O presente artigo derruba o mito da origem do Natal, que afirma haver relação com a festa do solstício pagão.
Por Sidnei Moura
Em 25 de Kislev (dezembro) do ano 164 a.EC, Israel vence uma grande e dura batalha. Sob a Liderança dos Macabeus, os judeus venceram os dominadores gregos que tentavam impôr sua cultura e costumes religiosos. O Templo havia sido saqueado e o altar tinha sido profanado pelo rei selêucida Antíoco Epifânio, no entanto, a vitória dos judeus sob seus exércitos lhes deram o direito de novamente ter o Templo em suas mãos.
A dedicação do altar restaurado aconteceu exatamente no dia 25 de Kislev, na mesma data em que três anos antes ele havia sido profanado por sacrifícios pagãos. O Templo teve de ser purificado, e sofreu alguns reparos, a fim de que estivesse em perfeitas condições para que fosse realizada a reconsagração do lugar. A alegria dos judeus foi eufórica, e assim decidiu-se pela realização de uma festa de dedicação, que se estenderia por oito dias, que tivesse suas características próprias, embora semelhantes a Festas dos Tabernáculos.
Como conseqüência da representação do fortalecimento da consciência nacional e espiritual do povo de Israel após anos de opressão e perseguição religiosa, a festa passou a ser comemorada anualmente. Chamada de “Festa das Luzes” pelo historiador Flávio Josefo, a euforia da festa não se limitava apenas ao fato da comemoração da vitória sobre os Gregos, mas principalmente pela manifestação de um sinal miraculoso, conhecido como “Milagre do Vaso de Óleo”.
O Mishná (coleção de leis e costumes judaicos) retrata o milagre ocorrido onde, segundo a tradição, teria sido encontrado um frasco com óleo santificado no interior do templo, suficiente para manter as chamas do candelabro acesas por apenas um dia, mas que perdurou por oito dias de forma miraculosa, período necessário para que fossem celebradas as reuniões solenes e festas de Dedicação do Templo.
Assim, surgiu essa festa nacional de alegria. O Templo passou a ser iluminado, e as casas também com muitas luzes, o que originou o costume de se acender um candelabro com 8 velas, simbolizando os oito dias de Dedicação.
No Novo Testamento a Festa de Chanucah é citada de forma curiosa, com registro em João 10:22-23, onde se lê: “Celebrava-se em Jerusalém a Festa da Dedicação. Era inverno, e Jesus passeava no Templo...”
Existem possibilidades da Festa de Chanucah ter influenciado o Natal Cristão. A proximidade das festas no contexto cronológico das datas, e o fato do costume de se acender luzes nas duas festas pode ser um indicador dessa possibilidade.
Além disso, o erudito bíblico e judeu cristão Alfred Edersheim escreveu em 1874 que a Festa da Dedicação do Templo – 25 de kislev - foi usada pela Igreja Primitiva como sendo o dia do nascimento de Cristo – o dia do Natal – que passou a ser considerado o dia em que o corpo de Cristo, o templo verdadeiro, foi dedicado.
Hoje, o principal aspecto da festa é a cerimônia de acender as velas todas as noites – uma na primeira, duas na segunda, etc. – para recordar o milagre no Templo. A mensagem de Chanucah em Israel focaliza intensamente o tema da restauração da soberania; também os costumes praticados na Diáspora, de se dar presentes e brincar com o sevivon (pião) são bastante comuns. Os lados do pião são decorados com as iniciais hebraicas da frase: “Um grande milagre ocorreu aqui” (piões israelenses); na Diáspora os piões trazem as iniciais de “Um grande milagre ocorreu lá”.
Fonte: Sidnei Moura
Bibliografia: WINKLER, Fredi. As Festas Judaicas. Actual Edições. (Obra Missionária Chamada da Meia Noite). Porto Alegre, RS.
Israel em Foco: Folheto da Missão Diplomática de Israel
Sidnei Moura é radialista, pregador e orador cristão. Estudante de Letras na UNICEP em São Carlos/SP.
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