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terça-feira, 22 de junho de 2021

A Ascensão de Salomão e a Construção do Templo

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Os livros 1 e 2 Reis foram escritos logo depois do ano 561 a.C., tem sua autoria atribuída ao profeta Jeremias, sobrevivente aos eventos da queda de Jerusalém. Embora o autor seja Jeremias, o livro termina mencionando o reinado de Evil-Merodaque, sucessor do rei Nabucodonossor, que reinou entre 561-559 a.C. (2 Reis 25.27), posterior à época de Jeremias, isto aponta que houve o trabalho de um revisor. Porém, a revisão não retirou a inspiração espiritual dos livros, pois são citados no Novo Testamento por Jesus Cristo (1 Reis 17.9; 18.1; 2 Reis 5.14; Lucas 4.25-27).

Os livros traçam a ascensão da nação de Israel e a sua degradação após a divisão do reino. O critério que o autor de Reis utiliza para legitimar o sucesso ou tecer censuras do reinado dos reis descritos por ele, que começam de Salomão e terminam com os exílios assírio e babilônico, é o quanto cada um deles reconhece o Templo de Jerusalém como único santuário legítimo, de não adorar outros deuses e da conservação ou não do hábito de oferecer sacrifícios nos lugares altos.

Reis traz uma teologia narrativa, onde as histórias se entrelaçam com os conceitos teológicos e éticos, conta uma história de culpa, com juízos fortes e sem versões neutras, relata o relacionamento tenso entre profetas e reis, trocas de governos pacíficas e violentas, decisões justas e, por vezes, sábias, de momentos de cultos e de guerras. 

I - A SABEDORIA DE SALOMÃO

1. A virtude da sabedoria.

Como porta-voz de Deus, o profeta Natã levou a Davi uma mensagem repleta de promessas (1 Crônicas 17.1-15). Davi teria descendentes que seriam reis de Israel para sempre (versículos 11,12 e 14; Salmos 18.50; 89.3-4, 26-27, 36-37; e 132; Isaías 9.5-6; 11.1-10; 16.5; Miquéias 5.2). Isto se cumpriu de modo parcial, mas irá se cumprir em definitivo no reino vindouro do Messias. No Novo Testamento, essas promessas são interpretadas como profecias a respeito de Jesus, descendente de Davi por parte de José (João 7.42; Atos 2.30). E por este motivo Jesus, o Messias, é chamado de Filho de Davi.

Salomão foi o terceiro rei do reino unido de Israel, reinou de 970 a 931 a.C. Em sua juventude, não se deixou levar pelo desejo das riquezas ou de outras coisas que parecem agradáveis aos homens. Ele preferiu pedir sabedoria. A solicitação não estava voltada para a ambição egoísta, mas para a necessidade de governar bem o povo de Deus (1 Reis 3.11-14). Com certeza, este desejo residia no fato de sentir-se desafiado pelo exemplo de seu pai, Davi, a tornar-se um homem sábio.

Davi expressou-se dessa maneira: "Quanto amo a tua lei! É a minha meditação todo o dia! O teu mandamento me torna mais sábio do que os meus inimigos, porque eu o tenho sempre comigo. Compreendo mais do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos. Sou mais entendido do que os idosos, porque guardo os teus preceitos. De todo mau caminho desvio os meus pés, para observar a tua palavra" - Salmos 119.97-101 (NAA).

A virtude da sabedoria diz respeito a como aplicar os mandamentos de Deus na vida prática. A virtude da sabedoria deve ser uma marca do cristão autêntico. É expressada a partir de uma vida virtuosa, através da manifestação de reverência a Deus. Os crentes em Cristo são abençoados em tudo o que fazem quando com sinceridade de coração atendem à vontade do Senhor.

2. O sábio pede sabedoria.

Quando o rei Davi morreu, seu filho Salomão assumiu o trono. Sua busca fiel leva-o para uma aparição noturna de Deus em seu sonho (1 Reis 3.5), quando o Senhor o convida a pedir em oração qualquer coisa que desejasse. Ele ainda era jovem, e a enorme responsabilidade pesou sobre ele, humildemente admitiu que precisava de ajuda e pediu sabedoria para governar com justiça e saber discernir entre o bem e o mal. 

Deus ficou tão satisfeito com o pedido de Salomão, após lhe conceder uma sabedoria extraordinária, como ninguém havia portado, prometeu-lhe acrescentar riquezas, bens, honras e vitórias sobre os inimigos, que ele não pediu (3.12,13). Nesta ocasião, Salomão fez uma das orações mas conhecidas na Bíblia. Em sua petição, expôs a Deus várias coisas:
a. Reconheceu a sabedoria de Deus e a forma como agiu no passado. Ainda que Davi, seu pai, estivesse longe da perfeição como ser humano, possuía retidão de coração. Lembrou-se da benevolência que Deus usou para com Davi, reconhecendo que ele mesmo, Salomão, é fruto dessa bondade divina ao ser um escolhido de Deus (1 Reis 3.6);
b. Reconheceu a sua fraqueza e mostrou-se uma pessoa humilde no pedido de sabedoria (1 Reis 3.7b).

c. Reconheceu que a nação que iria governar não era dele, nem a coroa que estava sobre sua cabeça, mas que Deus estava acima de tudo e havia elegido um povo numeroso e complexo do qual seria o rei, dessa forma pediu um coração compreensivo, capaz de ouvir e entender, apto a discernir entre o bem e o mal (1 Reis 3.8).
Em sua sabedoria, Salomão foi o mais sábio de todos os reis, ganhou fama por ser mais sábio do que todos os indivíduos famosos por causa da sabedoria que possuíram, sobressaiu a todos os homens do Oriente e todos os homens do Egito (1 Reis 4.30-31; Mateus 2.1-12). Fez observações cuidadosas do mundo natural e de como ele funciona, desde o mais alto cedro, árvore do Líbano, à pequena planta hissopo.

Além da sua sabedoria na condução do reino, Salomão escreveu provérbios e cânticos aos milhares (1 Reis 4.32). Boa parte deles integra os livros de Provérbios, Eclesiastes e Cantares. Dois Salmos também são atribuídos a ele: os Salmos 72 e o 127.

3. A sabedoria na prática da vida.

Uma conceituação bíblica de sabedoria seria a correta compreensão da realidade e a base de uma vida ética e moral elevadas (Jó 11.6; Provérbios 2.6). Surge de atitudes de coração e mente e expressa-se através da reverência ao Senhor, em prudência, cuidados e acolhimento nas relações humanas e institucionais (Jó 28.28). Aplica-se na boa administração e liderança (1 Reis 10.4,24; Salmos 105.16-22; Atos 7.10) e em técnicas de perícia (Êxodo 25.3; 4.28).

Será que a sabedoria foi um dom concedido apenas a Salomão naquela época, e nunca mais nenhum ser humano teve a oportunidade de ser sábio? Nosso Deus é muito generoso e deseja que todos nós sejamos sábios. É preciso aceitar a sabedoria que o Senhor oferece, muitos a rejeitam considerando que a sabedoria desse mundo é melhor (Provérbios 1.7,15).  

O pedido de sabedoria feito por Salomão a Deus aponta para a maturidade espiritual que Deus deseja para seus filhos. Na sabedoria do alto há força motriz à pacificação, à gentileza, à misericórdia e aos bons frutos. Existe virtude, pureza, sinceridade, jamais se comporta com ambiguidade (duplo sentido). Portanto, quem se vê necessitado de sabedoria espiritual deve pedi-la ao Senhor o quanto antes, sem duvidar, depositando sua convicção no Todo-Poderoso (Tiago 1.5-8). 

É necessário considerar que Deus dá sabedoria liberalmente e não lança em rosto nenhuma solicitação. A pessoa que recebe a sabedoria divina conquista um relacionamento íntimo com Deus, demonstra bom senso em seus posicionamentos, é capaz de corresponder à ética de Deus, destacando-se em seu círculo social através do bom trato e da mansidão. ao rejeitar a inveja e o sentimento faccioso, permanecendo distante de conflitos físicos, perturbações e ações perversas.

II - A CONSOLIDAÇÃO DO PODER

1. A glória do reino de Salomão.

A paz e a prosperidade de Israel se basearam na influência dominante que Salomão exerceu sobre todos os reinos desde o Eufrates até a terra dos filisteus e até a fronteira do Egito. A extensão chegava à Tifsa, cidade importante no Eufrates, a 121 Km ao sul na rota comercial entre Síria e a Mesopotâmia, até Gaza, na costa ocidental da Palestina, no extremo sul da Filístia. O domínio de Israel de então, correspondia à extensão territorial que Deus prometeu a Abraão (Gênesis 15.18).

O governo realizado por pessoa justa, sob a bênção de Deus, quando seu líder prospera, o povo se alegra (Provérbios 29.2). Durante o início do reinado de Salomão, Judá e Israel comiam, bebiam, viviam satisfeitos, pois a sabedoria que o rei havia recebido produziu um sistema econômico que não oprimia a população, tão numerosa como a areia que está no mar (Gênesis 22.17; 1 Reis 4.20). Todos habitavam seguros, sob a bênção de Deus, possuindo um grau ideal de independência econômica, algo comparável com a profecia de Miquéias sobre "os últimos dias" quando as espadas se converterão em relhas de arado e todos os homens terão participação na terra (Miquéias 4.1-4).

2. O orgulho precede a ruína.

O início do reinado de Salomão é marcado pelo uso da virtude da sabedoria, mas o final de sua vida foi um fracasso. Por quê? Salomão desprezou a sabedoria dada por Deus e passou a se guiar pela sabedoria deste mundo. Ele não demonstrava arrependimento algum, talvez porque permitiu que a luxúria, as glórias e as muitas riquezas provocassem cegueira espiritual. O coração de Salomão era muito diferente do coração de Davi, que ao pecar se arrependia e consertava o erro cometido. 

O apóstolo Tiago escreveu que existe um tipo de sabedoria que se limita em buscar vantagem em tudo, que planeja habilidosamente o mal, que é maliciosamente calculista visando enganar os outros em benefício próprio. Essa sabedoria é terrena, animal e diabólica (Tiago 3.15,16). 

Enquanto ainda dependente de Deus, Salomão escreveu: "Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as sua veredas" (Provérbios 3.5,6). Infelizmente, ele deixou de confiar em Deus, passou a atribuir seu sucesso às habilidades que possuía, e isso trouxe sérias consequências: perdeu boa parte daquilo que havia adquirido e organizado; a glória que construiu ao reino transformou-se em ruína  quando seus filhos assumiram o trono (1 Reis 11.9-13).

Moisés, na condição de profeta, previu que quando os israelitas entrassem na terra da promessa iriam desejar um rei para os governar, como as nações vizinhas (Deuteronômio 17.14-20; 1 Samuel 8.5, 19, 20; 10.19; 12.12). E estabeleceu parâmetros aos monarcas. 
a. "Não deve multiplicar para si cavalos" (Deuteronômio 17.16a).

