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segunda-feira, 28 de julho de 2014

O cuidado ao falar e a religião pura

Por Eliseu Antonio Gomes

Ouvir é uma arte essencial

Há na atualidade pouca disposição em se ouvir, estudar e entender, compreender para expor um assunto. Mesmo sem maturidade intelectual, muitos querem sair por aí questionando e opinando sobre tudo e todos os temas antes de preparar-se para abordá-lo.

Ao ouvir alguém, quer através da comunicação verbal, escrita ou oral, quer através da comunicação não verbal, admitimos a possibilidade de aprender para conhecer. É esperado de quem se propõe a falar sobre qualquer assunto que tenha o mínimo de conhecimento necessário a respeito do tema que falará.

A fala do cristão

"Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios" - Salmo 141.3.

Tiago nos aconselha a manter a língua sob irrestrita vigilância. Afirma que "todos tropeçamos em muitas coisas", incluindo-se ele próprio entre os crentes que falham e acrescentando que "se alguém não tropeça em palavra" tal pessoa é perfeita e capaz de refrear todo o corpo.

É muito difícil dominar a linguagem, entretanto, é extremamente necessário combater o tropeço ao falar. A palavra dita sem pensar, fora do tempo, e sem conhecimento dos fatos pode provocar grandes tragédias. Às vezes dizemos algo que não gostaríamos que saísse de nossos lábios, quando percebemos o ato falho já aconteceu e o que foi dito causa sérios problemas a quem diz e a quem ouve. 

O modo de exprimir ideias e sentimentos ou a maneira de dizer revela o coração de uma pessoa. A língua controlada significa um coração e um corpo controlados. O tom de voz e o estilo de expressão apresentam o que vem do pensamento e da intenção, mostra o que está no interior da pessoa; por isso, devemos vigiar, santificando o linguajar e a alma, para não tropeçar no uso do vocabulário e ações.

Jesus Cristo advertiu: "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; porque o que passa disso é de procedência maligna" - Mateus 5.37.

A calúnia, a difamação e a injúria constituem crimes cometidos com a língua, pecados que destroem valores humanos. O boato, a murmuração, o palavreado torpe agradam ao diabo e entristecem ao Espírito Santo. Se quisermos atingir o perfil do homem perfeito, teremos que controlar nosso ímpeto e evitarmos tropeçar na comunicação.

O cristão alcança o domínio no diálogo através da constância à leitura e prática do ensino da Palavra de Deus, vigiando e disciplinando a conversa. Ao entregar o nosso eu ao controle do Espírito Santo, Ele pode refrear nossos impulsos, inclusive a compulsão no pronunciar-se desordenadamente.

Através da fala, tanto podemos bendizer como amaldiçoar. É importantíssimo evitar a dubiedade da língua, calar quanto ao ato de disseminar maldição e falar apenas com a intenção de proclamar a bênção.

Na mesma linha de raciocínio de Tiago, 1.19, que ensina ser mais importante ouvir do que falar, o apóstolo Paulo escreveu que a fé surge no coração humano através da disposição de ouvir a Palavra de Deus. Jesus Cristo é o Verbo Divino de Deus, a quem devemos estar sempre atentos (João 1.1; Hebreus 1.1).

Quem ouve o que o Senhor nos diz alimenta a própria alma e ao abrir a sua boca para dirigir-se a alguém, falará reproduzindo a inteireza da Escritura, que "é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra" (2 Timóteo 3.16-17).

Que Deus nos ajude a disciplinarmos nossa linguagem para que sirva de instrumento à exaltação do Senhor e à edificação espiritual do nosso próximo.

A religião pura

O que é religião? Geralmente a religião se caracteriza pela crença na existência de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e obediência. A religião verdadeira é composta de autênticos discípulos de Cristo, não se consiste em ritual e regra humana, mas em vida de amor a Deus e ao próximo, portanto, ninguém deve pensar que agrada a Deus apenas pelo costume de frequentar um templo.

Na prática da religião pura, o crente possui autocontrole tanto no falar quanto em suas emoções. É pronto para ouvir e não se apressa para dizer algo e irar-se. Em tempo: a Bíblia Sagrada não proíbe o sentimento de indignação, apenas estabelece limites para a conduta cristã em momentos de raiva (Isaías 58.1, 7; Lucas 1945; Efésios 4.26; Provérbios 17.27).

