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terça-feira, 16 de julho de 2019

A Mordomia da Alma e do Espírito

Por Eliseu Antonio Gomes

Ao negar a existência de Deus, o Criador, os materialistas negam a existência do espírito humano, admitem que o homem possui apenas um corpo com um cérebro inteligente; não acreditam em nada de ordem espiritual; dizem que a Bíblia Sagrada é um livro cheio de lendas, contos e invencionices religiosas;  acreditam que o ser humano surgiu "por acaso" e "evoluiu "por acaso". Estão enganados pela falsa "Teoria da Evolução". "Em sua soberba, o perverso não investiga; tudo o que ele pensa é que Deus não existe (10.4); diz o insensato no seu coração: 'não há Deus.' Corrompem-se e praticam iniquidade; já não há quem faça o bem" (53.1).

Desta maneira, os materialistas se enquadram na classificação de "néscios" (Salmos 14.1, ARC).  As três palavras hebraicas traduzidas por "néscio” focalizam  deficiências morais ao invés da deficiência mental. É o insolente, imprudente. Retrata a pessoa de má vontade em aprender ou fazer o que é certo, aquele que tem sua alma fechada a Deus e à moralidade. E sendo eles desse jeito, obviamente, desprezam a necessidade de exercer a mordomia da alma e do espírito.


A tricotomia do ser humano - "O mesmo Deus da paz os santifique em tudo. E que o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" - 1 Tessalonicenses 5.23.

Nós, os cristãos evangélicos, concordamos que Deus nos criou como uma unidade física e incorpórea. Entendemos que a natureza humana é dividida em três partes: o corpo, a alma e o espírito. A dimensão imaterial, subdividida em alma e espírito aparace nas Escrituras em Hebreus 4.12: "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para julgar os pensamentos e propósitos do coração."

Em 1 Coríntios, Paulo se refere aos seres humanos como "segundo a alma" (em grego: psuchikos, 2.14), "espiritual" (pneumatikos, 2.15) e "carnal" (sarkiros, 3.1, 3). Esta percepção do apóstolo parece mostrar a dimensão corporal e abstrata do ser humano.

O texto 1 Tessalonicenses 5.23 distingue "alma" de "espírito". Nesta passagem, temos "alma" significando a parte interior do ser, distinta do "espírito", porém, intrinsecamente ligada a ele, formando o "homem interior" (Romanos 7.22).

A alma,  a mentalidade, a vontade e as afeições. são apenas expressões diferentes para a variedade de funções do singular aspecto imaterial da natureza humana.  Em sentido teológico, a alma é a sede das emoções do amor (Cantares 1.7): ela fica triste (Marcos 14.34); ansiosa (Salmos 36.62); alegre (Salmos 86.4).

Na tradução grega do Antigo Testamento (a Septuaginta), a palavra “alma” ou "psique" ocorre cerca de 950 vezes. É freqüentemente a palavra usada para traduzir a palavra hebraica "nephesh". Possui uma gama de significados, que é pertencente a esta existência física em que estamos: pessoa; vida; respiração; apetite.  A alma é a sede das emoções e sentimentos. Descreve-se a alma como a parte interior do homem, ou seja, a sua personalidade; entende-se que é a base das experiências conscientes; e que no sentido impessoal da vida, é a própria vida.

O termo hebraico "nephesh" renderiza a palavra "coração" cerca de 25 vezes no Antigo Testamento.

O cristão deve andar no Espírito. "Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito" - Gálatas 5.25.

O vocábulo "pneuma" se refere a "espírito" no Novo Testamento. O termo alude à parte imaterial da personalidade do homem (1 Coríntios 7.1, 34); sua fonte de discernimento (Marcos 2.8) e emoções e vontades (João 11.33; Atos 19.11). Quando o espírito está regerado, submete-se ao senhorio de Cristo, é capaz de atender sem dificuldades  ao que o Espírito Santo lhe diz, e incorpora ao seu dia-a-dia a produção do fruto do Espírito.

A expressão "andar no Espírito" tem o mesmo sentido de ‘‘guiados pelo Espírito” (v. 18). Quando o cristão vive pela fé, permanece sensível ao Espírito, à medida que a vontade do Senhor dirige sua caminhada. As nossas decisões e ações mostram se vivemos na dependência do Senhor, a constatação de que andamos com Ele depende de nossas atitudes, se elas são marcadas pelo pecado ou pelo fruto do Espírito.

