Pesquise sua procura

Arquivo | 14 anos de postagens

Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta isaías. Ordenar por data Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta isaías. Ordenar por data Mostrar todas as postagens

domingo, 27 de dezembro de 2015

Escatologia, a doutrina das últimas coisas

Por Eliseu Antonio Gomes

O século 21 na marcha implacável da corrida do tempo em direção ao futuro, não prediz possibilidades agradáveis para o fim dos tempos. Em todos os pontos de vistas da vida da humanidade, não há um sequer que dê ensejo para otimismo e esperança com bases consistentes. A vida religiosa poderia fazer a diferença positiva perante às avalanches de males comuns que contaminam o mundo moderno. Todavia, no centro do que se considera culto a Deus, das seitas e movimentos ditos espirituais, do mesmo modo se notam os indícios do declínio moral e espiritual - com exceções daqueles que buscam ao Senhor com inteireza de coração.

E assim, cumpre-se de maneira plena a profecia do apóstolo Paulo, quando escreveu para Timóteo: "Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te" - 2 Timóteo 3.1-5.

A definição de Escatologia

A palavra escatologia tem origem em dois termos gregos: escathos (último) e logos (estudo; mensagem; palavra). O termo grego que possui raiz comum é éschata, que significa "últimas coisas". Daí vem à expressão estudo, ou doutrina, das últimas coisas ou do fim dos dias. Isto é, ciência do destino dos últimos dias da humanidade e do mundo. Também, do destino-último do homem (morte, ressurreição, juízo final) e do mundo.

O que não é Escatologia?

Não é futurologia. Somente a Bíblia contém a verdade sobre o futuro. Ela foi divinamente escrita, portanto nenhum leitor pode interpretá-la fazendo especulações ou interpretações e conclusões próprias, fontes estranhas às Escrituras Sagradas.

É preciso estudar escatologia com o cuidado de não ir além do que está escrito (1 Coríntios 4.6). Para conhecer o futuro, é preciso buscar na Palavra de Deus o que está revelado. De Gênesis à Apocalipse a Bíblia está cheia de profecias. Quem quiser entender corretamente as profecias da Palavra de Deus, deverá seguir as diretrizes teológicas, que representam parâmetros importantes aos estudiosos das Escrituras Sagradas.

Os temas estudados pela Escatologia
• Estado Intermediário
O estado intermediário refere-se ao período de tempo após a morte física. O ser humano, após a morte. Diz a Bíblia que quando o ser humano morre em Cristo dorme no Senhor e Deus os recolherá para si no céu (1 Tessalonicenses 4.14) e aqueles que morrem em pecado serão lançados no inferno junto com todas as nações que desprezam a Deus (Salmos 9.17).  O homem não equivale aos animais irracionais, como o gato, cachorro, cobra, etc., que nada mais existe para eles após morrerem.
É importante lembrar que para todas as pessoas que ainda vivem existe esperança, ainda há tempo para o arrependimento, conversão e vida eterna com Deus. 
 • Arrebatamento da Igreja
A passagem em Marcos 13.32 esclarece que apenas o Pai conhece o momento do retorno de Cristo. O texto em Mateus 24.42, alerta: "Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora a vir o vosso Senhor". Paulo escreve: "porque vós mesmos sabeis muito bem que o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite" (1 Tessalonicenses 5.2). Estas referências bíblicas indicam que Jesus pode voltar a qualquer momento advertindo-nos a estarmos sempre prontos.
Não existe na Bíblia uma data declarada para a volta de Cristo, apenas o aviso de sinais que precedem a este retorno, quando a Igreja será arrebatada, como o surgimento de falsos cristos e falsos profetas, entre outros sinais (Mateus 24.23-25). 
1. Características do Arrebatamento:
a. será muito rápido (1 Coríntios 15.52);
b. será um fator de separação (Mateus 24.39-41);
c. iminente (Mateus 25.6; Marcos 13.35-37);
d. secreto (1 Tessalonicenses 5.2);
e. resultará em grandes transformações (1 Coríntios 15.51-53; 2 Coríntios 5.2-4).
2. Quando ocorrerá o Arrebatamento?
a. será a qualquer momento (Lucas 17. 22-24);
b. imediatamente antes do Tribunal de Cristo ( Apocalipse 11.15-18; 14.1-7);
c. antes das Bodas do Cordeiro (1 Tessalonicenses 4. 15-17; 19.7-8);
d. bem antes do Milênio e do Juízo Final (Apocalipse 19.11 - 20.5; 20.7-15).
• Grande Tribulação
Também é chamada de grandes dores (Mateus 24.8) grande tormento (Mateus 24.9) e grande aflição (Mateus 24.29).
Findará com a derrota do anticristo (2 Tessalonicenses 2.8), a purificação de Israel (2 Tessalonicenses 2.13-14) e o retorno pessoal de Cristo (Apocalipse 19.11-13).
• Milênio
Durante o período de mil anos, haverá:
a. abundância de vida e saúde (Isaías 33.24; 35.5-6; 65.20; Zacarias 8.5);
b. conhecimento universal de Deus (Isaías 11.9; Jeremias 31.34);
c. fertilidade excelente (Amós 9.13-14);
d. segurança absoluta (Jeremias 23.5-6; Ezequiel 37.28);
e. os animais ferozes serão transformarão em mansos (Isaías 11.6-9; 65.25);
f. será levantada a maldição de sobre a terra (Gênesis 3.17; Isaías 35.1, 2, 7; Romanos 8.19-22; Apocalipse 22.3, 5).
• Julgamento Final
Haverão os seguintes julgamentos:
a. do pecador (Judas 1.15);
b. dos crentes no Tribunal de Cristo (2 Coríntios 5.10);
c. das nações na volta de Cristo (Mateus 25.31-32);
d. dos mortos sem Cristo (Apocalipse 20.11-13).
As três interpretações escatológicas a respeito do fim

Embora os estudiosos normalmente concordem  que Jesus voltará, existem diferentes opiniões  sobre os detalhes das circunstâncias que levarão ou se seguirão ao retorno de Cristo. O povo de Deus não precisa ficar dividido nesta questão da volta de Messias, o importante é crer que Ele voltará.
• Pré-tribulacionista. O pré-tribulacionismo afirma que, sem qualquer espécie de aviso prévio, o arrebatamento acontecerá na História, após o qual a tribulação começará, tendo seu complemento na segunda vinda de Cristo (portanto, a Igreja não passará pela tribulação).
• Pré-milenista. O pré-milenismo apregoa que a segunda vinda de Cristo acontecerá antes do milênio, e então a Igreja será erguida pelo cumprimento literal do milênio (Apocalipse 20).
• Midi-tribulacionista. Afirma que o arrebatamento ocorrerá no meio do período da tribulação, mas a segunda vinda de Cristo acontecerá ao final da mesma, portanto, conclui que a Igreja não passará pela segunda metade da tribulação.
O entendimento da corrente Preterista a respeito do Apocalipse

Eles entendem que o Apocalipse já se cumpriu totalmente na época do Império Romano, incluindo a destruição de Jerusalém, no ano 70 a.C.. Porém, as profecias bíblicas sobre o fim dos tempos assinalam que muitos eventos escatológicos ainda não se cumpriram, como o Arrebatamento da Igreja (1 Tessalonicenses 4.17); a Grande Tribulação (Apocalipse 3.10); a vinda de Cristo em glória (Mateus 16.27) e o Milênio (Apocalipse 20.2-5).

Conclusão 

O Pr. Elinaldo Renovato, escreveu o seguinte na revista Lições Bíblicas, lição nº 1: "Defendemos a interpretação futurista, que se revela como a que melhor ajusta-se à boa hermenêutica, na qual a Bíblia interpreta-se a si mesma. Nos livros escatológicos, podemos identificar algumas profecias que já se cumpriram e também entendemos  que há linguagem simbólica. Mas, em relação ao final dos tempos, face à volta de Jesus, cremos que esta se dará antes da Grande Tribulação."

E.A.G.

