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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Falando sobre a hipocrisia e os hipócritas




Leio com regularidade pessoas na rede social usando o termo “hipócrita” e “hipocrisia” fora do sentido que essas palavras possuem. O significado dos vocábulos aponta ao triste comportamento de falsidade.

Sendo direto, sobre a pessoa hipócrita:

• alguém que acredita que agir hipocritamente é sinal de esperteza e, portanto, alimenta orgulho escondido pelo fato de ser hipócrita; não é pessoa equilibrada, emocional e espiritualmente - embora, em alguns casos, pareça ser;

• alguém que age com imaturidade, é inconsequente, ainda não tem noção que sua atitude de fingimento é reprovável aos olhos de Deus, necessita crescer na fé;

• alguém que, de maneira intencional, age dissimuladamente, faz calúnias aproveitando a ausência das pessoas caluniadas, porque é invejosa, e/ou rancorosa, e/ou vingativa;

• alguém que usa a ausência da vítima de maledicência para falar mal dela, porque falta coragem para conversar, usando a sinceridade, quando o assunto é importante;

• alguém que exige, ou critica, o outro por atitude que também teria, estando no lugar e no ambiente adverso da pessoa criticada - faz isso para convencer a todos ser dono de moral, eficiência e desembaraço que não possui, objetivando conquistar popularidade em determinado círculo social;

• alguém que se faz de amigo ou de amiga, que se aproxima escondendo o que realmente pensa fazendo lisonjas, estampando um largo sorriso no rosto, como procederam os escribas e fariseus na geração de Jesus Cristo aqui na terra (Mateus 23.14);

• alguém que usa a dissimulação com o objetivo de tentar tirar vantagem das pessoas, como tentou fazer o casal Ananias e Safira, no início da Igreja Primitiva, e por agir assim pagaram com a própria vida dentro do templo (Atos 5.1-11);

• alguém que - mesmo que seja extremamente religioso, faça constantes orações e até jejue - precisa de Jesus Cristo, precisa se converter para não passar a eternidade rangendo os dentes no inferno (Apocalipse 22.15).

O autêntico seguidor de Jesus Cristo preza pela verdade no agir e no falar.

“O que diz a verdade manifesta a justiça, mas a testemunha falsa, a fraude” – Provérbios 12.17.

“O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” – Provérbios 28.13.

“Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” – 1 João 1.7-9.

E.A.G.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

terça-feira, 31 de maio de 2016

Diga o fraco: Eu sou forte - Joel 3.10 e 2 Coríntios 12.10-11


Se a vida não ficar mais fácil, trate de ficar mais forte.
O apóstolo Paulo fez alusão para a passagem de Joel 3.10 em 2 Coríntios 12.11.

"Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo' (...) 'Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte." - 2 Corintios 12.10-11 b. 

Entendo que esta declaração de Paulo nos ensina sobre a humildade, o reconhecimento que devemos sempre estar na dependência de Deus - em tempos felizes e de adversidades -, cientes que sem Cristo nada podemos fazer. Todas as pessoas que se consideram autossuficientes (fortes), pela perspectiva da fé, na realidade são fracas.

E.A.G.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Efésios 4.29: Comunicação inteligente


"Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem" - Efésios 4.29 (ARA).

Traduções bíblicas da Sociedade Bíblica do Brasil:
NTLH: Nova Tradução na Linguagem de Hoje.
ARA: Almeida Revista e Atualizada. 

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Plantou, colheu... Gálatas 6.7-8 (charge)

"Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos" - Gálatas 6.7-9.

"Não se enganem: ninguém zomba de Deus. O que uma pessoa plantar, é isso mesmo que colherá. Se plantar no terreno da sua natureza humana, desse terreno colherá a morte. Porém, se plantar no terreno do Espírito de Deus, desse terreno colherá a vida eterna. Não nos cansemos de fazer o bem. Pois, se não desanimarmos, chegará o tempo certo em que faremos a colheita" - Gálatas 6.7-8 (NTLH).

terça-feira, 26 de abril de 2016

A maravilhosa graça


EBD - Licões-Bíblicas - Adultos: Maravilhosa Graça, o evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos.  Autor José Gonçalves. CPAD. Lição 5: A maravilhosa graça.
Por Eliseu Antonio Gomes

A graça é maravilhosa. Todos somos pecadores por natureza, mas Jesus, que nunca pecou devido sua natureza divina, veio para nos salvar e pagou com sacrifício por nós a culpa de nossos pecados. Ele sofreu em nosso lugar, e dessa maneira reconciliou-nos ao Pai (Isaías 53.6; Mateus 20.28; Romanos 3.25).

A influência da Carta aos Romanos na vida do avivalista inglês John Wesley

O avivamento evangélico do século 18 teve na figura de John Wesley o seu mais eminente representante. Porém, nem todos estão cientes que a Carta aos Romanos foi responsável pela profunda renovação espiritual de Wesley. A renovação espiritual que moveu a Inglaterra, iniciou em 24 de maio de 1738, quando Wesley visitou uma comunidade cristã na rua Aldersgate. Naquela noite, estava sendo lido o Prefácio de Lutero referente a Epístola aos Romanos. Assim que Wesley se expressou em seu diário: "(...) enquanto ele estava descrevendo a mudança que Deus operava no coração pela fé em Cristo, senti meu coração aquecer-se estranhamente. Senti que confiava em Cristo, somente em Cristo, para a minha salvação. Foi me dada a certeza de que Ele tinha levado embora os meus pecados, sim, os meus. E me salvado da lei do pecado e da morte".

A definição de "graça" na Bíblia

Romanos 5.20 b: "... onde o pecado abundou, superabundou a graça".

"Graça", no hebraico do Antigo Testamento, é “chen”. Significa curvar-se ou abaixar-se; é a aceitação e amor imerecidos da parte de um superior em valor e posição a um inferior. Atitude bondosa de Deus ou de um indivíduo em tempos de necessidade. Favor de Deus não merecido; salvação para os que merecem condenação (Romanos 3.24).

Outra palavra para "graça" encontrada no AT, mais de 250 vezes, é “hesed”. Esta palavra possui dois elementos essenciais. Primeiro: a ideia de força, lealdade, fidelidade. Segundo: a ideia de bondade, misericórdia. Ao associar estes elementos, captamos que "graça" tem a ver com "dedicação" e "verdade". É traduzida ao português como misericórdia, cujo significado é amor leal, firme e fiel, apontando ao auxílio divino.

Na definição do Novo Testamento, o termo "graça" é "charis" (grego), Significa bondade excepcional de Deus para com os seres humanos na condição de pecadores, para tornar possível o perdão e a salvação (João 1.14; Efésios 2.4-5). A palavra é usada cerca de cem vezes nas epístolas paulinas e vinte e quatro vez apenas em Romanos (1.5, 7; 3.24; 4.4, 16; 5.2, 15, 17, 18, 20, 21; 6.1, 14, 15; 11.5, 6; 12.3, 6; 15.15; 16.20, 24).

"Graça" é constantemente contrastada com a Lei, em que Deus exige justiça do homem (Tito 3.4, 5). Sob a graça, Ele concede justiça ao homem (Romanos 3.21, 22; 8,4; Filipenses 3.4). A misericórdia imerecida está sempre disponível para aqueles pecadores que creem no Evangelho e obedecem ao Senhor (Atos 11.23; 20.32; 2 Coríntios 9.14).

Os cristãos primitivos usavam essa palavra quando se reuniam e se saudavam (Romanos 1.7; 1 Coríntios 1.3; Gálatas 1.3).

O combate de Paulo ao Antinomismo

Como pode um indivíduo ser justificado e não viver justamente? Como consegue receber amor e não amar? Como é capaz de ser abençoado e não abençoar? Como alguém que recebe a graça não vive graciosamente? Paulo refuta tal ensino e comportamento reprováveis, cuja filosofia é identificada como antinomismo ("anti": contra; "nomi": lei moral).

Antinomismo, ou Antinomianismo, é a doutrina de que, pela fé e a graça de Deus anunciadas no Evangelho, os cristãos são libertados não só da lei de Moisés, mas de todo o legalismo e padrões morais de qualquer cultura. Também, é o modo antagônico de manifestação contra a lei e a legalidade, pode tornar-se patente através da rejeição anarquística da autoridade legislativa do Estado.

O Antinomismo é um dos maiores obstáculos contra o ensino do apóstolo Paulo quanto à maravilhosa graça de Deus, pois os promotores dessa ideia veem a graça mais como um motivo para se praticar o mal, do que para fazer o bem. Tal modo de pensar, trata-se de confusão no meio cristão, pois promove a extinção de quaisquer espécies de preceitos morais em forma de lei a ser seguida; traz implicações imorais às vidas das pessoas; faz com que se qualquer cristão exigir o mínimo de um comportamento moral do outro, logo seja denominado moralista, no sentido mais depreciativo do termo.

No capítulo 5.12-21, o apóstolo descreve a libertação do crente a partir da ação salvífica originada na graça de Jesus Cristo. E no capítulo 6, versículos 1 ao 23, mostra que a graça é oferecia ao cristão, porém, este cristão precisa corresponder à realidade da nova vida em Cristo. A regeneração, cuja graça de Deus manifestou-se em sua vida, deve rejeitar o pecado e produzir fruto para a santificação e para a vida eterna (versículo 22).