A alma humana comunica-se com Deus através do espírito. O crente espiritual é destacado pela atuação do Espírito Santo em sua vida, enquanto que o carnal é identificado por sua natureza guiada pelos próprios desejos desenfreados (Gálatas 5.16-25). Paulo esclarece aos crentes gálatas, e consequentemente aos cristãos de todos os tempos, que a opção que adotamos, seja esta satisfazer os desejos da carne ou ser submisso ao Espírito, terá impacto definitivo e irreversível sobre o momento presente e sobre a existência além túmulo, na  eternidade (ver 6.7-10).

                 
O pecado atingiu a todos. "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado veio a morte, assim também a morte passou a toda a humanidade, porque todos pecaram"- Romanos 5.12.

Deus nos fez constituídos de três partes, portanto, o homem é um ser tricotômico, constituído de corpo, alma e espírito. E no exercício da mordomia da alma e espírito, que estão envolvidos pelo corpo, o cristão necessita entender que precisa buscar a santificação completa do seu ser, pois a prática do pecado o separa de seu Criador.

Muitos teólogos observam Romanos 5.11-12 e discutem sobre como a morte é transmitida a todos os homens através do pecado de Adão. Paulo explica a questão,  afirma que a nossa herança racial de Adão é de pecado, morte, alienação. Agora, no entanto, pertencemos a Cristo e recebemos por Ele a herança de justiça e vida.

A morte é um termo que envolve detalhes de difícil compreensão, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Na Bíblia Sagrada, em um parcela considerável de vezes, ela não é citada abordando o caráter biológico, mas, dentro de uma descrição da condição espiritual do homem, incapaz de compreender a corrupção moral interior que separa os seres humanos de Deus e faz do julgamento final uma certeza amedrontadora. O pecado de Adão tem como consequência ambas as mortes: a biológica e a espiritual. Jesus, por outro lado, oferece a vida, a oposição a morte, nos faz viver para Deus ao garantir um futuro brilhante e eterno para nós.


Não há homem que não peque. "Não há nenhum justo sobre a terra que faça o bem e que não peque" - Eclesiastes 7.20.

O pecado pode se referir a atos específicos que violam padrões estabelecidos por Deus, mas também podem centralizar a atenção na corrupção natural do homem. Neste último sentido, o pecado é um princípio que habita na personalidade humana. É a distorção da criação de Deus, uma perversão de nossos desejos naturais egocêntricos e mesquinhos (Romanos 7.17).

É preciso crer no fato de que Jesus Cristo já pagou a penalidade pelo nosso pecado. O Evangelho do Senhor diz que Ele viveu uma vida sem pecado e que Deus tirou de nós o nosso pecado e colocou-o sobre Ele enquanto Ele estava na cruz. Aprouve a Deus que Jesus Cristo morresse em nosso lugar para pagar a dívida que nós jamais teríamos condições de pagar.

Os materialistas se avaliam uns pelos outros, lidam com graduações de bom e mau tendo como base a filosofia que criaram, anti e extrabíblica. Por este motivo as Escrituras declaram que a humanidade está corrompida, "não há quem faça o bem" (Salmos 53.1). Assim como Davi, o cristão autêntico anela pela salvação que Deus dá, em Cristo alcançamos o resgate dos nossos pecados (53.6).


Sem santificação ninguém verá a Deus. "Procurem viver em paz com todos e busquem a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" - Hebreus 12.14.

O crente alcança santidade através da obra de Cristo ao responder ao Espírito, que trabalha para fazê-lo cada vez mais santo. A  palavra “santificar” tem vários significados. Representa a obra definitiva de Cristo, aplicada ao indivíduo na salvação, através da qual somos puros diante de Deus (Romanos 15.16; 1 Coríntios 1.2). Indica a transformação moral gradativa em direção à verdadeira santificação operada à medida que o crente atende às orientações da Palavra de Deus e ao Espírito (João 17.17; Hebreus 10.29).

