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sábado, 4 de maio de 2019

Jesus incentivou a discórdia familiar?

Família feliz. Blog Belverede. Eliseu Antonio Gomes. https://belverede.blogspot.com.br

Por Tadeu Panicio

Como entender o texto de Lucas 14.26, que fala sobre "aborrecer a família"?

O capítulo 14 de Lucas tem suas peculiaridades. Percebe-se que a tem[atica principal está nas prioridades. Inicialmente a questão de priorizar a cura de um hidrópico ou a observância da Lei com a relação ao sábado (1-6); na sequência, a prioridade dos primeiros assentos em um festa (7-14); continua com as desculpas de alguns que não priorizam a grande ceia (15-24) e, finalmente, conclui com a parábola da previdência, enfatizando a necessidade de priorizarmos a Deus em detrimento das demais coisas deste vida terrena.

O versículo 26 em especial registra o seguinte: "Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo" (ARC). Infelizmente, esse texto é interpretado erroneamente por muitos leitores da Bíblia. É importante notarmos que a palavra "aborrecer" ou "abandonar", em seu sentido literal no grego (miseó), ainda que possa etimologicamente ser traduzida por odiar, pode ser traduzida por "amar menos".

A ideia nesse versículo é que ser discípulo significa dar sua primeira lealdade. "Não há lugar no ensino de Jesus para o "ódio literal", pois, ao observarmos seus ensinamentos, encontramos que Ele mandou seus seguidores amarem até mesmo seus inimigos (6.7), de modo que é impossível que aqui lhes diga que literalmente devem odiar aqueles que na terra são mais aproximados (ver também 8.20-21). A ideia aqui é amar menos. O que Jesus quer dizer é que o amor que o discípulo tem por Ele deve ser tão grande que o melhor amor terrestre é ódio em comparação (Mateus 10.37).

A passagem bíblica escrita por Lucas, no capítulo 16 e versículo 33 completa este raciocínio. Lucas ressalta que Jesus não disse "venda ou doe", mas "renuncie", logo "o que Ele quis dizer é que como discípulo de Jesus, nós entregamos a Ele a escritura de tudo o que possuímos. Desde momento em diante, vivemos consciente de que somos mordomos do Senhor, e que tudo o que possuímos pertence, em última instância, a Ele, inclusive nossa família.

O texto não afirma que o homem precise detestar os seus familiares, mas que eles devem tomar o segundo lugar, depois do Senhor em seu coração. Jesus requer aqui é que a nossa lealdade e amor a Ele sejam superiores a todos os demais vínculos em nossa vida, inclusive os da nossa própria família.

Assim sendo, Jesus em nenhum momento, incentivou a discórdia e nunca desconsiderou a importância da família. Simplesmente, Ele estabeleceu uma hierarquia de prioridades, na qual Deus está no topo e deve permanecer.

E.A.G.

Texto adaptado ao blog Belverede.

Referências bibliográficas:
Comentário Bíblico NVI - Antigo e Novo Testamento, F.F. Bruce, página 1680, edição 2009, São Paulo (Editora Vida).
Comentário Histórico Cultural do Novo Testamento. Lawrence O. Richards, edição 2008,  página 172. Ri ode Janeiro (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD)
Mensageiro da Paz, ano 83, número 1537, junho de 2013,  página 17. Bangu, Rio de Janeiro/RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD).
Lucas - Introdução e comentários. L. Leon Morris, edição 2011, página 222 São Paulo (Edições Vida Nova).

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