Outras abordagens contendo temática sobre o fim-dos-tempos: EBD Sumário - O final de Todas as Coisas. Esperança e glória para os salvos

Compilações em:
Belverede - O Apocalipse - definições escatológicas sobre a volta de Cristo e o Milênio, Eliseu Antonio Gomes, 8 de fevereiro de 2009, belverede.blogspot.com.br/2009/02/definicoes-escatoligicas-sobre-volta-de.html 
Belverede - O que é escatologia?, Eliseu Antonio Gomes, 13 de setembro de 2012, belverede.blogspot.com.br/2012/09/o-que-escatologia-biblica.html 
Lições Bíblicas/Professor - O Fim de Todas as Coisas - esperança e glória para os salvos, Elinaldo Renovato, 1º trimstre de 2016, páginas 3-10, Rio de Janeiro (CPAD) 
O Fim de Todas as Coisas - esperança e glória para os salvos, Elinaldo Renovato, páginas 7, 16, edição 2015, Rio de Janeiro (CPAD). 
Onde Encontrar na Bíblia?, Geziel Gomes, páginas 152, 190, 219, 1ª edição 2008, Rio de Janeiro (Central Gospel).

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Inspiração Divina e Autoridade da Bíblia

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Por ser a nossa única e exclusiva fonte de autoridade, e ser a nossa regra de fé é prática, a Bíblia Sagrada deve ser alvo de estudo. Devocional e sistemático. É muito importante que o crente seja uma pessoa conscientizada a respeito da inspiração  divina, verbal, e plenária da Bíblia Sagrada.

A quantidade enorme de manuscritos antigos, o grande número de versões em outros idiomas e as citações da patrística nos primeiros séculos do cristianismo falam por si como prova da autenticidade dos livros da Bíblia. Nenhuma obra da Antiquidade apresenta hoje tantos manuscritos hebraicos, gregos, latinos e em outras línguas. Temos atualmente em todo o mundo mais de 25 mil manuscritos bíblicos produzidos antes do advento da imprensa no século XV. Em segundo lugar, vem a Ilíada, de Homero, com 457 papiros e 188 manuscritos, perfazendo um total de 645 exemplares. Nenhuma obra da Antiguidade é mais bem confirmada que a Bíblia.

As descobertas dos rolos do mar Morto revelam a credibilidade e a fidelidade dos textos hebraicos do Antigo Testamento. Com exceção do livro Ester, todos os outros livros do Antigo Testamento estão representados em 800 manuscritos. As onze cavernas de Uaid Qumran trouxeram à tona cerca de 200 manuscritos bíblicos, descobertos entre 1947 e 1964. Muitos desses manuscritos não foram produzidos pelos essênios, muitos deles vieram da Babilônia e do Egito. Trata-se portanto, de textos precedentes de várias épocas e de vários lugares.

I - REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO

O cristão precisa conhecer e reconhecer a revelação e inspiração da Bíblia Sagrada.

O Cânon bíblico está fechado. A revelação infalível que Deus fez de si mesmo já foi registrada. Hoje, Ele continua falando através dessa palavra. Assim como Deus revelou a si mesmo, e inspirou os escritores a registrar essa revelação, Ele mesmo preservou esses escritos inspirados, e orientou o seu povo na escolha destes, a fim de garantir que a sua verdade viesse a ser conhecida.

Não se deve acrescentar outros escritos ao conteúdo canônico, nem se deve tirar dele  dele nenhum escrito. O Cânon contém raízes históricas da Igreja Cristã, e o cânon não pode ser refeito assim como a história não pode ser mudada.

1. Revelação.

A palavra "revelação" (apocalipsis, em grego) significa o ato e o efeito de tirar o véu que encobre o desconhecido.

Cremos que a Bíblia é a única revelação escrita de Deus para toda a humanidade e que seu texto foi preservado e sua inspiração divina é mantida nas 2.935 línguas em que ela é traduzida (segundo dados da Sociedade Bíblica do Brasil).

Dessa revelação divina decorre o fato de ela ser nossa exclusiva fonte de autoridade espiritual. Sua inspiração divina e sua soberania como única regra de fé e prática para a nossa vida constituem a doutrina basilar da fé cristã.

A Bíblia revela os mistérios do passado como a criação, os do futuro como a vinda de Jesus, os decretos eternos de Deus, os segredos do coração humano e as coisas profundas de Deus (Gênesis 2.1-4; Isaías 46.10; Lucas 21.25-28). Seu conteúdo oferece ensinos espirituais aos que buscam conhecimento, ensinamentos importantes que não são encontrados em nenhum outro lugar do mundo.

2. Inspiração.

Cânon: a lista de livros já definidos e reconhecidos como divinos para a vida e a conduta do cristão. Cada um dos 66 livros reconhecidos como inspirado por Deus desde a sua origem, apesar da seleção de escritos sagrados só acontecer posteriormente.

Sobre o Cânon e a inspiração, às vezes, os dois termos significam a mesma coisa. O termo "kanõn" se origina do vocabulário hebraico qãneh (cana), usada como "cana de medir" (Ezequiel 40.3, 5; 41.8) e originalmente quer dizer "vara de medir". Na literatura clássica, significa "regra", "norma", padrão". Aparece no Novo Testamento com o sentido de "medida" e "regra moral" (2 Coríntios 10.13, 15; Gálatas 6.16). Nos três primeiros séculos do cristianismo, o termo se referia ao conteúdo normativo, doutrinário e ético da fé cristã, e a partir do quarto século os termos "cânon" e "canônico" ganharam o sentido de textos inspirados por Deus e instrumentos normativos para a vida e a conduta dos cristãos, portanto separados de outras literaturas.

A inspiração divina da Bíblia é um fato singular que ocorreu na história da redenção humana, possui significâncias importantes para todos, principalmente para nós crentes em Deus. É o registro da revelação sob a influência do Espírito Santo, que penetra até as profundezas de Deus (1 Coríntios 2.10-13).

Os 66 livros da Bíblia são divinamente inspirados. Seus escritores foram receptáculos da revelação. Ninguém mais, além deles foi usado por Deus dessa maneira específica.

No tempo dos apóstolos ainda não havia a formação final do Novo Testamento. Quando se reunia para cultuar a Deus, a igreja neotestamentária lia o Antigo Testamento. E quando recebia as cartas apostólicas, as lia nas reuniões semanais. Posteriormente, essas cartas, e os evangelhos, foram paulatinamente aceitos pela igreja como escritos inspirados por Deus. Ora, havia alguns critérios para isso: como a autoria apostólica ou de pessoas que tivessem andado com os apóstolos.

3. A forma de comunicação.

O processo de comunicação divina aos profetas do Antigo Testamento se desenvolveu por meio da palavra e da visão, do som e da imagem (Jeremias 1.11-13). A frase "veio a palavra do SENHOR A", "veio a mim a palavra do SENHOR" ou fraseologia similar, tão frequente no Antigo Testamento, muito provavelmente, diz respeito a uma revelação direta, externa e audível.

A revelação aos apóstolos no Novo Testamento veio diretamente do Senhor Jesus Cristo (Gálatas 1.11, 12; 2 Pedro 1.16-18; 1 João 1.3) e do Espírito Santo (Efésios 3.4, 5). Exceto uma única vez no ministério de João Batista, pois ele é o último profeta da dispensação da lei mosaica (Lucas 3.2; 16.16).

II - INSPIRAÇÃO DIVINA

A inspiração divina da Bíblia Sagrada é notável aos crentes que desejam conhecê-la.

1. A inspiração divina.

"Toda Escritura é inspirada por Deus" (ARA). O vocábulo grego, aqui traduzido por "inspirada por Deus", ou "divinamente inspirada (ARC), é "theopneustos". O termo vem da Bíblia, aparece só uma vez em 2 Timóteo 3.16. É um termo composto de duas palavras gregas:  theos (Deus), e pneo (respirar, soprar).

Isso significa que o texto sagrado foi "respirado por Deus" ou "soprado por Deus". Em suma, a palavra "teopneustia" significa "inspiração divina da Bíblia". A palavra define a "inspiração divina"; remete ao fato de que Deus inspirou aos autores bíblicos todas as palavras e ideias.

A expressão "toda Escritura" não se restringe apenas ao Antigo Testamento. A Bíblia inteira é divinamente inspirada, a autoridade dos profetas e apóstolos é a mesma. "para que vos lembreis das palavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas e do mandamento do Senhor e Salvador, mediante os vossos apóstolos (2 Pedro 3.2).

Algumas porções bíblicas são, em especial, um resumo a respeito do que a Bíblia alega sobre si mesma  e uma afirmação enfática de que os autores dos livros sagrados foram movidos pelo Espírito Santo para expressar as palavras inspiradas por Deus.

• Pedro esclarece que os autores foram impelidos pelo Espírito Santo (2 Pedro 1.20, 21).
• O apóstolo Pedro coloca as epístolas paulinas no mesmo nível que estão as Escrituras do Antigo Testamento: "Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição" (2 Pedro 3.16).
• Ousadamente, Paulo declara que seus escritos são de origem divina: 1 Coríntios 7.40; 2 Coríntios 13.3; 1 Tessalonicenses 4.8.
2. Uma avaliação exegética.