Tiago compara a verdadeira e a falsa espiritualidade, a primeira chamada por ele de religião pura (1.7), que procede do coração voltado para Deus, é compreensiva e manifesta-se em atos positivos. No capítulo 2, ele trata da questão do crente não combinar a profissão de fé com a evidência clara de transformação de vida. E em 4.1-5, 7 enfatiza que a verdadeira espiritualidade é desinteressada, generosa, imparcial e paciente.

Em vista disso, o crente não deve pensar apenas em si mesmo, mas demonstrar o que significa amar tanto de teoria quanto de fato. Não basta dizer que temos fé, o verdadeiro teste da fé não são as nossas afirmações religiosas, mas as nossas ações em compatibilidade com o ensino de Cristo. A religião e a fé verdadeira são demonstradas por obras e atitudes que espelham o autêntico Evangelho.

O praticante da religião pura

"Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era" -Tiago 1.23-24.

No capítulo 1, versos 2 ao 18, Tiago aborda a necessidade de o crente pedir a sabedoria do alto. E nos versos 19 ao 27 ele expõe uma análise minuciosa sobre como o cristão deve usar esta sabedoria dentro e fora da comunidade cristã. Ensina que o crente precisa apresentar coerência, pois não é o discurso que mostra quem somos, mas a nossa ação.

O apóstolo usa a ilustração de uma pessoa diante do espelho para descrever o cristão que vive a religião pura. Tal pessoa ora tal qual o salmista, que pedia a Deus ajuda para contar os seus dias até alcançar um coração sábio (Salmos 90.12).

Contemplar-se diante do espelho é a mesma orientação apresentada por Cristo na parábola da trave e o argueiro: antes de observar a falha do outro é preciso observar-se atentamente e  corrigir os próprios erros. Também, é a mesma orientação de Paulo aos crentes à  mesa de Santa Ceia (Mateus 7.5; 1 Coríntios 11.28).

Conclusão

Quem dentre os religiosos é um discípulo de Cristo?

O praticante da religião pura é um autêntico discípulo de Cristo. Ele está pronto para ouvir e usa prudência ao falar; fala na hora certa, do modo certo; não vive uma vida de discursos vazios. Suas palavras são providas de uma consciência oriunda do Evangelho, através de sua conduta as pessoas em sua volta sabem o tipo de fé e sabedoria que ele tem.

Os discípulos de Jesus são pessoas que adotam o sacrifício da santificação pessoal diuturnamente, que é: refrear a língua; o exercício da misericórdia; manter-se puro. Sabem que é por meio da vida consagrada que irão influenciar positivamente o mundo, sabem que cada cristão é responsável por sua santificação e que cada um prestará conta de si mesmo a Deus.

Assim, em tudo que fazem aparece o respeito, a ternura e o amor. Professam e adotam as propostas do Evangelho, como também aplicam sua compreensão crescente da vida do Reino de Deus a todos os aspectos da sua vida na terra. Guardam-se a si mesmos de serem contaminados pelo sistema de valores da sociedade sem Deus; e empenham-se na busca de sua santificação e na pureza da sua vida (Romanos 14.12; 2 Pedro 3.14).

Os discípulos de Jesus são pessoas que adoram ao Pai e servem aos irmãos desinteressadamente.

E.A.G.

Compilações:
Ensinador Cristão, ano 15, nº 59, página 38, julho-setembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 33-39, Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre, Elinaldo Renovato de Lima; 1º trimestre de 1999, páginas 45-51, Rio de Janeiro (CPAD).
Revista Exposição Bíblica - Liberdade, Fé e Prática - Gálatas e Tiago; Arival Dias Casimiro; páginas 34; 3ª edição em julho de 2013; Santa Bárbara d'0este/SP (Z 3 Editora Ltda). 


Artigo atualizado: 02/08/14 - 5h01.

