Pesquise sua procura

Arquivo | 14 anos de postagens

Mostrando postagens com marcador Etimologia Bíblica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Etimologia Bíblica. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 20 de março de 2015

A tentação de Eva - Gênesis 3.6



Nesta semana, por conta de preparar matéria de escola dominical, cujo tema é "cobiça", fiz uma pesquisa buscando a raiz etimológica do verbo "cobiçar". O resultado da averiguação talvez tenha uma pitada de surpresa para alguns leitores da Bíblia Sagrada. Assim como a definição que acostumamos usar no idioma português, no hebraico também existe o sentido positivo ao vocábulo. Existe a "cobiça boa", que não vai contra as determinações do Decálogo.

Não cobiçarás

Sobre Gênesis 3.6, precisamos analisar em detalhes. Começa assim. “E vendo a mulher...” A vogal “e” nos remete aos versículos anteriores, porque exerce a função de conjunção aditiva, une a oração com as orações anteriores. O que encontramos nos versículos anteriores? Lemos que a serpente conquista a atenção de Eva para as árvores existentes no Éden induzindo-a a pensar que o Criador mentiu sobre a questão da morte se ela comesse o fruto proibido. A narrativa bíblica mostra que Eva só passou a ter o interesse especial pela árvore após o diálogo com a serpente.

Vale frisar que o Diabo se aproximou de Eva como se fosse uma das animálias daquela região em que Adão e Eva viviam, nada é dito sobre o tentador apresentar-se a ela dizendo de sua origem e rebelião contra o Criador. Ou seja, estava disfarçado.

Sobre o verbo "ver", no idioma hebraico, a palavra não possui sentido negativo, não possui sentido de “cobiça” entre as suas definições. Depois que Eva teve sua atenção despertada pela serpente, observou o fruto, contemplou-o com olhar de admiração (cogito que seria muito bonito), viu o fruto discernindo que ele era bom, da mesma maneira que o Criador fez tudo e em seguida discerniu o resultado de tudo que criou e declarou que todas as coisas feitas eram boas.

Mas, na continuidade de Gênesis 3.6, encontramos o adjetivo “desejável”, que entre suas definições em hebraico tem o sentido de cobiça. E o texto bíblico afirma: “árvore desejável para dar entendimento”. O erro de Eva foi acreditar na serpente, que lhe disse que o fruto lhe daria mais conhecimento do que possuía, que a partir daquela refeição ficaria mais sábia. Não foi isso que o Criador afirmou em Gênesis 2.17, apenas informou que se Adão comesse ele morreria. Aliás, quando Deus emitiu a proibição Eva ainda não havia sido criada.

► Assunto relacionado: Árvores da Bíblia
► Assunto relacionado: Hamartiologia - a doutrina do pecado
► Assunto relacionado: Vida Conjugal

E.A.G.

sábado, 27 de dezembro de 2014

O tempo da profecia de Daniel

Por Eliseu Antonio Gomes

Aos leitores de Belverede, professores e alunos de Lições Bíblicas, a todos aqueles que amam a Deus, é necessário declarar que chegamos até aqui com a mente aberta ao fato de que em relação às questões proféticas existem "opiniões diferentes" e tudo que conhecemos é "em parte".

Por este motivo,  a Bíblia nos orienta:

"Cada um tenha a sua opinião muito bem definida em sua mente..." - Romanos 14.5.

"... nada julgueis antes do tempo" - 1 Coríntios 4.5.

O capítulo 12 de Daniel apresenta dois mundos: o material, ao abordar a libertação de Israel, e o espiritual, ao mostrar a atuação dos anjos.

Em Daniel 12.1, lemos "naquele tempo", anunciando a ajuda de Miguel (já citado em 10.13,21). A expressão se refere ao período da Grande Tribulação, se aplica ao começo e o término do conflito mencionado no capítulo anterior. Embora a função do anjo seja proteger, a profecia anuncia que ele não livraria o povo de Deus de ter que suportar o sofrimento, apenas que ele os livraria em meio ao sofrimento (Marcos 13.9; Apocalipse 12.7).

O esclarecimento de Daniel 12.2. O texto refere-se em primeiro plano à guerra entre Antioco Epifânio e os judeus macabeus, mas também estende-se ao fim dos tempos, quando o Anticristo travará guerra com os judeus no período da Grande Tribulação. Nestes dois momentos da História, a perseguição é de maior desconforto aos indecisos, faz com que eles se posicionem, é momento quando são obrigados a entrarem claramente em acordo com o regime pagão/anticristão ou provem que são realmente fiéis à aliança com Deus.

A ressurreição dos mortos. Uma das maiores dificuldades dos discípulos de Jesus foi a de entender que o Reino de Deus não era deste mundo. Não por acaso, quando Jesus partiu para ser crucificado seus discípulos o abandonaram. Eles não suportaram a decepção de ver o representante "do reino de Israel" morrer sem estabelecê-lo na Terra. Os discípulos só compreenderam a mensagem de Jesus depois de caminhar três anos com Ele e após sua ressurreição.

O segundo versículo do capítulo 12 de Daniel é a revelação mais clara da doutrina da ressurreição dos mortos no Antigo Testamento: "E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno". O texto descreve o resultado final da luta tanto de piedosos quanto de ímpios, que serão mortos, ficando entre os que dormem no pó da terra (Gênesis 3.19; Salmo 22.29). A razão do profeta usar o verbo "dormir" em lugar de "morrer" é para nos aproximar da ideia da ressurreição daqueles que deixaram de existir na esfera física. A palavra "muitos" no hebraico (habbîm) não é um paralelo com o sentido no idioma português, tende a significar "todos", como em Deuteronômio 7.1; Isaías 2.2. Esta citação nos lembra que é Cristo que trouxe à luz a vida e a incorrupção (2 Timóteo 1.10). 

As Escrituras Sagradas afirmam que os justos e os injustos que foram mortos serão ressuscitados para estar diante do Senhor.  Muitos crentes têm dificuldade de entender a ideia da ressurreição do corpo no Antigo Testamento (Confira em: Jó 19.25-27; Daniel 12.1-3). Apesar disso, a Bíblia confirma a realidade da ressurreição tanto no Antigo quanto no Novo Testamento (ver: Mateus 22.23-32; João 6.39, 40, 44, 54; Atos 17.18; 24.15; 1 Coríntios 15.17, 22; 2 Timóteo 2.18).

A doutrina da ressurreição de Jesus e do corpo é o fundamento da fé cristã e da esperança da Igreja. A ressurreição de Cristo dentre os mortos confirma e renova a nossa esperança que Ele voltará.

Daniel 12.3: "os sábios resplandecerão como o fulgor do firmamento". Não há razão para restringir o termo "sábio" aos heróis martirizados na guerra macabéia (11.35). O termo sábio (maskilîm) tem a mesma raiz do verbo "entender". O entendimento é dado por Deus e deve ser passado adiante a outros, os cristãos devem dar cuidadosa atenção às Escrituras Sagradas, no discurso e na prática, pois Bíblia contém a sabedoria de Deus (Daniel 9.22; 11.33).

Daniel 12.4: "fecha essas palavras e sela este livro". Encerrar implica em guardar a salvo até o tempo em que o conteúdo for necessário. Selar tem os sentidos de autenticar e preservar intacto. No caso de uma tabuinha, deveria ser colocada dentro de uma espécie de "envelope" de barro selado no qual era sumariado o seu conteúdo, na hipótese de falsificação a cobertura de barro poderia ser quebrada para uma verificação (Jeremias 32.11, 14). No caso de rolos de papiro. selar então implicava em fazer cópias, deixando apenas uma aberta e as outras guardadas do conhecimento geral, tal qual fez Isaías ao guardar o seu ensino dentro do círculo de seus discípulos (Isaías 8.16).

Não se pretende dizer que a selagem do livro de Daniel fosse literal, pois não há informação que a profecia de Isaías tenha sido guardada em segredo no sentido dela ter sido escondida, em proibição de lê-la, e nem que os últimos quatro capítulos de Daniel fossem tratados de modo diferente do restante do livro.

A multiplicação da ciência refere-se ao aumento sobre o conteúdo expresso da profecia de Daniel, não tendo relação alguma com o avanço da ciência formal. Deus revelou seu propósito aos profetas, porém, estes não deveriam colocar a revelação pendurada em cartazes para que todos pudessem ver. Aqueles que procurarem ao Senhor na Palavra o procurarão no lugar certo, e se se mantiverem firmes na fé o encontrarão  (Jeremias 29.13; Amós 8.12).

Verso 7: a figura celeste levanta as duas mãos e emite promessa de que todos os detalhes da profecia seriam cumpridos. Era usual ao prestar um juramento solene que se levantasse apenas uma das mãos (Gênesis 14.22; Êxodo 6.8; Ezequiel 20.5). Levantando as duas mãos, o mensageiro deu a Daniel a plena garantia da verdade de tudo que havia afirmado.

Os anjos são espíritos ministradores, eles agem em favor de Israel e da Igreja de Cristo, desde os tempos bíblicos aos dias de hoje, agirão com este mesmo objetivo também no futuro.

Em 12.8-9, Daniel deixa transparecer sua humildade. Ao relatar estar confuso o profeta demonstra ser humilde. Inúmeras vezes o orgulho impede pessoas de aprender porque não permite-lhes que perguntem, para que transpareça saber mais do que sabem.