Estamos acostumados com duas traduções: "toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa é proveitosa" e "toda Escritura é divina e proveitosa" Ambas as versões são permitidas à luz da gramática grega. Mas a primeira é mais precisa, pois a conjunção grega "kai" (e) aparece entre os dois adjetivos "inspirada" e "proveitosa". Isso significa que o apóstolo afirma duas verdades sobre a Escritura, a saber: divinamente inspirada e proveitosa; e não somente uma dessas duas coisas. Dizer que "toda a Escritura é proveitosa" pode dar margem para alguém interpretar que nem toda Escritura é inspirada.

3. Autoridade.

A autoridade da Bíblia deriva de sua origem divina. O selo dessa autoridade aparece em expressões como "assim diz o SENHOR" (Êxodo 5.1; Isaías 7.7); "veio a palavra do SENHOR" (Jeremias 1.2); "está escrito" (Marcos 1.2). Isso encerra a suprema autoridade das Escrituras com plena e total garantia de infalibilidade, pois a Bíblia é a Palavra de Deus (Marcos 7.13; 1 Pedro 1.23-25).

Existem muitas palavras ou frases que a Bíblia usa para se auto-descrever e que sugerem uma reivindicação de autoridade divina. Jesus disse que a Bíblia é indestrutível e que ela jamais passará (Mateus 5.17, 18); ela é infalível, ou "não pode ser anulada" (João 10.35); e ela é suficiente para a nossa fé e prática (Lucas 16.31).

As inúmeras profecias são exclusividade das Escrituras Sagradas e provas visíveis de sua inspiração e autenticidade. Muitas delas já se cumpriram em relação a muitos povos, tanto na Antiguidade, como na atualidade. Um exemplo é a profecia sobre a queda da Babilônia, proferida quando esta vivia dias de glórias e grande apogeu (Isaías 13. 19, 20). Tal previsão se cumpriu completamente.

Também, a Bíblia anunciou de antemão a dispersão dos judeus e profetizou seu retorno à terra de seus antepassados. Após 1.800 anos na diáspora, os israelitas retornam para sua terra, e em um só dia nasceu uma nação (Isaías 66.8). Essa profecia diz respeito á fundação do Estado de Israel logo após a derrocada do nazismo.

Entre tantas outras profecias que se cumpriram cabalmente, e que não enumeraremos aqui por questão prática de espaço e tempo de leitura, lembramos das profecias messiânicas cumpridas em Jesus, desde o seu nascimento de uma virgem em Belém, conforme Isaías 7.17 e Miquéias 5.2, até a sua ascensão, registrada em Salmos 24.7-10.

As profecias contidas na Bíblia faz dela uma coleção de livros sui generis, repleta de poder perene, o compêndio literário que não se assemelha a nenhum outro e que sempre permanecerá acima de qualquer outro já produzido no mundo.

III. INSPIRAÇÃO PLENA E VERBAL

A inspiração plena e verbal da Bíblia Sagrada pode ser explicada.

1. Inspiração plenária.

O apóstolo Paulo deixa claro ao afirmar que "toda a Escritura é divinamente inspirada". Inspiração plenária significa que todos os livros das Escrituras são inspirados por Deus. A inspiração da Bíblia é especial e única. Não existe na Bíblia um livro mais inspirado e outro menos. Todos possuem o mesmo grau de inspiração e autoridade.

Paulo ensinava: Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário" (1 Timóteo 5.18). Neste versículo, coloca lado a lado citações da Lei de Moisés (Deuteronômio 25.4) e dos Evangelhos (Mateus 10.10; Lucas 10.7), chamando ambas de "Escritura".

Às vezes, inclusive, "profetas" e "apóstolos" aparecem como termos intercambiáveis 92 Pedro 3.2). O apóstolo Pedro considera ainda as epístolas paulinas como Escritura (2 Pedro 3.15, 16).

A Bíblia que Jesus e seus apóstolos usavam era formada pela Lei de Moisés. os Profetas e os Escritos; essa terceira parte é encabeçada pelos Salmos (Lucas 24.44). O termo "Escritura" ou "Escrituras" que aparece no Novo Testamento refere-se a esse Cânon tripartido, que é o mesmo Antigo Testamento de nossa Bíblia.

2. Inspiração verbal.

A inspiração verbal  significa que cada palavra contida na Bíblia foi inspirada pelo Espírito Santo (1 Coríntios 2.13); e também que as ideias vieram de Deus (2 Pedro 1.21). Deus "soprou" nos escritores sagrados a sua mensagem. Uns produziram som de flautas e outros de trombetas, mas era Deus quem soprava. Assim, eles produziram esse maravilhoso som que são as Escrituras Sagradas.

A Bíblia contém 66 livros, que abrangem o Antigo e Novo Testamento. Passaram-se cerca mil anos para que o Cânon bíblico ficasse pronto. Deus usou cada escritor em sua região, cultura e geração, com seus diversos graus de instrução. Os escritores, desde Moisés até o apóstolo João, não foram tratados como meras máquinas, mas como instrumentos usados pelo Espírito Santo, respeitosamente. Então, o leitor dos textos bíblicos encontra nos livros a personalidade do escritor, depara-se de livro para livro com muitos estilos de linguagem distintas, uso de vocabulários diferentes em estruturas sintáticas diversificadas.

Apesar do mistério que ronda o modo como Deus fez com que sua mensagem fosse fiel sem destruir a liberdade e a personalidade dos autores humanos, existem algumas coisas que ficam muito claras. Os autores não eram simplesmente secretários que anotavam algo que estava sendo ditado a eles; a sua liberdade não foi suspensa nem negada. Eles não foram usados como engenhocas. As suas palavras correspondiam ao seu desejo, no estilo em que estavam acostumados a escrever.

IV - ÚNICA REGRA INFALÍVEL DE FÉ E PRÁTICA

É importante estar consciente que a Bíblia Sagrada é a única regra de fé e prática das pessoas que, genuinamente, são crentes em Cristo.

1. "Proveitosa para ensinar".

A finalidade das Escrituras é o ensino para a salvação em Jesus, pois elas "podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus (2 Timóteo 3.15).

A Bíblia, expõe a doutrina cristã para a humanidade com o propósito de salvar, corrigir e edificar o ser humano. Foi dada aos homens para ser seguida por todos A verdade contida nela redime e santifica, não expira e nem envelhece. Seus ensinamentos são suficientes para entender a vida sob a lei de Cristo. Lucas 21.33; João 17.17; 2 Timóteo 3.15-17; 1 Tessalonicenses 2.13.

2. A conduta humana.

Uma das grandezas das Escrituras é a sua aplicabilidade na vida diária, na família, na igreja, no trabalho e na sociedade. Deus é o nosso Criador e somente Ele nos conhece e sabe o que é bom para suas criaturas. E essas orientações estão na Bíblia.

3. As traduções da Bíblia.

Desde os tempos do Antigo Testamento, até hoje, Deus se manifestou e se manifesta a a cada um de seus servos e suas servas no seu próprio idioma. Através do mundo inteiro, qualquer crente, ao ler a Bíblia, recebe sua mensagem com ose esta fora escrita diretamente para ele. Nenhum crente tem a Bíblia como livro alheio, estrangeiro, como acontece aos demais livros traduzidos. Todas as raças consideram a Bíblia como possessão sua.  Nós recebemos como nossa. Isso acontece em qualquer país que ela chega. Ninguém tem o conteúdo da Bíblia como "dos outros".Este detalhe prova que ela procede de Deus e atesta que quem escreveu esses livros sagrados eram seres humanos movidos pela inspiração divina.

CONCLUSÃO

Por direção divina, temos hoje os 27 livros reunidos, conhecidos como o Novo Testamento, mais os 39 do Antigo, totalizando 66 livros na Bíblia. Se possuímos exemplar em mãos podemos considerar que isso é um milagre. E devemos agradecer ao seu Autor celeste por nos entregar a sua Palavra. E a melhor maneira de fazer isso é meditar nas Escrituras dia e noite (Josué 1.8), de modo que ela esteja "incorporada" em nossa mente e coração.

Que cada um  queira receber a Bíblia, sem restrição alguma, pois ela é a palavra de Deus, em qualquer idioma em que vier a ser traduzida.

E.A.G.