A analogia entre Adão e Cristo 

No capítulo 6 da carta aos crentes de Roma, o apóstolo Paulo aborda a questão da nova vida em Cristo; ensina que o crente não é mais escravo do pecado e que como nova criatura precisa viver para Deus, em obediência e santidade. Explica que o velho homem já foi crucificado com Cristo e, apesar disso, como nova criatura, o crente não alcança a perfeição, continua a ser tentado, mas desde o momento que decide viver pela fé, para Cristo, não é mais escravo do pecado, está livre pois Cristo habita nele.

Seja qual for o aprendiz consciencioso das Escrituras Sagradas, entenderá que Paulo não incentiva a vida em pecado. O apóstolo ensina sobre a universalidade dominante do pecado neste mundo, bem como o juízo e a morte; diz que ambos estão vinculados à pessoa de Adão (em quem o pecado superabundou). Paulo instrui sobre a entrada da justiça, o predomínio da graça, da justificação, retidão e da verdadeira vida, que estão ligadas a Jesus Cristo (em quem superabundou a graça).

O ser humano nascido de novo tem gerado dentro dele uma nova consciência que, mesmo quem não conheceu a Lei de Moisés, manifesta a ética e o comportamento baseado no Amor de Deus de maneira consciente e sincera (Gálatas 5.22-24). Ou seja, o Espírito Santo é quem convence este ser humano do pecado, da justiça e do juízo (João 16.8-11).

Conclusão

A doutrina da maravilhosa graça de Deus nos mostra que o ser humano dominado pelo pecado só pode ser livre desse domínio pela graça divina. Pela fé, morremos para o pecado e como novas criaturas vivemos em um mundo que jaz no maligno, mas desde o momento que tomamos a decisão de viver para Cristo experimentamos a vitória da graça e seus frutos: a vida neste presente século de forma sóbria, justa e piamente (Tito 2.11, 12).

A graça de Deus é colossal. É santificadora. É transformadora. Libertadora. Ela é vida, pois destrói o reinado da morte; ela é eterna, pois faz o homem levantar-se da morte para a vida plena. Atua no crente possibilitando que tenha uma vida justa e piedosa diante de Deus e dos homens.

O favor imerecido de Deus, mediante o qual os homens são salvos por meio de Cristo, não concede licença para a prática do pecado. É capaz de livrar as pessoas do senhorio do mal. Quando cheio da graça de Deus, o crente evita a impiedade, as paixões mundanas e vive a vida sensata que o Evangelho recomenda.

E.A.G.

Compilações:
Belverede, Eliseu Antonio Gomes, O Evangelho da Graça, 5 de julho de 2015, http://goo.gl/4BeUus
Bíblia do Pescador, página 1207, 1ª edição 2014, Rio de Janeiro (CPAD).
Ensinador Cristão, ano 17, nº 66, página 38, abril a junho de 2016, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre: Salvação e Justificação - Os pilares da vida cristã, Eliezer Lira, 1º trimestre de 2006,  página 33 a 40, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Professor - Maravilhosa Graça - O evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos; 2º trimestre de 2016, página 35, Rio de Janeiro (CPAD).

quinta-feira, 31 de março de 2016

A Epístola aos Romanos

EBD-Licoes-Biblicas-Adultos-Maravilhosa-Graca-o-evangelho-de-Jesus-Cristo-revelado-na-carta-aos-Romanos-Jose-Goncalves-CPAD-licao-1-A-Epistola-aos-Romanos
Por Eliseu Antonio Gomes

O autor da Epístola aos Romanos é o apóstolo Paulo, embora tenha sido Tércio quem a escreveu (Romanos 16.22). Foi redigida, aproximadamente, entre 57 e 58 d.C., quando se encontrava em Corinto, capital da província romana de Acaia, no território da Grécia.

A Carta aos Romanos foi destinada aos crentes judeus e gentios, que constituíam a igreja em Roma (Romanos 1.7, 15). Foi endereçada a pessoas simples, provenientes de todas as camadas da  população e sem distinção de cor ou de raça. Não foi escrita para atender interesses de teólogos, eruditos, nem tampouco a especialistas em religião. A redação foi composta com o propósito de edificar a igreja, tirar dúvidas e esclarecer questionamentos que a nova fé estava provocando. Alie-se a isso o desejo do apóstolo em contar com o apoio dos romanos no estabelecimento de uma nova base missionária. Romanos, portanto, é uma carta escrita para todos os crentes em Cristo, de todos os tempos e gerações.

A Epístola nos apresenta uma teologia profunda, prática, em linguagem acessível aos leigos e aos estudantes da Bíblia. Nela desvenda-se o plano divino da redenção do homem através da justificação e da posterior santificação. As discriminações são desfeitas, pois, tanto judeus como gentios, são alcançados pelo Evangelho da Graça de Deus.

Ao escrever a carta, Paulo se apresenta à igreja para remover  as suspeitas levantadas contra ele pelo partido judaico de Jerusalém a fim de impedi-lo de ir à Espanha. Também tinha o propósito de anunciar o plano de Deus para a salvação, expor o amor de Deus tanto aos judeus quanto aos gentios, pois, em Cristo, não há mais judeus nem grego, mas somente a pessoa renascida em Cristo (Romanos 14.1-10).

Numa sequência espetacular, o apóstolo destaca verdades incontestáveis e irremovíveis. A doutrina da salvação é apresentada em quatro itens. Os aspectos principais destacados, são: o teológico (1.18 - 5.11); o antropológico (5.12 - 8.39); o histórico (9.1 - 11.36); e o ético (12.1 - 15.33).

A chamado ministerial de Paulo. "Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus" - Romanos 1.1.

O nome Paulo é uma forma latina do hebraico Saul. Ele era judeu de sangue, da tribo de Benjamim (Romanos 11.1), e natural de Tarso, na Cilícia, hoje território turco. Em Jerusalém, foi fariseu zeloso, tendo como mestre o respeitável Gamaliel (Atos 22.3; 26.4-5). Era conhecido e respeitado por seu zelo extremo da religião judaica. Por essa razão, antes de se converter ao cristianismo foi implacável perseguidor dos cristãos, promoveu perseguição sangrenta aos cristãos, levando muitos deles ao cárcere e à morte  (Atos 7.58; 8.1; 9.1; Gálatas 1.13; Filipenses 3.6; 1 Timóteo 1.13).

Paulo foi contemporâneo de Jesus em sua vida terrestre, e certamente conhecia a sua fama entre os judeus. Não é possível provar até hoje que tivesse conhecido Jesus pessoalmente. Na realidade, o conheceu verdadeiramente no caminho de Damasco, capital da Síria. O Senhor já havia ressuscitado e subido ao Pai, quando o implacável "Saulo de Tarso" preparou-se para mais uma investida cruel contra o Rei dos reis, Jesus, o Salvador. Uma transformação imediata e regeneradora aconteceu, e ele converteu-se a Cristo (Atos 9.1, 29; Gálatas 1.11; 2.1).

Paulo rogava a Deus para estar com os irmãos em Roma. "Pois Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, pedindo sempre em minhas orações que, afinal, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião para ir ter convosco" - Romanos 1.9-10.

Se você ora continuamente por alguma inquietação, saiba que Deus segue o seu cronograma e muitas vezes responde de maneira inesperada. As formas que Ele usa para responder nossas petições frequentemente são muito diferentes do que esperamos.

Paulo orou, a fim de que pudesse visitar Roma e ensinar os cristãos que já estavam lá, porém, quando finalmente chegou àquela cidade, era um prisioneiro (Atos 28.28.16). Orou por uma viagem segura e, embora chegasse em segurança a Roma, antes foi preso, teve o rosto esbofeteado, naufragou e foi picado por uma cobra venenosa.

Paulo desejava comunicar algum dom espiritual aos irmãos em Roma. "Porque desejo muito ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais fortalecidos; isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado em vós pela fé mútua, vossa e minha" - Romanos 1.11-12.

A fé em Cristo proporciona um vínculo entre os irmãos, que é uma bênção e um estímulo para todos, quando os cristãos se reúnem para adorar a Deus todos dão e também recebem.

Paulo estava desejoso de visitar os cristãos em Roma e encorajá-los com sua fé e ser por eles ser encorajados. Sabia que poderia ajudá-los a entender melhor o significado do Evangelho de Jesus Cristo, por sua vez os cristãos romanos tinham condição de oferecer ao apóstolo comunhão e conforto.

Paulo já havia tentado ir até Roma, porém, foi impedido. "E não quero que ignoreis, irmãos, que muitas vezes propus visitar-vos (mas até agora tenho sido impedido), para conseguir algum fruto entre vós, como também entre os demais gentios" - Romanos 1.13.

Os gregos costumavam referir-se a todos os povos não-gregos, ou que não falassem seu idioma, como bárbaros (Atos 28.4). Ao término de sua terceira viagem missionária, Paulo já havia viajado pela Síria, Galácia, Ásia, Macedônia e Acaia. Desejava conhecer a Igreja em Roma, predominantemente gentílica, ver como viviam na fé os novos convertidos, bem como compartilhar suas experiências e motivar os mais maduros para a evangelização e o avanço missionário.

Paulo dedicou toda a sua vida a divulgar as Boas Novas. "Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. De modo que, quanto está em mim, estou pronto para anunciar o evangelho também a vós que estais em Roma" - Romanos 1.14-15.

Após encontrar Cristo na estrada de Damasco, o dever de Paulo era dedicar toda a sua vida á tarefa de divulgar as Boas Novas de salvação. Esta era a obrigação do apóstolo para com todos os povos do mundo inteiro. E ele cumpriu-a ao proclamar Cristo como Salvador às pessoas de todas a etnias, culturas, classes sócio-econômicas, a todos os povos, judeus e gentios.