Os animais eram usados pelos reinos da época para guerrear. Segundo o número indicado em 1 Reis 4.26, Salomão tinha quatro mil cavalos em estribaria, sendo que alguns manuscritos hebraicos assinala para quarenta mil estrebarias. O número é incerto por conta de equívoco de copistas. Seja um ou outro, ambos os números são exagerados e violam a proibição mosaica. 

Pesquisas arqueológicas encontraram edifícios tripartidos com colunas em sítios da Idade do Ferro, em Megido, Hazor, Bete-Semes e outras localidades, cada unidade tem um salão central ladeado por dois corredores paralelos, separados por fileiras de colunas. Esses edifícios foram identificados por numerosos estudiosos como estrebarias ou estábulos, sendo que muitos reconhecidos como do tempo do reinado de Salomão.

b. "Não deve tomar para si muitas mulheres, para que o seu coração não se desvie" (Deuteronômio 17.17a).

Salomão não prestou atenção a essa orientação, fez alianças políticas com vários reinos antigos em troca de casamentos com princesas desses reinos e outros benefícios econômicos. Com isso, trouxe sérios comprometimentos ao seu reino, construiu castelos imponentes para elas, como no caso da filha de Faraó (1 Reis 3.1; 7.8), e edificou lugares sagrados pagãos para agradar as suas mulheres.

c. "Nem deve acumular muita prata e muito ouro" (Deuteronômio 17.17c).

Os homens que possuem grande soma de dinheiro, inclusive nações, inclinam-se a confiar mais em seu dinheiro e menos em Deus. Infelizmente, Salomão também desprezou essa orientação, organizou os tributos e contribuições do reino de tal forma que, a cada mês, uma das doze tribos era encarregada de manter o palácio real. A prática se mostrou pesada para os súditos, que reclamaram a Reboão, futuro sucessor ao trono, um alívio dessa carga tributária  (1 Reis 4.7; 12.4). Além de tudo isso, Salomão recrutou 30 mil israelitas para serem seus escravos. Essas obrigações foram difíceis de aguentar e resultaram na divisão do reino do Sul e do Norte.
Até mesmo as pessoas mais sábias estão sujeitas à queda quando desprezam a Palavra do Senhor e seguem por caminhos tortuosos. É importante observar que os valores deteriorados não estavam presentes  no início do reinado de Salomão, tomaram espaço na medida que ele permitiu certos desvios fizessem parte de sua vida (1 Reis 11.1,2,4-10).

2.1 O poder e a ambição na vida de Salomão. Poder, prestígio, reputação nos foram dados graciosamente por Deus. O desenvolvimento do reinado de Salomão levou-o a ter muito prestígio e poder. Ele usou positivamente sua influência para estabelecer a paz no seu reino e ser bem sucedido em todos os seus empreendimentos. Mas ao passar o tempo, a arrogância e a ambição egoísta tomaram conta do seu coração de tal maneira que ele se deixou seduzir pelas vantagens do estado de eminência, pela abrangência e inumeráveis possibilidades originadas da monarquia e por todo o predomínio que lhe trouxe a capacidade de impor sua vontade.

O poder é um problema quando assume um lugar de controle excessivo e de anseio egoísta por sempre querer mais poder e autoridade. A situação que inspira preocupação aos líderes cristãos é estabelecer relações de autoridade sobre as pessoas sem criar dificuldades à liberdade individual de seus liderados. O poder e a liderança, quando exercidos sem amor, ferem e matam. 

Jesus usou sua autoridade durante seu ministério terreno para abençoar as pessoas e não para ser servido por elas (Mateus 20.28). Podemos perder qualquer coisa nesta vida, menos a comunhão com o Pai. Ao escolher ser servido, perdemos a comunhão de filhos de Deus. A opulência e a ganância por títulos, cargos e posições sociais causam opressão quando usadas para manipular as pessoas. Jesus nos deu o grande exemplo de sempre respeitar a dignidade e fragilidade de todos os indivíduos. 

2.2 Sobre sexo e luxúria na vida de Salomão: Salomão tinha mil mulheres à sua disposição. As muitas mulheres perverteram o seu coração e o fizeram desviar do propósito inicial do seu reinado (1 Reis 11.3). Ao querer satisfazer os desejos delas, construiu lugares de adoração pagãos. Uma das divindades as quais se inclinou era Astarote, a deusa da guerra e da fertilidade, e uma das formas de adoração era a prostituição sagrada.

Quando a sexualidade tem sua finalidade deformada pelo pecado da lascívia, os resultados geralmente são danosos. Causa destruições da autoestima, da dignidade e da reputação. Exclui a essência da afeição natural, reduz as pessoas envolvidas a um objeto sexual. Limita o relacionamento apenas aos encontros em busca do prazer físico momentâneo, que se segue de uma enorme tristeza da alma quando a conjunção carnal termina.

2.3 Sobre o poder e riqueza de Salomão. Extremamente rico, como o foram poucos de sua época, soube administrar os recursos que havia recebido de Deus, conseguiu negociar e aumentou muito a riqueza ano após ano. Ele fez negócios com várias nações vizinhas sempre com grande perspectiva de lucro. Além disso, sua fama atraía celebridades reais que sempre lhe traziam mais dinheiro e riqueza (1 Reis 4.27,34).  

O problema de Salomão não estava na riqueza acumulada, mas na maneira como ele passou a encará-la. A orientação bíblica não é que se deva ter aversão ao dinheiro ou às riquezas. O que se deve fazer é sempre lidar com o dinheiro de forma altruísta e benevolente (Lucas 8.1-3), fazendo com que ele seja nosso servo para trazer-nos conforto e, ainda, reparti-lo com aquele que não tem e, acima de tudo, fazendo com que sejamos gratos a Deus por tudo o que Ele nos tem dado. Talvez se Salomão tivesse lidado dessa forma com as riquezas, não teria entrado nos caminhos tortuosos que entrou.

III. A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO

1. O nobre propósito de Salomão.

Havia pureza no coração de Salomão quando ele era ainda um jovem, foi neste período de sua vida que ele manifestou o nobre propósito de erguer o Templo. Quando havia estabilidade no reinado, ele fez com que se cumprisse a promessa que Deus havia proferido por meio de Natã a seu pai (1 Crônicas 17.23; 2 Crônicas 6.17). Ao construí-lo, esclareceu havia aprovação divina e que não havia idealizado um projeto extravagante, apenas cumpria a promessa que o Senhor havia feito a Davi (2 Crônicas 6.10; 2 Samuel 7.4-11).

Ele disse: "Mas agora o Senhor me deu paz em todas as fronteiras. Eu não tenho inimigos, e não há perigo de ataques. Deus prometeu o seguinte a Davi, o meu pai: 'O seu filho, que eu vou pôr como rei depois de você, construirá um templo para mim.' Portanto, eu resolvi construir um templo para a adoração do meu Deus, o Senhor" (1 Reis 5.4-5 - NTLH). 

2. O templo do Espírito Santo.

O apóstolo Paulo,  emite importante alerta ao escrever aos crentes da Igreja em Corinto. Exorta-os esclarecendo que o cristão, tanto coletivamente, como Igreja (1 Coríntios 3.16; Efésios 2.21-22), quanto individualmente (6.19) é um santuário do Espírito Santo. Nestas duas situações, o cristão não pertence a ele mesmo, pois o Espírito vive dentro de cada pessoa convertida a Cristo, fazendo com que o corpo de cada crente seja o seu templo.

A Igreja toma o lugar do Templo de Jerusalém, pois o Espírito Santo vive nela, Paulo acentua, em 1 Coríntios 3.17 (considerar o contexto de 3.1-23), que a Igreja como um todo tem o compromisso de continuar a ser o que é, ou seja, Templo do Senhor. Nesta condição, nenhum cristão deve se considerar mais importante que o outro, ninguém deve se comportar como se pertencesse a esse mundo, mas viver como pessoas guiadas pelo Espírito Santo.

Ao ler 1 Coríntios 6.12-20, descobrimos que havia cristãos em Corinto afirmando que nada que a pessoa faz com o corpo afeta o espírito. Portanto, o cristão teria liberdade de fazer o que quisesse com o seu corpo, até mesmo ter relações sexuais ilícitas, pois isso nada teria a ver com seu espírito. Porém, existe uma união espiritual entre o cristão e Cristo.

É preciso zelar por nosso corpo, pois Paulo declara  que o corpo do cristão será ressuscitado (versículo 14), faz parte do corpo de Cristo (versículo 15), é templo do Espírito Santo, foi dado por Deus, não pertencemos a nós mesmos, pertencemos a Deus (19). Nós fomos comprados por Cristo durante o sacrifício na cruz por bom preço, e assim sendo, o corpo do crente deve ser usado para a glória de Deus (20). Então, não cabe aos crentes a prática da imoralidade sexual, pois se consiste em pecado contra o corpo e ataca diretamente a união sagrada do crente com Cristo.

3. A glória do Senhor.

A glória do Senhor se manifestou no Templo construído por Salomão duas vezes, depois de pronto. A primeira vez foi quando os sacerdotes levaram a Arca para o lugar Santíssimo (1 Reis 8.11; 2 Crônicas 5.17). A segunda ocasião foi quando Deus respondeu a Salomão na inauguração do Templo (2 Crônicas 7.1-3).

Durante a inauguração do templo, uma nuvem encheu o local, os sacerdote não conseguiram ficar para ministrar por causa da nuvem, caíram de joelhos, algo semelhante ao que aconteceu quando a Tenda da Presença de Deus foi consagrada (2 Crônicas 5.13; Êxodo 40.34-35). A nuvem representava a manifestação visível da glória de Deus e da sua santidade (Números 14.10; Ezequiel 1.28), sendo que a suprema revelação da glória do Senhor  foi feita em Jesus Cristo (Lucas 9.32; João 1.14).

É importante conhecer tudo a respeito da glória de Deus. A presença de Deus é o segredo do poder da Igreja, sem a glória do Senhor na Igreja ela não passa de uma instituição humana, com a glória presente ela é um organismo vivo, espiritual, diferente de qualquer outra coisa na face da Terra.

CONCLUSÃO

Não houve na época de Salomão um homem com tanta sabedoria quanto ele, e que tivesse condições de empregá-la com justiça e correção. Seu reinado é descrito como a era de ouro de Israel. A sabedoria que Deus lhe deu serviu de bênção a ele e aos israelitas de seu tempo. Ajudou-o construir o grande templo para o Senhor, a proteger Israel, estabelecer alianças comerciais lucrativas, construir um grande palácio e edifícios suntuosos, levantar fortalezas, estruturar um reino forte e seguro e descansar em prosperidade. Mas esse quadro maravilhoso tornou-se obscuro quando ele deixou de honrar o nome do Senhor. Foi quando o povo passou a ser oprimido e sobrecarregado com sua política de impostos onerosos e trabalhos forçados, enquanto em sua corte havia tempo para o lazer cultural e para o gozo da beleza feminina. Tudo isso, mais a introdução de culto idólatra para agradar suas esposas estrangeiras, levaram à divisão do reino após sua morte (1 Reis 11.1-13).