Compilações:
A Razão da Nossa Fé. Assim cremos, assim vivemos. Esequias Soares, páginas 11-17, 1ª edição 2017, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD). 
Bíblia do Pescador, editor geral e autor de comentários Dr. Luis Ángel Diaz Pabón, páginas 1105, 1296 e 1312, 1ª edição 2014, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD).
Ensinador Cristão, ano 18, nº 71, página 36, julho a setembro de 2017, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD). 
Lições Bíblicas - Professor - A Razão da nossa Fé. Assim cremos, assim vivemos, Esequias Soares, 3º trimestre de 2017, páginas 5 a 9, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD). 

quarta-feira, 26 de maio de 2021

O Ministério de Pastor

Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

A dedicação do dono para com a criação de ovelhas transformou-se em uma imagem clássica do amor e providência divina de Deus aos crentes fiéis (Salmo 23.1-4; João 10.11-16).

Quando o rebanho era muito grande, ou por outras circunstâncias, o dono das ovelhas recorreria aos serviços de pastores contratados. Nestas situações, o trabalho do pastor era remunerado com uma participação no rebanho (Gênesis 30.28-43; 1 Coríntios 9.7) ou em dinheiro (Zacarias 1.12; 1 Timóteo 5.18).  Repassar os cuidados do trato de animais era comum entre os monarcas e hebreus ricos (1 Crônicas 27.29-31; Lucas 15.14-16). As figuras de cães de raça e de pessoas assalariadas usadas como guardadores de rebanho têm conotação negativa nas páginas neotestamentárias (João 10.12; Filipenses 3.2; Apocalipse 22.15).

HÁ UM SÓ PASTOR

"As palavras dos sábios são como aguilhões, e as coleções de sentenças são como pregos bem-fixados; elas provêm de um único Pastor" - Eclesiastes 12.11.

As relações entre Deus e o seu povo são assemelhadas às que existem entre o pastor e as suas ovelhas (Salmos 23.1; 80.1. Ezequiel 7.14). A figura do povo de Deus como um rebanho aparece várias vezes em diversos textos da Bíblia Sagrada. Nas páginas do Livro de Ezequiel (34.31) o povo temente ao Senhor recebe tal comparação e Deus é comparado como o seu Pastor: "Vós, pois, ó ovelhas minhas, ovelhas do meu pasto; homens sois; porém eu sou o vosso Deus, diz o Senhor Deus”.  

O profeta brada que a justiça seria restaurada, revelando a promessa divina que Deus levantaria um pastor e que através deste pastor todos os dispersos e oprimidos receberiam justiça, assim a paz voltaria a reinar entre os israelitas. Os cristãos, ao lerem Ezequiel 34.1-31, sabem que a promessa de restauração refere-se a Jesus Cristo em sua primeira vinda, sua morte e ressureição ao terceiro dia. Passagens como Isaías 40.11 e Zacarias 13.7, apresentam o Messias como Pastor, corroboradas por textos do Novo Testamento. Jesus a Si mesmo Se chama "o bom Pastor" (João 10.11). E encontramos a afirmação que o Filho Unigênito do Pai é o Grande e o Sumo Pastor (1 Pedro 5.4; Hebreus 13.20). Sumo, significa "supremo" e "máximo". 

Cristo oferece a água da vida eterna, apregoa que só quem beber da água retirada da fonte que Ele oferece não voltará a ter sede (João 4.13-14). Isto é, na condição de Deus trino, só existe um pastor, que se manifesta nas figuras do Pai Eterno e do Filho Unigênito. 

O PASTOR APASCENTA AS OVELHAS

"Como pastor, ele apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os carregará no colo; as que amamentam ele guiará mansamente" -  Isaías 40.11. 

No Antigo Testamento, encontramos a figura do pastor como um homem proprietário de rebanho, alguém que o apascentava pessoalmente (Êxodo 34.14), confiava os cuidados aos filhos (Gênesis 31.38-40, 37.2; 1 Samuel 16.11) e filhas (Gênesis 29.9; Êxodo 2.16). O Novo Testamento atribui o termo "pastor" ao ministro que lidera uma comunidade de crentes protestantes (Hebreus 13.17; 1 Pedro 5.2; e as Escrituras como o método de alimentação às ovelhas de Cristo (1 Timóteo 4.15,16).

"A liderança pastoral pode ser um dom natural, ou adquira pela experiência, por meio de uma vida dedicada a esse mister. Contudo, no âmbito espiritual, os líderes são chamados por Deus para uma missão específica, com o intuído de engrandecer o Reino de Deus.' (...) 'Ainda no âmbito espiritual, ministros líderes de ministros devem ser aqueles vocacionados para o ministério, chamados e habilitados por Deus para coordenar, influenciar seu grupo, com o objetivo de que seus liderados, com esforço, alcancem as metas desejadas" (José Wellington Bezerra da Costa. Artigo Ministro e Líderes de Ministros, Bíblia Obreiro Aprovado, página XXIII, edição 2016, CPAD). 

A tarefa do pastor consistia em procurar pastagens e água (Salmo 23). Muitas vezes não era fácil, exigia paciência e coragem, pois era preciso defender as ovelhas dos ataques de feras e de ladrões (Gênesis 31.40; Êxodo 2.16; 1 Samuel 17.34; João 10.12). As principais ferramentas do pastor no exercício da sua função:
º Cajado: vara grossa que servia como apoio ao caminhar (Hebreus 11.21), como cassetete para defender-se (Isaías 36.6; Hebreus 11.21) e cuja ponta era curvada em semicírculo para pegar o animal pela pata (Salmo 23.2; Miqueias 7.14). No Novo Testamento, o termo "vara" se refere à autoridade de Cristo (Apocalipse 19.15) e dos salvos, a vara aos crentes se assemelha ao uso da espada do Espírito (Apocalipse 2.27; Efésios 6.16).

º Funda:  uma arma feita com tira estreita de couro, alargada no meio, usada para atirar pedras contra os lobos e outros predadores, girando-a sobre a cabeça e soltando uma das pontas no momento propício ao lançamento da pedra na direção pretendida (Juízes 20.16; 1 Samuel 17.40-50).
O jeito afetuoso que o pastor prestava seus cuidados em favor do rebanho se evidenciava de modo eficaz ao socorrer as ovelhas fracas e enfermas do redil a ele confiado (Gênesis 33.13; Isaías 40.11). À tarde, quando o pastor recolhia o rebanho ao aprisco, obrigava as ovelhas a passar debaixo de sua vara, pela porta de entrada do aprisco. Neste retorno do grupo, cada animal ao alcance de sua mão era examinado para conferir seu bem-estar (Levítico 27.32; Jeremias 33.13; Ezequiel 20.37) e após cumprir sua missão durante o dia, o pastor continuava a vigiar o rebanho durante a noite (João 10.3).

O PASTOR BUSCA AS OVELHAS

"Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que encontra ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas. Eu as livrarei de todos os lugares por onde foram espalhadas no dia de nuvens e densas trevas" - Ezequiel 34.12.

Ezequiel havia repetido incansavelmente que o povo de Israel se tornara impuro por causa dos seus pecados e idolatrias e que por este motivo o castigo viria sobre a nação. Após a queda de Jerusalém, o profeta mudou completamente de tom. No centro da sua mensagem o anúncio do castigo deu lugar à promessa da salvação, a informação de que viria um tempo em que Deus faria uma intervenção para transformar interiormente o seu povo e limpá-lo de todas as suas impurezas. Essa promessa, repetida uma e outra vez nos capítulos seguintes, fez renascer a esperança no ânimo dos exilados e os ajudou a vencer o desânimo, pessimismo, e desconfiança que haviam se apoderado deles (Ezequiel 33.10; 34.11-31; 37.11).

A promessa de salvação suscita esperança aos cristãos. O poder purificador do sangue vertido na cruz apresenta a intenção divina da  total transformação interior, que se expressa com a imagem do coração e do espírito novo. "Pois todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos vocês que foram batizados em Cristo de Cristo se revestiram. Assim sendo, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vocês são um em Cristo Jesus" (Gálatas 3.26-28).

O PASTOR PROTEGE AS OVELHAS

"Assim diz o Senhor : Como o pastor livra da boca do leão as duas pernas ou um pedacinho da orelha de um animal, assim serão salvos os filhos de Israel que vivem em Samaria com apenas o canto da cama e parte do leito" - Amós 3.12.

O relato exposto em Gênesis 29 mostra Isaque removendo uma pedra pesada de cima de um poço, para que o rebanho pastoreado por Rebeca bebesse água. Colocava-se a pedra ali como proteção contra o pó e a areia e todo o tipo de sujeira. Mais tarde Moisés prestou ajuda semelhante às filhas do sacerdote Reuel, conhecido também como Jetro, ele abriu o poço e retirou a água dos bebedouros reservados às ovelhas (Êxodo 2.16-18).