Nós também temos uma obrigação para com Cristo, porque Ele assumiu o castigo que merecíamos por nossos pecados. Não podemos retribuir tudo o que Jesus fez por nós, mas podemos demonstrar nossa gratidão com nosso amor pelos semelhantes, apresentando a eles o plano divino da salvação, usando os talentos e dons que o Senhor nos deu (2 Timóteo 1.6-10).

Paulo pregou que o justo deve viver pela fé. "Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé" - Romanos 1.17.

Quando Jesus triunfou sobre a morte, Ele eliminou as acusações que nos eram contrárias e abriu-nos o caminho para o Pai (Colossenses 2.12-15). Em sua misericórdia, nos concede a fé. Devemos aceitar a bondosa oferta de Deus com ações de graça e permitir que Ele plante a semente da fé dentro de nós.

Assim como o povo do Antigo Testamento não conseguiu chegar a Deus por meio de sacrifícios, nós jamais conseguiremos agradar a Deus através de uma fé humana, desenvolvida através nossos esforços pessoais. Pois, diante do Senhor, "todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como o vento, nos arrebatam" (Isaías 64.4).

A justiça que tem origem na fé em Deus nada tem a ver com fazer boas obras,  embora isso seja uma consequência do ato de ser justo. Jesus apontou Deus como sendo o único que verdadeiramente é bom. "Bom" é um sinônimo de justo; portanto, segue-se que ser justo é o mesmo que imitar a Deus. Todo pecado está arraigado na descrença. E toda a justiça está ligada à fé em Cristo. Creia em todas as promessas de Deus, e Ele imputará a sua fé como justiça.

Conclusão

No texto de Romanos 1.17, observamos que Paulo mencionou Habacuque 2.4. O apóstolo amplia o sentido que o profeta apresentou, ao apontar à vida eterna. Somos salvos á medida que confiarmos em Deus; só nEle encontramos vida agora e no porvir.

E.A.G.

Fortalecei-vos no Senhor, agora! - Preletor Valdeci Bezerra

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, páginas 1551, 1552, edição 2004, Rio de Janeiro (CPAD). 
Bíblia de Estudo Devocional- Max Lucado, página 1401, edição 2005, Rio de Janeiro (CPAD).
Carta aos Romanos, Elienai Cabral; páginas 9, 12, 13, 17; edição 1986, Rio de Janeiro (CPAD).
Ensinador Cristão, ano 17, nº 66, abril - junho de 2016, página 36, Rio de Janeiro (CPAD)
Maravilhosa Graça - O evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos, José Gonçalves, página 7, 1ª edição 2016, Rio de Janeiro (CPAD).

sábado, 26 de dezembro de 2015

Tiago 1.20 - Quando a raiva surgir...

É importante considerar as orientações bíblicas, em todas as circunstâncias da vida. 

Em se tratando de momentos de nervosismos, mesmo que apareçam por motivo correto, o melhor a fazer é esperar o sentimento forte passar e só depois que passou tomar as decisões que devem ser tomadas, porque se não há calma também não há condições de raciocinar corretamente.

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domingo, 28 de junho de 2015

Dom precioso é a alegria de Deus!


por Dr. M. Peschutter
Nossa alegria humana não é constante; ela está sujeita a variações e ao desgaste da rotina. Ela é sufocada pelos acontecimentos e depende das circunstâncias. 

A alegria de Deus – a alegria que vem de Deus e está estabelecida nEle, a alegria no Senhor, é bem diferente. É uma alegria que tem a Jesus Cristo no centro e não a nós mesmos. A alegria em Deus é muito diferente porque é de outra natureza, porque tem outra base e outra origem. 

A alegria de Deus vem da eternidade, por isso dura para sempre e tem valor eterno. Ela não se desgasta. 

É uma alegria que mesmo em meio às provações, ao sofrimento e até diante da morte dá toda a glória a Deus e louva o Seu nome. É uma alegria entre lágrimas, muitas vezes bastante amargas (veja 2 Co 6.10; Cl 1.24). Por essa razão, “o mundo” não entende e nem pode entender essa alegria! 

A alegria em Deus não é segundo a natureza humana nem produz reações tipicamente humanas. Ela é divina e, assim, sobrenatural.

Essa alegria soberana só é encontrada em Deus, que a presenteia aos Seus como um dom precioso. A alegria de Deus tem dimensões, qualidades e quantidades que nos são desconhecidas. Ela repousa em si mesma e permanece imutável porque o próprio Deus é imutável, pois Ele é o Ser Eterno.

Quando as Sagradas Escrituras nos conclamam: “Alegrai-vos sempre no Senhor”, é um Pai amoroso que pede a nós, Seus filhos, que confiemos e creiamos nEle, pois Ele criou algo que supera as nossas mais fantásticas expectativas. [...]




segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

1ª Coríntios 8: resposta de Paulo às perguntas acerca de carnes sacrificadas aos ídolos

Athena na mitologia grega era a deusa da sabedoria.
Na época de Paulo, a cidade de Corinto tinha uma população estimada em 250 mil cidadãos livres e cerca de 400 mil escravos. Devido à sua localização geográfica, constituía-se de uma faixa de terra ligando a península ao continente, com pleno acesso ao mar Mediterrâneo; era uma encruzilhada para viajantes e comerciantes de todas as partes do mundo. Tinha dois portos importantes: Cencreia, cerca de 10 km a leste do golfo Sarônico, e Lecaião, a uns 2 km a oeste de Corinto. Os dois portos faziam da cidade ponto estratégico de abastecimento e descarga de navios. O comércio era um dos mais exuberantes do Mediterrâneo; a cultura cosmopolita e a imoralidade sem limites fazia parte da religião local como forma de expressão e culto aos deuses helênicos. Corinto abrigava doze grandes templos, sendo que um dos mais infames era dedicado à Afrodite, deusa grega do amor, onde mais de mil mulheres eram escolhidas todos os anos para oferecerem seus corpos aos homens como oferenda religiosa.

Neste cenário, Paulo chegou em Corinto para ensinar que Deus é a origem-primeira: o Criador de tudo que há; Deus-Filho é a pessoa dinâmica da Trindade, por intermédio de quem todas as coisas vieram à existência. E que os ídolos não passam de simples objetos materiais e não devem ser idolatrados (João 1.3; Atos 4.24; Hebreus 2.10; Colossenses 1.16).

Os conceitos culturais e religiosos permeava a vida de todos os povos atingidos pelo império e confundia os crentes novos convertidos (Atos 17.16). Assim sendo, os crentes coríntios haviam escrito a Paulo perguntando sobre como agir em relação às carnes de animais que sobravam dos sacrifícios oferecidos nos altares pagãos e eram comidas pelos sacerdotes e pelos ofertantes.

Comer ou não carnes sacrificadas aos ídolos? Essa pergunta não girava apenas no assunto da alimentação, envolvia o uso da carne em festas públicas com parentes e amigos pagãos no templo pagão, ou em casas particulares, ou as sobras vendidas no mercado. Alguns cristãos não viam problemas em comer este tipo de carne, até porque era difícil saber qual parte fora sacrificada. Outros já apresentavam sérias dificuldades de consciência e medo de estarem pecando contra o Senhor. 

No capítulo 8 da primeira carta de Paulo aos crentes da cidade de Corinto, temos o exemplo interessante de como o apóstolo vai atrás de uma palavra para ensinar sobre o que se deve comer e o que se deve evitar. No versículo 1, ele foca a palavra "sabemos" e em seguida, baseado no verbo saber, explica sobre a ciência no campo espiritual e material. Em sua resposta, aprendemos que sem a bênção do amor divino, todo o conhecimento é estéril e anti-social e que ser uma pessoa "conhecida" por Deus é sentir seu amor, presença e bênçãos espirituais (1 Corintios 13; Gálatas 4.8-9; 1 João 4.7-8).

No versículo 6, vemos que Paulo olhou para a mitologia greco-romana, em que havia idolatria politeísta, e considerou a triste situação de muitas pessoas se deixam iludir por Satanás e passam a adorar coisas e seres que não são reais deidades, nem se quer existem.  Ele não afirma que possa haver "outros deuses", pois está claro que há um só Deus (Deuteronômio 6.4). Sua afirmação nos encaminha a perceber que ao longo dos séculos, os demônios têm escravizado o mundo induzindo as pessoas a depositarem fé na sorte que ídolos (coisas sem vida) possam proporcionar. Os crentes não devem aceitar qualquer tipo de superstição, temor ou apego aos amuletos. A fé do cristão deve ser pura e absoluta em Cristo, nosso Deus.

No idioma grego, encontramos no texto do versículo 13 a palavra "exousia", que tem o sentido de autoridade, liberdade e direito.  A expressão "nunca" no original grego é um termo enfático, que significa uma negação dupla. Isto é: "se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais, jamais mesmo, comerei carne, para que meu irmão não se escandalize."

O crente maduro não é egoísta, pois o egoísmo preocupa-se primeiramente com o interesse próprio. O crente amadurecido na fé é altruísta, porque o altruísmo leva sempre em conta o bem dos outros. Ele tem pleno conhecimento que seu acúmulo de saber é limitado e que só o Senhor conhece tudo e todos, então, trata com amor e paciência seus irmãos mais fracos ou novos na fé (Romanos 11.33-36).