Tudo o que fizermos, que seja feito com pureza de coração.


Compilações
Bíblia da Família - coletânea de textos de Jaime e Judith Kemp. Edição 2008.  Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil - SBB.
Bíblia de Estudo do Expositor. Edição 2017. Baton Rouge, LA, Estados Unidos. Ministério de Jimmy Swaggart.  
Bíblia de Estudo Holman. Edição 2018. Bangu. Rio de Janeiro - RJ - Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD.
Bíblia de Estudo NAA. Edição 2020. Barueri, SP, Sociedade Bíblica do Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil - SBB.,
Bíblia de Estudo NTLH. Edição 2015. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil - SBB.
Enciclopédia da Bíblia - John Drane. Edição 2009. Edições Loyola / Paulinas. São Paulo -SP.
O Plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da Nação. As correções e Ensinamentos Divinos no Período dos Reis de Israel. Claiton Ivan Pommering. 1ª Edição 2021. Bangu. Rio de Janeiro - RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus..

quarta-feira, 26 de maio de 2021

O Ministério de Pastor

Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

A dedicação do dono para com a criação de ovelhas transformou-se em uma imagem clássica do amor e providência divina de Deus aos crentes fiéis (Salmo 23.1-4; João 10.11-16).

Quando o rebanho era muito grande, ou por outras circunstâncias, o dono das ovelhas recorreria aos serviços de pastores contratados. Nestas situações, o trabalho do pastor era remunerado com uma participação no rebanho (Gênesis 30.28-43; 1 Coríntios 9.7) ou em dinheiro (Zacarias 1.12; 1 Timóteo 5.18).  Repassar os cuidados do trato de animais era comum entre os monarcas e hebreus ricos (1 Crônicas 27.29-31; Lucas 15.14-16). As figuras de cães de raça e de pessoas assalariadas usadas como guardadores de rebanho têm conotação negativa nas páginas neotestamentárias (João 10.12; Filipenses 3.2; Apocalipse 22.15).

HÁ UM SÓ PASTOR

"As palavras dos sábios são como aguilhões, e as coleções de sentenças são como pregos bem-fixados; elas provêm de um único Pastor" - Eclesiastes 12.11.

As relações entre Deus e o seu povo são assemelhadas às que existem entre o pastor e as suas ovelhas (Salmos 23.1; 80.1. Ezequiel 7.14). A figura do povo de Deus como um rebanho aparece várias vezes em diversos textos da Bíblia Sagrada. Nas páginas do Livro de Ezequiel (34.31) o povo temente ao Senhor recebe tal comparação e Deus é comparado como o seu Pastor: "Vós, pois, ó ovelhas minhas, ovelhas do meu pasto; homens sois; porém eu sou o vosso Deus, diz o Senhor Deus”.  

O profeta brada que a justiça seria restaurada, revelando a promessa divina que Deus levantaria um pastor e que através deste pastor todos os dispersos e oprimidos receberiam justiça, assim a paz voltaria a reinar entre os israelitas. Os cristãos, ao lerem Ezequiel 34.1-31, sabem que a promessa de restauração refere-se a Jesus Cristo em sua primeira vinda, sua morte e ressureição ao terceiro dia. Passagens como Isaías 40.11 e Zacarias 13.7, apresentam o Messias como Pastor, corroboradas por textos do Novo Testamento. Jesus a Si mesmo Se chama "o bom Pastor" (João 10.11). E encontramos a afirmação que o Filho Unigênito do Pai é o Grande e o Sumo Pastor (1 Pedro 5.4; Hebreus 13.20). Sumo, significa "supremo" e "máximo". 

Cristo oferece a água da vida eterna, apregoa que só quem beber da água retirada da fonte que Ele oferece não voltará a ter sede (João 4.13-14). Isto é, na condição de Deus trino, só existe um pastor, que se manifesta nas figuras do Pai Eterno e do Filho Unigênito. 

O PASTOR APASCENTA AS OVELHAS

"Como pastor, ele apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os carregará no colo; as que amamentam ele guiará mansamente" -  Isaías 40.11. 

No Antigo Testamento, encontramos a figura do pastor como um homem proprietário de rebanho, alguém que o apascentava pessoalmente (Êxodo 34.14), confiava os cuidados aos filhos (Gênesis 31.38-40, 37.2; 1 Samuel 16.11) e filhas (Gênesis 29.9; Êxodo 2.16). O Novo Testamento atribui o termo "pastor" ao ministro que lidera uma comunidade de crentes protestantes (Hebreus 13.17; 1 Pedro 5.2; e as Escrituras como o método de alimentação às ovelhas de Cristo (1 Timóteo 4.15,16).

"A liderança pastoral pode ser um dom natural, ou adquira pela experiência, por meio de uma vida dedicada a esse mister. Contudo, no âmbito espiritual, os líderes são chamados por Deus para uma missão específica, com o intuído de engrandecer o Reino de Deus.' (...) 'Ainda no âmbito espiritual, ministros líderes de ministros devem ser aqueles vocacionados para o ministério, chamados e habilitados por Deus para coordenar, influenciar seu grupo, com o objetivo de que seus liderados, com esforço, alcancem as metas desejadas" (José Wellington Bezerra da Costa. Artigo Ministro e Líderes de Ministros, Bíblia Obreiro Aprovado, página XXIII, edição 2016, CPAD). 

A tarefa do pastor consistia em procurar pastagens e água (Salmo 23). Muitas vezes não era fácil, exigia paciência e coragem, pois era preciso defender as ovelhas dos ataques de feras e de ladrões (Gênesis 31.40; Êxodo 2.16; 1 Samuel 17.34; João 10.12). As principais ferramentas do pastor no exercício da sua função:
º Cajado: vara grossa que servia como apoio ao caminhar (Hebreus 11.21), como cassetete para defender-se (Isaías 36.6; Hebreus 11.21) e cuja ponta era curvada em semicírculo para pegar o animal pela pata (Salmo 23.2; Miqueias 7.14). No Novo Testamento, o termo "vara" se refere à autoridade de Cristo (Apocalipse 19.15) e dos salvos, a vara aos crentes se assemelha ao uso da espada do Espírito (Apocalipse 2.27; Efésios 6.16).

º Funda:  uma arma feita com tira estreita de couro, alargada no meio, usada para atirar pedras contra os lobos e outros predadores, girando-a sobre a cabeça e soltando uma das pontas no momento propício ao lançamento da pedra na direção pretendida (Juízes 20.16; 1 Samuel 17.40-50).
O jeito afetuoso que o pastor prestava seus cuidados em favor do rebanho se evidenciava de modo eficaz ao socorrer as ovelhas fracas e enfermas do redil a ele confiado (Gênesis 33.13; Isaías 40.11). À tarde, quando o pastor recolhia o rebanho ao aprisco, obrigava as ovelhas a passar debaixo de sua vara, pela porta de entrada do aprisco. Neste retorno do grupo, cada animal ao alcance de sua mão era examinado para conferir seu bem-estar (Levítico 27.32; Jeremias 33.13; Ezequiel 20.37) e após cumprir sua missão durante o dia, o pastor continuava a vigiar o rebanho durante a noite (João 10.3).

O PASTOR BUSCA AS OVELHAS

"Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que encontra ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas. Eu as livrarei de todos os lugares por onde foram espalhadas no dia de nuvens e densas trevas" - Ezequiel 34.12.

Ezequiel havia repetido incansavelmente que o povo de Israel se tornara impuro por causa dos seus pecados e idolatrias e que por este motivo o castigo viria sobre a nação. Após a queda de Jerusalém, o profeta mudou completamente de tom. No centro da sua mensagem o anúncio do castigo deu lugar à promessa da salvação, a informação de que viria um tempo em que Deus faria uma intervenção para transformar interiormente o seu povo e limpá-lo de todas as suas impurezas. Essa promessa, repetida uma e outra vez nos capítulos seguintes, fez renascer a esperança no ânimo dos exilados e os ajudou a vencer o desânimo, pessimismo, e desconfiança que haviam se apoderado deles (Ezequiel 33.10; 34.11-31; 37.11).

A promessa de salvação suscita esperança aos cristãos. O poder purificador do sangue vertido na cruz apresenta a intenção divina da  total transformação interior, que se expressa com a imagem do coração e do espírito novo. "Pois todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos vocês que foram batizados em Cristo de Cristo se revestiram. Assim sendo, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vocês são um em Cristo Jesus" (Gálatas 3.26-28).

O PASTOR PROTEGE AS OVELHAS

"Assim diz o Senhor : Como o pastor livra da boca do leão as duas pernas ou um pedacinho da orelha de um animal, assim serão salvos os filhos de Israel que vivem em Samaria com apenas o canto da cama e parte do leito" - Amós 3.12.

O relato exposto em Gênesis 29 mostra Isaque removendo uma pedra pesada de cima de um poço, para que o rebanho pastoreado por Rebeca bebesse água. Colocava-se a pedra ali como proteção contra o pó e a areia e todo o tipo de sujeira. Mais tarde Moisés prestou ajuda semelhante às filhas do sacerdote Reuel, conhecido também como Jetro, ele abriu o poço e retirou a água dos bebedouros reservados às ovelhas (Êxodo 2.16-18).

A pessoa que possui vocação pastoral é consciente da sua responsabilidade e incansavelmente proclama em alto e bom som que Jesus virá como Rei dos reis; ecoa a verdade de que "toda a humanidade é erva, e toda a sua glória é como a flor do campo" e que só a Palavra do Senhor dura eternamente (Isaías 40.6,8).

O ministério do pastor sábio está sempre submetido ao Espírito Santo. Ele pensa, age, comunica-se com disposição de servir a Deus, e com este perfil produz edificação espiritual aos que o ouvem. É respeitado entre as ovelhas de Cristo. Expõe a verdade bíblica da melhor maneira possível, suas palavras surtem efeito estimulante que leva o cristão ao crescimento na fé e a estar consciente que "Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más" (Eclesiastes 12.14). 

O pastor e teólogo Antonio Gilberto escreveu sobre a função do pastor, como ministério recebido de Deus. Compreende-se assim:
a. Dirigir, presidir e administrar o rebanho do Senhor. Sem isso as ovelhas se desviarão.
b. Doutrinar. Para isso, o pastor precisa ser um estudante dedicado da Palavra de Deus, especialmente no que concerne à Teologia Sistemática.
c. Proteger. Se o pastor não fizer esta parte, muitas ovelhas cairão vítimas de todo tipo de males.
d. Tratar das ovelhas. Muitas caem doentes espiritualmente.
e. Alimentar as ovelhas. A ovelha faminta segue qualquer outra liderança, além de outros males que lhe atingem.
f. Visitar. Exercício direto ou através de comissões.
g. Disciplinar. O termo disciplina envolve o sentido de instrução, admoestação, correção, e não o castigo e punição.
O PASTOR NEGLIGENTE COM O REBANHO 

"Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho! A espada cairá sobre o seu braço e sobre o seu olho direito; o braço ficará completamente seco, e o olho direito totalmente cego" - Zacarias 11.17.

