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sábado, 2 de junho de 2018

Levítico, o terceiro livro escrito por Moisés

As tábuas da Lei.
Levítico é o terceiro livro da Bíblia e também é o terceiro livro do Pentateuco. Em Levítico, é descrito de maneira detalhada o começo do exercício sacerdotal da tribo de Levi em favor dos filhos de Israel. Assim que foi erguido o tabernáculo e se nomeou o sacerdote, que servia no altar, seguiu-se a regulamentação do culto divino, a apresentação das exigências de purificação e de santificação que o povo tinha que fazer.

Está claro nas páginas de Levítico que Deus exige separação entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo  (Levítico 10.10).

É notável a consistência de Levítico, o seu conteúdo é uma belíssima composição quase que exclusivamente sobre as leis rituais. O arcabouço histórico no qual estas leis estão engastadas é a permanência de Israel no Sinai.  O livro pode ser lido como se segue:

1. Leis concernentes às ofertas (do capítulo 1 ao capítulo 7 e versículo 38);
2. O serviço do tabernáculo posto em operação (de 8.1 a 10.20);
3. Leis concernentes à pureza e impureza (de 11.1 a 15.33);
4. O grande dia da expiação (16.1 a 34).
5. Várias leis (17.1 a 25.55);
6. Promessas e advertências (26.1 a 46);
7. Apêndice: avaliação e redenção (27.1 a 34).

Sem sacerdotes e sem sacrifícios ninguém podia se aproximar de Deus. As relações com Deus exigiam condições de pureza e santidade, tanto moral como cerimonial. Para se conseguir isto, preparavam-se vários manuais que provavelmente vieram a formar o livro. Ocasionalmente, algumas leis se repetem em referência a casos diversos e diferentes finalidades. Às vezes as leis se interrompem para darem lugar a uma narrativa de acontecimentos que originam novas leis.

O Senhor Deus se apresenta em Levítico com nomes associados à liturgia do tabernáculo. Observe as seguintes  anotações, criada por Erivaldo Jesus Pinheiro: 

1. Em Levítico 1.3, Ele é o Senhor da oferta perfeita;
2. Em Levítico 1.9, Ele é o Senhor da oferta agradável;
3. Em Levítico 2.3, Ele é o Senhor da oferta santíssima;
4. Em Levítico 3.1,Ele é o Senhor da oferta pacífica;.
5. Em Levítico 4.31,35,Ele é o Senhor da oferta expiatória;
6. Em Levítico 6.8,13,Ele é o Senhor do altar;
7. Em Levítico 7.30, Ele é o Senhor da oferta movida;
8. Em Levítico 8.33, Ele é o Senhor da consagração;
9. Em Levítico 9.24, Ele é o Senhor que consomeo holocausto sobre o altar;
10. Em Levítico 10.1-2, Ele é o Senhor como fogo consumidor;
11. Em Levítico 11.44-45, Ele é o Senhor da santidade;
12. Em Levítico 12.15, Ele é o Senhor da purificação;
13. Em Levítico 16.1, Ele é o Senhor da expiação;
14. Em Levítico 18.1, Ele é o Senhor nosso Deus;
15. Em Levítico 19.35-37, Ele é o Senhor da justiça;
16. Em Levítico 20.8, Ele é o Senhor que nos santifica;
17. Em Levítico 21.1-24, Ele é o Sumo Sacerdote perfeito e eterno;
18. Em Levítico 22.1-16, Ele é o Senhor das coisas sagradas;
19. Em Levítico 23.1-44, Ele é o Senhor das festas;
20. Em Levítico 24.13-23, Ele é o Senhor zeloso;
21. Em Levítico 25.10-17,Ele é o Senhor do Ano do Jubileu,da libertação;
22. Em Levítico 26.1-32, Ele é o Senhor dos dízimos e dos votos.

Em Levítico é revelada a santidade divina. O livro tem a finalidade de revelar o caráter puro e santo do nosso Deus, portanto a palavra-chave do conteúdo exposto neste livro é "santidade" (Levítico 19.2; 20.7-8). Quem deseja conhecer mais profundamente sobre o grande abismo que existe entre a pecaminosidade do homem e a santidade de Deus deve ler mais atentamente o livro de Levítico.

E.A.G.

Bíblia do Pregador Pentecostal, edição 2016, página 173, notas de Erivaldo de Jesus Pinheiro, Barueri, São Paulo- SP (Sociedade Bíblica do Brasil). 
Bíblia Sagrada - Edição em Língua Portuguesa, coordenador Samuel Martins Barbosa, ano da publicação não declarado, página 68, Lapa, São Paulo- SP (Torá Livraria e Editora Ltda).

quinta-feira, 12 de abril de 2018

A Rainha de Sabá era amante de Salomão? Existe relato bíblico sobre isso?


Recebi a seguinte pergunta em meu perfil no Facebook:
"A paz do Senhor! Deixa eu te falar, é possível fazer um estudo em seu blog, ou no seu perfil, sobre a Rainha de Sabá? A partir de um estudo ontem lá no templo, me bateu a curiosidade de aprender. o pastor, ministrante da noite, disse que ela foi amante de Salomão, voltou grávida para a terra dela, e os judeus negros, todos são descendentes dela! Que ela é a Sunamita, descrita no livro Cantares, e que foi rejeitada por Salomão! Os argumentos deste pastor foram todos baseados na história da Etiópia! Obrigada,por elucidar as minhas dúvidas, claro, quando possível. Deus abençoe você."
Resposta:

Oi, tudo bem?

A Rainha de Sabá é uma personagem interessante que encontramos no Antigo Testamento. Mas, ainda não escrevi nada especificamente sobre ela. Agradeço por essa ideia.

Esta soberana foi contemporânea de Davi e de Salomão, viveu em meados do século 10 a.C.. Flávio Josefo, historiador romano de origem judaica, a chamou de "Nicaula", mas as Escrituras não a apresentam pelo seu nome, apenas pelo título de nobreza e lugar de origem. O termo "sabá" tem raiz hebraica, significa “alto”. 

Descobertas arqueológicas apontam que Sabá, a terra da rainha que visitou Salomão, estava localizada na ponta sul da península Arábica, no moderno Iêmen, a república ao sul da Arábia e ao sul do Egito, próximo do território atual da Etiópia. Essa localização permitia aos sabeus (moradores de Sabá) o comércio marítimo com a África e a Índia. Além disso, havia o comércio de ouro, joias, mirra, incenso e especiarias orientais realizados por terra, em caravanas usando os camelos como meio de transporte.

No livro de Gênesis, capítulo 10, encontramos a narrativa da história das nações, relatando os descendentes de Sem. No versículo 7, existe uma referência ao nome Sabá, com os dizeres "os filhos de Raamá: Sabá e Dedã". No mesmo capítulo, no versículo 28, encontramos outra menção para o nome Sabá entre os nomes Abimael e Ofir, com a informação que são descendentes de Joctã (versículo 26). Certamente, houveram duas pessoas com o mesmo nome nesta genealogia. Tal informação indica que a Rainha de Sabá representaria uma ancestral semita.

Há também a possibilidade de que os moradores de Sabá fossem descendentes de Abraão, por parte de sua esposa Quetura (Gênesis 25.1-3). Alguns elementos do dialeto sabeu os associam linguisticamente com semitas do noroeste. Mudaram-se no norte da Arábia antes do século X a.C. e constituíram uma capital em Marib, sustentada por uma grande represa, que coletava águas das chuvas sazonais. Inscrições assírias atestam que algumas rainhas governaram os sabeus durante esse período.

Em 2008, a Universidade de Hamburgo anunciou oficialmente que arqueólogos alemães, em uma pesquisa comandada por Helmut Ziegert, descobriram os restos de um palácio que muito provavelmente teria sido habitado pela Rainha de Sabá, em Axum, uma cidade sagrada da Etiópia, sob um antigo palácio real.

Tendo em vista a economia de Sabá depender do comércio internacional terrestre de especiarias, as atividades, o poder e a localização  de Israel  deviam ser particularmente interessantes para  para a rainha e suas caravanas. Com a ajuda de Hirão, Rei de Tiro, Salomão havia iniciado expedições marítimas para Ofir a partir  do porto recém-inaugurado de Ezion-Geber (1 Reis 9.26-28). Segundo a especulação de muitos estudiosos, os empreendimentos marítimos de Salomão ameaçaram o monopólio comercial dos sabeus, e muitos estudiosos especulam que a rainha deles visitou Salomão com o propósito de firmar um acordo comercial. Arqueólogos encontraram um sinete do século IX a.C., com inscrições sul-arábicas, feito de argila marrom avermelhada proveniente do Iêmen, foi desterrado em Betel e corrobora esta teoria. 