Vemos em todo este capítulo o importante ensino da consideração para com as outras pessoas. Paulo não afirma que a ingestão da carne é prejudicial ao que come, esclarece que o crente é livre em Cristo, entretanto, por amor ao irmão mais fraco ou menos maduro, deve evitar comê-la em sua presença para não prejudicá-lo escandalizando-o (Romanos 14.13.21).

Enfim, o exercício da fé autêntica no Deus verdadeiro é superior a fé em ídolos sem vida, ela é manifestada no amor que oferecemos ao próximo (Salmo 115.4-7; 135.15-17; Isaías 44.12-20; Gálatas 5.6).

E.A.G.

Compilações:
A Bíblia Explicada - S. E. McNair, 12ª edição em 1997, página 418, Rio de Janeiro (CPAD). 
Bíblia Sagrada King James - Edição de Estudo, página 1724, edição de julho de 2013, Abba Press Editora e Divulgadora Cultural Ltda / Sociedade Bíblica Íbero-Americana. 


sábado, 20 de setembro de 2014

Os pecados de omissão e de opressão

Por Eliseu Antonio Gomes

Deus fez o ser humano em triplicidade: o corpo, a alma e o espírito. Na condição de Criador e Deus, ama o homem como ele é e tem como objetivo o seu bem-estar de maneira plena. Assim , clama ao arrependimento de pecados. As Escrituras abrangem todos os aspectos do cristão com o objetivo de que viva praticando o bem a si mesmo e ao próximo. Em Tiago 4.17 e 5.1-6, encontramos exortações sobre relacionamentos no campo profissional.

Ter bens materiais adquiridos honestamente não é pecado

O Senhor espera que seus servos usem os recursos materiais para ajudar os necessitados. A prosperidade que Ele permite ao cristão experimentar, não é dada para uso de deleites e prazeres egoístas.

Possuir riqueza não é sinal de fé e nem de aprovação de Deus

A Bíblia adverte aos cristãos a não colocarem o coração nas riquezas materiais e aos ricos para que não depositem sua confiança nelas (Salmo 49.6, 7).

Quando alguém tem seu o coração na riqueza, ele corre o risco de ser induzido à inveja e a praticar ações incorretas para possuí-la. E se o rico passa a acreditar que suas posses materiais são recursos suficientes para responder a tudo que ele necessitar, comete idolatria, pois age considerando o dinheiro o seu deus.

Exortação apostólica aos patrões opressores

Tiago condena a exploração econômica e toda a manobra fraudulenta que os ricos deste mundo, crentes ou descrentes, usam para manterem-se no topo da pirâmide financeira. Na geração do apóstolo, existiam poucas pessoas da classe alta que se mostravam abertas ao Evangelho. Devido a perseguição contra a igreja, muitos crentes perderam seu meio de subsistência e passavam apuros financeiros. Enquanto isso, pessoas ricas faziam mau uso de suas posses, viviam de maneira extravagante, extasiados em seus deleites pareciam cegos e surdos aos clamores dos irmãos que precisavam do auxílio. Diante desta situação, ele exorta os ricos, pois eram capazes de ajudar mas se recusavam a realizar esta prestação, e além disso exploravam os crentes pobres (2.5, 6).

Conclusão

Deus se posiciona em relação às injustiças sociais, abomina aqueles que adquirem riquezas às custas da exploração de desvalidos e necessitados, não aceita nenhuma espécie de opressão e injustiça na relação entre ricos e pobres, funcionário e patrão.

O Senhor está ao lado de trabalhador humilde e honesto, ao lado de explorados e oprimidos. É importante estar consciente que para Deus os cristãos são irmãos, independente das posições socioeconômicas, empregador ou empregado. O crente é ensinado pela Palavra de Deus a fazer o bem, seja pagando salário ou trabalhando para recebê-lo.

Os bens são ferramentas para tornar viável a expansão da mensagem do Evangelho e para socorrer os irmãos que precisam de ajuda. Através da oferta voltada ao evangelismo e missões, as almas famintas são alimentadas; por meio da ação social, o corpo humano, que é templo do Espírito Santo, recebe oportunidade para continuar a louvar e servir para Deus.

E.A.G.

Compilações:
Ensinador Cristão, ano 15, nº 59, página 42, julho-setembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre, Elinaldo Renovato de Lima; 1º trimestre de 1999, páginas 73-79, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 82-90, Rio de Janeiro (CPAD).

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Reflexão sobre Colossenses 3.16 ao 25



"Que a mensagem de Cristo, com toda a sua riqueza, viva no coração de vocês! Ensinem e instruam uns aos outros com toda a sabedoria. Cantem salmos, hinos e canções espirituais; louvem a Deus, com gratidão no coração. E tudo o que vocês fizerem ou disserem, façam em nome do Senhor Jesus e por meio dele agradeçam a Deus, o Pai." - Colossenses 3.16 - 17 (NTLH).

O terceiro capítulo da carta de Paulo aos crentes de Colosso, e consequentemente também para todos os cristãos de todos os lugares ao redor do mundo e de todas as gerações, contém ensino precioso sobre as causas do sofrimento humano. 

A orientação da prática da mensagem de Cristo na vida das pessoas abrange todos os setores da vida. Toda orientação bíblica deve ser considerada como regra de procedimento indispensável. Vejamos três aspectos:

No casamento, para homens e mulheres, o ensino é: 

"Esposa, obedeça ao seu marido, pois é o que você deve fazer por ser cristã. Marido, ame a sua esposa e não seja grosseiro com ela." - Colossenses 3.18-19 (NTLH).

Penso ser difícil para as senhoras aceitarem este versículo bíblico. Apesar da dificuldade, é preciso incorporá-lo ao viver cotidiano. Como homem casado, posso dizer que para muitos maridos não é fácil amar suas esposas em todo tempo. Para ambos os sexos, o exemplo de obediência e amor é Cristo, que obedeceu a Deus em tudo.

 Na relação entre pais e filhos, o comportamento ideal, é: 

"Filhos, o dever cristão de vocês é obedecer sempre ao seu pai e à sua mãe porque Deus gosta disso. Pais, não irritem os seus filhos, para que eles não fiquem desanimados." - Colossenses 3.20-21 (NTLH).

Hoje, testemunhei a discussão entre pai e filho. O pai irritando o filho e o filho gritando com seu pai. Tive a oportunidade de recitar para ambos os versículos 20 e 21, de Colossenses 3.

Na relação de patrão e empregado: 

"Escravos, em tudo obedeçam àqueles que são seus donos aqui na terra. Não obedeçam só quando eles estiverem vendo vocês, procurando com isso conseguir a aprovação deles. Mas obedeçam com sinceridade, por causa do temor que vocês têm pelo Senhor. O que vocês fizerem façam de todo o coração, como se estivessem servindo o Senhor e não as pessoas." - Colossenses 3.22-23 (NTLH).

Assim como a Palavra de Deus orienta o trabalhador a ser honesto em suas funções, pede aos empregadores a agirem de maneira justa com seus empregados, embora o versículo em apreço não cite isso. Confira: Tiago 2.5-6; 5.2-4.

Atos e consequências

Quem segue as orientações bíblicas tem a mensagem de Cristo viva em seus corações e é considerado por Deus o seu povo. Mas, quem não as segue revela por atitudes que não ama a Deus de verdade, mesmo sendo um religioso fervoroso, e não deixará de experimentar as consequências por desprezar o que Ele manda fazer, receberá todo o desprezo do Senhor. 

Lembrem que o Senhor lhes dará como recompensa aquilo que ele tem guardado para o seu povo, pois o verdadeiro Senhor que vocês servem é Cristo.. E quem faz o mal, seja quem for, pagará pelo mal que faz. Pois, quando Deus julga, ele não faz diferença entre pessoas." - Colossenses 3.24-25 (NTLH).

E.A.G.

Deus aprovou a escravidão? Confira neste blog o seguinte artigo: As leis civis entregue por Moisés ao povo israelita

terça-feira, 9 de setembro de 2014

O julgamento e a soberania pertencem a Deus

Por Eliseu Antonio Gomes

No capítulo 4, versículos 11 ao 17, Tiago destaca a questão do relacionamento interpessoal entre os irmãos e o planejamento da vida, aconselha sobre a atitude ideal que as pessoas devem ter com seus semelhantes e com elas mesmas.

O apóstolo alude a Jesus Cristo, que declarou que a lei está resumida em dois mandamentos: o primeiro é "amar a Deus acima de todas as coisas" e o segundo é "amar ao próximo como a si mesmo".

A maledicência é proibida

A ligação entre o texto encontrado em 4.11-12 em que o apóstolo proíbe 'falar mal" (katalaleõ) e o restante do contexto deve ser visto como uma ênfase ao repúdio ao orgulho, que frequentemente está ligado à inveja (2 Corintios 12.20; 1 Pedro 2.1) e porfias (2 Corintios 12.20). Este texto reprisa às abordagens anteriores da carta, capitulado em 3.13 - 4.10, sobre os pecados da língua.

Literalmente, katalaleõ significa "falar contra", descreve muitos discursos nocivos: a contestação à autoridade legítima (Números 21.5); caluniar alguém secretamente (Salmo 101.5); fazer acusações improcedentes (1 Pedro 2.12; 3.16).

O Soberano Juiz 

Sabemos, só existe um único juiz e legislador, que é Deus. Apenas o Todo-Poderoso tem poder para legislar corretamente em favor das suas criaturas, Somente Ele é santo e justo, possui a capacidade para julgar sem cometer erros no julgamento, tem condições de conhecer todas as nossas intenções, declaradas e secretas,  pois é o único que possui o atributo da onisciência.