Os governantes do período do Antigo Testamento são representados como pastores e repreendidos pelos profetas quando agiam com egoísmo e falta de cuidado com seus súditos. Deus é contra os maus pastores. Além disso, os profetas advertiam que o israelita que agisse como opressor de outro, aquele que havia enriquecido desonestamente à custa dos mais pobres e fracos, teria que ajustar contas com o Senhor.

O pastor mercenário preocupava-se mais com seu bem-estar. A segurança do rebanho não era sua prioridade. Interesseiro, trabalhava somente por dinheiro e pelas vantagens que lhe eram dadas pelo dono do rebanho (Jeremias 46.21; João 10.12,13).

Durante a Lei de Moisés, a responsabilidade do pastor era cobrada com grande rigor. Em Êxodo 22.9-12, temos acesso às regras legais sobre propriedade privada. O texto explica que os animais roubados deveriam ter o seu valor restituído ao seu dono, quando os animais eram mortos por uma fera, a exigência de restituição só era feita se o animal morto não pudesse ser apresentado; animais perdidos de outras maneiras não precisavam ser pagos se o pastor afirmasse com juramento não ter violado a propriedade alheia. Caso a ovelha se desgarrasse, o dever do pastor era ir ao campo procurá-la em todos os lugares (Ezequiel 34.12; Lucas 15.4). 

CRISTO, O PASTOR DAS OVELHAS 

"Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos o nosso Senhor Jesus, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança" - Hebreus 13.20.

Como Cordeiro de Deus e também o Sumo Pastor das ovelhas, Jesus Cristo verteu o sangue da eterna aliança. "Porque, havendo Moisés proclamado a todo o povo todos os mandamentos conforme a lei, pegou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã tingida de escarlate e hissopo e aspergiu não só o próprio livro, como também todo o povo, dizendo: 'Este é o sangue da aliança que Deus ordenou para vocês. Igualmente também aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os utensílios do serviço sagrado. De fato, segundo a lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão. Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que estão nos céus fossem purificadas com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais requerem sacrifícios superiores àqueles. Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos humanas, figura do verdadeiro Santuário, porém no próprio céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus" - Hebreus 9.19-24.

O texto de Êxodo 12.1 ao 13.22 apresenta prescrições ao culto da antiga aliança. Estes capítulos, descrevem a Festa da Páscoa, mostram as normas relativas à celebração da Festa dos Pães Asmos, que prolonga a Páscoa (12.15-20; 13.3-10); e as normas que prescrevem a consagração dos filhos mais velhos ou primogênitos a Deus (13.1-2,11-16). Também relatam a décima praga sobre o Egito e depois a saída apressada dos israelitas (12.37- 42) em direção às margens do deserto (13.17-22). 

O escritor de Hebreus, em 9.19-24 alude aos dois capítulos de Êxodo, nos faz lembrar da água, da lã em vermelho escarlate, do hissopo, materiais usados na aspersão realizada por Moisés. Assim, o escritor de Hebreus mostrou o paralelo existente entre a libertação do povo hebreu das garras de faraó e o opróbrio de Cristo na cruz, quando dEle jorrou água e sangue, para que todo pecador que nEle crer não pereça, tenha a vida eterna (João 3.16; Hebreus 11.26). Através do ritual religioso, Moisés se mostrou solidário com os israelitas, e Cristo, através do sacrifício vicário no calvário, se mostrou solidário com todos os pecadores arrependidos de seus pecados (Êxodo 2.10-15; Salmo 69.9; Isaías 63.9; e Romanos 15.3).

CONCLUSÃO

Os cristãos são exortados a seguirem o Bom Pastor, deixando para trás a vida e as práticas religiosas da antiga Lei, a vida pregressa da prática de pecados, a viverem em consagração, reunirem-se com seus irmãos para juntos celebrarem a Ceia do Senhor, com o objetivo de não se esquecerem que, assim como os judeus foram libertos da escravidão egípcia, estão livres da condenação eterna por intermédio do sacrifício realizado por Jesus Cristo (1 Coríntios 11.23-26).


Compilação:
Bíblia de Estudo Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), Barueri - SP
Bíblia Obreiro Aprovado. Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD). Rio de Janeiro - RJ. Edição 2017.
Casa do Senhor - acesso 26 de maio de 2021 - www.casadosenhor.com.br/portal/
Dicionário Enciclopédico da Bíblia, Centro do Livro Brasileiro Ltda, Lisboa, Porto, edição 1969.
Éxodo Una Lectura Evangélica y Popular. Jorge V. Pixley, Casa Unida de Publicaciones S.A., México, D..F., edição 1983.
Pequeno Dicionário Bíblico, Stuart Edmund McNair, anexo Bíblia do Obreiro Aprovado, Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro - RJ, edição 2017.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

O Ministério de Evangelista

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Segundo o Pastor Valdir Nunes Bícego, de saudosa memória, a  missão mais sublime que o Senhor reservou para a Igreja aqui na terra é evangelizar o mundo. E assim sendo, não apenas o cristão que possui a credencial eclesiástica, todo crente precisa ver-se no espelho como um evangelista e habitualmente proceder como ganhador de almas, estar a todo momento preparado para apresentar Jesus Cristo ao pecador, ser em todo tempo cuidadoso com o novo quem é recém-convertido e estar sempre pronto ao momento propício de conduzi-lo ao tanque batismal. 

O bom evangelista prepara almas para uma vida de serviço, bem como colabora à edificação do Corpo de Cristo (Efésios 2.20-22) É eficaz ao lidar com as almas que estão presas por doutrinas alheias à Palavra de Deus. Ele dialoga sobre o plano da salvação com testemunhas-de-jeová, mórmons, espíritas; gentes ligadas aos movimentos criados por Confúcio, Maomé, Buda; e inclusive atinge os judeus. Seu preparo e ação evangelística ocorrem tendo como base a oração e aplicação de estudos bíblicos. Desta maneira ele é por excelência um arrebatador das almas que estão aprisionadas aos engodos espalhados pela serpente que enganou o primeiro casal no Éden. 

JESUS - O MAIOR EVANGELISTA

"O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos pobres, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados, a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus, a consolar todos os que choram" - Isaías 61.1-2.

É significante que este texto use a linguagem da unção, da qual procede o nome Messias (ungido). Jesus identificou-se como a pessoa referida nesta passagem, quando proferiu seu primeiro sermão na sinagoga de sua cidade natal. Ao ler os versículos, disse que estava sendo cumprida a declaração contida no texto, para espanto de todos que o ouviram e o conheciam apenas como o filho de José, carpinteiro residente na Galileia (Lucas 4.16-30).

A OBRA DE UM EVANGELISTA

"Mas você seja sóbrio em todas as coisas, suporte as aflições, faça o trabalho de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério" - 2 Timóteo 4.5.

Paulo exorta Timóteo a ser um bom evangelista, o que implica em reagir corretamente quando chegasse o momento em que os ouvintes da Palavra de Deus sentissem comichão nos ouvidos e buscassem para si pregadores dispostos a falar apenas o que eles quisessem ouvir. Está claro que o apóstolo não se referia apenas ao tempo em que Timóteo cumpriu seu ministério evangelístico, a exortação é válida para todos os tempos em que a Igreja estiver aqui na terra.

O trabalho do bom evangelista é caracterizado pela pregação da sã doutrina. A sã doutrina é a verdade eterna e imutável acerca do amor de Deus, manifestado através do sacrifício vicário de Jesus na cruz, em substituição à punição que todos os pecadores deveriam receber. 

No cenário religioso há duas espécies de pregadores, aquele que prega a verdade e o que prega a mentira. Vejamos: 

Os pregadores charlatães trapaceiam e enganam para vender as suas ideias, atingir objetivos pessoais. Modificam a sua mensagem conforme a conveniência do momento, adaptando-a ao que o seu público aprecia ou não aprecia. Os charlatães pregam tendo em vista conquistar o poder e alcançar o lucro financeiro e posição social privilegiada. Paulo considerava os pregadores de Éfeso como charlatães.

Os pregadores comerciantes são vendedores de ideias religiosas. São peritos em despertar o interesse de seus ouvintes por seus conceitos, opiniões e planejamentos, seja de algo concreto ou abstrato. São capazes de realizar estratégias que beiram à manipulação das massas. Sabem comunicar-se bem, estão sempre prontos a fazer ajustes em seus discursos para vender melhor. Eles são motivados pelo interesse próprio, às vezes há o interesse real em servir ao seu público, porém, só serão pregadores da verdade, evangelistas de fato, verdadeiros servos de Deus, quando tiverem um encontro genuíno com Cristo.

Os evangelistas são pregadores contextualizadores. Ao pregarem o Evangelho, produzem bons resultados ao Reino de Deus. São aqueles crentes, que possuindo ou não o título eclesiástico, possuem o desejo ardente de atingir o nível de comunicação perfeita, para que as almas possam entender tudo o que dizem, preservando a integridade da mensagem evangelística. Esforçam-se ao máximo para superar barreiras que regem relações humanas, no seu conjunto e na sua generalidade, são atentos à descrição sistemática e à análise de determinados comportamentos sociais, para que o maior número possível de almas conheçam a Cristo como Senhor e Salvador. Estão sempre preocupados com os seus ouvintes e não com o lucro que a atividade, eventualmente, possa gerar.

FILIPE, O EVANGELISTA

"No dia seguinte, partimos e fomos para Cesareia. E, entrando na casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele. Filipe tinha quatro filhas solteiras, que profetizavam" - Atos 21.8, 9.

Filipe, o evangelista, era assim chamado para ser diferenciado de seu homônimo apóstolo. Não esteve no grupo dos doze que andaram com Jesus, mas junto aos sete diáconos escolhidos pelos apóstolos para servir na Igreja de Jerusalém. Juntamente com Estevão, socorria as viúvas de origem grega que haviam se convertido e padeciam pela falta de alimentos e produtos básicos à vida em dignidade (Atos 6.3). Fixou residência em Cesareia com suas filhas jovens e solteiras. Sendo crente cheio do Espírito e de sabedoria e ter boa reputação, houve conversão dentro de sua casa, pois suas quatro filhas são descritas por Lucas como quatro servas do Senhor que profetizavam. 

Profetizar era uma prática generalizada na igreja primitiva. As filhas do evangelista e diácono Filipe, não identificadas por seus nomes, receberam a honrosa descrição de serem pessoas portadoras da capacidade espiritual de comunicadoras de mensagens proféticas. 