Vidraça embaçada

Nem todos os ricos são esnobes
Nem todos os pobres têm coração humilde
Nem toda dor encaminha para algo pior
Nem todo policial é um torturador
Nem toda lágrima nasce com a tristeza
Nem todo sorriso esbanja felicidade
Nem toda zona rural é composta de gente caipira
Nem toda metrópole é um polo industrial
Nem toda vida é vivida entre sonhos e sala de espera
Nem toda pergunta quer uma resposta
Nem toda retórica pretende trazer explicação
Nem toda omissão objetiva ao alívio de sofrimento
Nem toda verdade anunciada tem a dinâmica do amor
Nem todo fato é uma realidade a ser revelada
Nem todo segredo é escondido por ser vergonhoso
Nem tudo que é comum é normal
Nem todas as louras são burras
Nem todos os fins justificam os meios

Obviedades e distorções
Generalizações e percepções claras
Enfrentamento de medos e rejeições aos preconceitos

Atravesse a porta aberta para a liberdade
De ouvir e entender tudo
De se expressar e ser compreendido perfeitamente
Tudo é melhor quando se sabe viver acima das frases feitas
Nada pior do que seguir o fluxo da correnteza sem opção
[ para qual lugar estar.
__________

Por que escrevi os versos acima? A vida é repleta de frases feitas, que parecem explicar tudo em uma síntese mágica que simplifica viver. Mas não existe truque para viver. A vida para ser bem vivida precisa de bases reais, comunicação eficaz, vontade, coragem, observação e lógica.

E.A.G.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Gerados pela palavra da verdade

Por Eliseu Antonio Gomes

Deus é sempre bom

A sabedoria de Deus é pura, boa, humilde, repleta de benignidade e bom senso. A carta de Tiago nos mostra que Ele em sua sabedoria age fazendo apenas o bem, jamais houve ou haverá nEle a variação entre benignidade e malignidade e entre luz e trevas.

Sejamos sempre bons, tratando o próximo como Jesus o trataria.

Os pobres e os ricos da igreja

Tiago usa enfoque escatológico para apresentar lições sobre ética cristã. A perspectiva de libertação ou julgamento na futura volta do Senhor é um fator motivacional que tem como objetivo nos incentivar a viver uma vida santa e agradável ao Senhor. Ele lembra que os cristãos são "herdeiros do reino" e "como que as primícias de suas criaturas", recorda que existe uma recompensa àqueles que se mostrarem fiéis e frutíferos, e faz admoestação dizendo que "o Juiz está às portas" para pedir prestações de contas aos que não vivem ordenadamente (1.10-11, 18; 2.5, 12-13; 3.1; 5.1-6, 9).

Os cristãos que não ocupam posições elevadas na sociedade, embora às vezes sejam desprezadas até dentro das igrejas por serem pobres, não devem ficar tristes, porque são grandes aos olhos do Senhor e jamais serão desprezadas e maltratadas por Deus (Marcos 4.18-19).

Os acumuladores

Tiago afirma que a acumulação de ouro e prata enferrujam e que a tal ferrugem servirá de testemunho contra acumuladores e a devorará como fogo. Diz que o dinheiro atrai desgraça ao que o adora, pois quem trata o dinheiro como "deus" é incapaz de ser justo, não o usa para ajudar o próximo, antes usa o próximo para enriquecer-se ainda mais.

Quem enriquece tendo como meio de enriquecimento a injustiça contra seus irmãos, um dia receberá a cobrança do Senhor dos Exércitos por não ter aliviado o sofrimento de seus filhos (Confira: Tiago 5.3-4).

O apóstolo não condena o rico apenas porque ele é rico, em 1.10-11, esclarece que a pessoa abastada também é considerada um irmão. Ele descreve os pecados que tornam alguns ricos censuráveis: uma maneira egoísta de acumular dinheiro (5.2-3); fraude contra o trabalhador (5.4); luxo sem sentido (5.5); perseguição ao justo (5.6).

Pobreza e riqueza são temas que aparecem em diversas passagens bíblicas. Deus tem um interesse todo especial pelas pessoas humildes de coração, sejam elas pobres ou ricas. Ele põe os pobres, se humildes, em lugares de honra e manda os ricos para longe de sua presença de mãos vazias, se estes forem avarentos e orgulhos (1 Samuel 2.1-8; Salmo 35.10; Provérbios 22.22-23; Amós 8.4-6; Lucas 1.51-53; 6.20, 24; 1 Timóteo 6.17-19).

Posições sociais e o acúmulo de dinheiro não tornam as pessoas mais dignas diante de Deus, então, jamais devemos atribuir a essas coisas importância exagerada e nem honrar as pessoas apenas porque elas os têm.

