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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Joquebede, a mãe exemplar

"E o nome da mulher de Anrão era Joquebede, filha de Levi, a qual nasceu a Levi no Egito; e de Anrão ela teve Arão, e Moisés, e Miriã, irmã deles" - Números 26:59.

O nome Joquebede significa em hebraico "Jeová é glória".

A vida da hebréia Joquebede é relatada nas Escrituras como sendo uma pessoa simples em sua geração mas usada como um instrumento importante nas mãos de Deus. Embora mencionada poucas vezes nas páginas bíblicas e seja uma personagem pouco conhecida dos leitores da Bíblia, ela figura como uma das mulheres mais importantes da história.

Além do texto supracitado, há apenas a referência de Êxodo 6.20 mencionando o seu nome. Quando realizamos pesquisas em dicionários bíblicos, descobrimos que sua história de vida não recebe o destaque à altura de sua relevância. Mas não deveria ser assim, pois a vida desta mulher é admirável, ela teve uma trajetória notável, foi importantíssima para que viesse a existir o cenário judaico-cristão no mundo.

Joquebede nasceu em regime de escravidão na terra do Egito, os egípcios cultivavam a idolatria politeísta. Apesar desta situação adversa, ela manteve sua fé no Deus verdadeiro. Casou-se com Anrão, e com ele teve três filhos. Na época da terceira gravidez foi surpreendida com um terrível decreto de Faraó. Vendo Faraó que o povo hebreu era em número muito grande e se multiplicava surpreendentemente no seu reinado, temeu, seu temor era que os hebreus se revoltassem. Então ele resolveu controlar o crescimento populacional dos hebreus. Sua estratégia foi mandar as parteiras matarem todos os recém-nascidos de sexo masculino que pertenciam às famílias israelitas (Êxodo 2.1-4; 6.20; Atos 7.20; Hebreus 11.23). 

Neste panorama turbulento, Joquebede engravidou. "E a mulher concebeu e deu à luz um filho e, vendo que ele era formoso, escondeu-o três meses" - Êxodo 2.2.

Na iminência de perder o filho em uma execução, o amor de mãe e o coração cheio de fé impediram que Joquebede se abalasse e impulsionaram suas ações corajosas. Em momento tão delicado, soube agir de maneira contundente e correta, assim protegeu sua família e favoreceu as gerações futuras de seu povo.

Determinada em amamentá-lo, manteve o núcleo familiar coeso na questão de guardar segredo por três meses sobre a sobrevivência de seu bebê, sabendo que caso fosse descoberta também morreria por desobediência ao rei. "Não podendo, porém, mais escondê-lo, tomou uma arca de juncos, e a revestiu com barro e betume; e, pondo nela o menino, a pôs nos juncos à margem do rio. E sua irmã postou-se de longe, para saber o que lhe havia de acontecer" - Êxodo 2.3-4.

Através de Hebreus 11.23, sabemos que Moisés escapou da morte porque seus pais eram tementes a Deus, com a ajuda celestial Anrão e Joquebede conseguiram salvá-lo. Anrão, companheiro de Joquebede, é descrito junto com ela no plano para salvar a vida do filho caçula. Mas as referências ao seu nome são menos expressivas na Bíblia quando em referência ao episódio de escape, isso nos leva a cogitar que Joquebede empreendeu mais vigor no plano divino que salvou a vida do pequeno Moisés. Talvez tenha sido assim por causa de sua condição de escravo ou ter falecido.

Deus revelou a Joquebede um plano extremamente simples de libertação. Apesar da simplicidade, o êxito da operação dependia da sua confiança no Senhor, pois somente a fé manteria o equilíbrio emocional dela e de toda a família durante todos os passos para atingir o desfecho desejável. Ela preparou um cesto que não afundasse quando posto nas águas, colocou seu bebê dentro dele e o deixou à margem do curso das correntezas do rio Nilo sob a observação de Miriã. Joquebede contava que quando a princesa, filha de Faraó, contemplasse o pequenino menino indefeso dentro da embarcação improvisada pensasse que teria chegado ali conduzido pela correnteza e aflorasse sua sensibilidade feminina e se encantasse de imediato com sua aparência bela e meiga. E parece que foi exatamente isso que aconteceu. "E a filha de Faraó desceu a lavar-se no rio, e as suas donzelas passeavam, pela margem do rio; e ela viu a arca no meio dos juncos, e enviou a sua criada, que a tomou. E abrindo-a, viu ao menino e eis que o menino chorava; e moveu-se de compaixão dele, e disse: Dos meninos dos hebreus é este" - Êxodo 2.5-6.