Porém, a Rainha de Sabá não se destaca apenas por suas realizações econômicas e políticas. mas por sua atitude diante do rei de Israel. A narrativa bíblica relata que a fama sobre a sabedoria e afluência  de Salomão, suas riquezas e relacionamento com o Senhor, chegaram aos ouvidos dessa mulher  cheia de riquezas e propriedades. Evidentemente, ela ouviu muitas coisas maravilhosas a respeito de Salomão, porém, parece que, a princípio, não acreditou no que ouvia sobre ele. Então decidiu ir até Jerusalém, que distava cerca de 2.300 quilômetros de seu palácio, empreendeu viagem custosa e bem longa, para testar a veracidade de sua reputação quanto à sua sabedoria e devoção a Deus, formulando perguntas difíceis. E assim fez, acompanhada de um séquito muito grande. E ficou satisfeita com suas respostas.

A Bíblia relata que ao pôr Salomão à prova ela ficou “fora de si” - literalmente sem fôlego - com a magnificência da sabedoria exposta nas respostas que ouviu; maravilhou-se com sua fé em Deus e a organização de seu reino. E como resultado, alegrou-se na providência do Senhor em estabelecer um rei que mantivesse justiça e retidão. Demonstrou publicamente sua disposição para dar crédito ao Deus de Salomão pela sabedoria deste que resultava em decisões justas e corretas, elogiando-o (1 Reis 10.1, 10, 13; 2 Crônicas 9.1-9).

As perguntas difíceis que a Rainha de Sabá propôs a Salomão provavelmente eram enigmas (1 Reis 4.32; 10.1; 2 Crônicas 9.1). O uso de charadas para desafiar o ouvinte em festas e ocasiões especiais era muito popular no mundo antigo e o fato de uma pessoa conhecer palavras obscuras era visto como sinal de sabedoria (Provérbios 1.6). O exemplo clássico de charada é um episódio da vida de Sansão, registrado em Juízes, capítulo 14.12-13. O profeta Ezequiel recebeu instrução para comunicar-se com a nação de Israel apenas por enigmas (Ezequiel 17.2). A Bíblia diz que as respostas de Salomão às perguntas difíceis resultaram em admiração pelo Senhor por parte dela.

Em sua bagagem, a Rainha de Sabá trouxe para Salomão amostras de sua própria riqueza, que incluía uma grande quantidade de especiarias, muito ouro e pedras preciosas e ficou extremamente admirada com sua sabedoria e riquezas. Embora o reino da Rainha de Sabá fosse cheio de esplendor - sendo que Salomão jamais recebeu uma abundância de especiarias maior do que aquelas que ela o presenteou -  o reino dela não superava a grandiosidade do reinado do sucessor de Davi.

Não existem muitos registros bíblicos sobre a Rainha de Sabá. Encontramos citações sobre ela apenas em 1 Reis 10.1-13; 2 Crônicas 9.1-12; Mateus 12.42; e Lucas 11.31. Estes relatos não afirmam que tenha havido relação amorosa entre Salomão e ela, que tenha sido mãe de seu filho, tampouco fosse a Sulamita do Livro de Cantares.

Embora muitos reis gentios vieram a Salomão, nenhum desses monarcas foi mencionado em particular; exceto a Rainha de Sabá. É bem provável que o destaque tenha ocorrido por conta não apenas de que fosse uma mulher, mas devido ao seu coração ter louvado ao Senhor. Embora não exista nenhum registro bíblico com a afirmação desta mulher declarando que o Deus de Salomão também passava ser o seu Deus e não existir nenhum registro de que tenha oferecido sacrifícios no templo, temos o registro do tributo proferido pelos lábios de Cristo. Jesus disse assim: "A rainha do Sul se levantará, no Juízo, com esta geração e a condenará, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão" (Mateus 12.42).

Assim, a Bíblia mostra que a busca da Rainha de Sabá não foi em vão. Ambos trocaram presentes reais, demonstraram respeito mútuo. Após o que ela voltou para sua terra.

E.A.G.

Com informações de:
G1 - Globo.com, Arqueólogos alemães encontram palácio da rainha de Sabá na Etiópia, 8 de maio de 2008 - http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL462856-5603,00-ARQUEOLOGOS+ALEMAES+ENCONTRAM+PALACIO+DA+RAINHA+DE+SABA+NA+ETIOPIA.html
Bíblia de Estudo Arqueológica NVI, páginas 372, 499. Edição 2013, São Paulo (Editora Vida). 
Bíblia de Estudo do Expositor, página 605, Baton Rouge, Los Angeles (Ministério Jimmy Swaggart).

sábado, 10 de março de 2018

Quem era Maria Madalena, segundo os relatos bíblicos?

O Arrependimento.
 Tela de Domenico Fetti
(Roma, 1589 † Veneza, 1623)

Eliseu Antonio Gomes

Maria Madalena, discípula de Jesus, era uma mulher extraordinária, amável e dedicada ao Senhor em sua vida, morte e ressurreição. Os autores dos quatro Evangelhos identificam-na como uma das mais fervorosas seguidores de Jesus, pessoa intrépida e testemunha ocular essencial dos momentos mais marcantes da vida de Cristo. 

Não se sabe se "Madalena" era seu sobrenome ou se representa Magdala, uma vila no litoral oeste da Galileia, três a cinco quilômetros de Tiberíades, local que provavelmente teria nascido.

Ela é mencionada em nove listas de mulheres que seguiam Jesus e encabeça oito delas, o que sugere que talvez exercesse a posição de liderança do grupo feminino das seguidoras de Cristo (Mateus 27.55, 56, 61; e 28.1; Marcos 15.40, 41, 47; e 16.1; Lucas 8.1-3; e 24.10; João 19.25).

Alguns acreditam que ela é a mulher, que ungiu os pés de Cristo e os enxugou com seus cabelos, citada em Lucas 7.37-50. É improvável, pois Lucas não a apresentaria nominalmente no capítulo 8, se realmente relatasse sobre ela no capítulo anterior. De igual modo, não há razão para pensar que tivesse vivido como prostituta em seu passado baseando-se no fato de ser liberta de sete possessões malignas. Em 591, o Papa Gregório afirmou que Maria Madalena era uma prostituta, e este erro sobre o estilo de vida dela, antes de conhecer Jesus, permanece na mente de muitos até os dias de hoje.

Jesus expeliu sete demônios de Maria Madalena

Referências textuais: Marcos 16.9; Lucas 8.2-3.

Antes de conhecer Jesus, o coração de Maria Madalena era reduto das forças malignas. As Escrituras não informam como foi possuída por demônios, quanto tempo viveu nesta circunstância desesperadora e como teve um encontrou com Cristo. Sabemos que sua vida era socialmente perturbada. Pode ter havido momentos estranhos, gritado muito e brigado com sua família por motivos banais, afastado todas as pessoas que tentassem ajudá-la, se atirado pelo chão, espumado pela boca, sofrido convulsões, exibido publicamente o corpo como fez o endemoninhado gadareno.

Sabemos que nenhum endemoninhado recorreu a Jesus em busca de ajuda, apenas os enfermos o procuravam. Normalmente, outro indivíduo recorria a Jesus para libertar parentes ou amigos vítimas de possessão. Às vezes, Jesus intervinha sem ser solicitado.

Não está escrito na Bíblia, mas de acordo com o contexto sobre possessões malignas, a história de Maria Madalena é a de o Pastor que foi atrás da ovelha e não o contrário. Sua existência inútil e autodestrutiva se transformou em uma vida cheia de graça a partir do momento em que Jesus a socorreu, restituiu sua capacidade de raciocinar com clareza e libertou-a do cativeiro demoníaco. Após liberta, em vez de despedir, Jesus a levou para junto de seus discípulos e ela passou a integrar o privilegiado grupo de mulheres da Galileia, que juntamente com os doze discípulos, caminhavam ao lado do Senhor de cidade em cidade.
  
Magdala, às margens do Mar da Galileia.
Foto de Daniel B. Sheep em 1894.
Wikipedia

Maria Madalena, a servidora

Referências textuais: Mateus 27.55; Lucas 8.1-3; Marcos 15.40-41.