A pessoa que possui vocação pastoral é consciente da sua responsabilidade e incansavelmente proclama em alto e bom som que Jesus virá como Rei dos reis; ecoa a verdade de que "toda a humanidade é erva, e toda a sua glória é como a flor do campo" e que só a Palavra do Senhor dura eternamente (Isaías 40.6,8).

O ministério do pastor sábio está sempre submetido ao Espírito Santo. Ele pensa, age, comunica-se com disposição de servir a Deus, e com este perfil produz edificação espiritual aos que o ouvem. É respeitado entre as ovelhas de Cristo. Expõe a verdade bíblica da melhor maneira possível, suas palavras surtem efeito estimulante que leva o cristão ao crescimento na fé e a estar consciente que "Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más" (Eclesiastes 12.14). 

O pastor e teólogo Antonio Gilberto escreveu sobre a função do pastor, como ministério recebido de Deus. Compreende-se assim:
a. Dirigir, presidir e administrar o rebanho do Senhor. Sem isso as ovelhas se desviarão.
b. Doutrinar. Para isso, o pastor precisa ser um estudante dedicado da Palavra de Deus, especialmente no que concerne à Teologia Sistemática.
c. Proteger. Se o pastor não fizer esta parte, muitas ovelhas cairão vítimas de todo tipo de males.
d. Tratar das ovelhas. Muitas caem doentes espiritualmente.
e. Alimentar as ovelhas. A ovelha faminta segue qualquer outra liderança, além de outros males que lhe atingem.
f. Visitar. Exercício direto ou através de comissões.
g. Disciplinar. O termo disciplina envolve o sentido de instrução, admoestação, correção, e não o castigo e punição.
O PASTOR NEGLIGENTE COM O REBANHO 

"Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho! A espada cairá sobre o seu braço e sobre o seu olho direito; o braço ficará completamente seco, e o olho direito totalmente cego" - Zacarias 11.17.

Os governantes do período do Antigo Testamento são representados como pastores e repreendidos pelos profetas quando agiam com egoísmo e falta de cuidado com seus súditos. Deus é contra os maus pastores. Além disso, os profetas advertiam que o israelita que agisse como opressor de outro, aquele que havia enriquecido desonestamente à custa dos mais pobres e fracos, teria que ajustar contas com o Senhor.

O pastor mercenário preocupava-se mais com seu bem-estar. A segurança do rebanho não era sua prioridade. Interesseiro, trabalhava somente por dinheiro e pelas vantagens que lhe eram dadas pelo dono do rebanho (Jeremias 46.21; João 10.12,13).

Durante a Lei de Moisés, a responsabilidade do pastor era cobrada com grande rigor. Em Êxodo 22.9-12, temos acesso às regras legais sobre propriedade privada. O texto explica que os animais roubados deveriam ter o seu valor restituído ao seu dono, quando os animais eram mortos por uma fera, a exigência de restituição só era feita se o animal morto não pudesse ser apresentado; animais perdidos de outras maneiras não precisavam ser pagos se o pastor afirmasse com juramento não ter violado a propriedade alheia. Caso a ovelha se desgarrasse, o dever do pastor era ir ao campo procurá-la em todos os lugares (Ezequiel 34.12; Lucas 15.4). 

CRISTO, O PASTOR DAS OVELHAS 

"Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos o nosso Senhor Jesus, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança" - Hebreus 13.20.

Como Cordeiro de Deus e também o Sumo Pastor das ovelhas, Jesus Cristo verteu o sangue da eterna aliança. "Porque, havendo Moisés proclamado a todo o povo todos os mandamentos conforme a lei, pegou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã tingida de escarlate e hissopo e aspergiu não só o próprio livro, como também todo o povo, dizendo: 'Este é o sangue da aliança que Deus ordenou para vocês. Igualmente também aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os utensílios do serviço sagrado. De fato, segundo a lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão. Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que estão nos céus fossem purificadas com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais requerem sacrifícios superiores àqueles. Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos humanas, figura do verdadeiro Santuário, porém no próprio céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus" - Hebreus 9.19-24.

O texto de Êxodo 12.1 ao 13.22 apresenta prescrições ao culto da antiga aliança. Estes capítulos, descrevem a Festa da Páscoa, mostram as normas relativas à celebração da Festa dos Pães Asmos, que prolonga a Páscoa (12.15-20; 13.3-10); e as normas que prescrevem a consagração dos filhos mais velhos ou primogênitos a Deus (13.1-2,11-16). Também relatam a décima praga sobre o Egito e depois a saída apressada dos israelitas (12.37- 42) em direção às margens do deserto (13.17-22). 

O escritor de Hebreus, em 9.19-24 alude aos dois capítulos de Êxodo, nos faz lembrar da água, da lã em vermelho escarlate, do hissopo, materiais usados na aspersão realizada por Moisés. Assim, o escritor de Hebreus mostrou o paralelo existente entre a libertação do povo hebreu das garras de faraó e o opróbrio de Cristo na cruz, quando dEle jorrou água e sangue, para que todo pecador que nEle crer não pereça, tenha a vida eterna (João 3.16; Hebreus 11.26). Através do ritual religioso, Moisés se mostrou solidário com os israelitas, e Cristo, através do sacrifício vicário no calvário, se mostrou solidário com todos os pecadores arrependidos de seus pecados (Êxodo 2.10-15; Salmo 69.9; Isaías 63.9; e Romanos 15.3).

CONCLUSÃO

Os cristãos são exortados a seguirem o Bom Pastor, deixando para trás a vida e as práticas religiosas da antiga Lei, a vida pregressa da prática de pecados, a viverem em consagração, reunirem-se com seus irmãos para juntos celebrarem a Ceia do Senhor, com o objetivo de não se esquecerem que, assim como os judeus foram libertos da escravidão egípcia, estão livres da condenação eterna por intermédio do sacrifício realizado por Jesus Cristo (1 Coríntios 11.23-26).


Compilação:
Bíblia de Estudo Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), Barueri - SP
Bíblia Obreiro Aprovado. Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD). Rio de Janeiro - RJ. Edição 2017.
Casa do Senhor - acesso 26 de maio de 2021 - www.casadosenhor.com.br/portal/
Dicionário Enciclopédico da Bíblia, Centro do Livro Brasileiro Ltda, Lisboa, Porto, edição 1969.
Éxodo Una Lectura Evangélica y Popular. Jorge V. Pixley, Casa Unida de Publicaciones S.A., México, D..F., edição 1983.
Pequeno Dicionário Bíblico, Stuart Edmund McNair, anexo Bíblia do Obreiro Aprovado, Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro - RJ, edição 2017.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

A Teologia de Eliú - o sofrimento é uma correção divina?

Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

O nome Eliú é hebraico e significa "Ele é Deus" ou "Ele é o meu Deus". Era o mais jovem dos amigos de Jó (32.2-6;  32.2-6; 35; e 36). 

Eliú surge no livro de modo inesperado, quando parecia que o debate teria um desfecho (32.15). Ele não é mencionado além desta aparição, nem sequer quando Deus pronuncia seu veredito sobre Elifaz e seus amigos (42.7). Tal situação leva alguns a pensarem que o conteúdo seria um adendo inserido no livro pelo autor, com o propósito de acrescentar algumas coisas à série de discussões.

A longa intervenção de Eliú interrompe a continuidade do poema. O desafio lançado por Jó (31.35-37) aguardava a resposta de Deus, que só é vista no capítulo 38. Eliú argumenta dizendo que Jó tentava justificar-se aos olhos de Deus. Ao fazer isso, Eliú demonstrou pensar que estava acima de todos os demais naquele debate teológico.

I - O SOFRIMENTO COMO UMA FORMA DE REVELAR DEUS

1. Deus é soberano

Por que Deus é soberano? Porque Ele é um ser onipotente, onisciente e onipresente.

Em sua onipotência, Deus faz tudo o que lhe apraz sem que suas ações ocorram em contrário à sua natureza justa e bondosa. Tal característica está registrada nas Escrituras Sagradas. Encontramos as expressões do seu poder infinito nas seguintes referências: Gênesis 1.1; Jó 26.14; Salmos 62.11; 89.8-13; Jeremias 10.12-13; Mateus 19.26;  Romanos 4.27; 8.31.

A onisciência de Deus, admirável atributo exclusivo da sua divindade, abrange todas as coisas. Engloba o passado, o presente e o futuro. Ele tudo sabe, contudo não interfere sobre a liberdade de escolhas do ser humano. A onisciência divina é claramente afirmada pelas Escrituras: Jó 34.21-22; Salmos 139.1-4, 12; e 147.5; Atos 15.18; Hebreus 4.13.

