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terça-feira, 2 de setembro de 2008

Contradições da Assembleia de Deus na questão da ordenação de pastoras

Por Dalardier Lima

Uma trágica história...

Por ocasião do Dia da Mulher, no próximo domingo, venho trazer a seguinte reflexão: 

A história é uma velha matreira (não sei quem disse, mas continua válido). Quando eu postei o primeiro de uma série de artigos favoráveis ao Ministério Feminino, muitas pessoas se levantaram contra. O argumento era, por enquanto, um só: falta de base bíblica. Quando o debate ocorreu no blog do Pastor Altair Germano, adicionaram outro motivo: inovação. Eu defendi o contrário. Aí me chamaram de apóstata, de metido a entendido na Bíblia, de intérprete desviado, apoiador de vaidades, etc e tal. Houve até quem pedisse para retirar seus comentários, pelo único motivo de lhes ser contrário. Deixa pra lá... 

Agora a história produz uma reviravolta interessante. Mas é preciso fazer uma digressão para compreendê-la. Vocês sabem que o movimento pentecostal brasileiro é oriundo dos EUA. O derramamento que iniciou na Rua Azuza, replicou-se aqui no Brasil. A Assembleia de Deus é o fruto vistoso deste movimento. Atende naquele país pela tradução direta Assembly Of God. É, portanto, desnecessário dizer que estamos visceralmente ligados aos americanos, basta-nos ler a história. Não é este nosso foco no momento, serve-nos apenas de apoio para compreender o post. 

Toda organização que se preze tem seus credos, expresso na seção Cremos dos periódicos. Vez por outra, porém, uma denominação é invocada a se posicionar sobre questionamentos do dia-a-dia. A Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), por exemplo, mantém na página [http://advi.com.br/] oficial, uma seção denominada 'Nossa Posição Sobre', onde discorre sobre assuntos diversos como aborto, eutanásia, homossexualismo, ministério feminino, etc. É terminantemente contra a ordenação de mulheres ao ministério, como expressa a página [http://igrejaassembleiadedeus.org/posicao_da_ad.htm], no tópico 'Ordenação de Mulheres'. Isto não é novidade para os leitores do blog. 

A Assembly of God também tem sua página [http://ag.org/top], com uma seção [http://ag.org/top/beliefs/position_papers] onde aborda suas posições sobre temas semelhantes. Em tese, a maioria dos posicionamentos americanos estão alinhados aos nossos, uma das exceções é o tema em apreço. Clicando no link Women, The Role of… in Ministry, com opções de download do texto em inglês e espanhol, podemos ler a posição daquela igreja, que, ressalte-se, no link acima expressa a posição do Conselho Geral das Assembleias de Deus no mundo, que apoia integralmente o Ministério Feminino. Em outras palavras, endossamos a posição mundial. Lembrando que o Pr. José Wellington, foi eleito no triênio 2007-2010, como representante nele do Brasil. Eleição esta realizada em 18 de julho deste ano, na Indonésia. 

O problema histórico é o seguinte: Primeiro, a data do documento é 14 a 16 de agosto de 1990. Portanto, dezoito anos atrás (veja como a história é matreira), o Concílio Mundial das Assembleias de Deus, a brasileira inclusa, ratificaram, tendo a Bíblia como verdade absoluta em seu preâmbulo, o Ministério Feminino. Segundo, nomes de peso, do quilate de Stanley Horton, tido como referência crucial da teologia brasileira e amplamente publicado pela CPAD, referendaram o documento. Será que alguém deixaria de publicar seus livros por causa disso? 