É muito perigoso colocar-se como juiz dos irmãos, pois a vida é breve e o sentimento pecaminoso de autossuficiência custa muito caro. Antes de pensar em pronunciar sentença de condenação ou absolvição do outro através de opinião própria, é preciso lembrar do ensino de Cristo, que nos manda examinar a nós mesmos (Mateus 7.1-3).

Como seres humanos, somos limitados, falhos, imperfeitos. Não temos capacidade de conhecer o que há no interior do coração alheio. E se nesta condição de incapacidade realizamos julgamento contra o próximo, estamos semeando para o nosso futuro o resultado da nossa insensibilidade, impiedade e injustiça (Gálatas 6.7), Ao condenar uma pessoa usando o senso de justiça errado, estamos condenando também o Criador que o fez.

O julgamento genuinamente cristão

Sobre o ato de julgar, devemos ter em mente as advertências de Jesus:

"Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo (falho) com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós" - Mateus 7:1-2 - parênteses meus.

Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça” - João 7.24 (grifo meu).

Muitos religiosos não baseiam seus julgamentos nas Escrituras Sagradas, que é a reta justiça.

Quando alguém emite parecer embalado por pensamentos humanos, deixa-se guiar pelo gosto pessoal e se coloca como juiz, colocando conceitos próprios acima do conceito divino. Falar mal do irmão e julgá-lo é descumprir o mandamento do amor a Deus e ao próximo e quem assim procede, arrogantemente, comporta-se como juiz da lei. Julgar a  lei, segundo Tiago 4.11, significa considerar inútil a orientação encontrada em Levíticos 19.16, como também considerar digno de desprezo o conjunto de ensinos de Jesus sobre o dever de amar a Deus e ao próximo. Agir assim é uma atitude de afronta à soberania do Senhor.

Julgar segundo a sabedoria desse mundo é o mesmo que vestir-se de trajes rasgados, usar trapos de imundícias fedorentos que causam vergonha ao usuário e repugnância a quem sente o cheiro. No dia da avaliação divina, toda ideia concebida pela inteligência humana que ignora a vontade de Deus será queimada. É recomendável reconhecer o valor das Escrituras Sagradas, usar o tempo se ocupando em meditar e fazer e falar tudo segundo a Palavra de Deus, porque só ela é a reta justiça, só ela possui valor espiritual. Ninguém deve ignorar que perante Deus a justiça emitida pelo homem é imprestável, é semelhante panos velhos e sujos (Isaías 64.6) .

Não podemos esquecer que o senso de justiça praticado pelo ser humano só tem valor quando está fundamentado em Cristo. Para opinar, é importante ao cristão ter o suporte de referências bíblicas. É triste ver defensores de causas que não possuem apoio das Escrituras. A vida delas não pode ser comparada com a casa edificada sobre a rocha, o  futuro dessas pessoas  está construído sobre a palha e o feno, constantemente espalhados pelo vento, cujo destino final é o fogo (Salmo 1.4-6; Mateus 7.24; 1 Corintios 3.11-13).

A fabilidade dos planos humanos

Tiago exorta aos negociantes cristãos, e cristãos em geral, sobre o futuro, cujo controle pertence apenas a Deus, que detém o atributo da onipresença.

A raça humana é efêmera, limitada, mortal, no entanto, muitos fazem planejamentos arriscados, confiando na própria sorte. São audazes e tendem ao fracasso porque possuem corações soberbos que se recusam à consulta da vontade de Deus.

O apóstolo descreve a consistência da existência humana na terra como um "vapor que aparece por pouco tempo e depois desvanece" (4.14). Ele enfatiza a duração extremamente curta da vida, que pode ser interrompida por uma enfermidade, morte acidental ou a volta de Cristo, assim como o sol dissipa a neblina e o rumo do vento afasta a fumaça. Outras afirmações realistas descrevem a brevidade da vida como um sopro:  Provérbios 27.1;  Jó 7.7, 9, 16; Salmos 39.5-6.

Provavelmente, Tiago tenha se inspirado no ensino de Cristo registrado em Lucas 12.15-20, quando Jesus adverte as multidões sobre a avareza e as lembra que a vida de uma pessoa não se consiste na quantidade de acúmulo de bens, usando uma parábola com a figura de um homem rico que fez planos para o futuro, guardando em celeiro toda sua produção como se a riqueza pudesse preservá-lo, sem levar em consideração que a morte poderia estar iminente.

Sendo a vida do homem frágil e breve, é importante que o cristão faça planos usando a sabedoria do alto, reconhecendo-se dependente de Deus e mantendo-se humilde perante Ele, que é o Criador de todas as coisas.

Como crentes em Deus, se quisermos ser bem sucedidos em nossos planos, devemos nos posicionar como servos de Cristo e reconhecer o valor da vontade divina a despeito de quaisquer circunstâncias, considerando a fragilidade da vida e a soberania divina. Apenas assim, descansando nEle e confiando em seu direcionamento, teremos plena convicção da realização, à contento, de nossos projetos.

Oremos para que jamais venhamos permitir que a presunção e o orgulho dominem os nossos corações e que nos faça acreditar que podemos controlar nossa vida sem a ajuda do Senhor.

A omissão

"Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado" - Tiago 4.17.

No quarto capítulo e capítulos anteriores de sua carta, Tiago mostrou o que é o bem. E agora afirma que se os seus leitores não o fazem estão pecando.

Os pecados de omissão são tão graves quanto o de comissão. Jesus Cristo esclarece isso na parábola registrada em Lucas 19.11-27, quando reprova o servo que se omitiu a usar o dinheiro que lhe fora confiado à administração; também, em Mateus 25.31-46, ao relatar como a de ser o julgamento final, e esclarece que uma multidão - descrita ser composta de "cabritos" - será condenada por tudo que eles deixaram de fazer.

Conclusão

A atitude correta do cristão para com seus irmãos é esforçar-se para compreendê-lo e amá-lo. O procedimento adequado do cristão em relação ao pecador "é convencê-lo do erro do seu caminho" e não criticá-lo com palavras desprovida de amor e contexto bíblico (Mateus 7.1-5; Tiago 5.20).

A pessoa que no momento de fazer planos ora e busca a Deus, e ao pronunciar julgamentos com relação ao próximo lança mão de conceitos bíblicos, e não o parecer deste mundo, realiza o bem, é alguém que aprendeu a usar a língua com sabedoria, reconhece a soberania de Deus, e, portanto, manifesta ser um cristão amadurecido.

E.A.G.

Compilação: 
Belverede, Eliseu Antonio Gomes, 6 de setembro de 2008, A reta justiça e os trapos imundos - http://belverede.blogspot.com.br/2008/09/reta-justia-e-os-trapos-imundos.html 
Lições Bíblicas - Mestre, Elinaldo Renovato de Lima; 1º trimestre de 1999, páginas 66-72, Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições Bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 76-82, Rio de Janeiro (CPAD). 
Tiago - Introdução e Comentário, Douglas. J. Moo, páginas 150-158; 1ª edição 1990, reimpressão 2011, São Paulo (Edições Vida Nova).

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A verdadeira sabedoria se manifesta na prática

Por Eliseu Antonio Gomes

A Carta de Tiago enfatiza o lado prático do Evangelho de Cristo. No capítulo 1 e versículo 27, o apóstolo destaca as evidências da "religião pura e imaculada" para nos faz entender que praticar a Palavra é torná-la viva ante o mundo. É importante viver na prática a Palavra de Deus, para não cairmos no descrédito daqueles que nos rodeiam.

O cristão portador da sabedoria do alto é um crente abnegado, ao invés de simplesmente pronunciar a Palavra, vive-a como um exemplo de que ela é praticável e benéfica. Seu comportamento faz com que as pessoas em sua volta reflitam sobre como recebem as Escrituras, se como simples relato histórico ou como a sagrada regra de fé e conduta.

Mahatma Ghandi, diante de um líder cristão, disse: "Eu admiro o vosso Cristo, e não o vosso cristianismo". Infelizmente, vivemos num tempo em que, para muitos, há um grande abismo entre o ato de dizer e o fazer, o ato de pregar e o praticar, o ensinar e o oferecer exemplo.

O crente tem que ser uma testemunha viva do amor e poder do Senhor. De que adianta, ao homem, ouvir mandamentos, preceitos e ordenanças sem conhecer na prática os seus efeitos positivos?

É necessário ouvir

Quem é de Deus ouve as palavras de Deus (João 8.47). O verbo ouvir neste texto tem mais do que o sentido de escutar, é prestar atenção com a intenção de aprender e tornar-se apto a pôr o ensinamento em prática.

Na Palavra encontramos a exposição de um padrão ético superior ao que se vê em homens e mulheres comuns. A ética bíblica não visa apenas ao que a pessoa faz, mas ao que ela é, vai ao encontro de todas as áreas essenciais da vida e de encontro ao código exterior da sociedade edonista e ególatra.

Quando o leitor se submete à vontade divina, a Palavra cria fé em seu coração (Romanos 10.17). À medida que uma pessoa lê a Bíblia, esta, por sua vez, interage com o leitor, falando dinamicamente às suas necessidades. Ela é a voz de Deus, é penetrante, toca no âmago do ser humano e oferece todas as respostas necessárias às perguntas mais importantes (Hebreus 4.12, 13).

