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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

O amor a Deus e ao próximo


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"O fruto do Espírito é amor, ..."
 (Gálatas 5.22).
A palavra "amor" expressa o conceito central do cristianismo que tudo pode se reduzir e ele. Deus é amor e sua mensagem para os homens é que se amem. No idioma grego, usado para escrever o Novo Testamento, encontramos o vocábulo "ágape" quando o assunto abordado é o amor cristão. Ágape, mais do que anela ao bem ideal, dá a entender uma totalidade do próprio bem, que extravasa para os que não o têm. Nessa definição, pode-se retratar Deus como o amor, pois é Ele quem recheia todos os corações contritos com a sua plenitude, desinteressadamente. O amor cristão pode ser descrito como uma reprodução do amor de Deus, mas em extensão menor.

A Bíblia Sagrada contém uma história de amor. Apresenta o Deus Altíssimo em sua constante aproximação às almas, com o objetivo de estabelecer a plena comunhão. Essa perspectiva vertical é cercada basicamente na Bíblia pela perspectiva horizontal do amor entre os seres humanos. O amor de Deus jamais faz acepção de pessoas, porém este amor não se concretiza sem o amor entre pessoas. Assim, Deus une-se aos indivíduos unindo-os entre si; e unindo-os entre si, os indivíduos vão rumo à origem do amor, que é Ele mesmo - Deus.

Deus ama sua gente. Solicita e aguarda dela uma reação amorosa. A sinopse de todo Antigo Testamento está na seguinte frase: "Portanto, amem o SENHOR, nosso Deus, com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças. Guardem sempre no coração as leis que eu lhes estou dando hoje" (Deuteronômio 6.5-6, NTLH).

Inúmeras vezes, a palavra "amor" é usada nas páginas bíblicas em paridade à expressão "temor a Deus". Ocorre que, na Bíblia, amor e temor a Deus são justapostas, possuem sentidos semelhantes quando relacionadas ao Senhor. É a referência de um amor respeitoso ao Criador de todas as coisas. Trata-se de um temor amoroso para Aquele que harmoniosamente inclina-se com benignidade sobre o seu povo (Salmos 31.20; 85.10-13).

O Novo Testamento nos faz a revelação máxima do amor de Deus à Humanidade. É a manifestação da plenitude do amor. Em relação às dádivas antigas, adiciona a dádiva de si mesmo, a oferta do Verbo que se fez em uma Pessoa de carne e ossos.  O próprio Criador se une à história humana e faz parte da situação de suas criaturas, para concretizar uma aliança efetiva em um espaço de proximidade e harmonia. Deus nos dá o seu próprio Filho e, de alguma maneira através dEle, nos dá a si mesmo (Romanos 5.5-8; Tito 3.4-7; 1 João 4.10). E este convívio  ao limite surpreendente quando Deus entrega seu Filho ao sacrifício pelas mão de pecadores para que, por meio de sua entrega, todos nos tornássemos filhos de Deus (João 3.16;1 João 3.1-2).

Na Bíblia, para a concepção do amor, não existe confronto entre o verticalismo e o horizontalismo. Amar a Deus é tão primordial quanto o amor aos irmãos, pois no amor ao semelhante está implícito o amor a Deus. É preciso assimilar o que as duas coisas tem de positivo. Com certeza, a prática do amor deve ter início pelo que está à vista, no caso as pessoas de nosso círculo social, pois elas são as primeiras oportunidades que temos para revelar - através de atos efetivos de amor - o amor que Deus tem por elas.

Após o encontro com Cristo, o mero amor religioso passa a ser o autêntico amor cristão. Jesus nos mostra que Ele está presente onde quer que os crentes se reúnam em seu nome (Mateus 18.20). O apóstolo João discorre a ideia de que o próximo é o ponto de encontro de Deus, no qual se permite ser visto pelo cristão e no qual é possível manifestar-se o seu amor: "Se alguém diz: “Eu amo a Deus”, mas odeia o seu irmão, é mentiroso. Pois ninguém pode amar a Deus, a quem não vê, se não amar o seu irmão, a quem vê" - 1 João 4.20 (NTLH).

 É amando o próximo que provamos ter correspondência ao amor de Deus por nós (1 João 3.16; 4.19) Jesus se revela em oposição aos religiosos que vivem apenas a discursar sobre o amor, quando apresenta a parábola O Bom Samaritano (Mateus 5.23-29; Lucas 10.33-35). Nesta metáfora aqueles que vão ao templo orar a Deus, mas deixam ao lado do caminho uma pessoa odiada ou em infeliz miserabilidade. Só o amor que alcança os necessitados pode agradar a Deus (Mateus 5.23-29; Lucas 10.33-35).

Apenas a prática do amor de auto-entrega, disposto a praticar o bem, desinteressadamente, une a criatura ao Criador, o cristão a Cristo. Por isso, Cristo nos diz que devemos amar o próximo como a nós mesmos, amar o próximo como amamos a Ele (Mateus 7.12; 25.31). Este amor nos impulsiona a praticar a bondade (2 Coríntios 5.14),  proporciona satisfação ao ser praticado, mesmo que aos olhos humanos o ato pareça difícil (Atos 20.35).

Porém a vontade de Deus para nós é que não nos basta amar quem nos ama, não é suficiente amar aqueles que atravessam momentos de carência. Todas as diferenças devem ser desprezadas diante do amor de Cristo (Gálatas 3.28-29). É necessário amar como Jesus, que morreu orando pelos seus próprios inimigos (Lucas 23.34), que deu a sua vida até mesmo em favor daqueles que zombaram dEle. O cristão precisa amar aqueles que se declaram inimigos, pois o sacrifício do Calvário aconteceu para beneficiar toda a Humanidade (Mateus 5.43; Romanos 12.14-18; 1 Pedro 3.8-9).

O ágape é tão nobre no cristianismo que sem ele de nada valem todas as ações religiosas, nem mesmo a fé é válida se não houver amor (1 Coríntios 13.3-8). Além disso, o amor gera boas atitudes: tudo crê, tudo espera, tudo sofre. Todas as coisas terminam, mas o amor é duradouro. Através da prática do amor, o cristão verá a Cristo exatamente como Ele é (1 Coríntios 13.12; 1 João 3.12).

Deus fala do amor a Ele, concretizado no amor aos irmãos, A vivência cristã deve ser um constante exercício de amor ao próximo, por meio do qual se aproxima de Deus, Então, é mais que obrigatório evitar um princípio que leve a pensar e praticar um amor a Deus independente da prática ao amor aos nossos semelhantes. Jesus se fez ser humano para nos levar a realizar o amor a Deus na vida em encontro com seres humanos.

E.A.G.

Artigo composto tendo como base o verbete "amor", encontrado no livro Vocabulário Teológico para a América Latina, de J. L. Idigoras, páginas 15-19, edição 1983, São Paulo (Edições Paulinas). Postagem com texto resumido e adaptado ao blog Belverede.

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