Jesus, acompanhado por seus discípulos por diversas cidades, por um período breve de três anos de evangelismo, anunciava a salvação, curava os enfermos, libertava as almas cativas das trevas. Eles não tinham grandes recursos para a própria sustentação financeira durante toda aquela extensa missão, que demandava constantes viagens, pois se concentravam todo o tempo em benefício da obra espiritual. Os gastos com a alimentação, com a lavagem e a manutenção das suas roupas, e com a pousada, implicava em custos consideráveis. Então, Deus preparou corações voluntários; havia a ajuda e a hospitalidade de pessoas solidárias, e assim o ministério terreno de Jesus alcançou êxito pleno.

Entre as pessoas que comprovaram ter engajamento com a causa de Jesus, estão algumas mulheres, como Maria Madalena e Joana, apesar de que muitas outras também tenham colaborado nessa assistência e trabalho significativo para a subsistência de Jesus e seus discípulos. Elas se empenharam em servi-lo porque estavam extraordinariamente gratas pelas bênçãos que lhes foram concedidas por Jesus, transformaram gratidão em ação, como deveriam fazer todos aqueles que Ele abençoa com a sua salvação. 

Maria Madalena, nos episódios de tortura, julgamento, crucificação e morte

Nos episódios da crucificação, Maria Madalena deve ter se sentido totalmente confusa. Deve ter ouvido os diálogos tensos entre seu Mestre e os líderes religiosos. Jesus estava calado, não oferecia resistência aos que o maltratavam verbal e fisicamente. Os acontecimentos trágicos se desenrolavam sem que pudesse interrompê-los. Devota, ela e as mulheres da Galileia se arriscaram ao  acompanharem o julgamento e os sofrimentos de Cristo, pois o ambiente era hostil e violento, principalmente aos que se identificavam com o Mestre (Mateus 27.45-56; João 19.25; Lucas 23.55). Apesar de tudo, elas permaneceram próximas ao Senhor até o terrível momento da crucificação e testemunharam sua morte (João 20.15-16).  

Enquanto os discípulos fugiam e se escondiam, Maria Madalena ficou para trás para observar onde José de Arimateia o sepultaria (Marcos 15.44-45), pois planejava ungir o corpo de Jesus com especiarias e perfumes (Lucas 23.56).

A bem da verdade, mesmo que os discípulos tenham entrado em pânico quando Jesus se recusou a revidar os ataques, não entendessem que aquele momento era o clímax da Obra da Redenção, é preciso considerar que depois de tudo acontecido eles não omitiram a extraordinária coragem feminina neste episódio e não tentaram justificar a conduta vacilante. Eles registraram suas ações covardes e a valentia das seguidoras de Cristo nos Evangelhos.

A crucificação de Jesus Cristo.
Maria Madalena é uma das testemunhas oculares da morte do Salvador.
Fonte: FreeBibleImages.org

O relato bíblico sobre Maria Madalena no episódio da ressurreição

Referências textuais: Mateus 28.1-10; Marcos 16.1-10; Lucas 24.1-10; João 20.1-18.

Maria Madalena é figura proeminente no episódio da ressurreição.

Ainda era madrugada de domingo, o sol nem havia nascido quando as mulheres chegaram ao túmulo de Jesus, que julgavam ainda estivesse morto. Elas tinham o propósito de ungir o seu corpo, realizarem o ritual de preparação de cadáver, como era costume entre os judeus, pois isso não havia sido feito antes do sepultamento por causa da chegada do sábado. Ali, foram surpreendidas ao verem que a pedra usada para fechar o túmulo havia sido removida e encontrarem um anjo, anunciado-lhes a ressurreição de Jesus.

Pequenas diferenças ocorrem nos relatos sobre a chegada das mulheres no sepulcro. Maria Madalena acompanhou as outras mulheres, porém, conforme o relato de João nos versículos 1 e 2, em determinada altura do caminho deve ter seguido em passos mais rápidos que suas companheiras e chegou em primeiro lugar ao túmulo. Marcos (16.9) diz que Cristo apareceu primeiramente para Maria Madalena. Quando ela tomou ciência dos fatos, procurou a Pedro e ao discípulo amado e contou o que havia acontecido e depois foi alcançada pelas outras mulheres.

Depois disso, Maria Madalena retornou em companhia de Pedro e do discípulo amado e permaneceu ali chorando quando todos se foram. Não estava em condições de entender como aquEle que podia curar e ressuscitar pessoas, não salvou a si mesmo. Então, em meio ao desespero por ter encontrado o túmulo dEle vazio, pensando não restar nada mais a fazer, um dos dois anjos que apareceram ali perguntou-lhe qual era a razão das lágrimas, Maria Madalena quis saber sobre o paradeiro do corpo do Senhor (João 21.11-15). De súbito, no momento de sua intensa emoção, Cristo se fez presente, exclusivamente para ela, mas ela pensou que fosse o jardineiro. Só após Cristo gentilmente chamá-la pronunciando seu nome é que ela o reconheceu. Assim, estando pessoalmente com o Salvador, Maria Madalena é confortada pelo próprio Cristo ressurreto e depois da conversa conta aos discípulos que havia visto Jesus vivo (João 20.18).

Gli amici di Gesù. 
Coprodução: Alemanha e Itália (2000).
 Atriz Maria Grazia Cucinotta vive Maria Madalena.
 Roteiro sem fidelidade às Escrituras Sagradas.
O perfil falso de Maria Madalena (Bíblia não descreve)

Gente sem nenhum compromisso com o conteúdo da Palavra de Deus, faz interpretações sem respaldo bíblico sobre a biografia de Maria Madalena.

Feministas, com o suposto pretexto de elucidar quem realmente era a discípula de Jesus Cristo, descontentes com a identidade que a Bíblia apresenta, extraindo e distorcendo textos do Novo Testamento e também usando antigos textos extra-bíblicos - como o Evangelho de Filipe e o Evangelho de Maria Madalena - afirmam que Maria Madalena  era a líder escolhida para a Igreja. Além disso, afirmam que ela seria esposa de Jesus e mãe de um filho dEle.

O Código da Vinci, livro de autoria de Dan Brown, veiculou essas ideias equivocadas e alcançou enorme sucesso, inclusive através de uma adaptação ao cinema, filme produzido em Hollywood com atores consagrados na indústria cinematográfica. O enredo de Brown afirma, entre outras heresias, que o apóstolo amado não era João, o evangelista, mas Maria Madalena.

Roney Mara no papel de Maria Madalena

No próximo dia 15 de março, estreia nas telas de cinema do Brasil, o filme Maria Madalena, do diretor australiano Garth Davis e das roteiristas Helen Edmundson e Philippa Goslett. O longa conta com Rooney Mara, duas vezes indicada ao Oscar, como a atriz protagonista do filme; Joaquin Phoenix na pele de Jesus e Chiwetel Ejiofor como apóstolo Pedro. É produzido pela  empresa 360 WayUp, conhecida por apresentar grandes projetos no mercado cristão cinematográfico, e distribuído pelos estúdios Universal Pictures France.

Segundo o marketing dessa produção, a personagem central é a figura de uma mulher corajosa, temente a Deus, que se transforma em alguém melhor ao caminhar com o Senhor, a personagem desafia a sociedade retrógrada da época a se juntar a Jesus em sua jornada para espalhar a Palavra de Deus. E as mulheres da sociedade atual, acostumadas a tomarem decisões, situadas em posições nunca antes conquistadas nos âmbitos políticos e econômicos, se sentirão representadas por ela.

Só nos resta saber se o roteiro é ou não fiel aos relatos da Bíblia Sagrada.

Conclusão

Apesar do equívoco de interpretação dos textos bíblicos que muitos fazem sobre a identidade de Maria Madalena, sem dúvida alguma ela é uma das mulheres mais importantes do Novo Testamento. Entre todas que conheceram Jesus Cristo pessoalmente, apenas Maria de Nazaré é citada mais vezes que ela. Na galeria bíblica de exemplos femininos, seria uma perda irreparável não haver seu nome na lista. Aos estudiosos e propagadores do conteúdo da Bíblia, é um grande erro desprezar o estudo sobre esta mulher.

Maria Madalena, depois de ser libertada por Cristo da condição de escrava de sete demônios, servir ao Senhor por livre e espontânea vontade, sentir a dor de vê-lo preso, acusado injustamente, torturado, crucificado e morrer na cruz, foi a primeira testemunha ocular do surgimento do cristianismo no mundo.

E.A.G.