O perfil de Filipe é lembrado por Paulo ao delinear em 1 Timóteo 3.8-13 as qualificações que habilitam o cristão ao serviço do diaconato: "Do mesmo modo, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não gananciosos, conservando o mistério da fé com a consciência limpa. Também estes devem ser primeiramente experimentados; e, caso se mostrem irrepreensíveis, que exerçam o diaconato. Do mesmo modo, quanto a mulheres, é necessário que elas sejam respeitáveis, não maldizentes, moderadas e fiéis em tudo. O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem os seus filhos e a própria casa. Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançarão para si mesmos uma posição de honra e muita ousadia na fé em Cristo Jesus."

ENVIADO PARA EVANGELIZAR

"Afinal, Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho, não com sabedoria de palavra, para que não se anule a cruz de Cristo" - 1 Coríntios 1.17.

Quando Jesus ordenou aos primeiros discípulos fazer novos discípulos, endereçou a ordenança para nós também. Na tarefa de evangelização, precisamos nos submeter à autoridade de Cristo sobre a importante questão do batismo em águas (Mateus 28.18,19). Batizar significa "mergulhar", "imergir", "lavar"; é estar envolto, coberto. A imersão é uma questão de fórum íntimo, é o sinal ou símbolo exterior do nosso comprometimento com Cristo (1 Coríntios 12.13; 1 Pedro 3.21). 

No texto capitulado em 1 Coríntios 1.17, Paulo não escreveu contra o batismo em águas, pois ele mesmo batizou Crispo e Gaio (Atos 18.8; 1 Coríntios 1.14,16). É muito provável que seu objetivo era não provocar o aumento numérico de uma facção em torno de seu nome (1 Coríntios 3.4,5); ou, talvez, tenha se colocado contra o ensino equivocado que apregoava ser o ato de batizar-se, por si só, a garantia de estar salvo, não ser preciso viver em santidade após o batismo. 

À semelhança dos israelitas, batizados na nuvem e no mar (1 Coríntios 10.12), não temos garantia de salvação simplesmente pelo fato de ser batizado. Por causa da rebeldia dos israelitas, da multidão que livrou-se da escravidão egípcia, Deus determinou que das pessoas de vinte anos para cima, apenas Josué e Calebe teriam permissão para viverem na terra prometida (Números 32.11,12).

O PRÊMIO DO EVANGELISTA 

"Nesse caso, qual é a minha recompensa? É que, anunciando o evangelho, eu o apresente de graça, para não me valer do direito que ele me dá" - 1 Coríntios 9.18.

Apesar de Paulo, como cristão, compreender perfeitamente que estava comissionado por Cristo a viver pregando o Evangelho, esta obrigação era prazerosa para ele (Romanos 1.1). Entre os cristãos das comunidades que havia fundado, ele sabia do seu direito de apóstolo. Qual? "Assim também o Senhor ordenou aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho" (1 Coríntios 9.15). 

Sentia-se tão feliz em sua missão evangelística que era capaz de abrir mão ao seu direito a compensação, e trabalhar voluntariamente. Para evitar críticas, não quis usar do seu direito, para não haver quem pensasse que estaria abusando dos irmãos de fé, preferiu evitar a mais leve aparência de abuso de autoridade e sacrificou-se por amor a Cristo.

O estilo de vida do cristão expõe uma tensão entre duas verdades iguais e ao mesmo tempo contrastantes. Pela fé, os crentes já alcançaram o prêmio de Deus, que é a salvação, mas neste mundo ninguém ainda pode experimentar a plenitude do amor e bondade divinas. Para conquistar o prêmio em sua plenitude, Paulo nos aconselha a caminharmos de acordo com o que já alcançamos, olhando para o Autor e Consumador da nossa fé. Portanto, vivamos gratos com o que Deus nos dá em nossa vivência terrena, seja algo da esfera material ou espiritual, em concordância com os nove aspectos existentes no fruto do Espírito. Prossigamos fiéis ao Senhor até o momento de recebermos a recompensa incorruptível quando chegarmos no Céu (Filipenses 3.13-16; Gálatas 5.19-23).

EVANGELISTA APREGOA A LIBERTAÇÃO DO MAL

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e proclamar o ano aceitável do Senhor.” - Lucas 4.18, 19.

Lucas apresenta Jesus como o Grande Médico (5.31-32; 15.4-7,31-32; 19.10). Em sua narrativa, mostra em detalhes a interação de Jesus com os publicanos, as mulheres, as crianças, os gentios e os samaritanos, demonstrando seu ministério singular aos marginalizados da sociedade. Lucas também descreve Jesus como o Filho do homem, enfatizando sua oferta de salvação para o mundo. Ele identifica lugares que seriam familiares a qualquer judeu (por exemplo: 4.31; 23.51; 24.13), sugerindo que o seu público ia além daqueles que já possuíam conhecimento geográfico na região em que Jesus cumpriu seu ministério. Ele normalmente prefere a terminologia grega aos hebraísmos (por exemplo: “lugar chamado Caveira” em vez de “Gólgota” em 23.33). Ocasionalmente, todos os outros Evangelhos usam termos semitas como “Aba” (Marcos 14.36), “rabi” (Mateus 23.7-8; João 1.38,49) e “Hosana” (Mateus 21:9; Marcos 11.9-10; João 12.13), mas Lucas ou os omite ou prefere seus equivalentes gregos. 

Por que Lucas optou por este caminho mais detalhista em sua redação? Lucas escreveu a Teófilo, provavelmente um gentio que acabara de se converter ou alguém que procurava aprender acerca de Jesus. Teófilo significa "amigo de Deus", o que leva alguns a pensar que o livro foi escrito a todas as pessoas que amam a Deus. Lucas esperava que Teófilo e todos os outros leitores aprendessem que o amor de Deus ultrapassa os judeus e alcança o mundo inteiro. Assim sendo, o leitor de Lucas acha relatos mais pormenorizados do que os encontrados em Mateus e Marcos, mais histórias sobre o nascimento de Jesus, registros que demonstram o interesse de Jesus pelo mundo não-judeu e pelos pobres, há uma perspectiva que João não se encontra nos escritos de João.

Com o estilo de Lucas, aprende-se que cabe ao bom evangelista trabalhar com afinco na mensagem que irá entregar às almas. Ao orador ou escritor cristão, ao apregoar a libertação do mal, pesa a responsabilidade de se fazer perfeitamente entendido por quem o lê ou ouve.

Lucas mostrou que o Espírito do Senhor esteve sobre Jesus por toda a Galileia. Como o Messias (ungido) foi o legítimo rei de Israel, sua unção era de profeta e evangelista, e então alimentou os pobres ao multiplicar os pães, anunciou a liberdade aos cativos pelo pecado, libertou os oprimidos por possessões malignas.

Quando Jesus leu Isaías 61, reivindicou para si a identidade do tão aguardado Messias. Ao ler o texto, interrompeu sua leitura no meio do versículo 2 e assentou-se. Na liturgia judaica, a postura para ler as Escrituras era sentado e aos que a ouviam em pé. Ele parou na frase "o ano aceitável ao Senhor", porque a sua pregação anunciava que o tempo da graça de Deus havia chegado aos seres humanos por meio do seu ministério. Deixou de ler "e o dia da vingança do nosso Deus", porque isso se refere à sua segunda vinda e ao seu juízo contra todas as pessoas que escolhem o amor ao mundo e os prazeres carnais, ao invés de viverem em reciprocidade ao amor de Deus (Apocalipse 19.11-21). 

Vivenciar o ano aceitável do Senhor ou deparar-se com o dia da vingança de Deus são situações que dependem da pessoa querer ser alguém reverente ao Senhor ou não.

CONCLUSÃO

Enfim, através do anúncio das Boas Novas de salvação, vidas são alcançadas e levadas aos pés do Salvador. O exercício do ministério de evangelista pode ter como consequência a perseguição contra nós, porém, também, traz ao nosso coração a alegria de saber que o nosso nome está escrito no Livro da Vida.

Ao atender ao chamado de Cristo e ser integrante do grupo de cristãos que realizam a Grande Comissão, e fazer dessa atividade uma prática diária, nos faz semelhantes a Jesus. Consequentemente nos  leva a destruir velhos hábitos inconvenientes e que não promovem edificação espiritual. Queira ser um evangelista melhor a cada dia. Viver neste mundo conforme Cristo manda, precede a glória que partilharemos com Ele no porvir (Romanos 8.17). 

E.A.G.

Compilação:

Bíblia de Estudo Holman, 1ª edição 2018, Rio de Janeiro - RJ, Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD).

Bíblia Missionária de Estudo. Edição 2014. Barueri - SP. Sociedade Bíblica do Brasil (SBB).

Bíblia de Estudo Vida. Edição 1998, Liberdade. São Paulo - SP. Editora Vida.

Evangelismo Pessoal, Valdir Nunes Bícego, 2ª tiragem 1981, Rio de Janeiro - RJ, Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD).

terça-feira, 11 de maio de 2021

O Ministério de Profeta

P
or Eliseu Antonio Gomes.

INTRODUÇÃO

O registro bíblico sobre o desenvolvimento do ministério de profeta na igreja encontra-se em Atos 11.27; 13.1; 1 Coríntios 12.28; 14.29; Efésios 4.11. Profeta é todo cristão que recebeu de Deus a função de ser um porta-voz do Senhor. A profecia é a proclamação da mensagem divina a um grupo específico de ouvintes.

TRÊS LISTAS DE DONS E QUEM SÃO OS DOADORES

O Deus Triuno opera de forma coigual, coeterna e coexistente no que concerne à concessão de dons aos cristãos. Portanto, é digno de consideração fazer um esforço pessoal para não obscurecer a concessão diferenciada que a Trindade faz ao enviar graciosamente esses dons. O Pai é o executivo, o Filho é o arquiteto e o Espírito é o mestre-de obras. 

A primeira lista é referente aos presentes dados pelo Pai, a segunda são as benesses distribuídas pelo Filho ressurreto, e a terceira refere-se aos regalos oferecidos pelo Espírito. Nesta oportunidade, enfatizamos o dom de profecia nas três listas.

1. Dons que Deus dá. "Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um de vocês que não pense de si mesmo além do que convém. Pelo contrário, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função" - Romanos 12.3-4.

Encontramos a repartição dos dons que Deus dá nos versículos 6 ao 8. É de suma importância que haja humildade, fidelidade e consagração ao Senhor para que haja o uso correto de todos os dons. A característica da profecia nesta lista, permite ao seu portador enxergar toda a vida com discernimento profético, ininterruptamente e independente da manifestação ser necessária à publicação. O objetivo dessa modalidade de profecia é expressar algo que Deus trouxe ao seu portador, dando-lhe direção ministerial em favor da coletividade cristã.

2. Dons que Cristo dá. "E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de pessoa madura, à medida da estatura da plenitude de Cristo" - Efésios 4.11-13.

