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terça-feira, 27 de agosto de 2019

Myer Pearlman - O poder do Espírito Santo (parte 2)


Por Myer Pearlman

PODER REGULADOR

Caso visite uma usina elétrica de grande porte, notará que existe ali um número de medidores, registros, interruptores - tudo isso, é para regular, distribuir o poder, sem estes aparelhos, haveria gasto desnecessário e, talvez, destruição. A Igreja é (se não é, devia ser) a usina elétrica do poder de Deus.

► Myer Pearlman - O poder do Espírito Santo (parte 1)

Igual a qualquer usina, exige regulamentação necessária, e, como qualquer usina, deve, também, estar provida da mesma. O capítulo quatorze da primeira carta aos Corintios é aquele regulador. Mas, não esqueça que, para uma igreja morta, Assembleia de Deus ou outra, esse capitulo não tem mensagem. Um carro preso na lama não precisa de freio. Uma navio que está parado não precisa ser governado. Esse capítulo foi escrito, porque a igreja de Corinto estava dispersando o poder que tinha; não escrito para suprimir o poder e suas manifestações, mas, para regulá-lo.

Notemos as regras principais que Paulo traçou para esse fim.

1. "Irmãos, não sejais meninos mo entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento". 1 Coríntios 14.20.

Parece que certos religiosos, supõem ser a entrada do Espírito, seguida da saída do senso comum. Nada poderia ser mais contrário às Escrituras, que ensinam ser o Espírito de poder, o mesmo de sabedoria.

Paulo ensina, no verso citado, que os crentes, quando se trata do mal, devem manifestar a simplicidade de menino; entretanto, em relação aos negócios da igreja de Deus, mostrarem a sabedoria de adultos. Qual foi um dos segredos de Moody? Não foi ele ter coordenado a espiritualidade profunda, com bom senso comum? Que tranquilidade teríamos, se soubéssemos que a usina elétrica está a cargo de crianças, ou que o governo do nosso país está nas mãos de um menino incapaz? Entretanto, quantos de nós, não tem mostrado uma meninice lamentável, no uso do poder e dons, a nós confiados!

2. "Faça-se tudo para a edificação" (versículo 23). Cada manifestação do poder de Deus, deveria ser, não uma massa mal trabalhada, que deformará o edifício e repelirá inquiridores sinceros da verdade, mas sim, uma parte de material  espiritual bem trabalhado, para edificação e embelezamento da casa espiritual - a igreja.

3. "Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz" A ordem é a primeira lei do céu. Os céus que manifestam a glória de Deus, e o firmamento que declara a obra das suas mãos, foram obras de Cristo, pelo Espírito. Ambos trazem o cunho da ordem. O mesmo Espírito que, mo princípio, estabeleceu a ordem no meio da confusão e do caos, trará, porventura, confusão às nossas assembleias? Não, jamais!

Para ilustrar o seu regulamento, Paulo dá-nos um quadro de duas reuniões: uma de desordem (versículo 23) e outra de ordem (versículo 24). Ele descreve um reunião de desordem, onde há, certamente, pdoer, mas não regulado. Note, então, o que diz o apóstolo sobre o efeito que tal reunião traz aos incrédulos. "Eles não dirão, que vós estais loucos?"

Depois de ter mostrado uma reunião com ordem, ele apresenta o resultado da mesma,  sobre um incrédulo: "ele adorará a Deus, publicando que Deus está, verdadeiramente, entre vós." Não há coisa mais abençoada, do que uma reunião, onde a atmosfera está carregada e sobrecarregada do poder do Espírito, onde o pregador é ungido, onde os corações se derretem, onde os olhos se enchem de lágrimas, e onde os incrédulos são compungidos, no coração.

Que qualidade de reunião vamos escolher? Aquela que é mencionada no versículo vinte e três ou a do versículo 24?

PODER REALIZADO

Vamos voltar novamente ao assunto da eletricidade, para nossa ilustração. 

Quando os homens chegaram a conhecer o poder da eletricidade, fizeram três coisas: primeiramente, empenharam-se em descobrir as suas leis; quando a descobriram, obedecera-nas. Obedecendo a essas leis, chegaram a conhecer as grandes despesas que precisavam fazer, para edificar e preparar usinas e transformadores, etc.

Apliquemos isto, agora, à experiência cristã. Notemos que os homens procuraram descobrir as leis da eletricidade. Estamos estudando as nossas Bíblias, para descobrir as leis do Espírito? Estamos usando todo o esforço, para aproveitar tudo que nos pode fazer um obreiro, que não precisa ser envergonhado? Evangelista, pastor, está preparado "tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes? Está persistindo em ler, exortar e ensinar? Prezado crente, está sempre pronto para dar uma resposta a cada um que pede que explique a razão da esperança que há em você? Estudemos nossas Bíblias, regularmente, sistematicamente, e com oração.

Note, também, que, quando os homens descobriram a lei da eletricidade, obedeceram-nas e, então, descobriram novas leis. Não é suficiente descobrir as leis do Espírito; é preciso haver obediência absoluta. Conforme obedecermos as leis do Espírito, novas revelações nos serão dadas e elas nos guiarão para "poder acrescentado". "Para cada um que tem, será dado". Lembrem-se do que Daniel disse: "Ele dá sabedoria aos sábios", isto é, para aqueles que buscam a sabedoria, e que a praticam quando a acham.