Daniel viu e não entendeu, queria entender o significado pleno da revelação e então sentiu a necessidade de perguntar e perguntou: "Senhor meu, qual será o fim dessas coisas?" Ao passo que não obteve resposta clara: "Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até o tempo do fim." A profecia deveria ser fechada e selada, então o significado não é explicado ao profeta. Diante do exemplo, nos resta reconhecer a nossa finitude quanto àquilo que não sabemos.

É importante considerar que uma palavra profética pode não significar nada ao ouvinte, até que seu conteúdo se cumpra. A palavra profética não supre informações antecipadas a partir das quais seja possível elaborar projetos a partir dela.

Versículos 10 a 13: o fim dos dias é a  ocasião em que Deus fará com que o seu Reino triunfe sobre todos os poderes do mal. O simbolismo numérico, típico do livro, cria uma informação enigmática para os diversos intérpretes da obra de Daniel.

O profeta termina descrevendo um tempo de angústia, sofrimento, genocídios e atrocidades perpetradas por ímpios que não conhecem a Deus e não respeitam a dignidade humana. Porém, em meio ao caos descrito há promessa de intervenção divina na História. "Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão" - Daniel 12.10.

Jesus Cristo voltará. O castigo dos ímpios, o estado eterno de justiça, você crê nessas promessas? Diante dessas perguntas temos que manter a consciência de que vivemos em um período materialista e consumista cujo objetivo é nos afastar da vontade de Deus.

O regime vigente é um sistema dirigido pelo príncipe deste mundo, antecede ao ambiente do governo do Anticristo. Nos  dias atuais, em muitas situações parece que o povo que serve a Deus vive em condições de derrota. Porém, o crente que em meio aos falsos profetas, iniquidades e falta de amor, perseverar em fé e fidelidade ao Senhor até o fim será salvo, porque o nosso Deus é o dono da História ((Jeremias 29.13; Mateus 11.28; 24.13).

São bem aventurados todos os que esperam no Senhor e atendem ao chamado de Jesus. Todas as pessoas que ainda não confessaram seus pecados não tiveram seus pecados perdoados e portanto ainda não são filhos do Pai Celestial, portanto precisam aproximarem-se da graça de Deus e seguirem a Jesus para serem salvas da perdição eterna. E todas as pessoas que já aceitaram a Jesus como Senhor, são propriedades de Jesus e precisam segurarem-se firmes na graça do Senhor até o fim de sua existência neste mundo, ou até o advento do Arrebatamento da Igreja.

Conclusão

As profecias escatológicas não foram escritas com o objetivo de causar pânico aos leitores, mas trazer esperança. Elas mostram que Deus é Onipotente, Onisciente e Onipresente, é amor, jamais abandonará os crentes fiéis,  e nunca será pego de surpresa por qualquer fato histórico.

"Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias" -Daniel 12:13. O profeta estava idoso, era natural que estivesse cansado e apreensivo quanto ao futuro diante das revelações que recebera. O último versículo do livro são palavras de conselho e encorajamento: ir até o fim de sua existência neste mundo vivendo em confiança em Deus.

E.A.G.

Postagem paralela: Bondade e justiça de Deus no juízo final

Compilações em:
As profecias de Daniel - Perspectivas de futuro, Norbert Lieth, página 236,  edição 2014, porto Alegre (Actual Edições) 
Ensinador Cristão, ano 15, página 42, outubro-dezembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições Bíblicas - Mestre, Elienai Cabral, 4º trimestre de 2014, páginas 90 e 91, 93, 95, 96  Rio de Janeiro (CPAD). 
Daniel - Introdução e Comentário, Joyce G. Baldwin, páginas 215, 216, 218, 220; 1ª edição 1983, reimpressão 2008, São Paulo (Vida Nova) . 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

O propósito da tentação

Por Eliseu Antonio Gomes

O que é uma tentação no sentido bíblico?

Tentar é provar. A ideia bíblica da tentação não é primariamente a de sedução, conforme o conceito moderno, mas a de pôr  uma pessoa em prova, de sujeitá-la a um teste, o que pode acontecer com o propósito benevolente de provar ou melhorar sua qualidade, ou então com o objetivo malicioso de mostrar a sua fraqueza ou levá-lo a cair na armadilha de fazer uma ação má. Somente mais recentemente é que a palavra carrega o sentido limitado de testar com má intenção.

Há dois aspectos da tentação: o sofrimento e a sedução: tanto a perseguição quanto o desejo de pecar são provações.

Os verbos hebraicos "mãsâ" (costumeiramente traduzido como "tentar") e "bãhan" (provar, testar) são usados na Bíblia como metáfora, baseada na refinação de metais. A Septuaginta e o Novo Testamento usam como equivalentes de "peirasmo", os verbos "(ek)  peirazo" e "dokimazo", este último correspondente a "bãhan".

O substantivo locativo, hebraico, "massá" transformou-se em um memorial permanente da tentação contra Deus, atitude considerada irreverência extrema, proibida por Deus (Deuteronômio 6.16; Mateus 4.7; 1 Coríntios 10.9 e versos seguintes).

O apóstolo Paulo recomenda que o homem teste ("dokimazõ) a si mesmo antes de participar da Santa Ceia, para não se iludir com seu estado espiritual (1 Corintios 11.28); e também testar o seu trabalho, a fim de que não se desvie e perca seu galardão (Gálatas 6.4).

A origem da tentação (má intenção)

Embora Tiago tenha escrito aos cristãos perseguidos, não aborda de maneira abrangente a tentação originada da perseguição religiosa, quando a própria vida é colocada em risco de ser ceifada e o cristão perseguido pode se sentir tentado a negar sua fé. Ao líder da igreja de Esmirna, Cristo afirmou o seguinte a esse respeito: "Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida" - Apocalipse 2.10.

Tiago 1.13-21 nos ensina que a tentação não vem de Deus, tampouco afirma que vem do diabo, mas dos desejos descontrolados (concupiscências) do ser humano. O aspecto da tentação abordado por Tiago tem origem no coração humano, vem de maus desejos interiores. Começa com um pensamento mau, e se torna pecado quando alimentado e permitimos que se transforme em ação.

Jesus Cristo descreveu as más ações de quem cede aos desejos desenfreados: crimes de morte; adultérios, imoralidades sexuais; roubos; mentiras e calúnias (Mateus 15.19, NTLH); e Paulo também mencionou a tentação transformada em pecado ao catalogar as obras da carne: imoralidade sexual, impureza, ações indecentes, adoração de ídolos, feitiçarias, inimizades, brigas, ciumeiras, acessos de raiva, ambição egoísta, desunião, divisões, invejas, bebedeiras, farras, e outras coisas parecidas (Gálatas 5.19-20, NTLH).

Deus testa as pessoas, mas jamais induzindo-as a pecar. Ele permite a Satanás tentar - a revelação mais clara é a experiência de Jó - com a finalidade de refinar a sua fé e ensiná-las a crescer em sua dependência a Cristo. Permite que aconteçam momentos de provas, colocando o seu povo em situações que revelam a qualidade de sua fé e devoção afim de que possam ver o que está em seus corações. Conferir: Gênesis 22.1; Êxodo 16.4; 20.20; Deuteronômio 8.2, 16; 13.3; Juízes 2.22; 2 Crônicas 32.31; Jó 1.6-12.

O propósito da tentação/provação

Tiago faz uma explanação competente no que que diz respeito às questões que envolvem o crente. No capítulo 1, além de destacar a importância da sabedoria, perseverança, fé, conduta em humildade, nos versículos 2-4; 12-15, leva o leitor a tomar consciência da necessidade de conviver com as provações de forma alegre, visto que todo crente deve saber que não vem sobre ele nenhuma provação sem que, primeiro, passe pelo crivo do Senhor, por mais que sejam ardentes.

Podemos observar que a provação muitas vezes traz proveito, se não material, ao menos moral. Quando as pessoas passam pelas provações com Deus, desenvolvem paciência, serenidade de espírito, coragem, resolução, habilidade. Por isso, podemos considerar a provação como uma situação vantajosa, sabendo que dela resultará benefício espiritual (versos 2-4).

Conclusão

É possível que o pobre possa ser provado com inesperada riqueza e o rico passar pela prova da pobreza inesperada. Orientações para vencer as provações: Mateus 4.1-11; 1 Corintios 10.13; 2 Timóteo 2.22.

Ao ser derrotado pela tentação, o caminho certo para se consertar é não usar desculpas, como: não foi possível evitar, alguém o induziu ao erro, todos fazem o mesmo, ninguém é perfeito, não sabia que era errado, a culpa é do diabo, a culpa é de Deus. No momento do fracasso, é preciso ser humilde e assumir a responsabilidade pelo ato falho cometido, confessá-lo e pedir perdão a Deus e não voltar a cometê-lo (Provérbios 28.13; 1 João 1.9). Misericordioso, o Senhor levanta o caído, o pecado é esquecido e ele pode seguir adiante de cabeça erguida (Salmos 34.18; 51.7, 17; Isaías 1.17-18).

A coroa da vida pode ser comparada com a coroa da vitória dada aos atletas vencedores (1 Corintios 9.25). Porém, a coroa celestial não é glória e honra aqui neste mundo, mas a recompensa irrevogável de receber a oportunidade de viver com Deus para sempre, a vida eterna.

Bem-aventurado aquele que experimenta e vence a provação, pois morará no céu (Tiago 1.12).

Podemos resistir à tentação de pecar. O melhor momento para deter uma tentação é antes que esta esteja demasiadamente forte ou se mova demasiadamente rápido e dificulte ser controlada.  A estratégia eficaz para vencer a tentação é amar a Deus e permanecer atento à Palavra, apenas desta maneira o crente tentado poderá fazer parte do feliz grupo de vencedores.