Por meio de sua onisciência, Deus é capaz de manifestar sua presença em todos os locais ao mesmo tempo. Não há outro ser capaz de estar presente simultaneamente em todos os lugares. O centro de Deus está em todo o espaço e nele não há circunferência limitadora. Através da onisciência, Deus manifesta sua justiça, bondade e sabedoria. Salmos 139.7-10; Provérbios 15.3; Amós 9.2-3; Atos 17.28; Efésios 1.23.

Como soberano, Deus pode se revelar e falar por meio do sofrimento. Ainda que Deus seja soberano no que diz respeito a tudo, o ser humano é responsável pelos seus próprios atos. Em sua soberania, Deus pode manifestar-se em períodos de grande aflição de espírito, padecimento físico, dificuldades diversas. Junto com a prova o Senhor fornece a estrutura para suportar a adversidade e meios de escapes, pois ama os aflitos e não sente alegria alguma ao presenciar pessoas sofrendo. Ver 1 Corintios 10.13.

2. O orgulho do homem priva-o de ouvir Deus

O orgulho humano é um obstáculo que dificulta ouvir a Deus. Quando uma pessoa fica cheia de si mesma, está muito próximo de seu tombo. Não é em vão o alerta em Provérbios 16.18: "Antes da ruína vem a soberba, e o espírito orgulhoso precede a queda". A caída pode ser literal ou apenas figurativa. Perder ou diminuir prestígio, experimentar a decadência financeira e a cessação de influência em grupo podem ser tristezas pequenas se fizermos a comparação com a queda espiritual. "Aquele que pensa estar em pé veja que não caia" (1 Coríntios 10.12). 

Todo aquele que acredita que é possível viver muito bem sem ouvir a Deus está fadado ao fracasso. Exemplos não faltam. Tal atitude de arrogância provocou a Queda no Éden, fez Sara e Abraão tentarem contornar o problema da infertilidade com a presença de Agar. Etc. O orgulho nos torna cegos e surdos espirituais. Somos chamados a viver em humildade, a manter a confiança em Deus e a crer que Ele cumpri todas as promessas que empenha (Provérbios 3.5-6).

3. Uma ponderação importante

A oração é a melhor opção para vencer as provações, pois é a maneira de o espírito humano conectar-se ao Espírito Santo de Deus. Ao orar, consentimos com Deus nas suas realizações, colocamos a nossa fé em ação e atacamos o maligno.

Na Bíblia Sagrada, a oração é descrita como:

Invocar o nome do Senhor (Gênesis 4.26);

Invocar a Deus (Salmo 17.6);

Levantar a alma ao Senhor (Salmo 25.1)

Buscar ao Senhor (Isaías 55.6);

Aproximar-se do trono da graça (Hebreus 4.16);

Chegar perto de Deus (10.22).

Em momentos de aflição, muitas vezes Davi orou pedindo livramento; em profunda agonia, Jesus orou intensamente no Monte das Oliveiras (Salmos  119.153; Lucas 22.44).

II - O SOFRIMENTO COMO MEIO DE REVELAR  A JUSTIÇA E A SOBERANIA DE DEUS

1. A justiça de Deus demonstrada

Em sua soberania, Deus não exerce justiça desprovida de amor. Ele é justo e também misericordioso. O amor do Senhor é a base do plano divino para salvar o homem do pecado.

O Pai Eterno não é um carregador de malas, dizem alguns teólogos. É verdade. Mas qual pai amoroso, ou mãe afetuosa, permite que seus filhos arrastem bagagens pesadas, os vê cansados pedindo socorro e tapa seus ouvidos? É verdade que o  Pai Eterno não é o gênio da lâmpada de Aladim. Mas também é verdade que Isaías o descreve como um Deus cujas mãos estão estendidas para nos socorrer, um Deus cujos ouvidos estão atentos para as nossas orações. O profeta nos alerta que a vida em iniquidade e pecado impede o agir bondoso de Deus em favor do ser humano (Isaías 59.1-2).

2. O caráter justo e Deus

Deus não tem prazer no sofrimento, usa-o como meio para salvar o pecador. Os momentos de dificuldades são ocasiões de desenvolvimento das capacidades intelectuais, morais e espirituais. Ao sofrer a pessoa que está no pecado desperta de sua letargia espiritual, em meio à tormenta consegue perceber o valor da adoração e vida em comunhão com o Criador.

"Vocês pensam que eu tenho prazer na morte do ímpio? - diz o Senhor Deus. Não desejo eu muito mais que ele se converta dos seus caminhos e viva? (...) Livrem-se de todas as transgressões que vocês cometeram e façam para vocês um coração novo e um espírito novo. Por que vocês haveriam de morrer, ó casa de Israel? Eu não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto, convertam-se e vivam." (Ezequiel 18.23, 31-32).

"O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a julguem demorada. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento" - 2 Pedro 3.9).

3. A defesa da soberania de Deus

A soberania de Deus faz parte dos seus atributos absolutos, ou seja, pertence somente a Ele. "Pois o Senhor, o Deus de vocês, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não trata as pessoas com parcialidade, nem aceita suborno" (Deuteronômio 10.17).

Eliú enfatiza em seu discurso que é a criatura que depende do Criador e não o contrário (Jó 34.13-15). É um fato incontestável que o Senhor é maior do que o homem e não precisa dar contas de seus atos, porém, em sua superioridade quer dar-se a conhecer pelo homem. O Soberano tem enorme satisfação em que seus servos o conheçam que rejeitar tal conhecimento é o mesmo que rejeitá-lo (Isaías 1.2-3). Ele revelou-se no Éden, através da encarnação de Jesus, se revela continuamente por meio da criação, por intermédio das Escrituras Sagradas, e, diariamente, está pronto para revelar-se a todos nós executando a sua bondade. 

Não é sem um bom propósito que está escrito: "Agrade-se do Senhor, e ele satisfará os desejos do seu coração" (Salmo 37.5). Deus não se cansa de manifestar sua providência aos que nEle confiam.

III - O SOFRIMENTO COMO UM INSTRUMENTO PEDAGÓGICO DE DEUS

1. O caráter pedagógico do sofrimento

O sofrimento serve como meio de abater o orgulho. Dependendo da maneira como é visto, produz gente consagrada ao Senhor ou ateus. Entender que o sofrimento pode ser usado por Deus como efeito pedagógico para a vida muda completamente a nossa perspectiva de fé. Assim como Jó, as pessoas tementes a Deus procuram saber a razão pela qual sofrem, enquanto os incrédulos não aceitam que um Deus justo e soberano permita o padecimento humano. 

Em seu discurso, Eliú fala sobre o caráter pedagógico que há no sofrimento (Jó 36.15, 19). Afirma que a prova é um chamado que Deus dirige ao pecador com a finalidade de livrá-lo da morte (33.29-30). Tal abordagem também é feita por Elifaz (5.17-27) e Zofar (11.13-19).

2. Adorando a Deus na tormenta

Jó foi moído pela dor, o que não significa que a soberania de Deus sobre sua vida foi um ato de tirania. É importante ter em mente que o sofrimento não significa que Deus nos abandona. É possível experimentar grandes provações agradando a Deus. Tudo passa nesta vida abaixo do sol, inclusive o tempo de sofrimento (Eclesiastes 3.2).

Jesus Cristo incentiva os cristãos a pedirem a Deus o livramento do mal (Lucas 11.4). Contudo, em tempos difíceis é importante agir como o profeta Habacuque (3.17-19). O triunfo da fé é revelado quando manifestamos a confiança de que Deus nos ama apesar de todas as circunstâncias. Jó é o maior exemplo bíblico sobre isso no Antigo Testamento e Jesus Cristo na Nova Aliança (Mateus 26.39).

CONCLUSÃO

Toda pessoa que vive a fé cristã genuína compartilha a experiência de Jó, pois o sofrimento é uma consequência da atual condição humana. Através do sofrimento o cristão fiel amadurece. Ninguém sai a mesma pessoa depois que experimenta momentos difíceis e ao orar encontra as respostas do Senhor. Quem verdadeiramente conhece a Deus como Pai, sabe que não é uma atitude de desrespeito clamar por ajuda em tempo de crises (Jeremias 33.3). 