A obra do ministério é produzida pelos membros do corpo de Cristo, não é atribuição exclusiva de líderes selecionados. Cristo concede o dom e cabe ao líder eclesiástico reconhecê-lo em cada portador e cultivar os ministérios individuais daqueles que ele lidera. Quando o líder age assim, promove a estabilidade e integridade espiritual da comunidade cristã, favorece à maturidade de todos os crentes sob sua liderança. A consequência natural é a igreja expandir-se fisicamente e crescer na graça e conhecimento da vontade do Senhor.

3. Dons que o Espírito Santo dá. "Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer" - 1 Coríntios 12.7-11.

Provavelmente, os versículos 8 ao 10 são os dons mais conhecidos e comentados do Novo Testamento. A vontade que há no cristão em operar os dons catalogados nesta lista não pode resultar em desprezar a disponibilidade dos dons oferecidos pelo Pai e pelo Filho. Nesta lista, o dom de profecia refere-se a uma revelação súbita e edificante em nome do Espírito, que gera conforto e exortação à Igreja.

A profecia, como dom espiritual, é a capacitação sobrenatural para edificação da Igreja. O portador deste dom anuncia mensagens novas ao povo de Deus, sem que estas representem acréscimos ou contradições ao conteúdo das Escrituras Sagradas. A mensagem tem a proposta de trazer ânimo ao serviço cristão eficiente (1 Coríntios 14.1-5).

JESUS - O PROFETA PROMETIDO

"Porque Moisés disse: “O Senhor Deus fará com que, do meio dos irmãos de vocês, se levante um profeta semelhante a mim; a esse vocês ouvirão em tudo o que ele lhes disser" - Atos 3.22. 

Deus havia predito aos hebreus a restauração por meio dos profetas. E os cristãos da igreja primitiva aguardavam a segunda vinda de Jesus e a restauração de tudo que acompanha o estabelecimento de seu reino terreno. Neste cenário, em seu discurso no templo de Jerusalém, Pedro apela para Deuteronômio 18.15-19, onde está escrito que Deus levantaria um profeta semelhante a Moisés. O próprio Jesus ensinou os discípulos a reconhecer essa similaridade (Lucas 24.27).

O propósito da mensagem do Evangelho é a restauração do ser humano para Deus. Ao criar Adão, Deus quis que o homem ficasse próximo dEle e quer essa comunhão de volta. Embora não haja possibilidade de o homem conquistar a reaproximação por esforço próprio, pode colaborar para a restauração espiritual ao arrepender-se de seus pecados e passar a viver em santidade (Atos 3.19).  

PROFETAS NA IGREJA PRIMITIVA

"Naqueles dias, alguns profetas foram de Jerusalém para Antioquia" - Atos 11.27.

O versículo 26 de Atos 11, esclarece que foi em Antioquia que os discípulos de Cristo foram identificados como "cristãos" pela primeira vez. Embora seja provável que o rótulo pretendia ser uma ofensa, tornou-se uma honraria visto que a palavra surgiu fora do território de Israel, indicando que o movimento dos discípulos de Jesus estava sendo reconhecido entre os gentios como algo distinto do judaísmo e não como outra seita judaica.

Provavelmente, o termo "cristão" veio de cidadãos romanos que rotularam seguidores de Jesus de "pequenos Cristos". Do substantivo grego "christianos" (Cristo ou Messias) procede a palavra que significa cristão, isto é, pertencente a Cristo. 

Nesta ocasião, levantou-se o profeta Ágabo (Atos 11.28-29). Ele profetizou que haveria uma fome em todo o mundo. O período de escassez veio a acontecer durante o reinado de Claudio César, cujo império se deu de 41 a 54 depois de Cristo. Houve grande necessidade em diversas partes do Império Romano. É possível que essa falta de alimentos, predita por Ágabo, tenha acontecido entre os anos 46 e 47 d.C. Durante este período os crentes de Antioquia resolveram prover assistência aos crentes da Judéia.

PROFETAS ENVIADOS POR DEUS

"Por isso, também disse a sabedoria de Deus: 'Mandarei para eles profetas e apóstolos, e a alguns deles matarão e a outros perseguirão para que desta geração se peçam contas do sangue dos profetas, derramado desde a fundação do mundo, desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi assassinado entre o altar e o santuário. Sim, eu afirmo a vocês que se pedirão contas a esta geração" - Lucas 11.49-51.

Abel foi a vítima do primeiro assassinato nas Escrituras, ao passo que o assassinato de Zacarias está registrado em 2 Crônicas 24.20-25. Visto que 2 Crônicas era o último livro da Bíblia hebraica, isso fazia do assassinato de Zacarias o último martírio na Bíblia dos dias de Jesus.

Jesus é bem maior que todos os apóstolos e profetas. Em razão de sua presença em Israel, aquela geração de fariseus e escribas, apegados apenas aos rituais religiosos e não a Deus, era culpada do assassinato de todos os mártires. Há sentença semelhante em Apocalipse 18.20. 

Não basta ser religioso, é necessário ser praticante da Palavra de Deus. A religiosidade que Deus aprova se consiste em viver em santidade e ao mesmo tempo consciente da responsabilidade social, tem tanto a ver com o que fazemos com o que evitamos fazer. Como cristão, quando for possível, é preciso socorrer os necessitados durante os períodos de necessidade e ao mesmo tempo evitar as ações más associadas às coisas impuras (Mateus 25.37-49; Tiago 2.27). 

O MINISTÉRIO DE PROFETA

"Mas o que profetiza fala para as pessoas, edificando, exortando e consolando. O que fala em línguas a si mesmo edifica, mas o que profetiza edifica a igreja. Eu quero que vocês todos falem em línguas, mas muito mais que profetizem. Pois quem profetiza é superior ao que fala em línguas, a não ser que as interprete, para que a igreja receba edificação" - 1 Coríntios 14.3-5.

Em sua redação, Paulo ensina que o dom de línguas sem a interpretação serve para as pessoas ajudarem a si mesmas espiritualmente. É uma inutilidade à igreja, reunida para adoração a Deus, usar o tempo de culto em línguas estranhas. Paulo enfatiza que o uso da mensagem profética em lugar das línguas em reuniões públicas traz renovação de ânimo, encorajamento e consolo aos cristãos; enfatiza que dons espirituais de expressão oral devem ser exercidos unicamente para a edificação e exortação e consolação de outros.

NÃO APAGUEM O ESPÍRITO. NÃO DESPREZEM AS PROFECIAS

1 Tessalonicenses 5.19, 20.

Nas Escrituras Sagradas, o fogo é usado como símbolo que revela muitos aspectos do Espírito Santo, a sua chama ilustra de forma permanente o trabalho contínuo do Espírito Santo na vida do cristão. Em Apocalipse 4.5, a operação do Espírito é simbolizada por sete tochas de fogo que ardem em volta do trono de Deus, assim sendo nós entendemos que o fogo espiritual deve arder continuamente em nosso coração.

Os cristãos de Tessalônica foram culpados de atrapalhar a ação do Espírito Santo e desprezar as profecias. Algo parecido ocorre nas igrejas atuais quando os cristãos não permitem que o poder do Espírito e os milagres fluam. O dom de profecia é uma ferramenta fundamental para o bom andamento da igreja, deve ser usado com sabedoria e sensibilidade. 

O apagar do Espírito pode ocorrer quando há descrença ou excesso de zelo com vista a evitar abusos na manifestação dos dons espirituais. É importante considerar que sem o poder do Espírito, a igreja e o crente, individualmente, tornam-se incapazes de cumprir com eficácia a missão que Cristo designou aos seus servos.

O ESPÍRITO FALA ÀS IGREJAS

"Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas" - Apocalipse 3.22.

A sentença "quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas", foi dirigida aos cristãos da igreja de Laodiceia, pois a sua riqueza os havia cegado. Por não priorizar a Cristo, foi descrita como uma comunidade espiritualmente morna e que tinha abandonado a verdade bíblica em muitas áreas.   

Laodiceia era uma cidade que distava 64 quilômetros de Filadelfia e ficava 160 quilômetros de Éfeso. estava situada no cruzamento das duas principais rotas comerciais: a primeira de Éfeso até a Síria e a segunda de Pérgamo e Sardo em direção à costa do Sul. Era famosa por sua situação economicamente abastada, possuir um centro bancário suntuoso, ostentar uma escola de medicina, e possuir fontes de águas quentes.

Ficava em uma região suscetível aos terremotos, sendo que um abalo devastador ocorreu no ano 64 depois de Cristo, nove anos antes da elaboração do Livro de Apocalipse. Sendo rica, encontrou condições de reerguer-se sem o socorro imperial. Hoje está completamente destruída, mas continua atraindo turistas por conta de suas fontes de águas quentes.

A combinação de comércio, manufaturas produção de uma fina e lustrosa lã preta e  a produção de bálsamo para os olhos, garantia aos laodicenses a vida financeiramente próspera. Os cristãos dessa cidade não perceberam que sua fé havia se tornado morna, pelo fato de não priorizarem a Deus e sua justiça, então foram advertidos que a riqueza os havia cegado, espiritualmente. 

Jesus promete aos crentes que não amarem o mundo, não darem lugar ao desejos da carne, e nem aos desejos dos olhos e a soberba da vida, a oportunidade de assentar-se com Ele em seu trono (Apocalipse 3.21). Por maior que seja a fortuna que uma pessoa possa acumular neste mundo, esta pessoa não conquista o direito de reivindicar a licença ao trono celestial. Somente aqueles que venceram, como Jesus venceu, se assentarão neste trono (João 14.4-6; Atos 9.2, 1 João 2..15-16; Apocalipse 2.7).

CONCLUSÃO

É dever dos cristãos cultivarem os dons que recebeu da parte do Senhor (Mateus 25.20; 1 Timóteo 4.7, 14; 2 Timóteo 1.6). Recebemos diferentes dons, de acordo com a graça que apraz a Deus conceber. Cada qual não deve se vangloriar do seu dom, pois a ação sobrenatural que realiza não provém de si mesmo, mas da capacitação que Jesus Cristo e o Espírito Santo querem que a Igreja possua (1 Coríntios 4.7). O crente que tem o dom de profetizar, deve usá-lo de acordo com a proporção da sua fé (Romanos 12.6). 

E.A.G.

Compilação:

Bíblia de Estudo Holmann. 1ª edição 2018. Impressão abril de 2019. Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD). Rio de Janeiro - RJ.

Bíblia de Estudo Plenitude. Edição 2001. Sociedade Bíblica do Brasil (SBB). Barueri - São Paulo. Sociedade Bíblica do Brasil - SP.

Bíblia de Estudo Plenitude para Jovens. Impressão 2018. Sociedade Bíblica do Brasil (SBB). Barueri - São Paulo. Sociedade Bíblica do Brasil - SP.

Bíblia do Pregador Pentecostal. Erivaldo de Jesus Pinheiro. Edição 2016. Sociedade Bíblica do Brasil (SBB). Barueri - São Paulo. Sociedade Bíblica do Brasil - SP.