Finalmente, notem que, obedecendo às leis da eletricidade e realizando o seu poder, despesas consideráveis são necessárias. Não se exige pequeno sacrifício próprio para a obediência às leis do poder espiritual. Vejamos um exemplo: será sempre fácil amar aqueles de quem não gostamos? Ser humilde e dizer "eu estava errado"? Não podemos deixar de frisar: o fruto do Espírito nos dá um guia, a respeito de suas leis.

Uma ilustração para lembrar uma lei, cuja violação trará perda de poder: um homem se acha sobre uma cadeira, cujos pés estão isolados por vidro. por meio de uma bateria, ele fica carregado de eletricidade. Cada vez que alguém tocá-lo, do seu corpo sairá uma faísca. É que tal homem, por meio da bateria, recebeu poder elétrico, o qual retém por estar separado da terra, e porque o vidro colocado sob os pés da cadeira, impede que o poder escoe pelo solo. A explicação é evidente. O apóstolo João, disse: "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há."

Temos visto como o poder pode ser realizado no indivíduo. vamos, agora, descobrir como ser realizado na igreja, como entidade. Busquemos, nos Atos, descobrir as leis que trarão poder para a igreja.

Notemos, em primeiro lugar, a lei da união. Esta é a lei básica. A união da igreja apostólica não foi uma união morta, semelhante a que existe em um cemitério, ou igual a união exterior e eclesiástica, como se vê na Igreja Católica Romana; foi, pelo contrário a união vital de um organismo, uma união ilustrada pelos membros do corpo. 1 Coríntios 12.12; 12.14-27.

Veja aquele vagão cheio de ferro velho. Olhe bem, para aquele eletromagnético (assim chamado por causa do seu magnetismo quando a corrente passa nele). Liga-lhe a corrente elétrica, e uma porção de ferro e aço sobe para seus pólos. Os pedaços de ferro são de todos os tamanhos e formas; entretanto, estão unidos por um mesmo poder, que lhes dá energia. "Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um só corpo." 1 Coríntios 12.13.

Em seguida, ha a lei de consagração unida. Atos 4.32-37. Tão real foi a unidade da igreja primitiva, que seus crentes agiram e moveram-se, como se fossem um homem animado por uma só alma. Tão real era essa consagração que nenhum deles dizia: "Isto é minha propriedade", mas, consideravam "nossa propriedade". Nenhum mandamento lhes foi dado para entregarem as suas propriedades. O ato foi espontâneo, gerado pelo Espírito, foi uma evidência da unidade fraternal. Ainda que em nossos dias, talvez não fosse prático seguir, rigorosamente, tal exemplo, contudo, devemos possuir o mesmo espírito de consagração.

Note a lei de oração unida: quando Pedro estava preso, a igreja orava, e ele foi solto. Quando Pedro e João foram proibidos de pregar, a igreja inteira orou, então o lugar se moveu, e eles ficaram cheios do Espírito Santo, e falaram a palavra com ousadia.

Note a lei do arbítrio unido. É inevitável que dificuldades se levantem nas assembleias, pois a igreja primitiva não foi nenhuma exceção. Pode ser estranho para aqueles que resistem a qualquer modo de organização ter sido a primeira dificuldade da igreja, causada pela falta de organização, mas, aplainada, depois, pela eleição de diáconos. Atos 6.1-6. por causa da falta de oficiais suficientes, as viúvas que falavam grego foram negligenciadas.

Havia duas classes de judeus na igreja: uns nascidos na Palestina,l falando aramaico, e outros, criados nos países onde se falava grego. Por isso, havia o perigo de uma divisão. Entretanto, os apóstolos e a multidão dos discípulos se reuniram, e aplainaram a dificuldade no espírito de cooperação, amor e generosidade.

A sua generosidade foi manifesta em escolher diáconos, que tinham nomes gregos, homens de nacionalidade igual a das que se queixavam.

Por fim, note a lei do testemunho unido. Começando a perseguição, os discípulos foram dispersos e, por toda a parte, iam anunciando a Palavra (Atos 8.1-4). Alguns deles chegaram até a Antioquia, onde fundaram a igreja, que foi o centro geral da atividade missionária (Atos 11.19-26). Ouço alguém suspirar: "a igreja nunca alcançará a condição experimentada pela igreja apostólica?" Vamos repetir juntos o credo apostólico? "Creio em Deus Pai, Todo Poderoso, Criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor; o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao Hades; no terceiro dia, ressurgiu dos mortos; subiu ao céu, e está sentado à mão direita de Deus Pai, Todo Poderoso, donde há de vir, para julgar vivos e mortos. Creio no Espírito Santo". Você crê?

Tenham certeza, de que o mesmo Espírito que, vez após outra, vivificou a igreja, é poderoso para estimular os membros desse corpo, que, como um guerreiro forte, se levantará do leito de fraqueza, para avançar, fazendo conquistas espirituais, até à Vinda de Jesus.

E.A.G.

Fonte: Matéria publicada no Mensageiro da Paz, ano 2, nº 14/15, quinzenas de julho e de agosto de 1932, páginas 6 a 9. Rio de Janeiro.

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