E.A.G.

Compilações de:
A Bíblia Explicada - S. E. McNair, 12ª edição em 1997, página 478, Rio de Janeiro (CPAD). 
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, página 1753, edição 2004, Rio de Janeiro (CPAD).
Ensinador Cristão, ano 15, nº 58, abril-junho de 2014, página 15, A Carta de Tiago - Eliezer de Lira e Silva, Rio de Janeiro (CPAD).
O Novo Dicionário da Bíblia, volume III, página 1580 e 1581, edição 1981, São Paulo (Edições Vida Nova).

sábado, 14 de junho de 2014

Aba Pai

Alguns cristãos ao orar, sentem-se constrangidos pela linguagem corporal da oração. Devemos nos ajoelhar? Fechar os olhos? Usar uma abordagem formal ou casual? Qual o estilo apropriado de oração? A própria Bíblia inclui uma grande variedade de estilos. Pedro ajoelhava-se. Jeremias ficava em pé. Neemias sentava-se. Abraão prostrava-se em terra e Elias colocava o rosto entre os joelhos. Maria orava em forma de poesia e Paulo inseria cantos em suas orações.

O exemplo de Cristo

Jesus sabia que estava próximo da morte física. A morte não o horrorizada, talvez o motivo e o modo o incomodassem - morrer como um bandido, uma pessoa rejeitada por todos (Isaías 53; Romanos 8.15;  Gálatas 4.6). Então, depois de Jesus curar os incuráveis, perdoar os imperdoáveis, angustiado, curva-se no chão do jardim do Getsemâni e fala com Deus.

"E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres" - Marcos 14.36.

O texto original de Marcos 14.36 traz a palavra aramaica Abba e a palavra grega Páter. "Ambas significam "pai". Os vocábulos são encontrados três vezes no Novo Testamento um ao lado  do outro. Além do texto supracitado, está em Romanos 8.15, quando Paulo faz menção para nos dizer que o Espírito nos torna filhos de Deus e nos enche de fervor para nos dirigirmos a Deus chamando-o como Abba Pai; e, em Gálatas 4.6, o apóstolo afirma que o Espírito de Cristo exclama Abba Pai no coração dos cristãos.

Para compreender o termo "pai" na Bíblia, devemos estar dispostos a explorar a cultura hebraica, diferente da nossa. "Abba", palavra aramaica, o idioma original de Jesus, era usada no círculo mais íntimo dos judeus, era a expressão carinhosa como as famílias judias na Palestina, na época de Cristo, se referiam a pessoa do pai, especialmente pronunciada pelas crianças pequenas quando queriam dizer "papai", ou, "meu querido pai". A expressão revela relacionamento respeitoso, amigo, fraterno, laço afetuoso de pai para filho e de filho para pai. 

Cristo usou o termo "abba" em suas orações e ensinou os seus discípulos a considerarem o Deus Altíssimo e Todo Poderoso como "nosso pai querido" ou "papai" numa clara alusão à  forma amorosa e sincera como Deus convive com seus filhos. Ao empregar o termo Abba Pai, Jesus surpreendeu os seus ouvintes. Os judeus daqueles dias jamais sonhariam em empregá-la em referência a Deus, visto que a religiosidade que praticavam os afastava de presença do Senhor, não se sentiam bem ao empregar uma forma de tratamento tão pessoal.

Durante a maior parte da história e na maioria das culturas do mundo, os pais têm sido a figura principal nas famílias. Nas sociedades patriarcais da Antiguidade, a figura do pai é dotada de duas características particulares. Por um lado, as regras de pai como chefe da família e da pessoa a quem mais o respeito é devido, tendo a autoridade absoluta sobre a sua família. E do outro lado, tem a responsabilidade de proteger, apoiar e ajudar os outros membros. Ambas estas características estão presentes quando uma divindade é descrita ou tratada como pai.

Percebe-se que,  ao declarar este tipo de relacionamento tão próximo com o Pai celeste,  Jesus jamais duvidou que Deus o amasse, mesmo experimentando extrema aflição.

A oração persistente e alerta é o único meio de vencer as tentações (1 Pedro 5.8). A oração mede com precisão a temperatura de nosso relacionamento com Senhor. Ele ouve, se interessa por quem se aproxima dEle orando com fé. A oração é o momento em que o espírito humano se entrelaça com o Espírito do Pai Eterno.

Bíblia de Estudo Vida, página 1571, edição 1998, São Paulo (Editora Vida). 
Bíblia Sagrada King James - edição de estudo 400 anos; segunda edição julho 2013; páginas 1455, 1691, 1775; São Paulo (Sociedade Bíblica Íbero-Americana; Abba Press).
Oração - Ela faz alguma diferença?, Phillip Yancey, paginas 238, 239,  São Paulo (Editora Vida)

sábado, 10 de maio de 2014

Mães cristãs

O que a Bíblia diz sobre mães cristãs? 

A Bíblia não afirma que toda mulher deve ser mãe. No entanto, diz que aquelas que o Senhor abençoa a ser mães devem assumir a responsabilidade seriamente, pois é um papel importantíssimo que o Senhor dá às mulheres, fundamental na vida de seus filhos.

As crianças são presentes do Senhor, são seres humanos frágeis que merecem receber ternamente apoio verbal constante, a amizade dos adultos (Salmos 127.3-5).

A maternidade não é tarefa fácil e nem sempre tarefa agradável. A mulher cristã sabe que é primordial manter a presença na vida dos filhos, ter dedicação plena desde o período da gravidez até a fase adulta, quando eles tornam-se cidadãos independentes.

No texto de Tito 2.4 encontramos a recomendação bíblica para que as mães amem seus filhos. No original grego encontramos a palavra "philoteknos" ao verbo amar, que significa um tipo de amor especial, o "amor de mãe". A palavra carrega a ideia da mãe amorosa com seus filhos, aquela que estabelece uma convivência em que há carinho com a criança, abraçando-a, alimentando-a em horas regradas, disponibilizando muito cuidado em todas as suas necessidades, proporcionando um ambiente de liberdade com responsabilidade. 

A Bíblia Sagrada traz outras orientações sobre o exercício da maternidade: 

A mãe cristã é exemplo de integridade, é modelo de comportamento correto, pratica o que ensina,  dando aos seus filhos a oportunidade de observar dentro do lar o exemplo da vida em piedade (Deuteronômio 4.9, 15, 23; Salmo 37.18, 37; Provérbios 10.9; 11.3;  2 Timóteo 1.7, Efésios 4.29-32; 5.1-2; Gálatas 5.22; 1 Pedro 3.8-9).

A mãe, e o pai também, precisa manter o máximo de disponibilidade à vida dos filhos, estar junto deles durante a fase do desenvolvimento físico e psicológico, para ensiná-los sobre a vontade do Senhor.

É preciso educar a criança segundo a doutrina bíblica, com firmeza e afetuosidade, com conversa e interatividade, transmitir a ela o temor do Senhor sem provocar nela sentimentos negativos (Deuteronômio 6.6-7; Provérbios 13.24; 19.18; 22.15; 23.13-14; 29.15-17; Efésios 6.4; Hebreus 12.5-11).

É necessário apresentar à criança a cosmovisão bíblica, fazê-las ver suas habilidades naturais e auxiliá-las a desenvolver e entender que seus talentos natos podem ser usados como ferramentas à Obra do Senhor. Também, informá-las sobre a disponibilidade de dons espirituais, que elas podem ter acesso após o batismo no Espírito Santo, para que por meio deles tenham a capacidade de abençoar os irmãos em Cristo de maneira sobrenatural (Deuteronômio 4.10;  Salmos 78.5-6; Provérbios 22.6; Romanos 12.3-8; 1 Coríntios 12).

Um dia, aquele filho, ou filha, que foi docemente embalado nos braços, cercado de atenção, entra na fase da juventude e da adolescência, depois, amadurece e torna-se um cidadão, ou cidadã, independente e sem ligação com o "cordão umbilical", transformando-se também em uma pessoa que gerou outra pessoa. Nesta fase, a mãe cristã já pode dar-se à licença de descansar dos cuidados básicos, mas jamais poderá esquecer-se que o dever de demonstrar afeto e encorajamento maternos nunca cessa.

E.A.G.

Texto adaptado do artigo What does the Bible say about Christian mothers?, publicado em Got Questions ? Org

sábado, 22 de março de 2014

O que é paciência?


Por Eliseu Antonio Gomes

A paciência é uma das nove características do fruto do Espírito (Gálatas 5.16-23). 

Devemos refutar a ideia de que um cristão paciente é um ser rendido, fracassado. A paciência não é traço de covardia, não é traço de fraqueza, não é virar as costas para as responsabilidades, não é protelar a solução ou fugir dos problemas. Não é cruzar os braços e nem ficar parado sofrendo diante de circunstâncias adversas que o destroem.

Em muitas passagens bíblicas da tradução de João Ferreira de Almeida, a paciência é descrita como longanimidade. Alguns textos: Salmo 103.8, Provérbios 25.15, Romanos 2.4; 2 Coríntios 6.6; Efésios 4.2.

No texto em hebraico de Provérbios 16.32, "longânimo" ('areck) tem raiz no adjetivo longo, remete ao movimento lento e ao cumprimento prolongado. A palavra designa os sentimentos das pessoas, na literatura sapiencial, quem é brando é reputado como portador de entendimento (Provérbios 14.29; Eclesiastes 7.8).