Comentário Bíblico Pentecostal - Novo Testamento. Fench L. Arrington e Roger Strondstad. 4ª edição 2016. Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD).

domingo, 2 de maio de 2021

O Ministério de Apóstolo

Por Eliseu Antonio Gomes

Esta postagem tem o propósito de apresentar subsídio trazendo comentário aos textos bíblicos apresentados no box Leitura Diária, da lição número 6, incorporada na revista Lições Bíblicas: Dons Espirituais e Ministeriais - Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário, cujo comentarista ao segundo trimestre de 2021 é o Pastor Elinaldo Renovato. 

Para obter outro subsídio, na forma que acostumamos entregar, sugerimos que acessem neste blog a abordagem que fizemos no passado,, com muito carinho, quando a CPAD fez uma abordagem anterior deste tema. Confiram: O ministério de apóstolo

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Jesus, o apóstolo por excelência.

"Por isso, santos irmãos, vocês que são participantes da vocação celestial, considerem atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus" -  Hebreus 3.1.

Nesta passagem, Jesus é descrito como apóstolo e sumo-sacerdote da nossa confissão. No idioma grego, o termo especifica a função de embaixador, mensageiro, enviado extraordinário, pessoa que representa aquela que a enviou. Entretanto, a palavra que Jesus usou era aramaica (shaliah), alguém que recebeu a comissão e a autoridade explícitas daquele que o enviou, mas sem a capacidade de transferir seus atributos para outro.

Ao abrir o dicionário Michaellis da Língua Portuguesa e ler o verbete "vocação", Contida em Hebreus 3.1, encontramos três definições altamente significativas. São: tendência, inclinação e disposição natural do espírito. Com tal característica é preciso observar atentamente o ministério terreno do Filho de Deus. O Evangelho que Jesus anunciava era acompanhado do milagres, maravilhas e coisas extraordinárias. O cristão deve estar aberto ao mover milagroso que o Espírito concede através dos dons. A pregação do crente não deve estar estruturada somente em declarações teológicas bem embasadas biblicamente. É necessário ir além dos argumentos intelectuais e usar os dons à operação de milagres como experiência cristã habitual.

Sinais do apostolado

"Pois as minhas credenciais de apóstolo foram apresentadas no meio de vocês, com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas" - 2 Coríntios 12.12.

O contexto imediato de 2 Coríntios 12.12. são os versículos 1 ao 11, em que Paulo revela a experiência singular de ser "arrebatado até o terceiro Céu". Embora não tenha esclarecido o nome da pessoa mencionada no versículo 2, está óbvio com base no versículo 7 que falava de si próprio. É possível que tenha mencionado o fato porque os coríntios se vangloriavam de não haver falta de nenhum dom na igreja da qual faziam parte, seu objetivo foi demonstrar-lhes que possuía uma experiência espiritual muito superior a qualquer coisa que eles haviam conhecido. Paulo fez isso sem esquecer a modéstia,  ao usar a terceira pessoa demonstrou ser humilde. Seu comportamento é um exemplo a ser seguido por nós.

Deus confirmou o ministério de Paulo com sinais, maravilhas e milagres. A circunstância sobrenatural é parte essencial do ministério. Apesar disso a fé cristã não deve se apoiar somente nisso, mas em Cristo, pois a vida cristã é vivida por meio da fé em Jesus, nosso Senhor e Salvador. 

Em 1 Coríntios 12.28 a Bíblia declara: "E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. O ministério apostólico espiritualmente sadio possui esses dois aspectos em sincronia perfeita: ensino bíblico (Atos 2.42; 4.33) e operações dos dons espirituais (Mateus 10.1; Atos 5.12).

A doutrina dos apóstolos

"E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações" - Atos 2.42,43.

Após receber os dons e autoridade do Espírito Santo, Pedro se levantou disposto a entregar a mensagem da parte de Deus à comunidade judaica e pessoas de outras nações que estavam presentes no dia do Pentecostes (Atos 2.9-11). No primeiro dia, três mil pessoas foram salvas e se juntaram à Igreja e muitos milagres eram realizados por meio do ministério dos apóstolos.

A Igreja do livro de Atos vivia em um ambiente sobrenatural, mas também pairava sobre os crentes o temor a Deus. Ele liam as Escrituras e viviam em comunhão. A doutrina (didachê) dos apóstolos se consistia em fielmente em transmitir os preceitos de Cristo, jamais conceitos próprios. O significado bíblico de perseverança tem a ver com ser constantemente diligente, dedicar-se, acompanhar de perto, servir continuamente e ser assíduo. O vocábulo "comunhão" é "koinonia" e significa muito mais do que a amizade, é o amor cristão expressado por ações fraternais como compartilhamento, participação, companheirismo. Trata-se de uma unidade criada e composta pelo Espírito Santo no círculo cristão.

Paulo, apóstolo de Jesus Cristo

"Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por ordem de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, nossa esperança" - 2 Timóteo 1.1.

Quando Paulo escreveu a segunda carta a Timóteo, ele estava preso e consciente que a sua morte estava perto. Assim sendo, ele deu algumas palavras de encorajamento, instrução e exortação a Timóteo. Ele queria que Timóteo permanecesse fiel à pregação do Evangelho, apesar das perseguições, abandonos e privações que passaria. O conselho de Paulo desceu ao coração do jovem discípulo, pois a história relata que Timóteo continuou firme em seu ministério por cerca de trinta anos, até ser apedrejado por ser um pastor cristão.

Deus é o Criador do universo e a sua lei é absoluta e imutável. Paulo e Timóteo não quiseram interpretá-la fora de contexto para que se encaixasse no modelo de crenças e práticas da geração em que viveram. Em todos os tempos, a sociedade promoveu práticas que são contrárias às leis morais do Senhor. O cristão autêntico não se esquece que possui um ministério e que ministério significa serviço. O crente fiel é servo da Palavra de Deus. Como servo, divulga a Palavra corajosamente, exatamente como ela é, em todas as oportunidades que surgem.

Apóstolo, uma missão sacrificial

"Porque me parece que Deus pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte. Porque nos tornamos espetáculo para o mundo, tanto para os anjos como para os seres humanos" -  Coríntios 4.9.

De acordo com a Bíblia Sagrada, ninguém conhece tão bem a mente humana, seus anseios, suas angustias como o Senhor Jesus Cristo, que disse: "Eu sou aquele que sonda mentes e corações, e retribuirei a cada um de vocês segundo as suas obras". Nos dias atuais encontramos líderes que se intitulam apóstolos, porém, textos bíblicos, como Atos 15.4, 6, 22-23, mostram que presbíteros, ou pastores e bispos, não tiveram a ousadia de se autointitular como apóstolos e nem consagraram outros ao apostolado. Em suas cartas, Paulo se referiu a ele e aos doze escolhidos por Jesus como apóstolos, apenas fez menção a Andrônico e Junia nesta mesma qualificação (Romanos 16.7).

1 Coríntios 4.9 pode ser melhor entendido quando examinado em seu contexto (versículos 4.7), quando Paulo usa a expressão "eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento", indicando que estava resolvendo as divisões da congregação com Apolo (1 Coríntios 1.10-13). Este relacionamento de líderes tinha o propósito de ser um exemplo para que os crentes coríntios seguissem na solução de suas divisões. Paulo usou a humildade como um exemplo, não permitiu que o colocassem em evidência maior do que a que Deus lhe deu, ciente que todos são servos do Senhor e não de si mesmos (Romanos 12.3, 16).

Os doze apóstolos de Jesus

"Naqueles dias, Jesus se retirou para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E, quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos: Simão, a quem acrescentou o nome de Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu, Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que se tornou traidor" - Lucas 6.12-16.

Duas prerrogativas são fundamentais para a qualificação do apóstolo:  possuir conhecimento íntimo da vida terrena de Jesus e ser testemunha ocular de sua ressurreição. Paulo conquistou sua nomenclatura de apóstolo ao ser chamado diretamente pelo Cristo ressurreto (1 Coríntios 15.9).

Os doze apóstolo escolhidos por Cristo terão uma posição de destaque e honra no Céu, por terem sido os primeiros desbravadores do Evangelho de Cristo. Em Mateus 19.28, Jesus prometeu que os doze apóstolos que o seguiram fielmente, se assentariam ao lado dele em doze tronos para julgarem as doze tribos de Israel. E em Apocalipse 21.14, está escrito: "E o muro da cidade tinha doze fundamentos e, neles, os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro".

Conclusão

A maturidade cristã é resultado do conhecimento aprofundado da Bíblia Sagrada, contribui para o desenvolvimento espiritual, integridade e responsabilidade do crente. Leva-o a aceitar que a autoridade apostólica dos primeiros apóstolos trouxe aos cristãos do século 21 as Escrituras Sagradas, encerrada em 66 livros. 

Esta autoridade não é transferível aos apóstolos da atualidade. Os apóstolos da nossa geração são missionários e evangelizadores que fazem uso da doutrina apresentada nas Escrituras Sagradas,  para estabelecer igrejas em diversos lugares, não dão vazão ao medo, arriscam suas vidas em lugares anticristãos para que o nome do Senhor seja anunciado e almas se curvem aos pés de Cristo.

E.A.G.

Compilações:

Bíblia de Estudo Palavras Chave Hebraico e Grego. Rio de Janeiro - RJ, edição 2011.

Bíblia de Estudo Plenitude para Jovens. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil. Impressão 2018.

Bíblia do Pregador Pentecostal. Comentários: Erivaldo de Jesus Pinheiro. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil. Impressão 2016.

Dons Espirituais. Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Elinaldo Renovato. Rio de Janeiro - RJ, edição 2011. 8ª impressão 2021. 

quinta-feira, 29 de abril de 2021

EBD - Lição 5: Dons de Locução

 
 Comentário: Pastor Genivaldo Tavares de Melo.

“Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém!” - 1 Pedro 4.11. 

Artigo neste blog, publicado em 2014: Dons de Locução

segunda-feira, 12 de abril de 2021

EBD Lição 3: Dons de revelação

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Deus busca pessoas que queiram adorá-lo em espírito e em verdade. Adorar ao Senhor é impossível sem a presença, sem a ajuda e o poder do Espírito Santo (Marcos 1.15; Judas 20).

Deus opera através dos dons nos seres humanos. Os dons espirituais são capacidades sobrenaturais vindas dEle por intermédio do Espírito Santo. Paulo recomenda que os cristãos se esforcem para ter amor e que procurem ardentemente exercer bem os dons espirituais. Ensina que todos os dons do Espírito são necessários e que o mais importante é o nosso amor uns pelos outros.

O uso dos dons trazem o poder do Espírito para o nosso tempo. O capítulo 12 não apresenta uma lista completa dos dons do Espírito Santo (veja mais em Romanos 12.6-8; Efésios 4.11-12). O objetivo de Paulo é, em primeiro lugar, exortar os crentes a buscar a graça de Deus, que é revelada pela manifestação dos dons espirituais. 

