmissão e treinamento.

O irmão André amava o Brasil e esteve em nosso país algumas vezes.

O livro autobiográfico, O Contrabandista de Deus, é um best-seller internacional. Desde 1967, mais de 10 milhões de cópias do já foram vendidas em mais de 40 idiomas. Em 2015, foi lançada uma nova edição atualizada, em comemoração aos 60 anos da Portas Abertas, contendo um epílogo de 25 páginas destacando suas "aventuras" posteriores à primeira publicação. 

Nascido em 1928, na última quarta-feira, 27 de setembro, o Irmão André faleceu em sua residência, localizada em Ermelo, na Holanda, aos 94 anos.

"Preciosa é à vista do SENHOR a morte de seus santos.” - Salmo 116.15

E.A.G.

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Os cristãos e a perspectiva das Escrituras Sagradas sobre o envolvimento com a política

Visão de Jerusalém a partir do Monte das Oliveiras

O Brasil atravessa um momento em que o brasileiro está exposto ao seu direito e dever de escolher representantes políticos para cinco cargos: presidente da República, governador, senador, deputado federal, deputado estadual. No meio cristão, há quem sinta repúdio ao interesse de crentes por suas preferências por determinados candidatos e chegam até a dizer que e predileção seria prática idólatra. Será? Talvez para alguns, mas jamais para todos.

"O diabo não seria tão perigoso se se mostrasse como realmente é. Por isso ele precisa se mostrar como anjo de luz. Irmão, você consegue, por um momento, fazer uma análise crítica com base bíblica para si mesmo e dizer com plena certeza que isso não é idolatria?" - indagou determinado cristão evangélico em uma rede social. Esta pessoa recebeu minha resposta, e tive o incentivo para escrever o que está a seguir.

Dentro do cenário político brasileiro, damos graças a Deus por existir o regime que dá liberdade de o povo escolher autoridades do Executivo e Legislativo, nas esferas federal, estadual e municipal. Os crentes se  posicionam na condição de eleitores, pois a eles está delegado o poder de escolher pelos votos da maioria dos cidadãos quem serão seus representantes. A ação de votar é uma questão obrigatória no Brasil, vai além do prazer, todos os brasileiros alfabetizados e maiores pode 18 anos de idade devem fazê-lo até completar 70 anos. Aliás, para aqueles que amam sua família e amigos, além do dever legal existe uma dose de alegria em participar da eleição, pois é perceptível que dessa forma é possível criar um futuro melhor para todas as pessoas que amamos - se votamos bem informados.

1. Deus referiu-se a Nabucodonosor, chamando-o de "meu servo". Nabucodonosor foi o fundador do Império Babilônico, o maior entre os reis da Babilônia, aquele que apossou-se das terras que o Senhor descreveu como terra que mana leite e mel e havia dado aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó e sua descendência. Era um rei que exigia ser adorado como um deus, situação esta que vai de encontro com o que o Senhor deseja de todos seres humanos. 

"Eu fiz a terra, os seres humanos e os animais que estão sobre a face da terra, com o meu grande poder e com o meu braço estendido, e a dou a quem eu quiser. Agora eu entreguei todas estas terras nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, meu servo. Até os animais selvagens eu entreguei a ele, para que o sirvam. Todas as nações servirão a ele, a seu filho e ao filho de seu filho, até que também chegue a vez da sua própria terra, quando muitas nações e grandes reis o fizerem seu escravo" - Jeremias 27.5-7.

2. Ciro, o fundador do Império Persa, também chamado Artaxerxes [interpretado no filme 300 por Rodrigo Santoro], no sentido do exercício da fé ao Criador, jamais foi uma pessoa que serviu a Deus reverentemente. No tempo em que estava vigente o Decálogo, com "não terás outro deus além de mim", submetia as nações sob seu domínio cobrando altos impostos mas não interferia na forma de culto de nenhuma nação dominada. Apesar disso, o Criador fez referência a ele como "meu pastor" e "meu ungido".

"... que digo acerca de Ciro: Ele é meu pastor e realizará tudo o que me agrada; ele ordenará acerca da Cidade de Jerusalém: ‘Tu serás reedificada!’, e quanto ao templo: ‘Eis que teus alicerces sejam lançados!'" - Isaías 44.28 NAA.

"Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para submeter as nações diante dele, para desarmar os reis, e para abrir diante dele os portões, que não se fecharão" - Isaías 45.1.

3. Quando Jesus era humilhado e torturado com açoites, Pilatos disse-lhe que tinha autoridade para soltá-lo, então Cristo respondeu a ele: "O senhor não teria nenhuma autoridade sobre mim se de cima não lhe fosse dada" [João 19.11].