Provérbios 16.32, mostra que a pessoa longânima é uma pessoa que tem mais poder que o capitão de um pelotão armado de exército, que invade e conquista uma cidade. O versículo sintetiza as lições de todo o livro, afirmando que o autocontrole é uma das mais importantes características de sabedoria

No livro de Ezequiel, capítulo 17.3, o texto usa o termo " 'areck" (paciente/longânimo) remetendo ao cumprimento das asas de águias. E Isaías compara a pessoa paciente com essa ave, eficiente predadora, que é símbolo de força e alta resistência.

"Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão" - Isaías 40.31

Davi, que escreveu o Salmo 40.1 ("esperei com paciência no Senhor") é o elemento humano que protagoniza a passagem de 1 Crônicas 14.8-17. Neste texto, ele dá o exemplo de espera segundo a vontade de Deus. Os filisteus vieram contra Davi para guerrear, e ele só ia ao encontro em batalha após consultar a Deus, agindo sempre de acordo com as orientações divinas. Na primeira vez, perguntou se poderia atacá-los, e Deus disse "vá" e ele foi; na segunda consulta, Deus disse-lhe "rodeie e os ataque pelas costas", e assim ele fez; na terceira vez o Senhor pediu que ele aguardasse as copas das amoreiras balançarem, como sinal de que era o momento de atacar, e ele esperou o vento soprar sobre as folhagens e só quando o vento soprou e balançou as folhas ele avançou sobre os inimigos. Em todas esses momentos Davi esperou em Deus e sua espera foi agindo com extrema contundência, e se saiu vitorioso.

Devemos lembrar que o mover de quem é paciente tem como foco lutar e vencer o diabo e jamais o ser humano, porque a nossa luta está na esfera espiritual (Efésios 6.2).

Enfim, ter paciência é ser inteligente e agir enfrentando as dificuldades no momento certo e do jeito correto. É agir como Deus quer, é caminhar junto com o Senhor.

E.A.G.

terça-feira, 18 de março de 2014

Casamento aos moldes bíblicos

Explicando a Bíblia, não estou expondo meu pensamento. 

Casamento é um homem e uma mulher que em acordo mútuo resolvem formar um casal. Casar é realizar a unidade de projetos, de ideias, de sentimentos, de corpos. Casar é mais que uma união, é unicidade.

"Unicidade" é o termo encontrado no idioma hebraico em Gênesis 2.24. O que é estar em unicidade com outra pessoa?

Vi com meus próprios olhos o que é unicidade numa fábrica em que trabalhei em Métodos e Processos por cerca de 13 anos. O ramo metalúrgico faz isso com metais; o caldeireiro pega dois elementos sólidos e os envia à caldeira, o local é posto em alta temperatura tornando as duas peças sólidas em líquidos efervescentes e os líquidos separados são ambos misturados num único recipiente. Quando a temperatura esfria os líquidos misturados voltam a ser sólidos e tornam-se fundidos um ao outro, não são mais como dois produtos distintos, são uma massa diferente que jamais poderá voltar a ser a matéria que era antes de passar pela caldeira quente.

Casar-se é fundir-se no outro até que a morte o separe. O apóstolo Paulo explicou claramente isso em 1 Coríntios 7, veja alguns trechos que destaquei usando a Nova Versão Internacional:

"Mas o homem casado preocupa-se com as coisas deste mundo, em como agradar sua mulher (...). Tanto a mulher não casada como a virgem preocupam-se com as coisas do Senhor, para serem santas no corpo e no espírito. Mas a casada preocupa-se com as coisas deste mundo, em como agradar seu marido  - versículos 33, 34.

"A mulher está ligada a seu marido enquanto ele viver. Mas, se o seu marido morrer, ela estará livre para se casar com quem quiser, contanto que ele pertença ao Senhor" - versículo 39.

E.A.G.

Artigos relacionados: Casamento

sábado, 8 de março de 2014

Dia Internacional da Mulher 2014

Olá, Mulheres! O mundo sem a mulher seria tal qual um jardim sem flores. Desconexo, sem sentido! Parabéns a você, leitora de Belverede, e  todas as mulheres neste Dia Internacional das Mulheres.

Pobre do marido que viver às turras com a companheira que Deus lhe deu como esposa, pois é ela o favor do Senhor para ele. "Aquele que encontra uma esposa, acha o bem, e alcança a benevolência do Senhor" - Provérbios 18.22. ­

_________



Mulher Virtuosa, quem a achará?

Wilma Rejane

“Mulher virtuosa, quem a achará?” PV 31:10

Essa mulher é descrita através de um poema no livro de Provérbios. Cada estrofe tem inicio com uma letra do alfabeto hebraico, ao todo 22 letras, as mesmas dadas por Deus a Israel por ocasião do Tora. No acróstico é atribuída a mulher, personalidade sublime, Divina, virtuosa.

Virtuosa é uma tradução do “chavil” em hebraico (ou Havil) de acordo com o Wordbook Teológico, “chavil” no Antigo Testamento é usado para denotar: força, poder, em uma variedade de maneiras. Força de Deus (Sl 59:11) e força Física (Ec 10:10). Essa palavra foi usada pela primeira vez no Antigo Testamento para descrever Rute: “Agora, pois, minha filha, não temas; tudo quanto disseste te farei, pois toda a cidade de meu povo sabe que és mulher virtuosa”. A Septuaginta traduz o hebraico "Chavil" de Ruth 3:11, como "dunamis" que significa "poder".

É interessante... [continuação da leitura no blog da autora: A Tenda na Rocha].
_________

E.A.G

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Marcello Oliveira: blog Davarelohim - Supremacia das Escrituras

Ao fundo, a Jerusalém oriental destacando em amarelo a Cúpula da Rocha, também
conhecida como Mesquita de Omar..
Deixo aqui a você, leitor assíduo ou visitante deste blog, uma dica especial. 

Se ainda não conhece, procure conhecer o blog Davarelohim - Supremacia das Escrituras. Encontrará naquele espaço, criado e mantido por Marcello Oliveira, conteúdo de muito conhecimento teológico, generosamente compartilhado com internautas, principalmente sobre vocábulos dos idiomas originais do Antigo Testamento e assuntos correlatos, além de outras curiosidades do universo cristão de nossa contemporaneidade.

Marcelo por Marcelo:

" 'Não sou o que deveria ser..., Não sou o que gostaria de ser...; MAS NÃO SOU MAIS O QUE EU ERA. Por graça de Deus sou o que sou'. [John Newton] Teólogo. Hebraísta. Escritor. Por graça de Adonay, sou consultor teológico do Programa Crescendo na fé, da rádio Musical FM 105,7. Escrevo para o excelente site: www.bibliaworldnet.com.br - na coluna: Crescendo na graça. Pregador Itinerante. Atualmente, estou fazendo pós graduação em Antigo Testamento na FTB [Faculdade Teológica Betesda] onde tenho a honra de ter como profs. Dr Russel Shedd, Ms. Luis Sayão, e Prof Lucian Benigno. Tenho alguns artigos publicados no excelente site da Sepal, nas categorias [Igreja, Teologia] www.sepal.org.br - Acima de tudo, um instrumento nas mãos de HaShem, procurando agradá-lo e fazer o seu NOME conhecido. Por graça do Eterno, escrevi um livro: Os Produtos do Mercador, onde faço uma leitura alegórica do livro de Cântico dos Cânticos. Esta singela obra foi prefaciada pelo "princípe dos pregadores" - Pr Geziel Nunes Gomes, a quem devo respeito, gratidão, e profunda admiração." 

E.A.G.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Rob Bell e as três chamas do amor: raya, ahava e dod

Na proximidade de Natal, e outras épocas, como o Dia dos Namorados, muitas pessoas demonstram mais sensibilidade, querem um amor “para chamar de seu”. Neste desejo, nem todas vão buscar a pessoa querida em lugares ideais. Muitas escolhem métodos equivocados para tentar acabar com a solidão. Mas, à parte essa questão de erros e acertos, ter o interesse é um grande primeiro passo para encontrar um relacionamento importante.

Na Bíblia Sagrada, o livro Cânticos do Cânticos de Salomão reúne belíssimos poemas românticos da poesia oriental. Belas estrofes que expressam a relação amorosa em estado de reciprocidade de sentimentos, a evidência da alegria de um casal unido pelo amor verdadeiro.

Quando existe verdade no amor entre o casal, o namoro sempre chega ao ponto em que surge a ideia do matrimônio. O rapaz quer casar-se, mesmo que não considere estar preparado para esse passo tão importante em sua vida. E a garota também quer.

Raya, Ahava  Dod

O pregador americano Rob Bell produziu um DVD, intitulado As Três Chamas do Amor. A mensagem apresenta três aspectos fundamentais para que o relacionamento seja saudável e sempre amoroso. Bell toma como base o livro Cântico dos Cânticos, que descreve o amor de Salomão pela Sulamita, e o contrário também. Ele usa as três palavras hebraicas para definir o amor, que é sempre um sentimento pulsante e atual. Segundo ele, as três palavras hebraicas -  raya, ahava e dod - descrevem três dimensões do amor.

1. Amizade 

A palavra hebraica usada pela primeira vez para descrever o amor no livro Cântico dos Cânticos é "raya", cujo significado é ser um amigo, um companheiro ou alma gêmea (Cântico dos Cânticos 4.7). A companhia que queremos para a jornada da vida deve ser especial, deve ser o nosso melhor amigo (a). 