Os crente maduros

Tiago usa o termo grego "teleios" ao referir-se a "perfeito" -  o dom perfeito. Tal palavra significa completo, maduro, pleno. Quando o crente recebe este dom, amadurece por intermédio dele, aperfeiçoa-se como cristão, torna-se pronto para toda boa obra. Então, que cada um de nós, aperfeiçoados pela dádiva divina, incorporemos ao procedimento diário verdades bíblicas que proporcionem maior equilíbrio e a completa maturidade espiritual. E maduros na fé, tenhamos a oportunidade de acrescentar coisas positivas à vida de outras pessoas, fazendo a diferença necessária ao nosso círculo de influência e para toda a nossa geração.


O Pai das luzes

A descrição de Deus como o Pai das Luzes é única nas Escrituras, restrita à passagem de Tiago 5.17. Com certeza, Tiago fazia referência à Lua, ao Sol e outras estrelas ao usar o vocábulo "luz". Tal abordagem alude à obra criadora e o contínuo exercício de poder de Deus sobre os corpos celestes para nos fazer entender a benevolência do Criador ao gerar o ser humano. (Jó 38-4-15, 28; 19-21; 31-33; Salmos 136.4-9; Isaías 40.22, 26;  38.38).

No mesmo verso bíblico as palavras "sombras" e "variações" são usadas com sentido astronômico, embora não sejam termos técnicos apontam claramente às constantes mudanças observadas na criação. Indicam movimentos cíclicos de rotações de planetas e satélites naturais, fenômenos de eclipses solares e lunares, alternância entre dia e noite, entre a clareza e a escuridão.

Deus, em sua imutabilidade contrastante com a mutação de toda a natureza criada, nos gerou a partir de sua determinação espontânea e gratuita pela palavra da verdade. E nos colocou como as "primícias de suas criaturas" - "criatura" no texto, em grego, é "ktismata", faz referência à criação não-humana.

É importante lembrar que a palavra grega, vertida ao português como "gerou" (apokyeo) significa "dar à luz", ou produzir uma nova vida (Efésios 2.10; 2 Corintios 5.17; Gálatas 6.15). Também, que a afirmação sobre o cristão ser como "a primícia de toda a criação" encontra paralelo em Romanos 8.19-23, e alude à vida espiritual.

O novo nascimento só é possível através da palavra da verdade, e ocorre por intermédio da soberania do Espírito, sendo o homem totalmente passivo nesta questão (Ezequiel 11.19; João 1.11; Filipenses 2.13). O cristão renasce através da palavra do Evangelho, cresce espiritualmente, e amadurece na fé através da aplicação da Palavra de Deus em seu viver. A disponibilidade deste desenvolvimento, cuja capacidade vem da boa dádiva e dom perfeito de Deus, visa à qualidade de uma vida em santidade, para dessa maneira glorificar ao Criador (2 Corintios 6.7; 2 Timóteo 2.5; 1 Tessalonicenses 2.13; Apocalipse 14.4).

Conclusão

As riquezas jamais deveriam dirigir os objetivos e ser a razão de viver do ser humano, pois é um estado transitório. Os recursos financeiros podem ser facilmente perdidos, e sendo assim os crentes ricos e pobres devem se sentir felizes por saber que a fartura e a falta de dinheiro não significam nada para Deus. O que importa para Deus é o que a pessoa tem em seu coração e não o seu status social e saldo da conta bancária.

Que a bondade do Pai Celestial inunde a vida de cada cristão, para que, assim como Ele amou o mundo inteiro, também decida fazer o bem ao próximo. Que nós entendamos e abramos o coração ao agir de Deus e alcancemos plena maturidade espiritual.

E.A.G.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, páginas 1752, 1753, edição 2004, Rio de Janeiro (CPAD).
Bíblia de Estudo de Avivamento e Renovação Espiritual, página 1244, edição 2009, Barueri, (Sociedade Bíblica do Brasil).
Lições bíblicas - Mestre, Eliezer de Lira e Silva; 3º trimestre de 2014, páginas 27, Rio de Janeiro (CPAD).
Revista Exposição Bíblica - Liberdade, Fé e Prática - Gálatas e Tiago; Arival Dias Casimiro; páginas 34; 3ª edição em julho de 2013; Santa Bárbara d'0este/SP (Z 3 Editora Ltda). 
Tiago - Introdução e Comentário, Douglas. J. Moo, páginas 44, 75, 76; 1ª edição 1990, reimpressão 2011, São Paulo (Edições Vida Nova)..