 E.A.G.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Igreja, uma agência evangelizadora

EBD - Terceiro trimestre de 2016 - CPAD - O Desafio da evangelização: Obedecendo ao ide do Senhor Jesus de levar as Boas Novas a toda criatura. Comentarista: Claudionor de Andrade. Lição 3: Igreja, uma agência evangelizadora.
Por Eliseu Antonio Gomes 

A Teologia Sistemática classifica a Igreja de Cristo com dois conceitos que se encontram nas Escrituras: igreja invisível e igreja visível. 

A igreja visível está identificada com aquele grupo de pessoas que se reúnem em nome de Jesus em várias partes do globo terrestre. É a igreja geográfica, étnica, forjada num tempo, numa história e numa cultura. É a igreja que celebra a Cristo em várias partes do planeta (Atos 2.1; 13.1-2).

Em relação à igreja invisível, as Escrituras Sagradas se referem a ela como a Igreja, Corpo de Cristo, formada por milhões de pessoas de todos os tempos e lugares. Essa igreja é atemporal e sem limites geográficos. Nela, estão presentes crentes do passado, do presente e do futuro. A Bíblia chama essa igreja  de o Corpo Místico de Cristo; nome dado à Igreja Universal que Jesus fundou, onde Ele se fez o "cabeça" da Igreja, a "pedra da esquina".

A Igreja Invisível é a geração eleita, sacerdócio real e povo adquirido por Deus, para que exista, basta duas pessoas congregarem-se sob a invocação de Cristo, para que Ele se manifeste entre ambas e, por intermédio delas, aja abençoando. A reunião de duas ou três pessoas, invocando o nome do Senhor, perfazem um número suficiente para que se tenha uma comunidade proclamadora do Evangelho (Mateus 18.20; 1 Pedro 2.9; Mateus 18.20).

A definição da palavra igreja

A Igreja já foi definida como uma assembleia dos que foram chamados para fora. Nessa definição, vemos que a etimilogia do termo grego ekklésia é bastante emblemática. Temos duas palavras distintas nesse vocábulo. Ek: "de"; "para fora". Kaleõ: significa "ser chamado"; "ser convocado".

A Ekklésia grega era uma assembleia de cidadãos intimados para fora de suas casas, a fim de tratar de algum assunto de interesse público. Tendo em vista a natureza da "igreja" grega, aprouve ao Senhor Jesus usar o mesmo termo para nomear a universal assembleia de homens e mulheres provenientes de todas as nações da terra.

Jesus poderia ter dito "Sobre esta pedra fundarei a minha sinagoga". Caso tivesse dito, limitaria a atuação de seus discípulos, pois os judeus, numa localidade gentílica, não seriam chamados para fora, para anunciar Deus e Cristo a todos os povos, mas convocados para dentro da nação de Israel e dentro de congregações israelitas adorariam a Jeová sem a obrigação de compartilhar sua fé com os gentios.

A Igreja de Cristo é superior à assembleia grega e mais sublime que a sinagoga judaica. Ela, por ser a Igreja e pertencer a Cristo, jamais deixará de ser um organismo, ao passo que estas nunca transcenderão os limites de organização.

É importante frisar que a Igreja Primitiva evangelizava sem se descuidar das necessidades dos pobres e necessitados. Se por uma lado, dava-lhes o pão do céu, por outro, não lhes negava o pão saído do forno, para sustentar o corpo físico.

Filipe, o evangelista (Atos 9.6-7)

Há cerca de 2 mil anos, um anjo mobilizou Filipe a sair de onde estava, ao encontro de um etíope, alguém que desejava pelo conhecimento do Deus vivo. Mesmo tendo em mãos o livro do profeta Isaías, aquele homem não conseguia compreendê-lo. Quão glorioso é o fruto que resultou da disponibilidade de Filipe em sair da sua zona de conforto rumo ao necessitado. Sem mencionar os demais frutos que possivelmente  o etíope deve ter ganho para Cristo, passando a lição que aprendeu adiante.

Assim como o etíope, existem muitas almas esperando por um cristão disposto a compartilhar o conhecimento do Plano da Salvação. Os servos do Senhor são compelidos a expandir as paredes da igreja, ir onde estão os perdidos. Jesus morreu por todos e deseja que todos saibam que poderão ser salvos por intermédio do seu sacrifício na cruz (Isaías 53.1-12; Mateus 9.12-13).

A Igreja Primitiva em Antioquia (Atos 13.1-2)

Não sabemos quem fundou a igreja em Antioquia. Mas temos a informação bíblica que aqueles obreiros anônimos souberam como edificá-la na Palavra de Deus e no poder do Espírito Santo, e que tinham visão missionária bíblica.

Os discípulos de Cristo que fixaram residência em Antioquia não demoraram a realizar missões. Eles evangelizaram gregos, bárbaros e romanos, e a partir daquele momento a Igreja de Cristo, dirigida pelo Espírito Santo, começou a universalizar-se, até chegar a nós, os crentes do século 21. Dentre membros daquela igreja, saíram os primeiros missionários transculturais do Cristianismo e aquela igreja passou a ser conhecida como a igreja missionária, um modelo para todas as igrejas que se comprometem a enviar missionários, sustentá-los no campo e assistir aos que retornam da obra.

A proclamação

Se a igreja evangeliza e faz missões, é verdadeira.

Ora, se a natureza da Igreja de Cristo é a proclamação do Evangelho, ela deve peregrinar de proclamação em proclamação até que o Senhor venha, pois subsiste pela proclamação e pelo ensino da doutrina dos profetas e dos apóstolos.

A Igreja de Cristo se faz conhecida pelo evangelho que proclama, pela doutrina que ensina e pelo discipulado que emprega na formação de novos crentes. Alguém afirmou, certa vez, que a Igreja não é um clube de iates, mas uma frota de pesqueiros. De maneira sutil e delicada, esclareceu que a principal tarefa da Igreja é a evangelização; deixou patente que a Igreja, por sua natureza e vocação, é a agência por excelência de evangelismo e missões. É assim descrita porque Cristo estabeleceu-a e deu a ela a suprema missão de anunciar o Evangelho a toda criatura.

A primeira grande verdade proclamada sobre Jesus, no Novo Testamento, é que Ele é o Filho do Deus vivo (Mateus 16.16). Caso não o apresentamos como Filho de Deus, poderemos até apresentar uma bela peça de oratória, mas jamais a autêntica pregação evangélica. Se não pregarmos um Cristo que não procede de Deus, jamais convenceremos o mundo do pecado, da justiça e do juízo. E por este motivo, o Senhor ordena que os convertidos sejam batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mateus 28.19).

Em segundo lugar, ao realizar a proclamação evangelística, é necessário apresentar ao pecador Jesus Cristo como Aquele que morreu como Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus, o Crucificado de Deus que veio tirar o pecado do mundo.

Em terceiro lugar, proclamar a Cristo como o Ressurreto de Deus. Se proclamamos a morte sem anunciar a ressurreição, nossa evangelização será incompleta. O pecador precisa ouvir que Jesus não ficou preso à cruz, nem detido no sepulcro, mas que, após três dias, ressurgiu com poder e glória. Que cada pecador saiba que Jesus morreu e ressuscitou e agora ainda está vivo, intervindo no mundo e governando a Igreja, por meio do Espírito Santo.

A quarta etapa da proclamação evangelística, é apregoar o Cristo Vivo, tal qual fez o apóstolo Pedro na Declaração de Cesareia (Mateus 16.16). É necessário fazer o pecador saber que Jesus está no controle do universo, da História e da nossa vida. Deus não se esconde em sua transcendência, antes, revela-se amorosamente; em suma imanência o Pai intervém na história do universo por meio do Filho. Ao proclamar que Jesus, além de morrer e ressuscitar, acha-se no governo de todas as coisas, nós afirmamos ao pecador que Ele não é mais um entre os fundadores de religiões e seitas, nós o entronizamos como o Rei dos reis e o Senhor dos senhores (Apocalipse 19.16).

O quinto passo ao anunciar o Evangelho ao pecador, é fazê-lo entender que Cristo é o Deus pessoal. Quando o profeta Isaías escreveu a mensagem sobre a concepção virginal de Maria, deixou claro que o Filho, assim como o Pai, seria um Deus pessoal. Emanuel: Deus conosco (Isaías 7.14; Mateus 1.23). Assim sendo, proclamemos que Jesus quer, além de ser o Rei dos reis e Senhor dos senhores, firmar um relacionamento pessoal íntimo com o ser humano. Precisamos dizer ao pecador que Jesus é o Deus comigo, Deus contigo, que a presença dEle permeia o corpo, a alma e o espírito de toda pessoa que o recebe como Senhor e Salvador.