2. Profundo afeto / compromisso

A segunda palavra hebraica “ahava". Ela significa uma profunda afeição. É o desejo incontrolável de estar com a outra pessoa. Sentimento que faz coração sofrer de saudade.

“Ahava” é o ingrediente sólido na relação do casal. Um sentimento muito forte de afeição na relação de um homem com uma mulher. Amor voluntário, mais intenso do que o sentimento romântico fugaz. Amadurece o relacionamento, provoca o desejo de estar junto para o resto da vida. É o comprometimento que faz perder o interesse pelo passado, os momentos anteriores em que não estava relacionado com quem está agora.

Este tipo de amor é uma escolha firme de estabelecer e solidificar uma união estável. Há cumplicidade, o amparo mútuo, o auxílio em reciprocidade voluntária.

O casal de Cântico dos Cânticos experimenta o estado do amor / “ahava”, ele é descrito como mais forte do que a morte (Cânticos 8.7).

3. Paixão

A terceira palavra é dod, que significa paixão. É o estágio da união de corações, do romantismo das carícias mútuas, da atração física, da satisfação, do prazer consumado. Tempo de festejar.

Conclusão 

Rob Bell descreve estas três características do amor como três chamas distintas. Cada uma é um fogo diferente.

Uma pessoa pode se contentar com uma dessas chamas em seu relacionamento, apenas com chama da paixão / dod, sem considerar que ela representa apenas uma parte do amor. Quando este sentimento está isolado causa sofrimento. É possível manter o fogo aceso, mas jamais ele resolverá o problema da dor na alma.

O segredo para estabelecer um relacionamento feliz é manter as três chamas acesas em um único facho. Transformar amizade, compromisso e paixão em um único luzeiro, as três chamas juntas se transformam em uma única chama, porém, maior, mais quente. A labareda de fogo é capaz de aquecer o coração e satisfazer as necessidades da alma. “Qualquer coisa menos do que isso é viver abaixo da qualidade de vida que o casal está destinado a viver em uma relação matrimonial”, diz Rob Bell em seu vídeo, Ele conclui: “A boa notícia é que se em seu relacionamento estiver faltando uma das chamas, existe a chance para acendê-la e agrupá-la com as outras.”

E.A.G.

Confira o vídeo, produzido pelo ministério Nooma, em legendas no idioma português, cujo título é Chama / Flame. Três descrições para amor em hebraico, por Rob Bell

_________

NOTA BELVEREDE: Rob Bell pronunciou-se afirmando acreditar que o inferno não existe. Este blog não compactua com tal posicionamento.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Cumprindo as obrigações diante de Deus


Por Eliseu Antonio Gomes

Em todas as áreas da vida temos direitos e deveres. Temos responsabilidades a cumprir em família como pai/mãe ou filho (a), em trânsito como motorista ou pedestre, na escola como professor ou aluno, na indústria como empregador ou empregado, no comércio vendendo ou comprando.

Em nosso relacionamento com Deus também existe um senso de responsabilidade a ser cumprido, seja como líder ministerial ou o mais simples membro na congregação. Nosso compromisso com Deus é prestar-lhe culto sincero. O idioma grego oferece duas palavras para culto: latreia e proskuneo. A primeira refere a adoração e a segunda significa reverenciar.

É obrigação de todo cristão esforçar-se para conhecer a Deus.

Nosso Deus é Santo, Amoroso, Misericordioso. É necessário ao ser humano, em sua totalidade, apresentar-se diante dEle santificado; o corpo, a alma e o espírito irrepreensíveis para render-lhe glórias (1 Tessalonicenses 5.23). Como fazer isso? É nossa obrigação imitar quem Ele é em nosso jeito de viver, nos afastando do estilo de vida pecadora, amando o próximo, e agindo com misericórdia para com todos em nossa volta. Agir conforme as explicações em Marcos 12.33 e Tiago 1,27: amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios"; "a religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo". 

Nosso Deus é transcendente: um Ser cuja Pessoa Divina ultrapassa o senso comum dos seres humanos - sabemos sobre Ele apenas aquilo que nos permite saber (Deuteronômio 29.29). Nosso Deus também é imanente: tem o atributo da onisciência, onipresença e onipotente - está em todos os lugares; sabe tudo; e pode tudo (Salmo 33.6-11; 135.6;  Jeremias 23.24; Efésios 4.6).

É obrigação do cristão respeitar o ambiente de culto.

Salomão escreveu o capítulo 5 do livro Eclesiastes, exortando sobre o perigo de pela força do hábito o crente praticar adoração vaidosa, indiferente.

"Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal" (versículo 1).  "Guarda o teu pé" é uma exortação a tomar cuidado, prestar atenção e ouvir com intenção a obedecer, jamais substituir o propósito da reunião de culto a Deus por intenções ligadas às coisas materiais dessa vida.

"Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma... sejam poucas as tuas palavras" (versículo 2). A presença do crente no culto a Deus deve ser humilde, com o coração devotado a tributar reverência com os lábios, estar disposto a calar e ouvir pois a exposição da Palavra é alimento para a alma.

Certa vez Jesus Cristo foi ao templo judaico e ficou indignado com o comportamento das pessoas presentes. O louvor não era perfeito, a adoração era negligenciada. Havia comércio de pombinhos, usados nos sacrifícios. Acontecia a atuação de cambistas, eles trocavam a moeda de circulação comum pela de Israel, ofereciam aos judeus siclos tírios ou hebreus, que possuíam peso padronizado, eram perfeitos, e depositados no gazofilácio como ofertas (Mateus 21.12).

Na Antiga Aliança, os israelitas eram instruídos a reverenciarem o sábado como dia santo e o santuário do Senhor desde sua infância, o judeu adorador era representado por um sacerdote e entregava sacrifícios durante o culto (Levítico 19.19.30; 26.2); na Aliança atual o adorador cristão tem a figura essencial de Jesus Cristo como seu único mediador diante de Deus, então é capaz de estar na presença do Pai, adorando-o, sem a necessidade de fazer sacrifícios (Efésios 2.18; 1 Timóteo 2.5).

A falta de reconhecimento do valor do culto reverente é fator para tornar vão o tempo que o crente se ocupa durante as liturgias praticadas nas reuniões no templo (Jó 15.4). O crente precisa aplicar-se eficientemente em sua função de adorador. Deve frequentar as reuniões no templo para usar dons espirituais e talentos natos com o único objetivo de reverenciar a grandeza de Deus, prestar homenagem a divindade do Criador, orar, pregar, profetizar, cantar, tocar instrumentos para edificação coletiva.

É obrigação de todo cristão adorar a Deus, mas como ato obrigatório mas por amor.

Deus procura adoradores que O adorem em espírito e em verdade, pessoas dispostas a amá-lo além de discursos e teorias (João 4.24; Mateus 22.37). "Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" - Romanos 12.1.

Será que os filhos de cristãos são ensinados desde pequeninos a adorar a Deus no templo de maneira correta? Muitos crentes confundem cultuar ao Senhor com ir à igreja. Sem ater-se em propósitos espirituais, fazem uso da liberdade do tempo na participação de culto desordenadamente. Muitos vão ao templo mas não sabem cultuar a Deus de maneira santa e agradável. Desperdiçam o tempo ali, durante hinos envolvem-se em atividades frívolas, durante a mensagem bíblica o pensamento vagueia bem longe dali.

"Que fareis pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação" -  1 Coríntios 14.26.

O verdadeiro culto ao Senhor é adorá-lo conscientemente. É importante ao cristão saber a significância de adorar a Deus, ter claro em sua mente o motivo de ser reverente; entender que a devoção genuína é reconhecer que Ele é único e digno de receber toda honra, toda glória e todo louvor e dedicar-se com a máxima capacidade humana a fazer isso através da música, ensino das Escrituras e exposição da Palavra de Deus.

E.A.G.

Artigo baseado em comentários de:
A Bíblia Anotada Expandida, Charles C. Ryrie, 2007, São Paulo, (Editora Mundo Cristão).
Bíblia Sheed, 2011, São Paulo, (Edições Vida Nova);
Ensinador Cristão, página 41, Rio de Janeiro (CPAD)
Lições Bíblicas, José Gonçalves, 4º trimestre de 2013, Rio de Janeiro (CPAD).

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O louvor dos serafins


Os serafins pertencem a uma ordem de anjos. "Serafim" é um termo derivado da uma palavra hebraica que significa "queimar".  Simbolizam o ardente amor de Deus pela humanidade (Cantares de Salomão 8.6).

A anatomia deles é descrita como seres humanos, mas possuindo seis asas. Pondera-se que  os serafins passem a maior parte de seu tempo na presença do Criador. No livro de Isaías é narrado que foram  vistos pelo profeta voando e cantando, celebrando com sinceridade e muita alegria a compaixão, a justiça e a santidade do Senhor, voavam ao redor do trono de Deus: "Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos - toda a terra está cheia da Sua glória" (6.2, 6)  O apóstolo João os descreveu como seres incansáveis (Apocalipse 4.8).

Ao vê-los ao redor do trono de Deus, Isaías percebeu o quanto era imperfeito, e sentiu o peso de seu pecado. Então um dos serafins  aproximou-se dele com uma brasa ardente tirada do altar do Senhor e tocou seus lábios com ela, e dessa maneira o purificou.

Cogita-se que os anjos mais próximos de Deus sejam os serafins, que vivem completamente envolvidos no amor divino, incansavelmente concentrados para louvá-lo por tudo que é e faz.