Em carta destinada aos membros da igreja em Roma, Paulo repercute o que Jesus disse a Pilatos. O apóstolo recomenda aos cristãos que não se rebelem contra as autoridades, pois rebelar-se contra elas é fazer rebelião contra o próprio Deus que as instituiu como seus ministros para o nosso bem. Aos governos, o cristão é ensinado a pagar impostos; a prestar respeito e honraria [Romanos 13.1-7].

Escrevendo para Timóteo, Paulo recomenda a ele que ensine aos cristãos na igreja em Éfeso o seguinte: "Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade" [1 Timóteo 2.1-2].

4. Sobre o episódio do sepultamento de Jesus, encontramos em Mateus 27.59; Marcos 15.43; Lucas 23.51 e João 19.38-40 o relato sobre José de Arimateia, comerciante rico, político, senador e discípulo oculto de Jesus Cristo. Usando seu prestígio na esfera política, não hesitou em abandonar seu segredo e confessar sua fé para evitar que o corpo de Jesus fosse jogado no campo para ser devorado pelas feras, como acontecia com os cadáveres de pessoas crucificadas. Ele foi até Pilatos, solicitou autorização para ter acesso ao corpo do Mestre e dar-lhe um sepultamento honroso. Ao agir assim, este senador cumpriu uma profecia proferida 740 anos antes de Jesus nascer. 

Está escrito em Isaías 53.9: "Designaram-lhe a sepultura com os ímpios, mas com o rico esteve na sua morte, embora não tivesse feito injustiça, e nenhum engano fosse encontrado em sua boca".

O cumprimento desta profecia está registrada assim no Evangelho de Cristo escrito por Mateus 27.57-60: "Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimateia, chamado José, que era também discípulo de Jesus. Este foi até Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que o corpo lhe fosse entregue. E José, levando o corpo, envolveu-o num lençol limpo de linho e o depositou no seu túmulo novo, que ele tinha mandado abrir na rocha; e, rolando uma grande pedra para a entrada do túmulo, foi embora."

5. É importante fazer uma exegese dos termos adoração [lá no grego koiné "latria"], veneração [grego: "dulia"] e devoção [hiperdulia]. Vejamos:
• Latria: Só Deus e Jesus devem ser adorados, se "latria" não estiver focado no Criador e em Cristo não precisamos dizer que são atitudes pecaminosas.
• Dulia. Prestação de honra.
• Hiperdulia: Junção dos termos "hiper" e "dulia". Hiper tem a conotação "acima de" e "dulia", como já mostrado, é "devoção". Refere ao coração totalmente dedicado, e se for a Deus e Cristo, não há nada de condenável.
Estas três atitudes, principalmente a prestação de honrarias [dulia], muitas vezes são confundidas com idolatria ["latria" e "hiperdulia"]. Mas nenhuma das três atitudes, embora pareçam ser, de fato o são. Quando o ser humano as pratica tendo em vista obedecer a orientação de Deus, ele faz o seu papel de adorador de Deus submetido à Sua vontade soberana e não de um idólatra.

6. Observando atentamente o contexto histórico em relação aos governantes do passado, Nabucodonosor, Ciro e Pilatos, dentro da narrativa bíblica e através dos comentários de historiadores seculares, fica claro que em sua soberania o Senhor fez com que essas autoridades fossem movidas com o objetivo implementar seus planos de abençoar o povo judeu. 

Conclusão: As menções sobre os adjetivos que Deus usou para descrever esses dois monarcas, o comentário de Jesus para Pilatos e os ensinamentos de Paulo aos cristãos, mostram que cabe ao cristão tratar as autoridades contemporâneas como instrumentos de Deus, e respeitá-las, obedecê-las e honrá-las. Ao agir assim, não estamos atribuindo aos seres humanos características sobre-humanas que produzem meios de nos garantir a provisão necessária somente pela força do homem na esfera terrestre. Ao agir assim, através dos nossos atos expressamos fé e toda nossa confiança em Deus, pois sabemos que Ele desempenha seus planos de provisão com misericórdia, é capaz de usar todas as autoridades que instituiu aqui na terra em nosso benefício, sem que mereçamos as bênçãos que nos envia através deles. Acreditamos que Deus age salvando um indivíduo, inumeráveis grupos, povos e nações por meio das autoridades que estabelece neste mundo. 

Respondendo de maneira direta e suscinta: idolatrar é trocar a entronização de Deus no coração por alguém ou algo. Pode existir isso no meio político, tanto pelo lado de quem defende a ideologia de direita como de esquerda. Neste atual cenário de eleição, líderes religiosos orientam os membros das igrejas a orarem pelos candidatos e por quem está no exercício de cargos públicos. Note, se oramos por todos os políticos, eles não são alvos de idolatria, são tratados dentro dos parâmetros circunscritos pela Palavra de Deus. 

O Todo Poderoso está  no centro dos nossos corações. Toda honra e glórias a Deus e apenas a prestação de honra aos que Ele institui como autoridades e instrumentos para o nosso bem-estar.

E.A.G.