Compilações:
A Bíblia de Estudo da Mulher Sábia, páginas 1043, 1062 e 1063, edição 2016, Várzea Paulista - SP (Casa Publicadora Paulista).
Histórias de Mulheres da Bíblia, Eva Mündlen, páginas 119 e 120, edição 2010, Barueri - SP (Sociedade Bíblica do Brasil).
Mulheres Esquecidas da Bíblia - Encontre força e sentido em suas histórias, Carolyn James, páginas 195, 196, 197, 199, 204, edição 207, São Paulo- SP (Editora Vida)
O Novo Dicionário da Bíblia, volume 2, páginas 1006 e 1007, 4ª edição 1981, São Paulo- SP (Edições Vida Nova).
Quem é Quem na Bíblia Sagrada - A história de todas as personagens da Bíblia, editado por Paul Gardner, páginas 437 e 438, 19ª impressão 2015, São Paulo - SP (Editora Vida).

sábado, 22 de julho de 2017

É válido o sacrifício de oferecer a outra face para ser esbofeteada?


Arte: James Tissot
Eliseu Antonio Gomes

Encontramos em Mateus 5.39 a orientação de Jesus de que se recebermos um tapa na face direita devemos oferecer a esquerda. Não se trata de um incentivo para ações de covardia, o Mestre ensina a agir de maneira oposta à vingança, a não fazer a retaliação do “olho por olho e dente por dente” – que na Lei de Moisés só ocorria após o infrator ser julgado e condenado, sendo que a espécie de punição era determinada pelos juízes e jamais pela pessoa vítima da violência (Deuteronômio 19.15-21). 

O problema em lidar com os radicais é esquecer que Jesus manda oferecer a outra face. Dar o outro lado do rosto nunca será sinal de fraqueza ou de se render ao opressor, mas de confiança no Deus que manda amar o inimigo e promete socorro ao servo aflito.

Sabemos bem, Estevão morreu apedrejado... Porém, temos que estar cientes que a morte do crente fiel é apenas o passaporte que o Senhor o dá para entrar no Paraíso, lugar na eternidade de descanso perfeito, paz eterna, saúde constante e outras bênçãos indescritíveis e inimagináveis. Cito o exemplo de Estevão para usar o argumento extremo neste assunto. Porém, em muitos casos, a intervenção divina se apresenta e socorre o oprimido antes que o opressor pratique a maldade que deseja praticar, e até durante a prática do mal, como aconteceu com Sadraque, Mesaque e Abednego, atirados dentro da fornalha de fogo (Daniel 3).


Sou testemunha viva do socorro divino - sem ser merecedor de tamanho auxílio. Deus é o nosso Juiz e dá a resposta na medida justa (Salmo 94; Tiago 4.12).

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O vaso nas mãos de Deus


"Palavra do SENHOR que veio a Jeremias, dizendo: Dispõe-te, e desce à casa do oleiro, e lá ouvirás as minhas palavras. Desci à casa do oleiro, e eis que ele estava entregue à sua obra sobre as rodas. Como o vaso que o oleiro fazia de barro se lhe estragou na mão, tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pareceu" - Jeremias 18.1-5.
Arte: Kathy Fincher.

"Palavra do SENHOR que veio a Jeremias, dizendo: Dispõe-te, e desce à casa do oleiro, e lá ouvirás as minhas palavras. Desci à casa do oleiro, e eis que ele estava entregue à sua obra sobre as rodas. Como o vaso que o oleiro fazia de barro se lhe estragou na mão, tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pareceu" - Jeremias 18.1-5.

Postagens paralelas:
A simbologia dos vasos na Bíblia Sagrada
Vaso nas mãos do Oleiro
Jesus e o dinheiro (abordagem sobre a mulher que ungiu os pés de Jesus com perfume derramado de um vaso de alabastro).

E.A.G.


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Será que o estilo de vida de Sodoma pode existir no coração de um cristão?


A esposa de Ló olha para trás e é transformada em estátua de sal.

Kent Hughes
Tradução livre: Eliseu Antonio Gomes


Se tivéssemos acesso apenas a história da vida de Ló, conforme narrada no livro de Gênesis, jamais teríamos a possibilidade de saber que Ló era uma pessoa crente. Entretanto, de acordo com três descrições em 2 Pedro, ele era um homem justo, comprometido e perturbado. Além disso, era "afligido" pela vida em Sodoma. A explicação que encontramos, no capítulo 2 e versículos 7 e 8, escrita de maneira minuciosa por Pedro, é a seguinte:
"... o justo Ló, afligido pelo procedimento libertino daqueles insubordinados (porque este justo, pelo que via e ouvia quando habitava entre eles, atormentava a sua alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas daqueles) ..." - (RA)
Ironicamente, apesar de Ló revoltar-se por causa do estilo de vida das pessoas em Sodoma, a cidade de Sodoma estava em sua alma. Então, podemos concluir que, apesar de um crente sentir aflição por causa das coisas que presencia neste mundo, inconscientemente, ao mesmo tempo ele corre o risco de sentir-se atraído e aceitar o sentimento de afeição pelo mundo.

Não existe nenhum indício de que Ló tenha sido um agente influenciador para os habitantes de Sodoma. Conquanto tenha morado por muitos anos naquela sociedade, fosse um morador de destaque ali, agiu de modo decepcionante, pois não foi uma pessoa influente entre seus amigos. Ló foi uma decepção total. Quando o julgamento divino sobreveio sobre Sodoma, nenhuma pessoa justa foi achada fora de sua família. Não havia conhecidos, vizinhos, ninguém entre os seus servos sabia quem era o Senhor. Seu apelo aos sodomitas diante de sua porta não foi respeitado por eles. Suas palavras não eram ouvidas como sérias, não eram recebidas como algo que merecesse atenção.

A tragédia maior; o exemplo de Ló não colaborou para levar sua família e parentes ao céu. Nenhum indivíduo dos seus círculos familiar e de amizades temia a Deus. Ao avisar aos genros que deveriam escapar da iminente destruição das cidades, pensaram que ele agia como "zombador". As palavras de Ló não possuíam conteúdo porque ele era vazio. Além disso, os hábitos de Ló não inspiraram sua esposa a desapegar-se da cultura de Sodoma. Ao afastar-se daquela localidade, seu coração permaneceu lá, portanto, não conseguiu resistir a olhar para trás e por este motivo foi destruída junto com Sodoma e Gomorra. A mulher que gerou suas filhas, a pessoa mais íntima de Ló, que conhecia muitos detalhes de sua alma, não enxergou nada nele ou em sua fé que indicasse a ela a direção da terra ao céu.

Inclusive, não há dúvida que o modo que Ló escolheu para viver causou à anexação do espírito de Sodoma no coração de suas duas filhas. A maneira dissimulada de agir que ambas demonstraram ter, era conduta comum em Sodoma. Ló tinha sua parcela de culpa nisso. Este comportamento disfarçado era movido por natureza espiritual negativa, portanto, concentrava em seu âmago efeito mortal.

Segundo descreve Pedro, particularmente Ló estava "afligido" por causa das ações depravadas dos ímpios e sua alma estava angustiada, mas guardava para si este estado interior, porque era uma personalidade de destaque na cidade. Usar a sinceridade prejudicaria a sua imagem perante aquela comunidade. Assim, Ló acostumou-se a fazer-se de cego, surdo e mudo quanto ao que via, não manifestava opinião quando via atos de abusos sociais e transgressões sexuais em Sodoma. Apesar de abominar, não praticar e abominar, nunca marcou posicionamento algum contra os pecados que eram cometidos. As blasfêmias e as conversas obscenas tiveram com reação de Ló um sorriso falso, a estratégica mudanças de assunto e de ambientes, com todo o cuidado de manter a aparência "politicamente correta".

As filhas do sobrevivente Ló conviveram com a figura de um pai que possuía grande habilidade de esconder suas opiniões, elas não esqueceram de sua negligência em seu dever paternal de educá-las, tinham na memória sua deslealdade torpe ao lhes oferecer como objetos sexuais para uma turba de homens inflamados de Sodoma, torpeza esta com a finalidade de apaziguar seus ânimos exaltados. Então, quando aconteceram as sucessivas seduções incestuosas, as filhas apenas usaram o método do engano, que receberam de herança. Nas profundezas de uma caverna,foi servido a Ló um copo escuro que continha vinho misturado com fraude e deslealdade. A desonra que Ló foi vítima por parte de suas filhas é uma situação incomum, numa circunstância de ironia cruel, pois ele realizou o ato vergonhoso que havia sugerido que os homens de Sodoma fizessem. Realmente, ele havia plantado no coração de suas duas filhas as sementes de Sodoma.