E.A.G.

Veja mais: O que a Bíblia fala sobre anjos, arcanjos, querubins e serafins

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A definição da fé

Por Eliseu Antonio Gomes

O que é fé? Qual a melhor definição? Enxergar como Deus enxerga. Apalpar o invisível. Crer no impossível. Costumo usar outras palavras para dizer o mesmo.

Em Hebreus 11.1 temos a descrição teológica do que seja a fé. O termo fé nos escritos originais da Bíblia Sagrada, em grego-koiné, é pistis. E pistis denota o sentido de um documento de posse. (igual uma escritura de imóvel devidamente registrada em cartório).

Ou seja, a fé é igual o documento legal que comprova que sou a pessoa certa, a única dona daquilo que creio que a Bíblia Sagrada promete ser meu: a salvação, a cura, a solução daquele problemão (Hebreus 11.6; Marcos 5.34; Mateus 17.20).

Experimente trocar o termo fé por escritura nas suas leituras bíblicas, orações e momento devocional. Quem tem uma escritura de imóvel, não tem dúvidas que é o dono daquilo que está lavrado e muito bem documentado em seu nome.

Fé é colocar em primeiro plano as orientações do Senhor, contidas nas Escrituras Sagradas, e em segundo plano os cinco sentidos naturais: paladar; tato; visão, olfato, audição.

E por que digo isso?

• Paladar:

Por intermédio do profeta Isaías, Deus convidou o ser humano a alimentar o Espírito.

“Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura” - Isaías 55.2.

Jesus se apresentou como o Pão da Vida:

“Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre” - João 6.57-58.

• Tato e visão:

Jesus repreendeu Tomé porque ele queria ver para depois crer:

“Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram. João 20.27-29.

• Olfato

O apóstolo Paulo ensina, fazendo uso de simbolismo, que o cristão ao divulgar o que sabe sobre o plano da salvação exala a fragrância de Cristo, afirma que quem evangeliza é considerado por Deus o bom perfume de Cristo, é alguém que tem cheiro de vida (2 Coríntios 2.14-16).

• Audição

Escutar e ouvir são ações diferentes. Diariamente escutamos muitos sons e não damos atenção para eles. De fato só ouvimos aquilo que escutamos e damos atenção, quando permitidos que o som seja processado pela mente, só o que é interpretado pelo raciocínio desce ao nosso coração. Ouvir a Palavra de Deus é o mesmo que abrir o coração para a Palavra de Deus entrar em nossas vidas.

O profeta Jeremias chama a atenção para pessoas que não ouvem, dizendo que o motivo é o sentimento de vergonha e falta de amor a Palavra de Deus (Jeremias 6.10).

Jesus alerta que quem tem ouvidos deve usá-lo para ouvir a Palavra de Deus, porque nem todos fazem uso da audição de maneira apropriada. E afirma que aquele que se vergonha dEle e da Palavra de Deus, no Dia do Juízo Final será julgado e condenado a sofrer na perdição eterna ( Lucas 8.8; 9.26 ). A fé surge ao ouvir a Palavra de Deus (Romanos 10.17).

O escritor do livro Aos Hebreus chama a atenção sobre o fato de existir quem seja negligente para ouvir a Palavra de Deus (Hebreus 5.11; 12.25).

Tiago escreveu alertando para a necessidade de se estar sempre pronto para ouvir o que o Senhor fala (Tiago 1.9).

A mostarda como condimento e símbolo de fé cristã.
Fé como um grão de mostarda (parte 1 de 2).
Fé como um grão de mostarda (parte final).

E.A.G.

terça-feira, 28 de maio de 2013

A família e a sexualidade - lição nº 9 - EBD - CPAD

Por Eliseu Antonio Gomes

"E criou Deus o homem à sua imagem; a imagem de Deus o criou, macho e fêmea os criou" - Gênesis 1.27.

O mundo está dominado pela exposição corporal., apresenta a pornografia sem ruborizar e usa o sexo - criado por Deus -  de maneira distorcida, o que tem confundido a mente de cristãos. Por este motivo o tema  tem sido um enorme tabu para uma parte de pessoas que frequentam as igrejas evangélicas, enquanto outra parte se torna influenciada pelos desvios dos padrões divinos. 

A Palavra de Deus trata com seriedade a sexualidade, aborda o sexo pré-conjugal e a infidelidade no casamento com desaprovação de igual proporção aos homens e mulheres. Portanto, os cristãos precisam esforçarem-se para viver sua sexualidade em santidade, de forma irrepreensível. É preciso ser santo em toda maneira de viver, entender que o sexo dentro do casamento é uma bênção, foi planejado por Deus para procriação e satisfação física do marido e da mulher (2 Coríntios 11.2; 1 Tessalonicenses 3.13; 1 Pedro 1.15).

Deus condena a inversão de valores (Isaías 5.20). A mentalidade mundana despreza o que o Criador oferece. Gente mal resolvida em sua sexualidade zomba da castidade e da abstinência de cristãos solteiros. Não valoriza a prática sexual dentro do casamento, ao contrário, apresenta a monogamia como monotonia e incentiva o adultério e todas as formas de promiscuidades.

A experiência do sexo fora do casamento não pode nem se quer ser cogitada. O sexo irresponsável produz consequências ruins, como a dor do abandono, filhos não planejados e não reconhecidos, mães e avós assumindo filhos sem o apoio do pai, doenças sexualmente transmissíveis e um futuro com sérios problemas conjugais..

As Escrituras Sagradas condenam a prática homossexual. Apesar do cristão repercutir o que a Bíblia diz, jamais apoiará atitudes violentas contra gays. O uso da violência também é pecado!

O leito seja sem mácula (Hebreus 13.4). Em nenhuma circunstância cabe na vida dos cristãos que prezam pela santidade os maus desígnios do coração. Na intimidade heterossexual a dois não deve haver a traição conjugal, a prostituição, o modo antinatural das relações sexuais, a impureza, a impudicícia, o desrespeito, a tristeza (Mateus 15.19; Romanos 1.24-27; 1 Coríntios 5.10-11; 6.9-10; 2 Coríntios 12.20; 2 Timóteo 3.2-5).

Deus criou dois sexos: masculino e feminino (Gênesis 2.22-24). Segundo os estudiosos do idioma bíblico original, no versículo 23, os substantivos varão (ish) e varoa (isha) são traduzidos de uma única raiz hebraica, as palavras possuem sonoridade muito parecidas, indicando a unidade da natureza do homem e da mulher, a afinidade dos dois sexos e igualdade de direitos entre ambos.  Gênesis 2.24 destaca o profundo significado da união matrimonial, indica que a intimidade do casal só deve ocorrer com dignidade, e após o casamento.

Deus multiplica as famílias como rebanhos (Salmo 107.41). O ser humano não foi criado para viver em solidão; é dotado de instinto social, sua tendência natural é desejar estar em companhia de seus semelhantes. A Palavra de Deus aponta o interesse pelo isolamento como ato de egoísmo e recomenda que todos busquem companhia de pessoas de bem (Provérbios 18.1; Eclesiastes 4.9-10; Salmo 128).

Ao criar o primeiro casal Deus formou a base da família. É a vontade de Deus que o marido e a esposa sejam felizes através da junção íntima de corpos, e por meio dessa alegria deem prosseguimento à ordem divina de que homens e mulheres perpetuem suas gerações. Espera-se que os filhos gerados na união recebam através do convívio diário com os pais o senso de companheirismo, comunhão, fraternidade, responsabilidade, fidelidade e amor.

Enfim, o valor do diálogo (Provérbios 18.13). As pessoas que gozam de sanidade mental desejam ser felizes. A maioria delas pensa que ser feliz é "enxergar tudo azul". Porém, segundo as Escrituras Sagradas ser feliz é ver e aceitar a vida segundo a ótica divina e entender a realidade de tudo. Por toda a Bíblia Deus mostra o que é  real e nos oferece o que é ideal.

Existem muitas complicações relativas à sexualidade no âmbito familiar. Quando o ser humano ouve o que Deus diz, através das páginas bíblicas, é capaz de ser realista, tem condições de aceitar que em sua passagem por este mundo terá a sua "cota" de aflições. Contudo, pode permanecer contente, pois tem plena consciência que o Senhor Jesus é maior que todos os problemas, tem a paz e a dá, e está sempre disposto a dirigir os passos de quem é sincero para que o mesmo encontre a solução de crises, sabe perfeitamente que Ele quer manter o justo em pé (Salmo 37.23; 130.5-6; Provérbios 24.16; João 16.33; 14.27).

É conversando que marido e mulher constroem casamentos sólidos. Na conversa, a esposa poderá se surpreender com a descoberta de que o homem com quem casou se interessa por sua amizade. E o marido tem a chance de descobrir que a mulher é carente de sua atenção no campo emocional.

É através da conversa onde a comunicação é valorizada entre pais e filhos que os pais transmitem todos os ensinamentos básicos, a orientação no tempo certo e a advertência pertinente aos seus filhos. E de igual maneira é pela comunicação de mão dupla que os filhos têm a chance de expor o que querem dizer e desconstruir dúvidas importantes. Se os filhos são ouvidos jamais se sentirão rejeitados, amargurados e irados. E se os filhos atendem aos ensinamentos dos pais, tornarão seus progenitores mais felizes e agradarão a Deus, que os recompensará com bênçãos em uma vida longa.

Ouvir é um ato de amor. Deus ouve você; ouça ao Senhor e a quem se dirige a você.

