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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Isaque, o sorriso de uma promessa

Isaque não nasceu pelo poder da provisão comum, mas sim segundo o poder de uma promessa especial. Seu nascimento é a confirmação da promessa feita por Deus a Abraão, onde a descendência prometida viria do útero de uma mulher estéril, de sua esposa Sara.

Isaque entrou para a História Sagrada como o filho da promessa, pois chegara à tenda de Abraão, quando este já tinha 100 anos de idade, e Sara, 90. Ele nasceu do ventre amortecido de sua mãe e do corpo envelhecido de seu pai. Seu nascimento levou os pais a rirem daquela espera que, ignorando os limites da biologia, evidenciou a intervenção do Autor da vida.

Quanto à velhice de Abraão e Sara, não nos esqueçamos de que, naquele tempo, as pessoas ainda eram longevas. Lendo o capítulo 11 de Gênesis, verifica-se que, a partir de Sem, que viveu 500 anos, a longevidade humana vai gradativamente caindo (Gênesis 11,11). No final do capítulo (veja 11.32), a idade dos antepassados próximos de Abraão já não ia além dos 200 anos. Apesar disso, o aspecto de um homem de 100 anos e de uma mulher com 90, naquela época, não era nem senil e nem decrépito.

Isaque, ao completar oito dias de vida, foi o primeiro bebê da linhagem hebreia a receber a circuncisão de acordo com o pacto que o Senhor estabelecera com Abraão. Circuncidado, foi inserido liturgicamente na família da promessa  (Gênesis 17.10-12).

À primeira vista, Isaque parece retraído e acanhado. Ao contrário do pai, Abraão, e do filho Jacó, sua vida não é marcada por grandes acontecimentos. Mas, mesmo sendo homem de pouquíssimas e reservadas palavras, deixou-nos um eloquente testemunho de fé e devoção a Deus. Na esfera da fé, nem sempre as palavras dizem muito; as ações, porém, revelam a ação divina em cada passo do nosso percurso rumo à Sião.

Embora a história de Isaque e de Jacó fossem narradas simultaneamente, pois o relato de Jacó é contado dentro da história de Isaque (25.19 - 35.29), as promessas de Deus a Abraão são repetidas a Isaque (26.3-5), como também para Jacó (28.13-15).

Isaque bem que poderia haver tomado uma das jovens cananeias como esposa. Entretanto, ele não se enganava iludia com elas. Idólatras e lascivas, davam-se aos pecados mais obscenos. Muitas delas, enclausuradas em templos pagãos, entregavam-se à prostituição ritual e em quase nada distinguia das prostitutas que circulavam em Jericó. Tranquilo, seletivo e espiritual, Isaque aprendera a confiar em Deus, que tudo provê, então, viu seu pai, Abraão, encarregar seu mais antigo servo de buscar-lhe uma esposa entre uma das moças de sua família na Mesopotâmia. Assim sendo, Rebeca foi encontrada. Uma autêntica serva de Deus: jovem virgem, bela, formosa, gentil, cheia de espiritualidade e disposição ao trabalho (Gênesis 24.1-7).

Sobre o enlace matrimonial de Isaque, podemos notar três coisas relativas a Abraão:

• o cuidado que ele tomava com seu filho, a fim de que esse se casasse, e casasse bem;
• o piedoso cuidado de Abraão com seu filho era para que ele não se casasse com uma filha de Canaã, mas com alguém de sua parentela - ele observou que os cananeus se degradavam em grande iniquidade;
• providenciou para que Isaque não fosse sozinho até sua parentela, nem com o propósito de escolher uma esposa, a fim de que não fosse tentado a ficar ali.

Apaixonados e românticos, a felicidade de Isaque e Rebeca não era completa, pois igualmente como aconteceu com Sara, ela era estéril. Ao invés de arranjar um herdeiro de um ventre escravo, como haviam feito seus pais, Isaque "orou insistentemente por sua mulher" (25.21). A oração foi atendida, o Senhor abriu a madre da mulher de Isaque, Rebeca. Ele tinha 60 anos quando seus filhos nasceram, então, depois que se casou, permaneceu 20 anos sem ter filhos (25.20, 26). E Rebeca não concebeu apenas uma vida, mas duas nações. trouxe à luz os gêmeos Esaú e Jacó (25.21,24-25). 

No capítulo 26, Isaque repetiu o fracasso de seu pai, Abraão, mentindo sobre sua esposa (26.6, 7), pois ao invés de afirmar ser Rebeca a sua esposa, ele disse a Abimeleque que ela era a sua irmã. Entretanto, Deus interviu na história para proteger a descendência do seu povo e garantir o cumprimento da promessa feita a Abraão, o seu amigo (Gênesis 26.11, 12).

Isaque era o "bem" mais precioso de Abraão. Foi com esse "bem" que Deus provou a fé de Abraão. Isaque foi exemplarmente obediente a seu pai, e não questionou o fato de ser a "oferta" para o sacrifício apresentado por seu pai a Deus.

O convívio com Abraão, seu pai, ensinou Isaque a se relacionar com Deus. Sabendo quem é Deus e o quão importante é viver uma vida que o honre, Isaque foi "forjado aos pés de Abraão", pois ele daria prosseguimento à promessa: conquistar a terra de Canaã. Isaque andejou por Canaã e ali armou suas tendas, criou Esaú e Jacó, multiplicou os haveres da família e também, ali, ergueu altares ao Senhor.

Perceba que, até aqui, Abraão e Isaque representam aquela fase nômade do povo de Israel. Esse povo não tinha terra, não tinha casa e não possuía raízes. Viver é o grande desafio diário. Entrava numa terra, se estabelecia nela e, logo depois, saía, começando o mesmo ciclo em outro lugar. Mas, através de Isaque esta realidade começa a ser quebrada.

Deus abençoou de tal forma Isaque, que ele veio a tornar-se mais poderoso que os reis cananeus. O profeta Isaías, no capítulo 65 e versículo 13, escreveu sobre Isaque que, enquanto outros colhiam da terra com escassez, ele colhia com fartura. Era temido, inclusive, por Abimeleque, soberano de Gerar. Aos olhos dos gentios, ali estava um homem que sabia como desfrutar dos favores divinos. O final de sua vida é descrito não com discursos de condolências, mas com palavras que descrevem o recolhimentos dos justos e íntegros (Gênesis 35.28-29).

Isaque é o filho da promessa. É o filho da mãe livre e não da escrava. Com essa imagem, o apóstolo Paulo fundamentou a doutrina da Graça de Deus. "Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. (...) Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós. Porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz; Esforça-te e clama, tu que não estás de parto; Porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido. Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque" - Gálatas 4.26-28.

Conclusão

O cumprimento da promessa de Deus nas concepções e nascimentos de Isaque, Jacó e Esaú, nos mostra que Deus visita seus servos em suas carências. O Senhor é sempre pontual. Suas promessas não se cumprem no tempo determinado por nós, elas se cumprem no tempo determinado por Deus, e este é o melhor momento. Os verdadeiros cristãos, pelas virtudes das promessas de Deus, são capacitados a fazer o que está acima do poder da natureza humana, pois eles compartilham da natureza divina (2 Pedro 1.4).

Ensinador Cristão, ano 16, nª 64, página 42, outubro - dezembro de 2015 (CPAD).
O Começo de Todas as Coisas - Estudos Sobre o Livro de Gênesis, Claudionor de Andrade, páginas 120-130, 1ª edição 2015, Rio de Janeiro (CPAD).

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