A postura insensata de Ló foi esta: embora o mundanismo de Sodoma afligisse sua alma justa, preferiu continuar vivendo o mais próximo possível de tudo que lhe causava aflição, até o último momento de seu final amargo. E a sequela foi que, apesar de Deus ter julgado os moradores de Sodoma, com exceção de Lós e as filhas, Sodoma renasceu em suas vidas.

Constata-se, assim, que é provável acontecer na vida de crentes como nós, gente realmente incomodada com o curso deste mundo, a adoção de atitudes pertencentes a cultura de Sodoma, é possível renascer tais atitudes na vida de crentes porque no coração do crente pode haver alguma espécie de relação com o sistema de vida mundano.

E.A.G.

Fonte: Westminster Theological Seminary | Título original: Does Sodom Live in our Souls?

quinta-feira, 21 de abril de 2016

A arte de Snezhana Soosh: relacionamento de pai e filha

pai e filha brincando com água_Snezhana-Soosh_Eliseu-Antonio-Gomes_Belverede

pai e filha cochilo na cadeira-Snezhana-Soosh_Eliseu-Antonio-Gomes_Belverede

Snezhana Soosh é uma artista de origem ucraniana, mãe de um menino de nove anos de idade.

Há quem diga que amar alguém é doar a este alguém cuidado, atenção e tempo. Nas imagens de Sooh, encontramos gestos cheios de ternura de um pai, de grandes proporções físicas, zelando pelo bem-estar de uma criança miúda. O contraste de aparências e as atitudes paternas tornam a estreita relação dos dois em uma relação que encanta.

pai e filha cuidado com o cabelo da bailarina-Snezhana-Soosh_Eliseu-Antonio-Gomes_Belverede

pai e filha dormem-Snezhana-Soosh_Eliseu-Antonio-Gomes_Belverede

Com sua arte, em produção em aquarela, de maneira surpreendente, ela cria ilustrações que capturam o amor de um pai por sua pequena filha em momentos da rotina da vida familiar. Segundo uma reportagem em mymodermet.com, em 17 de abril de 2016, Sooh espera que as telas ensinem seu filho a ser um bom pai, e mostrar aos homens que já são pais o quanto é importante que a figura paterna esteja inserida no dia a dia das crianças. A artista também revelou, na mesma entrevista, que seu pai não soube dar-lhe o carinho que ela retrata em suas pinturas.

pai e filha passeio na mala-Snezhana-Soosh_Eliseu-Antonio-Gomes_Belverede
pai e filha passeio-Snezhana-Soosh_Eliseu-Antonio-Gomes_Belverede

Em sua conta pessoal no Intagram, Snezhana Soosh compartilha toda a vitalidade de sua obra. Entre outros temas, mostra o pai cozinhando ao lado da filha; penteando seus cabelos; rindo, brincando, caminhando com ela...

pai e filha sombra na parede-Snezhana-Soosh_Eliseu-Antonio-Gomes_Belverede 
pai e filha superman com vassoura na mão-Snezhana-Soosh_Eliseu-Antonio-Gomes_Belverede

pai e filha teatro infantil-Snezhana-Soosh_Eliseu-Antonio-Gomes_Belverede

pai e filha trabalho e lazer-Snezhana-Soosh_Eliseu-Antonio-Gomes_Belverede

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Igreja, a definição bíblica desta palavra e o preconceito do mundo contra ela

Artista: Donald Zolan

"Então Jesus chamou as crianças para perto de si e disse: - Deixem que as crianças venham a mim e não proíbam que elas façam isso, pois o Reino de Deus é das pessoas que são como estas crianças." - Lucas 18.16 (NTLH).

A palavra Igreja tem como sua raiz etimológica o vocábulo Ecklesia, que significa  "assembleia", "ajuntamento"; "tirados para fora". A primeira vez que aparece no Novo Testamento, foi proferida por Jesus, portanto não é invenção de homens, mas gerada por Deus. A citação encontra-se em Mateus 15.15-17.

Deus tem a sua casa aqui na Terra, é a Igreja. Lugar em que a família cristã desenvolve-se no relacionamento com Ele e com os semelhantes. É local consagrado para buscarmos ao Senhor, onde é possível encontrarmos os irmãos, orarmos uns pelos outros, fazer amizades, vivermos em comunhão. Ambiente que oferece conforto espiritual, conhecimento do plano divino para a vida de cada um, onde podemos compartilhar os dons espirituais, os talentos natos, o serviço cristão. A casa do Senhor é o ponto ideal para celebrar a vida de Jesus e nos prepararmos para lutar contra as crises desse mundo caótico.

É importante enfatizar que Deus é espírito, não mora em templos feitos por mãos de homens, assim sendo, as construções civis não são a casa dEle. A igreja verdadeira é constituída de corações convertidos a Cristo, gente que renunciou à vida em pecado. Nós, os cristãos, somos Igreja quando vivemos em santidade e, em nome de Cristo, estamos reunidos com o objetivo de louvar a Deus em espírito e verdade. Quando pessoas se juntam em nome de Jesus, então Jesus se faz presente entre elas e ali Deus ordena a bênção e a vida eterna. Seja em uma reunião no templo, em uma praça ou residência, entre uma multidão incontável ou numa simples roda à três. (João 4.24; Atos 17.24; Mateus 18.20; Salmo 133).

Porém, para muitas pessoas não-religiosas, o significado do vocábulo Igreja é expressado com preconceito. Associam esta palavra com um estilo de vida religiosa errada, nos modos de viver mais esquisitos que se possa imaginar.

Facilmente, observamos tal desvio de exagero retratado em programas de televisão. Na semana passada, estávamos sintonizando um canal que transmitia um programa de aulas de inglês que usa a música como ferramenta de aprendizagem em um palco repleto de jovens; a música em pauta era "Please don't go" (KC & The Sunshine Band). Em determinado momento, a professora disse para a plateia e aos telespectadores: "cantem com sorriso nos lábios para que não pareçam coral de igreja". Claramente, isto é um flagrante de preconceito religioso, pois passa a ideia de que os louvores entoados nos cultos são uma grande chatice.

Entretanto, as novelas brasileiras, filmes de Hollywood e minisséries em geral, são os meios de comunicação que mais deflagram a discriminação religiosa contra o conceito real do que realmente é a Igreja. Muitas vezes, as artes cênicas são ofensivas ao extremo quando produzem algo fazendo abordagens de alguém que, segundo a ótica deles, representa quem viva uma vida em piedade no seio da Igreja.

Parece-me que escritores, produtores de cinema, autores de folhetins e seriados, não são capazes de criar uma personagem próxima à realidade de alguém que possui fé viva e ao mesmo tempo é cidadão útil à sociedade, alguém que goze de prestígio com o (a) esposo (a) e filhos, seja bem-quisto (a) por vizinhos, apreciado (a) pelo patrão porque tem bons resultados no exercício profissional. Aparentemente, na mente desses produtores, a síntese de felicidade é ser uma pessoa ímpia, a impiedade parece traduzir o prazer de estarem vivos, portanto, mostram alguém infeliz quando esta é uma pessoa ligada à Igreja.

Uma dessas visões distorcidas do que venha a ser a vida de uma pessoa que faz parte da Igreja, está representada na personagem Margaret White, a mãe de Carrie, a personagem central no premiado filme de Brian de Palma, Carrie, A Estranha (na versão original de 1976, encarnada pela atriz Piper Laurie). Aquele fanatismo, encontrado na personagem, não representa alguém que é membro de Igreja, demonstra as exceções agregadas ao roll de membros de uma denominação cristã ou simpatizantes dela.

Penso que na concepção desse pessoal, que cria tais coisas estranhíssimas ao universo da Igreja, o cristão ainda vive debaixo da Lei de Moisés. Eles não sabem que a Igreja está sob o manto da graça divina, que é a melhor situação que um ser humano pode experimentar neste mundo físico (Romanos 6.14). Como não entendem as questões espirituais, constroem personagens à beira de ataques de nervos, gente que tenta empreender esforços demasiados para atender uma lista extensa de regras rígidas, que impedem-na de ser uma pessoa feliz e saudável; não entendendo a espiritualidade, inventam figuras vivendo aprisionadas à alienação, incapazes de pensar usando a lógica, portadoras de mentes atribuladas.

Num futuro, que não temos a data especificada, a Igreja, que é composta de cristãos vivos e outros que já dormem, será apanhada num abrir e fechar de olhos por Jesus Cristo e levada aos ares e em seguida levada até o Tribunal de Cristo, quando todos os salvos “verão a sua face”, receberão o prêmio (galardão) que merecem, serão justamente recompensados por cada serviço prestado aqui na Terra e depois permanecerão com o Senhor para todo o sempre felizes (2 Coríntios 5.10; Apocalipse 22.4).