A leitura bíblica gera conhecimento e o conhecimento do Senhor produz libertação (Oseias 6.3; João 8.32). A Palavra transforma o leitor em todos os setores que precisa ser transformado e o conduz ao encontro com Deus. O leitor cuja alma está cansada e oprimida, recebe o alívio proporcionado por Cristo, que troca o fardo pesado que encontra-se em seu coração pelo fardo leve e agradável que Ele tem para quem deseja ser praticante da vontade divina. Com a ajuda do Espírito o crente experimenta viver praticando a Palavra prazerosamente (Mateus 11.28-30; João 14.26).

As ideias expostas na Bíblia, morais e religiosas, encaminham o leitor em direção a Deus, que o ama, apresentando o Todo Poderoso como fonte originária da relevância e do propósito para si mesmo e para o seu mundo, orienta-o com vista ao seu bem-estar pleno.

O perfil do crente praticante da Palavra de Deus

Segundo Tiago, o nosso relacionamento com outros deve ser propenso a dar atenção ao próximo. O praticante da Palavra é sempre dado a ouvir, pois quando fala corre o risco de pecar.

Há muita sabedoria em ser uma pessoa tardia para falar, a Bíblia revela que o homem de entendimento cala-se, até o tolo, quando calado, será reputado por sábio (Provérbios 11.12; 17.28). No círculo social das rodas de conversas, a Bíblia valoriza mais quem se propõe a escutar do que quem se dispõe a expressar-se. Recomenda o filho prestar atenção nas instruções do pai, ouvir as palavras dos sábios e afirma que é melhor "ouvir a repreensão do sábio do que a canção do tolo" (Provérbios 1.8; 22.17; Eclesiastes 7.5).

Em nosso relacionamento com o próximo é preciso estar disposto a ouvir mais e não ter pressa para falar. Ao relacionarmos com Deus, é necessário estar sempre pronto a ouvir a Palavra com mansidão e possuir muita disposição para rejeitar o pecado.

O perfil do crente, que por esquecimento ou desatenção, não pratica a Palavra

Os exemplos de Moisés e Jesus em momentos de ira devem ser observados e imitados. A indignação que manifestaram teve como alvo a iniquidade e afronta contra Deus. Moisés revoltou-se contra a idolatria ao bezerro de ouro e quebrou as tábuas da lei. Jesus, irou-se contra a ação de cambistas no templo, virou mesas com chicote nas mãos. Ambos não pecaram contra o próximo ao agirem com objetivo de reestabelecer a vontade do Senhor. É válido frisar: eles não pecaram.

A Palavra de Deus conclama o ser humano a uma moralidade que supera a nossa medida de justiça. "A ira do homem não opera a justiça de Deus" (Tiago 1.20). O crente não praticante da Palavra ao sentir-se prejudicado, lança mão de recursos injustos, luta contra o próximo objetivando fazer justiça em favor de si mesmo e em proteção de seus interesses egoístas. Toda pessoa não praticante da Palavra ainda não despojou-se do "velho homem", portanto dá vazão à indignação através do pecado. É capaz de fazer uso de gritarias, seus lábios transbordam amargura, pensamentos maus, calúnias, mentiras, blasfêmias, e toda espécie de malícia contra seu semelhante por quem Cristo morreu, ignorando (ou ignorante) que seus inimigos reais têm origem espiritual, não possuem sangue e carne, são principados, potestades, os príncipes das trevas deste século, as hostes espirituais da maldade, alojadas nos lugares celestiais (Efésios 4.22, 25; 31; 6.12).

Tiago compara tais pessoas a um homem que se olha no espelho e ao afastar-se esquece dos detalhes de sua fisionomia. São exatamente assim as pessoas que um dia entregaram-se ao senhorio de Cristo, mas em determinadas circunstâncias costumam deixar que a raiva apodere-se de suas vidas. O sentimento de cólera toma o coração delas com autoridade de senhor, elas parecem esquecidas do mandamento que orienta a amar o próximo como a si mesmo. Talvez abatidas pelo surto de amnésia, ou propositalmente, desprezam a ordem de Jesus para amar quem nos odeia, falar e fazer o bem aos que nos maldizem e fazem mal, orar em favor de nossos perseguidores.

Conclusão

É primordial praticar a Palavra: no lar, na igreja, em trânsito. É necessário que cada cristão realize um exame de consciência e pergunte-se se seus sentimentos refletem ambição egoísta ou o amor de Deus, pois não há evidências aceitáveis no relacionamento com Deus e com os outros na vida de crentes que são apenas conhecedores e não praticantes. Suas ações produzem consequências maléficas à Obra de Deus.

Não é normal alguém pregar o Evangelho e ao mesmo tempo ter atitudes que destoam de seus ensinamentos. É anormal pronunciar a Palavra sem praticá-la, tal contradição é puro intelectualismo; o ensino sem a vivência é puro farisaísmo.

É preciso, diuturnamente, desejar e ser parte do grupo de crentes que são praticantes da Palavra e não apenas conhecedores e pregadores dela, é necessário aplicar a verdadeira religião cristã em nossas vidas, observando seus preceitos e estatutos. Do contrário, nossa religião será vã, vazia, sem resultados apropriados e a Palavra nos condenará ao porvir sem paz, sem alegria, sem motivos para sorrir.

E.A.G.

Consulta: 
Ensinador Cristão, ano 15, nº 59, página 40, 41, julho-setembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições Bíblicas - Mestre, Elinaldo Renovato de Lima; 1º trimestre de 1999, páginas 40, 24-30, Rio de Janeiro (CPAD). 

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O cuidado com a língua

Por Eliseu Antonio Gomes

Quando a criança vai ao médico, uma das coisas que ele pede é para mostrar a língua. Talvez, alguém tenha a curiosidade de saber o motivo. Este exame é importante como método auxiliar no diagnóstico de algumas doenças. A língua, assim como o céu da boca, gengiva, glândulas, saliva e dentes, exibem sinais e sintomas muitas vezes precoces de enfermidades sistêmicas.

A Bíblia nos informa que a saúde espiritual de uma pessoa também pode ser diagnosticada pela sua língua. Paulo, ao descrever a depravação do coração da criatura que ignora o Criador, diz: "A garganta deles é um sepulcro aberto, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e amargura" (Romanos 3.13-14).

Sintomas da qualidade espiritual

"Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo" - Tiago 3.2.

No terceiro capítulo de sua carta Tiago aponta para três aspectos da comunicação oral usando seis figuras de linguagens:

1. poder de direção: o freio e o leme (versículos 3 e 4);
2. poder de destruição: o fogo e o animal (6 e 7);
3. poder para dar prazer: a fonte de água e a árvore (11 e 12).

No processo biológico, nas primeiras fases do desenvolvimento da vida o ser humano é apenas um embrião, ser vivo que ainda não é dono da própria coordenação motora, passa a ser um feto e começa  ganhar corpo e inexpressiva força e movimentos involuntários, cresce, torna-se um bebê e conhece a luz do dia. Espera-se que abandone o choro e se comunique com palavras compreensíveis, equilibre-se, ande pelas forças de suas pernas coordenadamente, e da fase infantil alcance o estado adulto, quando além de apresentar o desenvolvimento físico pleno também apresente progresso psíquico e conquiste sua independência financeira e se transforme em pai ou mãe, tornando-se uma pessoa responsável por outro início do processo biológico. Este é o ciclo natural da vida projetado por Deus: a passagem gradual de um estágio inferior a um estágio mais aperfeiçoado.

Note bem este trecho do versículo 5: "a língua é um pequeno membro e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia". Se a pessoa que se diz cristã realmente nasceu da água e do Espírito, ela amadurece na fé e é contumaz praticante do bem e não do mal, sua fala e atos geram a vida e não a morte. Provérbios 11.30 afirma que o justo é gerador de árvores da vida e não quem as mata em queimadas. É aceitável afirmar que a língua descontrolada é agente de morte, pois em muitas passagens bíblicas o ser humano é comparado com árvores (Salmo 1.3; Ezequiel 17.24; Mateus 7.15-17).

Com a finalidade de acentuar o alto risco que o mestre submete a si mesmo ao se propor a ensinar, visto que a sua principal ferramenta de trabalho são as palavras e que a parte do corpo em que há maior embaraço e descontrole é a língua, ele usa figurativamente o verbo "ptaiõ" (tropeçamos) para assinalar o fracasso espiritual do cristão, sugerindo pecados cometidos sem reflexão e pecados intencionais - não colocando ênfase na quantidade de pecados, mas na variedade deles.

Ao usar as figuras do cavalo e o cavaleiro, o navio e o timoneiro, Tiago mostra a capacidade que o homem tem, mesmo sendo menor e mais fraco, para escolher o destino da viagem. O espírito indócil do animal e a força dos ventos em alto-mar se sujeitam ao ser humano que faz uso correto do freio e do leme.  E ao usar as ilustrações da árvore frutífera e de fontes de água potável e insalubre, ele ensina que a característica natural do crente é apresentar o fruto do arrependimento, caracterizado por Paulo em nove virtudes do Espírito Santo, entre elas o poder de controlar-se (Lucas 3.8; Gálatas 5.19-23);

Todos nós temos as opções de andar no Espírito ou satisfazer os prazeres carnais. Aquele que é renascido em Cristo pode escolher usar a sabedoria do alto ou a sabedoria terrena, animal e diabólica. A característica própria da natureza do autêntico seguidor de Cristo é apresentar autocontrole ao falar, é ser uma fonte geradora de situação saudável, semeadora e cultivadora de tudo que leva a conservar ou restabelecer a limpeza ou pureza, ser produtora de vida.