I - PALAVRA DA SABEDORIA

1. Um conceito.

"Sabedoria" no grego é "sophia", significa "julgamento de Deus diante de demandas feitas pelo homem, especificamente pela vida cristã".

O Deus da Bíblia é o Deus das grandes revelações. Em sua soberania decide realizar milagres e faz os homens conhecerem sua vontade e mistérios (Jeremias 33.3; Daniel 2.19-22). 

A sabedoria a que se refere 1 Coríntios 12.8 é um dom espiritual. É uma capacidade vinda diretamente de Deus, mediante a ação do Espírito Santo. Muitas pessoas são dotadas de grande capacidade intelectual, mas desconhecem a sabedoria de Deus. Todo crente é exortado a buscá-la (Tiago 1.5).  

2. A Bíblia e a palavra da sabedoria.

A sabedoria de Deus é de altíssimo nível, concedida pelo Espírito a quem Ele quer, é recurso extraordinário dado por meios sobrenaturais proveniente do Espírito Santo. Não é possível adquiri-la em estudos acadêmicos; não é alcançada em pesquisa científica, não existe possibilidade alguma de ser transmitida mediante livros nas universidades, em escolas teológicas, filosóficas. É  uma capacitação sobrenatural expressada em forma de declaração espiritual feita num dado momento específico.

A mensagem da sabedoria divina revela o propósito e a forma de Deus agir numa determinada situação, objetivando providenciar uma solução à necessidade da igreja, ou resolver problema individual, de algum servo ou serva sua, principalmente em ocasiões  em que o saber natural é insuficiente para a tomada de decisões, ou resoluções complicadas. 

Pelo fato da sabedoria divina ser superior à capacidade cognitiva humana, transcender os limites da sabedoria natural, seu portador recebe a habilidade de tomar decisões em condições obscuras. Este dom serve para orientação e conselho aos crentes, norteia para que haja decisões sábias em situações extremamente difíceis, cuja solução está fora do alcance da Igreja. Traz a resposta certa que encerra circunstâncias fora da regularidade no dia a dia da comunidade cristã.

3. Uma liderança sábia.

É necessário ter certa sabedoria e instrução no exercício dos dons espirituais e no reconhecimento desses dons. A liderança cristã, bem como todos aqueles que querem servir à Igreja de Cristo, deve buscar o dom da sabedoria a fim de administrar e servir com excelência. A sabedoria de Deus é de grande valor em situações que exigem um preparo totalmente equilibrado, sensato, que faz cessar problemas.

No início da Igreja Primitiva, o número de judeus que se tornaram seguidores de Jesus aumentou bastante, juntamente com o crescimento surgiu a necessidade de organização e delegação (Atos 6.1-4). Alguns judeus de origem grega, aparentemente, eram negligenciados na organização da igreja de Jerusalém. Então os doze apóstolos, para que pudessem continuar nas atividades da oração e da pregação, instruíram os novos discípulos a escolherem do meio deles sete homens para posições de liderança. 

Os crentes precisavam de poder espiritual e sabedoria para obter melhor aproveitamento. Os escolhidos deveriam ser pessoas cheias do Espírito Santo e de sabedoria, ter origem grega e possuir boa reputação. Assim, para atender uma necessidade logística, distribuir comida aos necessitados, surgiu o ofício dos diáconos. Entre os escolhidos estava Estevão, que não era apóstolo, porém, era muito abençoado por Deus e cheio de poder. Dispunha de tanta sabedoria que ninguém conseguia sobrepor a ele durante a pregação. A sabedoria e a unção caminham juntas com o amor  ao próximo!

II - PALAVRA DA CIÊNCIA

1. O que é?

O dom da palavra de ciência é fruto do resultado da iluminação do Espírito acerca das revelações e mistérios de Deus. É uma revelação espiritual de informação relativa a uma pessoa ou acontecimento, feita a um propósito especial, normalmente peculiar e tendo a ver com uma necessidade imediata.  

2. Sua função.

O dom da palavra da ciência se relaciona ao ensino das verdades da Palavra de Deus. Não funciona para servir a propósitos de pouca importância e para uso em situações comum ou simples. Seu objetivo é preservar a vida da Igreja, livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno. 

Através da palavra da ciência, o Espírito, manifesta o conhecimento que não é transmitido senão pelo uso da fé. De maneira extranatural, beneficia a Igreja trazendo o ensino para uma pessoa ou grupo de pessoas sobre algo específico e com propósito imediato. 

3. Exemplos bíblicos da palavra da ciência.

A teoria psicológica, a sociologia, a história, a política são elaboradas em cima do conhecimento humano dos tempos de hoje, não passam de comprovação que reforça a cegueira espiritual das pessoas sem Cristo. As almas que não conhecem e ignoram a Jesus estão espiritualmente mortas, são como alguém que sempre viveu em trevas e nega a existência da luz. Apenas quando ouvem, creem, aceitam a Jesus como Salvador essa cegueira deixa o seu entendimento. Quando ouvem a mensagem ligada à  palavra da ciência, transmitida na pregação que apresenta o plano divino da salvação, sua perspectiva de vida muda drasticamente. A ciência do amor de Deus e o fato de que Jesus ressuscitou têm um profundo efeito na dimensão de suas vidas. Todo o intelecto humano é afetado depois que a alma conhece os benefícios espirituais existentes na luz divina. 

O Espírito Santo relaciona-se com as evidências do cristianismo. O testemunho do Espírito é útil à defesa da fé que o crente expressa. Este testemunho é uma comunicação pessoal do Espírito Santo ao espírito do crente, deixa-o ciente que o convertido a Cristo é filho de Deus (Romanos 8.15-17; Gálatas 4.6-7).

Em 1 Coríntios 2.6, Paulo faz uma comparação. Mostra à igreja de Corinto a diferença entre a sabedoria humana e a espiritual. Esclarece que a razão humana não é capaz de levar o homem à redenção dos seus pecados. Somos redimidos pela fé em Cristo. A fé salvífica é um dom divino. O homem que não aceita a Cristo como Salvador não pode compreender a sabedoria de Deus revelada em Jesus. A graça de Deus é dada ao crente, de múltiplas formas, através de Cristo, de modo que o Espírito Santo não permite que lhe falte dom algum (1 Coríntios 1.4-7).

III - DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS

1. O dom de discernir espíritos.

"Bom e reto é o SENHOR, por isso aponta o caminho aos pecadores. Guia os humildes na justiça e ensina aos mansos o seu caminho" - Salmos 25.8,9.

A palavra "retidão" vem de uma raiz hebraica que significa "direito", "que não tem "curvatura". Nas Escrituras Sagradas, tem a ver com o estilo de vida em santidade. O discernimento de espírito faz o crente reconhecer que "toda boa dádiva e todo dom perfeito vem lá do alto", tudo que provém de Deus está caracterizado segundo os atributos do Pai das luzes, "em quem não pode existir variação ou sombra de mudança", pois Ele é santo (Tiago 1.17).

A capacidade de discernir espiritualmente está citada em 1 Coríntios 12.8-10, logo após o dom de profecia. No grego, o primeiro substantivo encontra-se no plural, portanto, podemos considerar "discernimentos" ou "distinções".

2. As fontes das manifestações.

"Justo é o SENHOR em todos os seus caminhos, bondoso em todas as suas obras. Perto esta o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade" - Salmos 145.17,18. 

Em seu louvor, registrado no Salmo 145, o salmista descreve o modo como Deus é revelado e manifestado aos homens. Deus é imanente e transcendente. A imanência apresenta Deus presente e dinâmico na sua criação e interagindo com a humanidade; a transcendência mostra que Deus não é restrito à nossa capacidade de compreendê-lo ( Jeremias 12.1).

Nesta condição divina, o Espírito de Deus manifesta-se ao ser humano, limitado, concede o dom de discernimento de espírito para pessoas espirituais, aos que evitam seguir pela direção da maldade, escolhendo associar-se com outros crentes que devotam tempo e energia ao conhecimento da vontade divina (1 Coríntios 2.13-14).

O dom de discernimento de espírito (diakriseis pneumaton) é essencial ao cristianismo. Através desta capacitação espiritual, há o poder para detectar a origem das circunstâncias ou as intenções das pessoas, é possível distinguir a verdade espiritual do erro ou heresia. Dotado com o discernimento de espírito, o crente percebe a tortuosidade dissimulada de licitude, é capaz de reconhecer a simulação do gracejo pirracento travestido de inocência; pode descobrir autores de atos maus disfarçados de ovelhas de Cristo. A capacitação fornece condições ao crente para saber a diferença entre os dons que vêm do Espírito de Deus e os que não vêm dele.

3. Discernindo as fontes espirituais.

Durante o culto é esperado que cada membro manifeste um dom. "Que fazer, então, irmãos? Quando vocês se reúnem, um tem salmo, outro tem um ensino, este traz revelação, aquele fala em línguas, e ainda outro faz a interpretação. Que tudo seja feito para a edificação" (1 Coríntios 14.26). 

Paulo não sugere que todos os presentes se manifestem, destaca que cada membro é livre à manifestação. Ao encorajar os crentes ao exercício dos dons durante o culto, o apóstolo cita cinco elementos:

1. salmo;

2. doutrina;

3. revelação;

4. língua; e

5. interpretação.

Provavelmente, os cinco itens representem vários tipos de manifestações verbais do Espírito que deveriam acontecer na igreja de Corinto. Nota-se que o termo "revelação" está incluído, de maneira equivalente, no lugar de "profecia". 

Paulo ensina sobre o controle dos dons, não pode haver mais do que três expressões verbais glossolálicas em qualquer culto de adoração, pois nenhum dom deve sobrepor aos demais (1 Coríntios 14.27). Sobre o dom de profecia, diz: "os outros julguem". Isto é, a igreja como um todo deve julgar o conteúdo da profecia. O meio de avaliação é o dom de discernir os espíritos. 

CONCLUSÃO

Ao iniciar a primeira carta aos crentes congregados na igreja em Corinto, Paulo deu louvores pela graça de Deus, evidente naquela comunidade, pelo fato que nenhum dom lhes faltava. Contudo, eles não conseguiam lidar bem com estes dons espirituais. As atitudes de alguns crentes contribuía para reuniões caóticas e ruidosas que não edificavam os crentes e escandalizavam os descrentes que os visitavam (1 Coríntios 14.20-36). 

É importante que haja no relacionamento interpessoal entre crentes o interesse comum de agradar ao Senhor em tudo, o que consequentemente resultará no uso de todos os dons em conformidade com o plano original do Senhor. Os dons quando não são empregados no amor, que é abnegado e focado nas outras pessoas, torna-se inútil. Apesar de ser provisões de Deus, o amor é o que realmente importa (1 Coríntios 12.31 - 13.13).

E.A.G.

Atualização em 16/04/2021; 16h41; 18h23; também em 17/04/2021; 03h19; 05h42