E.A.G.
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Belverede, Eliseu Antonio Gomes, A Casa de Deus,  30 de dezembro de 2014
Belverede, Eliseu Antonio Gomes, CPAD - EBD Juvenís: O arrebatamento da Igreja: esperança do salvo em Cristo, 19 de outubro de 2012.
Belverede, Eliseu Antonio Gomes, A Igreja e a Lei de Deus, 23 de março de 2015

sábado, 23 de janeiro de 2016

A oração que funciona


Jesus e a mulher cananeia

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 "Esforçai-vos, e Ele fortalecerá o vosso coração vós todos os que esperais no Senhor."
 Salmo 31:24
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“Partindo dali, Jesus seguiu para a região de Tiro e Sidom. Uma mulher cananeia, vindo daquelas redondezas, pôs-se a gritar: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada. Contudo, ele não lhe respondeu. Seus discípulos aproximaram-se dele e rogaram-lhe: Manda-a embora, porque vem gritando atrás de nós. Ele lhes respondeu: Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel.

Então, ela veio e, prostrando-se diante dele, disse: Senhor, socorre-me! Ele, porém, respondeu: Não é justo tomar o pão dos fi lhos e jogá-lo para os cachorrinhos. Ao que ela disse: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa do dono. Então Jesus respondeu: Mulher, grande é a tua fé! Seja feito a ti como queres. E desde aquela hora sua fi lha ficou boa” (Mt 15.21-28).

Atitude, humildade, oração e vitória foram algumas das atitudes da mulher cananeia. Ela possuía uma filha cativa por um demônio que a fazia sofrer miseravelmente. Jesus estava passando na região de Tiro e Sidom. Ela estava diante de uma única oportunidade e não a desperdiçou. Não sabemos quantos anos tinha a filha daquela senhora. Mas sabemos que sua mãe tinha um propósito: conseguir a liberdade da filha. Ela não era de Israel. Era estrangeira. Ela não tinha amigos entre os discípulos de Jesus, por isso gritava. Perturbava. E Jesus permanecia em silêncio. Era o Messias; o enviado de Deus exclusivo para Israel.

Os estrangeiros, naquele tempo, não faziam parte da sua missão. A mulher insistia. E quem busca, acha. Quem pede, recebe. E quem bate, a porta abrir-se-lhe-á (Mateus 7.7,8). Ela seguiu literalmente essa receita, sem nunca tê-la ouvido. Buscou, pediu, gritou e bateu. Humilhou-se. Insistiu. Até receber a admiração e o favor do Senhor e a libertação da filha.

Chegou aflita, desesperada. Ouviu palavras duras, mas não desanimou. Saiu chorando, não de tristeza, mas de contentamento. Sua filha estava livre. Ninguém sabe como aquela mulher achou Jesus. Nem ficou evidente quem lhe falou sobre o poder do Senhor sobre os demônios. Também não está escrito como descobriu que a vida miserável da filha era causada por um demônio.

Aquela mulher estava no tempo e lugar certos. Disse Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14.6). “Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jeremias 29.13). Como foi possível àquela mulher conseguir uma bênção tão grande com tão poucas palavras? Oração. Sim, oração sincera. Não aquela oração de desfiar as contas de um terço. Foi uma oração produzida por um espinho na alma, que a fazia gritar e clamar: “Senhor, filho de Davi, tem misericórdia de mim”.

Há muitos que oram, mas não recebem. Não recebem porque oram mal. A oração para ser respondida tem que estar em harmonia, em sintonia com a vontade do Pai Eterno. Bênçãos grandes vêm de grandes orações e não de orações grandes. Você está com um espinho na alma? Sua dor é muito grande? Insuportável? Medite nas atitudes da mulher cananeia. Deixe de lado seus preconceitos, seu status.

Para chegar ao dono das bênçãos é preciso se despojar da soberba, da presunção humana e do pensamento cartesiano. Abra seu coração e clame a Jesus. Entre no quarto e feche a porta. Ajoelhe-se ao pé da cama e fale com Jesus, como se Ele estivesse assentado nela. Insista. Ore hoje. Amanhã. E continue orando. 

Jesus não é uma lenda. Ele é real. É o filho do Deus vivo, que morreu na cruz, mas hoje está vivo, assentado à direita do Pai. Seus ouvidos estão atentos às orações dos que estão necessitados. Desesperados. De corações quebrantados. Mas não basta ser necessitado, estar desesperado ou apenas quebrantado de coração. É preciso ter atitude: buscar, pedir e bater à porta com um coração sincero. Não uma única batida na porta, mas várias. Não um pedido envergonhado, mas um clamor bem alto. Não uma busca de faz de contas, mas verdadeira.

A mulher cananeia não foi a Jesus achando que talvez Ele a atendesse. Ela foi disposta a ser ouvida de qualquer maneira. Não importava ser chamada de filhote de cachorro, desde que alcançasse o direito de comer das migalhas que caiam dos pratos dos seus senhores. E quando o Senhor ouviu essa resposta, se compadeceu da dor daquela mulher, porque viu nela uma grande fé. E fé é a certeza das coisas antes de vê-las (Hebreus 11.1).

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Nenhuma pedra sobre pedra

A destruição do templo de Jerusalém.
Tela de Francesco Hayez 


"O Senhor está no seu santo templo, o trono do Senhor está nos céus; os seus olhos estão atentos, e as suas pálpebras provam os filhos dos homens" - Salmo 11.4.

O templo é considerado como o protótipo terreno de um arquétipo celeste. A presença de Jeová em seu templo na terra não exclui sua presença nos céus, devido ao seu atributo da onipresença.

O período do primeiro templo

A construção do primeiro templo judaico ocorreu durante o reinado de Salomão, e concluída em 957 a. C. A extensão do edifício era menor que a extensão do pátio.

O templo foi construído para ser um domicílio para a Arca, que antes era posta em tenda, e um lugar para as pessoas adorarem a Deus. A tenda e o templo serviam como meios de comunicação com Deus e como uma relação visível entre Deus e Israel (Êxodo 29: 42-46; 1 Reis 8.4).

Este templo foi derrubado em 587 a.C., quando os babilônicos atacaram Israel e levaram os judeus para o exílio.

A profecia de Miqueias

"Portanto, por causa de vós, Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte desta casa como os altos de um bosque" - Miqueias 3.12.

Durante o reinado de Ezequias, Miqueias, cheio de sabedoria, coragem e revestido pela força do Espírito, bradou contra os maiorais de Judá - o rei, os sacerdotes e os falsos profetas -, porque eles eram corruptos e executavam a maldade e se esqueciam da bondade e do direito, por abusarem da autoridade contra o povo.

Naquela geração, a vigência do ministério de Miqueias ocorreu entre 750 e 686 a.C., os sacerdotes e falsos profetas faziam uso da religião para servir-lhes a uma ação pervertida, embora seja o mundo e nunca Deus, o fundamento sobre o qual repousam todas as atitudes perversas. Os sacerdotes deveriam instruir o povo corretamente, pois, com base na Lei de Moisés, para isso eram sustentados dignamente e assim poderiam viver com honra e conforto, mas eles não se satisfaziam com a boa condição estabelecida por Deus e ensinavam de maneira relaxada a audiência e vendiam oráculos para qualquer um que quisesse comprá-los, com o objetivo de ganhar dinheiro. E os profetas fajutos, com interesse de receber benesses em troca, entregavam mensagens agradáveis às autoridades e gente comum do povo, afirmando que tais mensagens mentirosas vinham da parte do Senhor.

Então, ousadamente, Miqueias levantou-se contra este estado de coisas deploráveis, emitiu a sentença divina contra os corruptos e corruptores, afirmando que Sião seria lavrada do mesmo modo que um campo de plantação e seus edifícios seriam queimados até o chão. A profecia não se cumpriu naquele tempo porque ocorreu o arrependimento de Ezequias e do povo. Mas, muitos observam que tal profecia se cumpriu literalmente, na destruição de Jerusalém quando os romanos a invadiram no ano 70 d.C.

O Período do segundo templo

Em 538 a.C, Ciro, o fundador da dinastia aquemênida da Pérsia e conquistador de Babilônia emitiu uma ordem permitindo que os judeus exilados voltassem a Jerusalém para reconstruir o templo. O trabalho foi concluído em 515 a.C.