O domínio para falar é dado por Deus. Tiago revela que a pessoa que domina sua língua é capaz de dominar o restante do corpo. Embora haja dificuldade para controlar o linguajar, não é impossível realizar o controle, pois apesar da tentação do pecado no falar ser grande, nenhuma tentação ocorre além das forças de quem é tentado, porque Deus é fiel e jamais permite que alguém seja tentado além do que possa suportar (Confira: 1 Corintios 10.13).

Por haver no ser humano a dificuldade em controlar a fala, Tiago afirma que quem é capaz de evitar expressar aquilo que é prejudicial, falso e calunioso, também é capaz de dominar seu corpo inteiro e pode ser considerado uma pessoa madura, adulta na fé.

A vontade do Senhor é que todo indivíduo nasça de novo através do processo espiritual, não viva em uma religiosidade que aceita o comportamento de menino inconstante, cresça até chegar à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, se desenvolva pela transformação do entendimento dos propósitos de Deus em sua vida até ser homem perfeito, à medida da estatura de Cristo. E isto significa ser uma pessoa sábia ao falar, usando a boca para bendizer ao Pai e abençoar os irmãos com falas sinceras e construtivas (Romanos 12.1-2; Efésios 4.12-14)

O sinal mais claro da presença de sabedoria divina em uma pessoa é ela ser alguém que usa a comunicação com o objetivo de ganhar almas para o Reino de Deus (Provérbios 11.30).

E.A.G.

Consultas:
Lições bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 57, Rio de Janeiro (CPAD).
Revista Exposição Bíblica - Liberdade, Fé e Prática - Gálatas e Tiago; Arival Dias Casimiro; páginas 50-54; 3ª edição em julho de 2013; Santa Bárbara d'0este/SP (Z 3 Editora Ltda). 
Tiago - Introdução e Comentário, Douglas. J. Moo, páginas 119, 123; 1ª edição 1990, reimpressão 2011, São Paulo (Edições Vida Nova.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

A fé se manifesta em obras

Por Eliseu Antonio Gomes

A doutrina bíblica da fé é uma das mais importantes e significativas para a vida do cristão.

A Bíblia fala que a fé é um presente de Deus, produzida por Deus no coração do ser humano por meio da pregação da Palavra (Tessalonicenses 2.13; Romanos 10.17).

A fé, as obras e a justificação

O termo fé ocorre 244 vezes no Novo Testamento. Pode ser vista com diversos significados: a fé comum aos que crêem (Marcos 16.17); fé como fruto do Espírito (Gálatas 5.22); fé como dom outorgado pelo Espírito (1 Coríntios 12.9 a); fé como meio de salvação (Romanos 5.1). O ponto de vista da fé apresentada por Tiago é a confiança em Deus. Sem essa confiança é impossível viver a vida cristã. O justo viverá pela fé, através dela recebe a salvação e é justificado por Deus (Tiago 2.19; Romanos 1.16 - 17;  Hebreus 11.6).

A justificação pela fé é a doutrina chave da salvação. Trata-se de um ato soberano em que Deus, justo Juiz, declara que o homem é pecador e torna-se inocente perante Ele por causa da obra realizada por Jesus Cristo na cruz. O pecador recebe a justificação exclusivamente pela fé. A fonte de justificação  é Deus e a sua graça; a base da nossa justificação é Cristo e sua cruz; o meio de se apropriar da justificação é a fé (Romanos 5.1).

O enfoque de Tiago não contradiz o ensino de Paulo (Romanos 3 e 4). A sua ênfase é que as obras não salvam, mas são evidências de que somos salvos, a espécie de fé que temos é a fé que demonstramos. Enquanto Paulo ensina que o crente não é justificado por suas ações (Romanos 4.5; 5.1; Gálatas 2.16). Tiago explica que as boas obras são o lado ativo da fé, o lado visível da justificação que é operada pela confiança plena que o verdadeiro crente possui  (1 Tessalonicenses 2.1-5; 2 Pedro 1.5-11; 1 João 5.12).

A fé de um verdadeiro crente justificado precisa ser revelada através da obediência. A fé que justifica é a mesma fé que produz obras coerentes com tudo o que o Evangelho orienta.

A fé sem obras é inútil

"Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado" - Tiago 4.17.

Está implícito nas Escrituras Sagradas que amar é agir fazendo o bem ao próximo, que a fé e as obras são inseparáveis. Quando a fé não está acompanhada de ação ela para nada serve, pois está morta.

As pessoas em nossa volta só poderão constatar que cremos realmente em Deus de todo o coração se em nosso relacionamento com elas revelarmos o amor do Criador por intermédio de nossos atos de amor.

As três características da fé morta

Tiago combateu a fé inoperante, este tipo de fé existe apenas no intelecto, trata-se de uma confissão vazia, improdutiva, imperceptível e demoníaca.

1. Fé improdutiva

Para ensinar sobre a necessidade de manifestar a fé com ações, Tiago cita duas figuras bíblicas muito diferentes uma da outra: Abraão, homem piedoso que deu origem ao povo de Israel, e Raabe, uma prostituta, que pertencia a um povo pagão e inimigo dos israelitas. Os dois tinham algo importante em comum: exercitaram a fé. A subordinação do patriarca Abraão em oferecer o sacrifício que o Senhor lhe pediu e a disposição de Raabe em ajudar os espias israelitas expressaram a confiança que eles tinham em Deus.

Usando ilustração simples e objetiva, Tiago ensina que a pessoa com a fé morta olha para o irmão necessitado, faz um discurso piedoso, mas não resolve seu problema (Tiago 2.15-17).

Sobre a fé morta, a declaração de João foi: "Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade" - 1 João 3.17-18.

A fé morta não vem acompanhada de boas obras, é incapaz de agir para salvar o pecador. A fé salvadora é acompanhada de frutos. João Batista fala de frutos de arrependimentos, enquanto Paulo fala de sua operosidade (Mateus 3.8; Gálatas 5.16-23; Efésios 2.10; 1 Tessalonicenses 1.3).

Uma vez salvos em Cristo, o amor materializado por meio das boas obras, torna-se a identidade do cristão. Como cristãos temos a obrigação de suprir as necessidades do próximo, principalmente, dos irmãos. Ao ajudar o irmão carente, estamos fazendo para Cristo (Mateus 25.40; Gálatas 6.10).

A verdadeira fé opera através do amor, e a ajuda ao necessitado é uma expressão desse amor (Gálatas 5.6; 6.10).

Assim como Paulo, Tiago afirma que o crente será julgado (2 Corintios 5.10). O julgamento, naturalmente, será realizado por Cristo. Como Justo Juiz, contudo, Ele julgará usando liberalidade e generosidade para com os que são alvos de julgamento e manifestaram as boas obras de amor ao próximo. Ele explica os critérios deste juízo: "Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo" - Tiago 2.13.

2. Fé imperceptível

O conceito de boas obras na Bíblia está estritamente ligado à salvação. Boas obras são apenas aquelas que são compatíveis com a orientação bíblica, ou seja, que Deus ordena (Miqueias Miquéias 6.8; Colossenses 2.20-23). Nenhuma obra praticada pela natureza humana sem conversão é vista por Deus como boa obra, mesmo que sejam atos de bondade, pois não glorificam a Deus (2 Reis 10.30; Mateus 23.23; 1 Corintios 10.31).

As obras da natureza não regenerada, ou da carne, não têm nenhum valor diante de Deus, elas não glorificam ao Senhor porque são iniciativas que não representam a sua soberana vontade (1 Corintios 10.31; Isaías 64.6).

Tudo o que fazemos sem fé é pecado; jamais receberemos alguma recompensa de Deus se não agirmos pela fé (Romanos 14.23; Tiago 1.6 -7).

3. Fé demoníaca

O crente que não ama não produz boas obras, pois o mandamento ordena amar ao Senhor e ao próximo. Aquele que usa a fé amando cumpre a lei de Cristo (Mateus 5.43-44; 1 João 4.21; Romanos 13.8-10).

Tiago ensina que não basta ter o conhecimento da existência de Deus e crer que Ele existe. A fé alojada apenas no intelecto, se não for posta em prática, é morta. Quem tem apenas o conhecimento de Deus, sem fazer uso desse conhecimento em favor do próximo, está na mesma condição dos demônios.

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus" - Mateus 7.21.

"Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem" - Tiago 2.19.

Quando o diabo tentou a Jesus, deu prova de possuir conhecimento bíblico (Mateus 4.1-11).  Os demônios sabiam quem era Jesus e confessaram o nome de Cristo (Marcos 1.24; 3.11; 5.7; Lucas 4.34). Eles reconheceram a Jesus como o Juiz e criam na existência de um lugar de castigo (Marcos 5.1-13; Lucas 8.31). Apesar de tudo isso, eles não agem segundo a vontade de Deus, e, portanto, não possuem boas obras.

A fé sem boas obras é igual a fé que os demônios possuem. Observe que ela envolve o intelecto e as emoções, porém não produz a salvação de seus portadores porque no que se refere à parte volitiva que é vontade de agir segundo Deus quer, não existe decisão pela obediência ao Senhor.

As três características da fé viva

A fé age através de três elementos: intelecto, emoção e volição. Temos um exemplo disso em Atos 2.37:

1. Parte intelectual: "Ouvindo eles estas coisas"
2. Parte emocional: "compungiu-se lhes o coração" 
3. Parte volitiva: "e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos irmãos?"