Estando Miriã, a filha mais velha de Joquebede por perto, direcionou o rumo da situação omitindo o parentesco: "Então disse sua irmã à filha de Faraó:' (irmã do bebê) 'Irei chamar uma ama das hebréias, que crie este menino para ti? E a filha de Faraó disse-lhe: Vai. Foi, pois, a moça, e chamou a mãe do menino. Então lhe disse a filha de Faraó: Leva este menino, e cria-mo; eu te darei teu salário. E a mulher tomou o menino, e criou-o" - Êxodo 2.8-9, parênteses meus.

Desta forma incrível, os fatos se sucederam como num conto de fadas, o pequeno Moisés, que nasceu dentro de família pobre e oprimida, é encontrado, resgatado e adotado por uma jovem princesa e passa a receber favores do palácio, tendo como babá sua própria mãe. O monarca, promotor de extermínio de criancinhas, passou a ser a pessoa que pagou pela educação do filho de Joquebede. O mesmo Nilo que afogou tantas crianças hebréias proporcionou a continuidade da vida de Moisés, possibilitando um futuro seguro para ele e estável para toda a família: "E, quando o menino já era grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o adotou; e chamou-lhe Moisés, e disse: Porque das águas o tenho tirado" - Êxodo 2.10.

O testemunho desta mãe nos ensina que para sermos ferramentas úteis nas mãos de Deus não importa se somos significantes ou insignificantes na sociedade em que estamos inseridos. O que importa é ter compromisso com Deus e disposição para agir com fé e coragem, saber que em situações adversas os olhos do Senhor estão atentos sobre nós e Ele agirá para que seus planos alcancem as metas estabelecidas.

É muito provável que o objetivo de Joquebede naquela situação fosse única e exclusivamente preservar a vida de seu filho. É muito provável  que ela não soubesse em detalhes a dimensão do seu ato corajoso, talvez não passasse por sua mente que Deus usaria Moisés na fase adulta como o grande libertador e legislador de Israel. Porém, com certeza, motivada pela confiança na fidelidade do Senhor, ela sabia que não era a vontade divina que seu bebê morresse assassinado.  

Por sua postura firme em tempo de crise, tornou-se mãe de três lideranças importantes do Antigo Testamento: "Pois te fiz subir da terra do Egito, e da casa da servidão te remi; e enviei adiante de ti a Moisés, Arão e Miriã" - Miquéias 6.4.

Não é à revelia que os feitos de Joquebede estão registrados na listagem dos heróis da fé. Deus cuidou de Moisés em todas as etapas de sua vida, porém, na fase infantil fez isso através das atitude de sua mãe exemplar. Sua biografia brilha na história da humanidade como a mulher que gerou três filhos influentes porque antes de Moisés guiar o povo israelita da escravidão à liberdade, antes apresentar o Decálogo, antes de escrever o Pentateuco, foi embalado e instruído por ela - em palavras e atos - a amar a Deus.

Na mesma condição que Deus usou Joquebede, ele pode nos usar. Através de nossos passos de fé sabemos que agimos segundo a vontade divina, entretanto, não sabemos a dimensão do que as nossas ações alcançarão no futuro. É possível que a luta contra um problema pessoal - realizada com as armas espirituais: Efésios 6.10-18 - , se transforme em uma solução com abrangência de nível mundial.

E.A.G.

Consulta:
Belverede, O livro de Êxodo e o cativeiro de Israel no Egito, http://belverede.blogspot.com.br/2013/12/ebd-cpad-livro-de-exodo-cativeiro-de-israel-no-egito-licao-1.html
Charismag Hebrews 11:23—The Key to Deliverance www.charismamag.com/life/women/21178-hebrews-11-23-the-key-to-deliverance 

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom esse sermão, parabéns. Amo demais a história dessa grande mulher, Joquebede e sua família. Deus abençoe.