Para não ser repetitivo, vocês podem baixar o texto em espanhol, pinço aqui a conclusão daquele Conselho, com os devidos destaques. Se vocês quiserem ler as considerações do Conselho será extremamente interessante. As colocações deles fariam pessoas aqui morderem a língua:
Entonces concluimos Después de evaluar las varias traducciones e interpretaciones de los pasajes bíblicos que se relacionan con el papel de la mujer en la iglesia del primer siglo, y deseando aplicar principios bíblicos a la práctica contemporánea de la iglesia, nosotros concluimos que no podemos encontrar evidencia convincente de que el ministerio de la mujer está restringido según algún principio sagrado o inmutable. Estamos conscientes de que el ministerio y liderazgo de las mujeres no son aceptados por algunos individuos, tanto dentro como afuera de la comunidad cristiana. Condenamos todo prejuicio y autopromoción, de parte de hombres y mujeres. No podemos negar la existencia en el mundo de la intolerancia en perjuicio de las mujeres, pero no hay lugar para tal actitud en el cuerpo de Cristo. Reconocemos que las actitudes de la sociedad secular, basadas en antiguas prácticas y tradiciones, han influido en la aplicación de los principios bíblicos a las circunstancias locales. Deseamos, con sabiduría, respetar y también ayudar a que sean redimidas las culturas que están en desacuerdo con los principios del reino. Como Pablo, afirmamos que la Gran Comisión tiene prioridad sobre cualquier otra consideración. Tenemos que alcanzar a los hombres y mujeres para Cristo, sin importar sus costumbres culturales o étnicas. El mensaje de redención se ha llevado a lugares remotos del mundo por el ministerio de hombres y mujeres dedicados y llenos del Espíritu. Los dones y el ungimiento del creyente deben abrir puertas hoy para realizar su ministerio. El ministerio pentecostal no es una profesión al que los hombres y mujeres simplemente aspiran; siempre tiene que ser un llamado divino, confirmado por el Espíritu con dones especiales. Las Asambleas de Dios ha sido bendecida y seguirá recibiendo bendiciones del ministerio de las hijas dotadas y comisionadas por Dios. Hasta el punto en que estemos convencidos de nuestras distintivos pentecostales – que Dios es el que hace los llamados y quien sobrenaturalmente unge para el ministerio – tenemos que seguir siendo abiertos al uso completo de los dones de las mujeres en el ministerio y liderazgo espiritual. Al ver los campos blancos para la siega, que no seamos nosotros los culpables de rechazar a uno de los que Dios ha llamado a la siega. Confiemos a estas mujeres de Dios la hoz sagrada, y con nuestras bendiciones más sinceras empujémoslas a los campos blancos.
A história segue em frente. Dezoito anos... Quem viver, verá! Para quem caiu agora de paraquedas no debate, favor ler os posts abaixo:
Post 1 - www.daladierlima.com/o-papel-das-mulheres-no-ministerio/
Post 2 - www.daladierlima.com/frida-vingren-breve-resenha-do-livro-homonimo/
Post 3 - www.daladierlima.com/falacias-sobre-o-ministerio-feminino/
Post 4 - www.daladierlima.com/como-as-mulheres-foram-liberadas-para-cantar-na-igreja/ 
Post 5 - www.daladierlima.com/pastorado-feminino-a-polemica-em-1966/

Fonte: www.daladierlima.com

2 comentários:

Eduardo Moraes disse...

Caro Eliseu,

Discordo dos seus argumentos. Primeiramente não vejo contradição nas Assembléias de Deus Brasil e Mundo. O fato da CGADB fazer parte do Conselho Mundial não obriga a primeira a concordar em tudo com a segunda, pois não estamos falando de uma empresa multinacional e suas afilidas pelo mundo. As Assembléias de Deus são independentes, inclusive dentro do Brasil onde há vários ministérios.

Um exemplo disso é o Estado Brasileiro em relação a ONU. Somos membros, como é também o Irã... Mas temos Soberania Nacional e, não a lei dos homens que nos obrigue a sermos iguais aos demais países membros.

Sobre a ordenação de mulheres. A bíblia não diz que é errado, mas também não diz que é certo. Jesus veio ao mundo, entre outras coisas, pra servir de exemplo e modelo perfeito a ser seguido. Ele teve auxiliares mulheres, mas nunca ordenou nenhuma delas.

Eliseu Antonio Gomes disse...

Nito

O artigo é de autoria do irmão Dalardier Lima, evangelista, alguém que atua nas congregações da Assembléia de Deus, em Desterro e Arco-Íris, Abreu e Lima - Pernambuco.

A contra-argumentação que você traz ao artigo é importante e enriquece nossa reflexão sobre este assunto.

Concordo contigo quando fala sobre a ordenação de pastoras. Não existe determinação bíblica contra ou à favor.

Abraço.