Conclusão

O poder de produzir boas obras provém do Espírito Santo que habita no coração do cristão fiel. Ninguém jamais deve pensar que possui uma fé atuante por méritos próprios. Os evangelistas Marcos e João, o escritor de Hebreus e o apóstolo Paulo esclarecem que o Espírito Santo habita em nós, que alcançamos a graça de Deus e que somente através da intercessão sacerdotal de Cristo é que temos condição de manifestar boas obras ((João 15.4-6; Lucas 11.13; Hebreus 7.25; Romanos 1.17).

Tiago converge com estes ensinamentos e dirige seus ensinos contra os que na igreja professavam fé em Cristo e na expiação pelo seu sangue, crendo que isso por si só bastava para a salvação. Eles também achavam que não era essencial no relacionamento com Cristo obedecer-lhe como Senhor. Tiago afirma que semelhante fé é inútil e que não resultará em salvação e nem em qualquer outra coisa positiva.  Também, diz que não devemo pensar que mantemos uma fé viva exclusivamente por nossos esforços.

Artigo relacionado: Da zona do meretrício à genealogia de Jesus

E.A.G.

Compilações:
Bíblia de Estudo Palavras Chaves, página 1293, edição 2011, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 49-55, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre, Elinaldo Renovato de Lima; 1º trimestre de 1999, páginas 40, 43-44, Rio de Janeiro (CPAD). 
Revista Exposição Bíblica - Liberdade, Fé e Prática - Gálatas e Tiago; Arival Dias Casimiro; páginas 45-49; 3ª edição em julho de 2013; Santa Bárbara d'0este/SP (Z 3 Editora Ltda). 

segunda-feira, 28 de julho de 2014

O cuidado ao falar e a religião pura

Por Eliseu Antonio Gomes

Ouvir é uma arte essencial

Há na atualidade pouca disposição em se ouvir, estudar e entender, compreender para expor um assunto. Mesmo sem maturidade intelectual, muitos querem sair por aí questionando e opinando sobre tudo e todos os temas antes de preparar-se para abordá-lo.

Ao ouvir alguém, quer através da comunicação verbal, escrita ou oral, quer através da comunicação não verbal, admitimos a possibilidade de aprender para conhecer. É esperado de quem se propõe a falar sobre qualquer assunto que tenha o mínimo de conhecimento necessário a respeito do tema que falará.

A fala do cristão

"Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios" - Salmo 141.3.

Tiago nos aconselha a manter a língua sob irrestrita vigilância. Afirma que "todos tropeçamos em muitas coisas", incluindo-se ele próprio entre os crentes que falham e acrescentando que "se alguém não tropeça em palavra" tal pessoa é perfeita e capaz de refrear todo o corpo.

É muito difícil dominar a linguagem, entretanto, é extremamente necessário combater o tropeço ao falar. A palavra dita sem pensar, fora do tempo, e sem conhecimento dos fatos pode provocar grandes tragédias. Às vezes dizemos algo que não gostaríamos que saísse de nossos lábios, quando percebemos o ato falho já aconteceu e o que foi dito causa sérios problemas a quem diz e a quem ouve. 

O modo de exprimir ideias e sentimentos ou a maneira de dizer revela o coração de uma pessoa. A língua controlada significa um coração e um corpo controlados. O tom de voz e o estilo de expressão apresentam o que vem do pensamento e da intenção, mostra o que está no interior da pessoa; por isso, devemos vigiar, santificando o linguajar e a alma, para não tropeçar no uso do vocabulário e ações.

Jesus Cristo advertiu: "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; porque o que passa disso é de procedência maligna" - Mateus 5.37.

A calúnia, a difamação e a injúria constituem crimes cometidos com a língua, pecados que destroem valores humanos. O boato, a murmuração, o palavreado torpe agradam ao diabo e entristecem ao Espírito Santo. Se quisermos atingir o perfil do homem perfeito, teremos que controlar nosso ímpeto e evitarmos tropeçar na comunicação.

O cristão alcança o domínio no diálogo através da constância à leitura e prática do ensino da Palavra de Deus, vigiando e disciplinando a conversa. Ao entregar o nosso eu ao controle do Espírito Santo, Ele pode refrear nossos impulsos, inclusive a compulsão no pronunciar-se desordenadamente.

Através da fala, tanto podemos bendizer como amaldiçoar. É importantíssimo evitar a dubiedade da língua, calar quanto ao ato de disseminar maldição e falar apenas com a intenção de proclamar a bênção.

Na mesma linha de raciocínio de Tiago, 1.19, que ensina ser mais importante ouvir do que falar, o apóstolo Paulo escreveu que a fé surge no coração humano através da disposição de ouvir a Palavra de Deus. Jesus Cristo é o Verbo Divino de Deus, a quem devemos estar sempre atentos (João 1.1; Hebreus 1.1).

Quem ouve o que o Senhor nos diz alimenta a própria alma e ao abrir a sua boca para dirigir-se a alguém, falará reproduzindo a inteireza da Escritura, que "é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra" (2 Timóteo 3.16-17).

Que Deus nos ajude a disciplinarmos nossa linguagem para que sirva de instrumento à exaltação do Senhor e à edificação espiritual do nosso próximo.

A religião pura

O que é religião? Geralmente a religião se caracteriza pela crença na existência de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e obediência. A religião verdadeira é composta de autênticos discípulos de Cristo, não se consiste em ritual e regra humana, mas em vida de amor a Deus e ao próximo, portanto, ninguém deve pensar que agrada a Deus apenas pelo costume de frequentar um templo.

Na prática da religião pura, o crente possui autocontrole tanto no falar quanto em suas emoções. É pronto para ouvir e não se apressa para dizer algo e irar-se. Em tempo: a Bíblia Sagrada não proíbe o sentimento de indignação, apenas estabelece limites para a conduta cristã em momentos de raiva (Isaías 58.1, 7; Lucas 1945; Efésios 4.26; Provérbios 17.27).

Tiago compara a verdadeira e a falsa espiritualidade, a primeira chamada por ele de religião pura (1.7), que procede do coração voltado para Deus, é compreensiva e manifesta-se em atos positivos. No capítulo 2, ele trata da questão do crente não combinar a profissão de fé com a evidência clara de transformação de vida. E em 4.1-5, 7 enfatiza que a verdadeira espiritualidade é desinteressada, generosa, imparcial e paciente.

Em vista disso, o crente não deve pensar apenas em si mesmo, mas demonstrar o que significa amar tanto de teoria quanto de fato. Não basta dizer que temos fé, o verdadeiro teste da fé não são as nossas afirmações religiosas, mas as nossas ações em compatibilidade com o ensino de Cristo. A religião e a fé verdadeira são demonstradas por obras e atitudes que espelham o autêntico Evangelho.

O praticante da religião pura

"Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era" -Tiago 1.23-24.

No capítulo 1, versos 2 ao 18, Tiago aborda a necessidade de o crente pedir a sabedoria do alto. E nos versos 19 ao 27 ele expõe uma análise minuciosa sobre como o cristão deve usar esta sabedoria dentro e fora da comunidade cristã. Ensina que o crente precisa apresentar coerência, pois não é o discurso que mostra quem somos, mas a nossa ação.

O apóstolo usa a ilustração de uma pessoa diante do espelho para descrever o cristão que vive a religião pura. Tal pessoa ora tal qual o salmista, que pedia a Deus ajuda para contar os seus dias até alcançar um coração sábio (Salmos 90.12).

Contemplar-se diante do espelho é a mesma orientação apresentada por Cristo na parábola da trave e o argueiro: antes de observar a falha do outro é preciso observar-se atentamente e  corrigir os próprios erros. Também, é a mesma orientação de Paulo aos crentes à  mesa de Santa Ceia (Mateus 7.5; 1 Coríntios 11.28).

Conclusão

Quem dentre os religiosos é um discípulo de Cristo?

O praticante da religião pura é um autêntico discípulo de Cristo. Ele está pronto para ouvir e usa prudência ao falar; fala na hora certa, do modo certo; não vive uma vida de discursos vazios. Suas palavras são providas de uma consciência oriunda do Evangelho, através de sua conduta as pessoas em sua volta sabem o tipo de fé e sabedoria que ele tem.

Os discípulos de Jesus são pessoas que adotam o sacrifício da santificação pessoal diuturnamente, que é: refrear a língua; o exercício da misericórdia; manter-se puro. Sabem que é por meio da vida consagrada que irão influenciar positivamente o mundo, sabem que cada cristão é responsável por sua santificação e que cada um prestará conta de si mesmo a Deus.

Assim, em tudo que fazem aparece o respeito, a ternura e o amor. Professam e adotam as propostas do Evangelho, como também aplicam sua compreensão crescente da vida do Reino de Deus a todos os aspectos da sua vida na terra. Guardam-se a si mesmos de serem contaminados pelo sistema de valores da sociedade sem Deus; e empenham-se na busca de sua santificação e na pureza da sua vida (Romanos 14.12; 2 Pedro 3.14).

Os discípulos de Jesus são pessoas que adoram ao Pai e servem aos irmãos desinteressadamente.

E.A.G.

Compilações:
Ensinador Cristão, ano 15, nº 59, página 38, julho-setembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 33-39, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre, Elinaldo Renovato de Lima; 1º trimestre de 1999, páginas 45-51, Rio de Janeiro (CPAD).
Revista Exposição Bíblica - Liberdade, Fé e Prática - Gálatas e Tiago; Arival Dias Casimiro; páginas 34; 3ª edição em julho de 2013; Santa Bárbara d'0este/SP (Z 3 Editora Ltda). 


Artigo atualizado: 02/08/14 - 5h01.