Antes de os israelitas serem exilados em 587 a.C., o termo "judeus" era considerado apenas como uma nacionalidade, mas após o retorno o judaísmo passou a ser visto também como uma religião. Durante os domínios persa e cultura helenística, os rituais do templo foram respeitados e em parte subsidiado por governantes estrangeiros, de 539-333 por governantes persas.

Em 333 a.C., Alexandre o Grande conquistou a Palestina e o judaísmo sofreu com a influência helenística.

Em 169 a.C., Antioco Epifânio saqueou e profanou o templo ordenando sacrifícios a Zeus em um altar construído por ele, desencadeando a revolta de Judas Macabeus.

O templo construído por Herodes

De grande importância foi a reconstrução do segundo templo. Começou por Herodes, o Grande, rei  da Judeia. A construção começou em 20 a.C. e durou 46 anos. Voltou a ser o centro da vida israelita. Não foi apenas o foco do ritual religioso, mas também o repositório das Escrituras Sagradas e literatura nacional e local de encontro do Sinédrio, o mais alto tribunal da lei judaica durante o período romano.

Durante a conquista romana  (63 a. C.), Pompeu entrou no Santo dos Santos, mas deixou o templo intacto. Em 54 a.C., Crasso saqueou o tesouro do templo.

A profecia de Jesus

"Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada" - Mateus 24.2. Jesus Cristo, ao sair com seus discípulos do interior do templo, estando com eles no pátio do mesmo, comentou sobre a destruição de Jerusalém e daquela monumental construção de Herodes, aludindo à profecia de Miqueias (3.1-11).

O templo era o lugar de adorar a Deus e oferecer sacrifícios. O Mestre não era contra o templo, que simboliza a relação do Senhor com seu povo, a fala do Mestre deve ser relacionada com a cena em que Ele expulsou os vendedores da casa de Deus e os acusou de transformá-lo em esconderijo de ladrões (Mateus 21.13).

Aos discípulos que o acompanhavam, quis explicar-lhes que não deveriam esperar a restauração do reino de Davi, que a demolição do prédio não significava o final do relacionamento entre Deus e as pessoas, pelo contrário, era o começo de uma relação mais profunda de amor eterno, não mais baseada em rituais de sacrifícios de animais, mas na fé, cuja estrutura não é construída de pedras, não é física, é espiritual.

A destruição do segundo templo ocorreu durante a rebelião contra o domínio romado sobre Israel. Em 70 d.C, os romanos, comandados por Tito, destruíram completamente Jerusalém e os edifícios do templo. Através de escavações arqueológicas em 1968, descobriu-se que até mesmo as pedras - algumas delas mediam 11,5 metros de cumprimento; 3, 7 de altura; e e 5,5 de altura - foram derrubadas pelos invasores e separadas umas das outras à força, para achar as sobras das folhas de ouro do teto que se derreteram quando o templo foi incendiado.

Templo é dinheiro?

Como cristão é importante frequentar um templo evangélico, para confraternizar com outros cristãos, e ser contribuinte, contribuir financeiramente para que haja a manutenção do templo e possa haver obras sociais, iniciativas de evangelismos e missões transculturais.

Em determinadas denominações do meio cristão, é de assustar o que temos observado. Deus, que é Senhor e deve ser tratado como tal, é apresentado como se fosse servo, o garçom remunerado para atender aos desejos das classes média e baixa, afundadas em dívidas, insucessos nos negócios e que procuram ascender economicamente; e, ainda, como o terapeuta que presta serviços, se for pago, aos que estão em conflito amoroso.

Logicamente, cremos que  Deus é o nosso "socorro na hora da angústia" (Salmo 46.1). Mas, é necessário declarar que Deus não pede dinheiro para realizar milagres, espera a conversão genuína e o sincero arrependimento dos pecados. O socorro material e financeiro, o amparo às frustrações emocionais, amorosas, psíquicas, relacionais e até espirituais são encontradas em consequências de estar aos pés de Cristo.  Sendo Deus o nosso Senhor e não o nosso subalterno,  a resposta de nossas orações nem sempre são exatamente da maneira que esperamos,

Sim, quando usamos fé e praticamos os ensinamentos da Bíblia, quando as Escrituras não são manipuladas tirando textos de seus contextos, todo cristão é um verdadeiro vencedor em Cristo. Contudo, a vitória não significa alcançar todos os sonhos, mas, sim, tudo o que necessitamos.

A busca da vitória sobre os males não pode ser vinculada às entregas de dinheiro, ofertas e dízimos entregues nos templos. Esta estratégia, adotada por alguns pregadores, para incentivar a arrecadação da contribuição financeira, é antibíblica e anticristã. Jesus e os apóstolos nunca propuseram a troca de favores divinos por dinheiro, e não orientaram a fazer esta proposta como condição para orar e curar enfermos ou libertar endemoninhados.

O templo: habitação de Deus

"Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" - 1 Coríntios 3.16. Em sua carta aos crentes de Corinto, Paulo informa que cada cristão é um templo do único Deus vivo. Tal qual Deus se fez notado no templo judaico, tomou possessão dele por meio da nuvem que era o símbolo da sua presença entre os judeus, de igual modo Cristo, pelo seu Espírito habita em todos os verdadeiros cristãos. Isto é, os cristãos são santos pela fé e devem ser puros e limpos tanto no coração quanto nas conversas. Todos os cristãos são separados do mundo e apartados para Deus e para sua obra. Portanto, o seguidor de Cristo deve abominar e evitar tudo aquilo que contamina a degrada o que deve ser consagrado a Deus.

"Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta. O céu é o meu trono, e a terra o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis? diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso?" - Atos 7.48-49. Aos seus algozes, Estevão fez saber que a glória de Deus não está restrita aos templos edificados por seres humanos. Ainda que o templo físico seja posto por terra, a glória do Senhor permanece intocável.

"O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens" - Atos 17.24. Paulo, ao discursar aos atenienses idólatras, metidos no politeísmo, os convidou a adorar o único Deus vivo e verdadeiro, que criou o mundo e o governa. Argumentou que pelas operações de uma força infinita, de acordo com a existência de uma sabedoria infinita, no início dos tempos, Deus fez o mundo e tudo que nele existe. Apenas Deus é o Senhor do céu e da terra, isto é, o legítimo dono e possuidor de todos os seres, poderes e riquezas do mundo superior e inferior, material e imaterial, visível e invisível.

Enfim, todo aquele que reconhece a Jesus Cristo como Senhor e Salvador pessoal, necessita reconhecer que o seu coração é a morada do Deus Altíssimo, e que para glorificá-lo necessita manter-se afastado das práticas desse mundo contaminado com sentimentos egoístas, perversos, negativos.

E.A.G.

Com informações de:
Bíblia de Estudo NVI,  páginas 1657, 1658, 1704, São Paulo, edição 2003, (Editora Vida).
Bíblia de Estudo Matthew Henry, página 1349, 1350, 1730, 1856, edição 2015, Rio de Janeiro (Editora Central Gospel).
DeliriumsRealm - Essays on Good & Evil,  Brief History of Judaism, www.deliriumsrealm.com/brief-history-judaism/ 

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O livro de Levítico, o terceiro livro da Bíblia Sagrada

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O livro de Moisés intitulado Levítico, recebe seu nome em português derivado da Septuaginta (LXX, a mais antiga tradução grega do Antigo Testamento), e significa Relativo aos Levitas. Entretanto, seu título em hebraico original é a primeira palavra do texto hebraico da obra, e comunica o seguinte: "E, ele, Yahweh, chamou"

Em mais de cinquenta passagens neste livro afirma-se que Yahweh, o Senhor, falou tais palavras a Moisés, que as anotou pessoalmente, ou mandou registrar (4.1; 6.1; 8.1; 11.1; 12.1). O próprio Messias, Jesus Cristo, também atestou a autoria mosaica de Levítico (Marcos 1.44 em relação a Levítico 13.49.

Embora o livro não trate exclusivamente dos deveres especiais dos levitas, recebe esse nome porque diz respeito, sobretudo, ao culto de adoração no Tabernáculo, dirigido pelos sacerdotes, filhos de Arão, em cooperação de muitos membros da tribo de Levi.

A Palavra expressa no livro de Levítico registra as leis e as ordenanças para o estabelecimento do culto à pessoa de Deus que se realizará nas dependências desse espaço santo denominado Tabernáculo (Tenda, Casa, Templo), incluindo-se as instruções sobre a purificação cerimonial, as leis morais, os dias consagrados (santos), o ano do shabbãh, sábado, e o Ano do Jubileu. Essas leis foram outorgadas, em sua maior parte, no ano em que o povo de Israel estava acampado no monte Sinai, quando o Deus deu ordens expressas a Moisés sobre como organizar a adoração, o governo e as forças militares de Israel.