E.A.G.
___________

Texto de autoria de quem o assina mesclado com compilações de: 
Bíblia de Estudo da Mulher, notas de diversas autorias, página 562, Belo Horizonte - MG, edição 2002, (Atos). 
Bíblia da Família, notas de Jayme e Judith Kemp, página 112, Barueri - SP, edição de 2007, (SBB).
Ensinador Cristão, ano 14, nº 54, página 40, abril-maio-junho de 2013,  Rio de Janeiro - RJ (CPAD).
Lições Bíblicas -edição mestre, 2º trimestre de 2013, Elinaldo Renovato, Rio de Janeiro - RJ, (CPAD). 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

SBB - Tradução Almeida Revista e Atualizada receberá novas revisões

A revista A Bíblia no Brasil, publicação oficial da Sociedade Bíblica do Brasil, editora que detém os direitos de publicação da tradução Almeida Revista e Atualizada (ARA), em sua edição referente ao primeiro trimestre de 2013, em matéria de capa, anunciou que prepara intervenções na obra.

Já no editorial, assinado por Erní Walter, o propósito de revisão é apresentado: "Um dos aspectos mais importantes do trabalho bíblico é a tradução. Entregar a Bíblia a todos, numa língua que possam entender e a um preço que possam pagar faz parte do DNA das Sociedades Bíblicas."

A matéria contém seis páginas com belas ilustrações e não informa quem a escreveu. Segundo o conteúdo, o que já era excelente ficará ainda melhor, e com a anuência e participação da igreja cristã.

Encontramos lideranças cristãs prestando depoimentos sobre o uso da ARA: Roberto Brasileiro (Igreja Presbiteriana do Brasil); Almir Marrone (Vice-Presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia); Roberto Moura Pinho (pastor e editor da Casa Publicadora Brasileira); Egon Koperck (pastor presidente da Igreja Evangélica Luterana no Brasil); e, Ernesto Ferreira Junior (Igreja do Nazareno).

O artigo menciona que a tradução seguiu o estilo da equivalência formal, respeita à forma das línguas-fontes (hebraico e grego), verbos por verbos, substantivos por substantivos, mantém a ordem das palavras de acordo como aparecem no original. Relembra que a primeira edição da ARA ocorreu entre 1943 e 1959, em plena era do rádio e que houve a preocupação por parte da equipe de ler em voz alta, para checar a legibilidade e sonoridade.

A ARA é considerada marca registrada da Sociedade Bíblica do Brasil. Ela surgiu da iniciativa da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, porém, o processo terminou nas mãos da SBB.

O artigo esclarece as diferenças existentes no processo de tradução da Almeida Revista e Corrigida (ARC) e ARA. O artigo afirma que em no século 17 João Ferreira de Almeida não tinha em mãos os melhores textos para servir de base ao Novo Testamento. Ele usou o "texto recebido" (textus receptus), editado por Erasmo de Roterdã, em 1516, e alguns poucos manuscritos copiados durante a Idade Média. Depois que a obra de João Ferreira de Almeida estava concluída, foram descobertos manuscritos gregos mais antigos, muitos deles remontam ao quarto século d.C, e até pertencentes aos séculos anteriores. Estes materiais mais aproximados ao tempo de Jesus e dos apóstolos deram origem ao Novo Testamento conhecido como "edições críticas". A ARA recebeu como base textual esse trabalho, a partir da 16ª edição do Novo Testamento Grego editado por Erwin Nestle.

Além dessa diferença, o artigo esclarece que existem distinção quanto aos cacófatos. Os revisores da ARA eliminaram cerca de 2000 sonoridades indesejáveis. Exemplos:

Tatu - "Volta tu também" (Rute 1.15);

Alice - "E todo Israel ali se achou" (Esdras 8.25);

De acordo com as diretrizes das Sociedades Bíblicas Unidas, a recomendação é de que a cada 25 anos seja feita uma revisão de texto. "Quanto mais se demora para dazer uma revisão, mais difícil ela se torna", explica Vilson Scholz, consultor de tradução da SBB.

Em 1993 houve a primeira revisão da ARA.

E.A.G.

Atualização: 7h41.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Pobres, ricos, crentes ansiosos. Pecadores?



A vontade de Deus é que os cristãos nunca estejam conformados com a miséria. Ele quer o bem dos seus servos e não o mal.

Eu apresento argumentos bíblicos mostrando que é preciso ter bom ânimo, não prostrar-se, agir com o objetivo de melhorar de vida. Mas para conquistar o que é bom é necessário querer isso, crer que o Senhor deseja o bem de cada um de nós de maneira ampla. Deus se importa com nosso bem-estar espiritual, emocional e físico.

Havia algo errado com Paulo? 

O apóstolo passou por momentos muitos ruins. “Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.” - 2 Coríntios 11.24-28.

Esses momentos ruins na vida dele não podem ser considerados autenticação de espiritualidade elevada. Ele foi o maior perseguidor de cristãos da sua época (Atos 7.58; 9.4-5; 1 Timóteo 1.12-13; Gálatas 1.13). As privações que o apóstolo viveu foram à colheita de tudo que ele semeou. Colheu aquilo que plantou.

Ele mesmo escreveu sobre causas e efeitos: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido” - Gálatas 6.7-9.

A colheita

Apesar de Paulo converter-se, ter seus pecados apagados pelo Senhor, a semeadura do apedrejamento de Estevão e assassinatos de outros cristãos tiveram seu preço, e Paulo pagou bem caro por esses equívocos. E, pela misericórdia divina, por causa do sacrifício de Jesus na cruz, mudou de vida e também plantou no Espírito, e colheu as benesses espirituais.

Paulo entendeu que para colher o bem é preciso plantá-lo antes. Mudou de atitude e incentivou que fizéssemos igual. Para colher o bem é preciso plantá-lo: "A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens. (...) Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem" - Romanos 12.17, 21.

Alguns cristãos observam a trajetória do apóstolo Paulo e cogitam que devem passar por sofrimentos parecidos com o que ele passou. Não colheremos o plantio de outros, apenas o nosso. Deus não permite que aquele que planta "trigo" colha "espinhos". Deus é justo.

O apóstolo Paulo faz um convite à reflexão. Examinemos nosso comportamento (1 Coríntios 11.28). Os cristãos precisam parar e pensar sobre a qualidade de vida em que estão. Se for ruim, precisam fazer uma análise introspectiva para descobrir os motivos e ver como mudar a situação. É preciso perguntar: O que plantei no meu passado?

O cristão deve ser próspero a nível financeiro sempre? 

Prosperidade bíblica não é o mesmo que ser milionário. A prosperidade do Senhor é uma condição em que cabe possuir muitas posses e também viver com poucas posses - mas tendo o suficiente que promova estabilidade em todos os sentidos.

Tribulações 

Deus não prometeu vida cristã isenta de problemas. Todos nós estamos sujeitos a ter aflições em alguns momentos. E não podemos inferir que um cristão passe dificuldades de quaisquer espécies por falta de fé.

O cristão afligido tem fé. Mas precisa atender ao convite à reflexão sobre seu comportamento, deve analisar o que plantou, pois a Bíblia Sagrada alerta que tudo o que plantamos também colhemos.

A beleza e a simplicidade e profundidade do Evangelho 

"Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." - Mateus 6.31-33.

O texto se refere para quais coisas? Duas, a prioridade são as coisas celestiais. Alimentos e roupas, o que comer e vestir deve permanecer em segundo lugar.

Um cristão não age com foco nas recompensas e menos ainda em benesses materiais. Ele faz a vontade do Pai por simples obediência e espera que as demais coisas lhes serão acrescidas, conforme a promessa do Pai. Esperar que Deus cumpra o prometido é manifestação de fé. Fé é esperança em atividade (Hebreus 11.1).

Mateus 6.31-33 não se refere ao acúmulo de riquezas. Não existe em nenhuma parte das Escrituras Sagradas um texto que condene a vida em prosperidade financeira. O que a Bíblia condena? Repreende a questão da avareza, a sovinice.

Crentes ansiosos. Pecadores?

Alguns alegam que o Novo Testamento não apresenta nenhum incentivo à busca do conforto físico e bens materiais. O apóstolo Pedro explica como os cristãos ansiosos por serem felizes devem se comportar.

“Porque quem quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano. Aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, E os seus ouvidos atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal” - 1 Pedro 3:10-12.

“Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;  lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós- Pedro 5.5-7.

A miserabilidade 

O que é miséria? É a falta de praticamente tudo que é necessário. E qual é a informação bíblica sobre este estado na vida de um crente?

“O justo não mendigará o pão” - Salmo 37.25. Se uma pessoa estiver afirmando que crê em Deus e está mendigando, ela precisa fazer uma reflexão sobre o que está provocando a má sorte. Alguma coisa  está errada na vida dela.

Existem cristãos vivendo com um ou dois salários mínimos, mas não passam fome. Por quê? Porque  Deus não permite que a mesa do justo esteja vazia. Alguns não têm sequer um carro, a moradia deles não é uma mansão, mas jamais morrerão de fome, definitivamente não mendigarão o pão.

Ponderemos sobre situações de  miserabilidade e observemos como e com qual objetivo o Criador nos fez.

Por que Deus nos deu estômago e o líquido biliar? Com certeza não foi para que passássemos fome, nosso estômago ficasse vazio e o líquido provocasse feridas estomacais ao ponto de criar úlcera. É claro que não!

