Por Esteban Voth
A pergunta chave, no que se refere à tradução da Bíblia, não é a de Shakespeare: "ser ou não ser"; mas sim: "comunicar ou não comunicar". Com relação a isso, quero chamar a atenção para uma realidade que é vivida na maior parte das igrejas cristãs. Eu me refiro à ideia subsistente nas igrejas de que a Bíblia foi escrita em uma linguagem especial, misteriosa, religiosa e complicada. Não obstante, esta apreciação generalizada é um grande equívoco que gera atitudes e compreensões errôneas.
A Bíblia foi, em primeiro lugar, uma tradição oral que podia ser entendida por todos. Logo, com o passar do tempo, a oralidade deu lugar a textos escritos à mão. Os idiomas que Deus usou para revelar a sua Palavra foram o hebraico, o aramaico e grego. Estes não são idiomas especiais, religiosos ou criados exclusivamente para se transmitir a Palavra de Deus. Estes idiomas vêm de grandes famílias de idiomas, que pertencem a culturas e sociedades deste mundo. Isto é particularmente acertado quanto ao grego, que foi utilizado para redigir o Novo Testamento. Naquele tempo, havia dois tipos de grego: um mais acadêmico, chamado de grego clássico, que era usado pelos filósofos e grandes pensadores; e o outro era o grego utilizado pelas pessoas comuns, chamado de koiné. O Novo Testamento foi escrito em grego koiné, para que a pessoa comum, sem uma grande educação, pudesse entender a mensagem de Deus com facilidade.
Na tradução cristã, muitas vezes, tem ocorrido um fenômeno ao contrário, no qual a tradução da Bíblia foi feita usando-se uma linguagem difícil e arcaica. As pessoas com poder na esfera esfera religiosa cristã preferiram estas traduções que não comunicam a mensagem de forma amena. É por isso que uma tradução com base no significado - e usando um vocabulário contemporâneo e simples - é muito importante para a construção do Reino de Deus. Da mesma forma que os idiomas originais eram de fácil compreensão para os primeiros ouvintes e leitores, hoje é muito importante oferecer, ao mundo, traduções da Bíblia que utilizem uma linguagem compreensível para a pessoa comum. Neste tipo de tradução, é necessário evitar palavras que são compreendidas apenas apenas pelos crentes, membros das igrejas.
É urgente que a mensagem de Deus chegue à pessoa da rua - e que esta pessoa possa entendê-la sem precisar que algum especialista a explique. Isto não significa banalizar a linguagem, nem usar palavras toscas, da rua. Mas significa, sim, oferecer uma tradução com um vocabulário simples e uma semântica fácil de ser acompanhada. Isto não sugere que seja uma tradução simplista; porém, que seja uma tradução de fácil compreensão para que a pessoa - sem preparo e estudos bíblicos - possa ter acesso à mensagem libertadora e de esperança da Palavra de Deus.
O mundo de hoje carece de traduções que "comuniquem" a mensagem poderosa da salvação de Cristo!
Esteban Voth é teológo, biblista e coordenador de tradução da Área das Américas das Sociedades Bíblicas Unidas.
Fonte: A Bíblia no Brasil, nº 240, julho a setembro de 2013, ano 65 (Sociedade Bíblica do Brasil).
Na tradução cristã, muitas vezes, tem ocorrido um fenômeno ao contrário, no qual a tradução da Bíblia foi feita usando-se uma linguagem difícil e arcaica. As pessoas com poder na esfera esfera religiosa cristã preferiram estas traduções que não comunicam a mensagem de forma amena. É por isso que uma tradução com base no significado - e usando um vocabulário contemporâneo e simples - é muito importante para a construção do Reino de Deus. Da mesma forma que os idiomas originais eram de fácil compreensão para os primeiros ouvintes e leitores, hoje é muito importante oferecer, ao mundo, traduções da Bíblia que utilizem uma linguagem compreensível para a pessoa comum. Neste tipo de tradução, é necessário evitar palavras que são compreendidas apenas apenas pelos crentes, membros das igrejas.
É urgente que a mensagem de Deus chegue à pessoa da rua - e que esta pessoa possa entendê-la sem precisar que algum especialista a explique. Isto não significa banalizar a linguagem, nem usar palavras toscas, da rua. Mas significa, sim, oferecer uma tradução com um vocabulário simples e uma semântica fácil de ser acompanhada. Isto não sugere que seja uma tradução simplista; porém, que seja uma tradução de fácil compreensão para que a pessoa - sem preparo e estudos bíblicos - possa ter acesso à mensagem libertadora e de esperança da Palavra de Deus.
O mundo de hoje carece de traduções que "comuniquem" a mensagem poderosa da salvação de Cristo!
Esteban Voth é teológo, biblista e coordenador de tradução da Área das Américas das Sociedades Bíblicas Unidas.
Fonte: A Bíblia no Brasil, nº 240, julho a setembro de 2013, ano 65 (Sociedade Bíblica do Brasil).
Um comentário:
Aqui necessário se faz o cuidado com outro extremo, que é o de no afã de popularizar acabar por cometer o erro da Bíblia free style: http://blogdoprmedeiros.blogspot.com.br/2014/06/a-biblia-profanada.html
A respeito de traduções mais populares, creio que a TEB e a NVI conseguem reunir linguagem acessível e fidelidade aos textos originais.
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