Na atividade de exercer a mordomia da alma e do espírito, o cristão deve rejeitar o sentimento de amargura (12.14-15). O autor de Hebreus nos exorta a vivermos firmes na graça de Deus, empreender esforço à paz e à pureza. Se falhamos em não notar o amor e o objetivo subentendido às orientações de Cristo, registradas na Bíblia Sagrada, é provável que nos transformaremos em pessoas amarguradas, o que nos fará perder a comunhão com Deus. Para evitar isso, precisamos considerar as dificuldades, que experimentamos nessa vida, conforme a perspectiva da graça de Deus.


O sangue de Cristo nos purifica de todo o pecado. "Se andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado" - 1 João 1.7.

Ao interpretar o texto de João, no capítulo 1 e versículo 7 da sua primeira carta, muitos entendem a ''luz” como pureza, mas este texto nos diz que quando andamos na luz, o sangue de Cristo nos purifica de todo o pecado. Se formos honestos conosco mesmos e com Deus, veremos nossos pecados à luz da Palavra de Deus e clamaremos a Cristo por purificação. Ao orar, é necessário que se faça a confissão dos pecados, conforme a instrução de João nos versículos 9 a 10, da sua primeira carta.

O vocábulo grego para confissão é "homologeo", que significa “dizer a mesma coisa”, isto é, admitir. Confessar não é pedir desculpas, se apresentarmos desculpas ou nos recusarmos a admitir que determinado procedimento é pecaminoso, construímos uma barreira entre nós e Deus, mas ao concordar com Deus que a prática de determinada ação é pecado Deus nos perdoa e é quando o sangue de Jesus nos purifica e há  a continuidade ao processo de purificação das injustiças que o Espírito começou em nós.

Vejamos um pouco mais a respeito do sacrifício vicário de Cristo em nosso favor? "Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam quanto à purificação da carne, muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!" - Hebreus 9-13-14.

Adore a Deus na tricotomia de quem você é. "E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito" - 2 Coríntios 3.18.

Aqui na Terra encontramos limitações e contrariedades, mas não será para sempre que viveremos sujeitos às tribulações deste mundo. O Criador fez o ser humano perfeito, criados pelo Todo-Poderoso para louvá-lo. Se na plenitude que fomos criados, voluntariamente, o adoramos na beleza de sua santidade, somos por Ele transformados em tamanho espiritual, crescemos no espírito até chegar à estatura de Cristo. E num dia determinado por Ele seremos levados deste mundo caótico para estar para sempre num lugar de paz e alegria eternas, que é o Céu. Ali, na morada celestial, este corpo que agora é sujeito às doenças, ao cansaço e envelhecimento, será transformado e ficará parecido em glória ao corpo de Cristo. Então, não sentiremos dor, nunca mais adoeceremos, não haverá motivos para lamentar, não haverá mais mortes (1 Coríntios 15.51-54; Filipenses 3.20-21; 2 Tessalonicenses 2.10; Apocalipse 21.4). É tempo de adorar ao Senhor no corpo, na alma e no espírito. Convém fazer isso.

Conclusão.

Para os materialistas, a única coisa que se pode provar existente é a matéria, as energias físicas e os processos físicos. Em face desta visão míope que domina uma parcela da humanidade incrédula, muita gente caminha para a perdição eterna (1 Coríntios 3.7). Os crentes em Cristo sabem que alma e espírito, entes distintos que constituem o "homem interior" do ser humano, são a essência de cada pessoa que vem ao mundo numa estrutura tricotômica, e o seu corpo nada mais é do que o seu "invólucro", que embora sujeito às limitações físicas, com suas necessidades orgânicas, é o templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6.19-20).

Diante deste panorama, mantenhamos o nosso ser, em sua plenitude, preparado para o dia do Arrebatamento da Igreja. Na condição de mordomo, o cristão deve conservar a si mesmo preparado para a Segunda Vinda do Senhor Jesus Cristo.

E.A.G.

Compilações

Guia do Leitor da Bíblia - Uma análise de Gênesis ao Apocalipse capítulo por capítulo, Lawence O. Richards, quinta edição, 2006, Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).

Lições Bíblicas. Tempo, Bens e Talentos - Sendo Mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado. Elinaldo Renovato. Lição 3: A Mordomia da Alma e do Corpo. Terceiro trimestre de 2019. Bangu, Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).

Tempo, Bens e Talentos - Sendo Mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado. Elinaldo Renovato. Bangu, 1ª edição 2019, capítulo 3 - A Mordomia da Alma e do Espírito Humano. Rio de Janeiro/RJ (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD).


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