Levíticos é um dos livros mais difíceis de se ler no Antigo Testamento, nele há poucas narrativas e personalidades. Não há poesia. É repleto de regulamentos, rituais, estatutos meticulosos. Leis apresentadas ali é de difícil compreensão para quem vive nos dias atuais. Muito leitores decididos a ler a Bíblia inteira desanimam nas páginas de Levíticos. A grande quantidade de detalhes pode aborrecer ao leitor que não sabe para onde as simbologias apontam. Portanto, é recomendável efetuar a primeira leitura com vista ao ângulo panorâmico, e somente após ter conhecido todo o livro, retomar à leitura para. prestar atenção às minucias.

Os rituais por que Israel teria que passar são uma demonstração dos terríveis perigos e efeitos danosos do pecado. Eles sublinham a realidade de que um só pecado pode contaminar todo o nosso ser, assim como uma gota de veneno se dissolve completamente dentro de um copo d'água.

Através do tema central do livro, que é a santidade, o livro tem uma grande lição para os israelitas e para nós (11.44). Os ritos e cerimônias da religião judaica nos fazem lembrar que Deus é um Deus santo, e que nada contaminado pelo pecado pode permanecer em sua presença.

Todos os rituais e ofertas da religião judaica nos fazem olhar para o Cordeiro de Deus, ao sacrifício de Jesus Cristo na cruz do Calvário para nos salvar. Precisamos recordar que Deus nos deu uma maneira diferente de lidar com o pecado. Agora, já não mais com sacrifícios, mas por meio da morte de seu Filho temos condição de nos aproximar dEle.

Bíblia Devocional de Estudo, páginas 135, 136, edição 2000, São Paulo, Fecomex.
Bíblia Sagrada King James - Edição de Estudo, página 149, edição de julho de 2013, Abba Press Editora e Divulgadora Cultural Ltda, Sociedade Bíblica Íbero-Americana.
Surreal Paintings, Mihai Criste - http://mihaicriste.blogspot.com.br/

sábado, 10 de maio de 2014

Mães cristãs

O que a Bíblia diz sobre mães cristãs? 

A Bíblia não afirma que toda mulher deve ser mãe. No entanto, diz que aquelas que o Senhor abençoa a ser mães devem assumir a responsabilidade seriamente, pois é um papel importantíssimo que o Senhor dá às mulheres, fundamental na vida de seus filhos.

As crianças são presentes do Senhor, são seres humanos frágeis que merecem receber ternamente apoio verbal constante, a amizade dos adultos (Salmos 127.3-5).

A maternidade não é tarefa fácil e nem sempre tarefa agradável. A mulher cristã sabe que é primordial manter a presença na vida dos filhos, ter dedicação plena desde o período da gravidez até a fase adulta, quando eles tornam-se cidadãos independentes.

No texto de Tito 2.4 encontramos a recomendação bíblica para que as mães amem seus filhos. No original grego encontramos a palavra "philoteknos" ao verbo amar, que significa um tipo de amor especial, o "amor de mãe". A palavra carrega a ideia da mãe amorosa com seus filhos, aquela que estabelece uma convivência em que há carinho com a criança, abraçando-a, alimentando-a em horas regradas, disponibilizando muito cuidado em todas as suas necessidades, proporcionando um ambiente de liberdade com responsabilidade. 

A Bíblia Sagrada traz outras orientações sobre o exercício da maternidade: 

A mãe cristã é exemplo de integridade, é modelo de comportamento correto, pratica o que ensina,  dando aos seus filhos a oportunidade de observar dentro do lar o exemplo da vida em piedade (Deuteronômio 4.9, 15, 23; Salmo 37.18, 37; Provérbios 10.9; 11.3;  2 Timóteo 1.7, Efésios 4.29-32; 5.1-2; Gálatas 5.22; 1 Pedro 3.8-9).

A mãe, e o pai também, precisa manter o máximo de disponibilidade à vida dos filhos, estar junto deles durante a fase do desenvolvimento físico e psicológico, para ensiná-los sobre a vontade do Senhor.

É preciso educar a criança segundo a doutrina bíblica, com firmeza e afetuosidade, com conversa e interatividade, transmitir a ela o temor do Senhor sem provocar nela sentimentos negativos (Deuteronômio 6.6-7; Provérbios 13.24; 19.18; 22.15; 23.13-14; 29.15-17; Efésios 6.4; Hebreus 12.5-11).

É necessário apresentar à criança a cosmovisão bíblica, fazê-las ver suas habilidades naturais e auxiliá-las a desenvolver e entender que seus talentos natos podem ser usados como ferramentas à Obra do Senhor. Também, informá-las sobre a disponibilidade de dons espirituais, que elas podem ter acesso após o batismo no Espírito Santo, para que por meio deles tenham a capacidade de abençoar os irmãos em Cristo de maneira sobrenatural (Deuteronômio 4.10;  Salmos 78.5-6; Provérbios 22.6; Romanos 12.3-8; 1 Coríntios 12).

Um dia, aquele filho, ou filha, que foi docemente embalado nos braços, cercado de atenção, entra na fase da juventude e da adolescência, depois, amadurece e torna-se um cidadão, ou cidadã, independente e sem ligação com o "cordão umbilical", transformando-se também em uma pessoa que gerou outra pessoa. Nesta fase, a mãe cristã já pode dar-se à licença de descansar dos cuidados básicos, mas jamais poderá esquecer-se que o dever de demonstrar afeto e encorajamento maternos nunca cessa.

E.A.G.

Texto adaptado do artigo What does the Bible say about Christian mothers?, publicado em Got Questions ? Org

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

O coelho na orelha de Nelson Mandela

A escultura feita de bronze de Nelson Mandela, anunciada como a maior representação de sua figura, com 9 metros de altura, esculpida durante o funeral do líder sul-africano - erigida com os braços estendidos, simbolizando a dedicação de Mandela para a inclusão de negros numa sociedade que privilegiava apenas os brancos - tem um capricho dos artistas que a construíram. E aparentemente ninguém sabia que haveria tal inclusão pitoresca..

A estátua foi inaugurada pelo presidente Jacob Zuma no dia 16 de dezembro, está localizada nos jardins do Union Buildings, sede da presidência sul-africana em Pretória, um dia após o funeral de Mandela. Foi descoberto que na orelha direita, discretamente posicionado, está esculpida a miniatura de um coelho. O bicho tem a metade do tamanho do orifício da orelha, está sobre duas patas, voltado como que a olhar para fora.

Segundo Paul Mashatile, ministro da cultura e artes, os artistas, Andre Prinsloo e Ruhan Jansen van Vuuren, cidadãos pertencentes à minoria branca da África do Sul, foram selecionados por seu talento, mas também porque o projeto tem o espírito de anunciar o principio de reconciliação entre negros e brancos, o esforço de Mandela para haver a sociedade multi-racial. Dali Tambo, figura ligada ao movimento anti-apartheid, considerou o ato ofensivo e comparou-o a colocar um rato dentro do nariz de uma estátua de Barak Obama. 

Os escultores se recusaram a falar sobre o assunto para os jornalistas da Associated Press. Um jornal local divulgou que os artistas haviam revelado que o animal era uma espécie de "marca registrada", que haviam decidido fazê-la após o governo recusar que eles gravassem seus nomes na altura da calça da estátua. Disseram também que a escolha do coelho seria porque ele simboliza a pressão que receberam para terminar a obra em tempo reduzido, pois coelho (haas) no idioma africâner também significa "pressa". 

O porta-voz do departamento de artes do governo de Pretória se pronunciou declarando não saber que os escultores Andre Prinsloo e Ruhan Jansen van Vuuren tinham acrescentado à obra o bicho. Em nota, o departamento anunciou que está em discussão uma forma de fazer a retirada sem causar nenhum dano à estátua, considerada motivo de orgulho para todo o povo da África do Sul.  O Ministério da Cultura  E Artes declarou que  Prisloo e Vuurem pediram desculpas aos que consideraram o coelho como uma maneira desrespeitosa ao legado de Nelson Mandela.

E.A.G.

Com informações de Associated Press via Harold-Mail-Media - www.heraldmailmedia.com/news/nation/rabbit-carved-into-ear-of-mandela-statue-causes-controversy/article_84875658-8373-11e3-96d7-001a4bcf6878.html