Por que Deus nos deu o hipotálamo e o inverno?  Será para que sentíssemos a sensação térmica do frio, não houvesse condições de usar agasalho e a temperatura gelada diminuísse as funções vitais de nosso corpo e assim morrêssemos em estado de hipotermia? É lógico que não!

A vida em miséria não deve ser defendida por quem se considera cristão.

As pessoas defensoras da Teologia da Miséria usam textos bíblicos de maneira equivocada. Usam de maneira distorcida trechos em que existem repúdio ao egoísmo e avareza, Ignoram esses sentimentos negativos e alegam que as Escrituras Sagradas não aprovam o cristão querer e ter a prosperidade financeira.

Infelizmente existem evangélicos equivocados pensando que viver na escassez seja a vontade de Deus para suas vidas. Muitos cristãos difundem a ideia de que Paulo e os demais apóstolos viveram durante toda a vida deles em miserabilidade financeira, mas isso não possui respaldo bíblico. É produto de doutrina católica, coisa da mente de São Francisco de Assis.

A prosperidade

A hermenêutica nos mostra que é necessário seguir a síntese textual. Ela tem a ver com a boa exegese. Não é possível suprimir os sentidos dos vocábulos. Infelizmente, muitas pessoas que se apresentam como "pastores" não costumam usar o púlpito para ensinar a etimologia das palavras originais do Novo e Antigo Testamento em seu sentido completo.

Os termos . bênção, salvação e paz, tanto no hebraico quanto no grego também têm elos com a vida no plano físico. São vocábulos que tem tudo a ver com a prosperidade e saúde e estabilidade financeira.

Jesus disse "Paz seja convosco" (Lucas 24.36). O vocábulo paz não tem apenas conotação espiritual. No idioma grego, paz é "eirene". Ela é definida no campo físico como estado de tranquilidade nacional, isenção da devastação da guerra e da fúria, ausência de brigas, a harmonia entre pessoas e a segurança, a felicidade e a prosperidade. Significa estabilidade financeira, espiritual e psicológica. Na esfera espiritual é a plena certeza que a alma tem da salvação através de Jesus Cristo, a firmeza que não se abala perante as adversidades terrenas.

A palavra usada para bênção no Novo Testamento é "eulogia", o termo é empregado com o mesmo sentido que encontramos no Antigo Testamento (Hebreus 6.7; 2 Corintios 9.7. Fazer o bem generosamente (Tiago 3.10). Porém, possui um sentido mais amplo. Além do plano espiritual, também denota o bem-estar físico (Romanos 15.29; Efésios 1.3).

O vocábulo salvação (soteria) tem significado que não é apenas dirigido ao espírito. Salvar tem a ver com saúde física e estabilidade financeira também!

Paulo afirmou o seguinte: "Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome, assim de abundância como de escassez: tudo posso naquele que me fortalece” - Filipenses 4.12- 13 (ARA).

Quem fortalece o cristão na abundância e na fartura? Não é a carne e nem o diabo, é Jesus Cristo!

O sustento

Vamos meditar em 1 TImóteo 6.7-8: "Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contente".

O termo sustento, no grego, tem a conotação de fartura, ter a casa própria, a despensa cheia de comida e o guarda-roupa com boas roupas. A palavrinha que foi traduzida como sustento não é algo que lembre pobreza, não tem associação com a escassez e fraqueza.

Eu já tive a oportunidade de ouvir pregadores abordando 1 Timóteo 6.7-8 e fazer referência à miséria, ao trabalho árduo que produza apenas um prato de almoço ou janta. Neste texto bíblico, “sustento” é sustento mesmo, é a capacidade de manter-se firmemente em pé, estar absolutamente equilibrado, viver muito bem!

Enfim, quem está contente com a escassez não está seguindo o ensino de Paulo.

Concluindo 

Esclareço não sou defensor da tal Teologia da Prosperidade, mas, sim. da PROSPERIDADE BÍBLICA. Aparentemente são iguais, mas na realidade são totalmente diferentes. E por causa da semelhança, quem não se aprofunda com seriedade nesta questão, combate a segunda, pensando ser a primeira.

 E.A.G.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Potifar, o eunuco egípcio

José e a esposa infiel de Potifar
Depois de uma troca de postagens no chat da comunidade UBE Blogs, houve a curiosidade e senti vontade de pesquisar sobre quem era de fato Potifar.

Eu já estudei o tema antes e me lembrava que Potifar era retratado como eunuco. Mas, um participante do bate-papo disse-me que havia lido um estudo bíblico que concluía que Potifar não era eunuco. Então, veio em mente escrever sobre o tema e postar neste blog. E fiz isso.

Nos idiomas hebraico e aramaico, o substantivo masculino “eunuco” é “saris” e está inserido como palavra estrangeira na língua hebraica, usado junto com a ideia de castrar. O termo é de origem assíria. Ao pé da letra, é interpretado como “na cabeça”, isto é, o chefe, um administrador. Uma antiga tradução siríaca da Bíblia, traduziu o vocábulo como “pessoa de confiança”.

Cogita-se que a razão para essa confiança especial que os eunucos gozavam era porque não tinham a possibilidade de gerar filhos, sendo inférteis e sem capacidade de atividade sexual, não havia motivação para agir de maneira corrupta e nem tentar derrubar governos a fim de beneficiar a família em posições políticas de destaque social.

Normalmente, uma pessoa descrita como "eunuco" era um homem deliberadamente castrado em idade jovem. Não era costume que pessoas nascidas com defeitos físicos nos testículos, problemas congênitos, fossem considerados “eunucos”.

No Antigo Testamento “saris” é traduzido como camareiro treze vezes (2 Reis 23.11;. Ester 1.10-15; 2.3, 14, 15,.21; 4.4-5; 6.2, 14; 7:9) . E eunuco dezessete vezes (2 Reis 9:32;. 20:18;. Isaías 39.7; 56.3-4; Jeremias 29.2: 34.19; 38.7; 41.16; 52.25;. Daniel 1.3-18).

Ver Gênesis 39:1; 40:2, 7; 1 Samuel 8:15;. 1 Reis 22:9;. 2 Reis 8.6; 24.12-15; 25.19;. 1 Crônicas 28.1, 2 Crônicas. 18.8.  

Os eunucos / saris desempenharam papéis importantes na história antiga, nas sociedades chinesa, romana, bizantina, dos impérios otomanos. Eram assessores de alto escalão, ministros de Estado, funcionários que cumpriam papéis burocráticos. Muitos eram encarregados dos aposentos de rainhas e de haréns de reis. Na Europa, meninos eram castrados para que pudessem crescer mantendo a voz estridente e de grande alcance vocal – estes eram conhecidos como “castrati”.

“E os midianitas venderam-no no Egito a Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda” - Gênesis 37.36.

Praticamente, todos os cristãos conhecem a história de José e o episódio em que é comprado como escravo e vai trabalhar para Potifar e nesta ocasião é assediado sexualmente pela esposa dele e injustamente preso.

Abri diversas traduções bíblicas em português em Gênesis 37.36 e 39.1. Nelas, o termo "saris" está vertido como "eunuco" apenas na João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Corrigida - na grafia simplificada, 44ª impressão, de 1980, da Imprensa Bíblica do Brasil. Tal versão oferece nota de rodapé, esclarecendo que o "eunuco" do texto era um oficial. Observação: a 54ª impressão, edição de 1982 da mesma editora, é similar. 

Encontramos no relato de Gênesis, capítulo 39, versículo 1 ao 9, o oficial Potifar, eunuco não no sentido literal, pois era homem casado e portanto podemos considerar que não tivesse sua genitália mutilada. Hoje em dia os historiadores estão inclinados a declarar que, fisiologicamente, Potifar não poderia ser considerado como um eunuco. Entretanto, apesar do casamento, há quem cogite que a insistência da esposa de Potifar em tentar um ato de infidelidade conjugal com José, aconteceu porque ele não tivesse capacidade de manter conjunção carnal.

Nem todos os “eunucos” eram castrados, ao menos no Egito. A sociedade egípcia parece ter sentido repugnância ao ato de extrair órgãos do corpo humano.

Segundo historiadores, não há documentos faraônicos indicando que eles ocupassem postos predominantes nos palácios, como guardiões de haréns e escritórios administrativos e conselheiros de monarcas. Não existe nada parecido no Egito com o que havia na Mesopotâmia em relação aos eunucos.

No Egito, existia o uso da atribuição apenas para designar os altos funcionários da corte de faraó. A presença comum nos tempos antigos de homens castrados nas cortes reais mesopotâmicas deve ser o motivo da palavra “eunuco” ter sido difundida de maneira generalizada para pessoas não castradas que exerciam funções importantes junto ao faraó. Ou seja, havia a atribuição apenas para designar os altos funcionários da corte de faraó e Potifar era uma dessas autoridades com o título “eunuco” sem ser mutilado.

Eunuco no Novo Testamento

"Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.” – Mateus 19.12.

A palavra usada no idioma grego, nas páginas do Novo Testamento é "eunouchos", da qual temos a nossa palavra eunuco. "Eunouchos" é a junção de eune (cama) e echein (para segurar). A maioria dos estudiosos explica que o termo significa "aquele que guarda a cama." Mas Jesus não teria usado a palavra grega no texto de Mateus 19.12, uma vez que Ele conversava em hebraico.


E.A.G. 

Consultas:
http://wiki.answers.com/Q/Was_Potiphar_a_eunuch
http://wiki.answers.com/Q/How_are_eunuch_born
http://bible.cc/genesis/39-1.htm