Conclusão

A evangelização é a missão prioritária da Igreja, mas, infelizmente, muitos cristãos não dão a devida importância à ordenação de Cristo (Mateus 28.19-20), pois estão preocupados em erguer grandes templos. É importante  ressaltar que não há nada de errado eme erguer um templo confortável, bonito e espaçoso, afinal, evangelizando almas o número de membros aumenta e as almas convertidas congregarão nele. O erro reside em utilizar todos os recursos e energia na construção e abandonar a pregação do Evangelho.

Não há tempo a perder, sabemos que Jesus virá e precisamos evangelizar hoje. Os discípulos de Cristo sempre serão chamados para fora, com a finalidade de proclamar o Evangelho. Toda vez que faz isso, age como luz no mundo e sal da terra, ilumina as trevas com a exposição da verdade e preserva os tecidos sociais mais comprometidos, esclarecendo a vontade de Deus.

A Igreja de Cristo está devidamente aparelhada pelo Espírito de Deus, para ensinar a verdadeira doutrina. Nosso testemunho, portanto, não deve ficar emparedado, nem aprisionado pela burocracia eclesiástica. Se somos Igreja, agiremos como Igreja. Sairemos a evangelizar e a fazer discípulos até a fronteira final deste globo, anunciando que Jesus salva, batiza com o Espírito Santo e cura os males do corpo.

E.A.G.

Compilações
Ensinador Cristão, páginas 22, 37; ano 17, nº 67, julho-setembro de 2016, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD).
Lições Bíblicas - O Desafio da Evangelização: obedecendo ao ide do Senhor Jesus de levar as Boas-Novas a toda criatura - Professor - Claudionor de Andrade, páginas 20 a 24; 3º trimestre de 2016, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD).
O Desafio da Evangelização - Obedecendo ao ide do Senhor Jesus de levar as Boas-Novas a toda criatura; Claudionor Gonçalves; páginas 29 a 37; 1ª edição 2016; Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD).

segunda-feira, 5 de abril de 2021

EBD Lição 2: O propósito dos dons espirituais



Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

O Espírito não é uma coisa,  não é um ser neutro ou impessoal. Ele é o Espírito Santo (Lucas 11.13), o Espírito Santo da promessa (Efésios 1.13); Espírito de santidade, de vida  e de  julgamento (Romanos 1.4 e 8.4; Isaías 4.4); é o Espírito da verdade, de sabedoria e entendimento (João 14.17; Isaías 11.2); Espírito de conselho, poder, do conhecimento e do temor do Senhor (Isaías 11.2).

O Espírito é Deus. Possui os quatro atributos divinos: onisciência, onipresença, onipotência e eternidade (1 Coríntios 2.10-11; Salmos 139.7-10; Lucas 1.35; Hebreus 9.14). Ele é uma das três pessoas da Trindade e atua com personalidade destacada. Possui conhecimento (1 Coríntios 2.10-11), vontade (1 Coríntios 12.11), sentimento ou emoção (Romanos 15.30). Age examinando, falando, ensinando, testificando, guiando, comandando os cristãos (1 Coríntios 2.10; Apocalipse 2.7; João 14.26; 15.26; Romanos 8.24). É o Espírito da graça, da súplica e da glória (Zacarias 12.18; Hebreus 10.29, 1 Pedro 4.14). É transmissor de vida e autor de profecia (Gênesis 2.7; João 6.63; 2 Pedro 1.21). Ele é o Espírito eterno, o Consolador, é Deus em nós, a esperança da glória (Hebreus 9.14; João 14.26; Colossenses 1.27).

É importante não haver confusão de ideias sobre quem é o Espírito Santo e qual é a finalidade do batismo com o Espírito Santo. É preciso conhecer sua natureza divina, saber a forma de receber o batismo, ter o consciência plena sobre finalidade ou propósito de ser um cristão batizado. Na igreja em que há crentes batizados com o Espírito Santo, uns falam em línguas, outros profetizam; outros interpretam; outros manifestam dons de curas e milagres; outros possuem conhecimento espiritual. Deve ser assim os cultos pentecostais, pois os dons espirituais são meios pelos quais podemos conhecer melhor nosso Pai e servi-lo com mais eficácia. 

I - OS DONS NÃO SÃO PARA ELITIZAR O CRENTE

1. A igreja coríntia.

"Sirvam uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como encarregados de administrar bem a multiforme graça de Deus" -  1 Pedro 4.10. Nesta passagem bíblica, o apóstolo anima os destinatários de sua primeira carta quanto à iminente volta do Senhor Jesus. Adverte-os escrevendo que todo crente deve se comportar como bom despenseiro da multiforme graça de Deus. 

Multiforme significa de muitos estilos, estados, formas e jeitos. A Igreja do Senhor, através de cada cristão portador de dom espiritual, expressa-se eficazmente com muitas maneiras e estados distintos a graça de Deus. Há muitos estilos de pregar e ensinar, muitos procedimentos para operação de curas, muitos modos de apresentar o dom de profecia. Pela multiformidade de instrumentalização de seus servos, a misericórdia do Senhor alcança a todos que o buscam com humildade e fé.

Os membros da igreja em Corinto, na Grécia, não eram unidos ao se reunirem para receber o ensino das Escrituras Sagradas. Eles se separavam tendo como motivação o gosto quanto ao estilo dos pregadores (1 Coríntios 1.12). Uma turma de crentes gostava da maneira como Paulo fazia exposição da Palavra, a segunda turma tinha preferência pelo estilo da pregação de Pedro, o terceiro grupo mostrava favoritismo pelo modo como Apolo expunha seus sermões, e o quarto grupo se satisfazia com pregadores que imitavam a gesticulação corporal e entonação de voz com que Jesus Cristo era acostumado a apresentar a Palavra de Deus antes de subir ao céu.

A firmeza da Igreja se deve ao fato de não ser uma organização humana, porém um organismo espiritual. Sua fortaleza é assegurada através de provisões do Espírito. As manifestações do poder do Espírito são imprescindíveis ao êxito e  autenticação da missão da Igreja. 

Os dons de Deus fazem parte dos "mistérios de Deus". Todos os crentes devem ser vistos pelos homens como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus (1 Coríntios 4.1). Deus quis fazer conhecer quais são os mistérios e as riquezas da glória entre os gentios, que é Cristo, esperança da glória (Romanos 11.13; Colossenses 1.26-27). E assim, esse mistério foi revelado através da Igreja, agora a multiforme sabedoria de Deus é conhecida dos principados e potestades (Efésios 3.10).

2. Uma igreja de muitos dons. 

1 Pedro 4.10 nos informa que é preciso administrar os dons espirituais como "bons despenseiros" (ARC), "encarregados" (NAA). No texto grego o termo em que é feita a tradução ao português, o vocábulo original, equivalente à mordomo, é "oikonomos". Essa palavra está associada à "oiko (casa) e "nemo", que significa "dispor," arrumar", "ajeitar". Generalizadamente, "oikonomos" descreve o administrador de uma propriedade ou família. um mordomo fiel. Em 1 Coríntios 4.1 e Tito 1.7, esta palavra refere-se aos ministros cristãos, mas em 1 Pedro 4.10 remete aos crentes em geral, concernente ao uso de dons que o Senhor confiou a eles com a finalidade de estimular a vida cristã de seus irmãos.

O Novo Testamento inclui três catálogos para apresentar os dons que o Espírito Santo concede aos cristãos. Para uma boa hermenêutica, considere que  Efésios 4 fornece as categorias de funções eclesiásticas, enquanto Romanos 12 e 1 Coríntios 12 e  listam dons espirituais.
• Efésios 4.11: "E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres". 
• Romanos 12.6-8"Temos, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se é profecia, seja segundo a proporção da fé; se é ministério, dediquemo-nos ao ministério; o que ensina dedique-se ao ensino; o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com generosidade; o que preside, com zelo; quem exerce misericórdia, com alegria. Romanos 12.6-8.

• 1 Coríntios 12.7-10: "A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando um fim proveitoso. Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento. A um é dada, no mesmo Espírito, a ; a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos. A um é dada a variedade de línguas e a outro, capacidade para interpretá-las."
Jesus operou seus milagres por meio do Espírito. Pelo poder do Espírito, foi ressuscitado dos mortos. Através do Espírito, após sua ressurreição, deu mandamentos a seus apóstolos. E desde então o Espírito atua entre os crentes em Cristo, começou entre  apóstolos e profetas, dando-lhes dons especiais para propósitos específicos (Mateus 12.28; Romanos 8:11; Atos 1.2; 1 Coríntios 12.4, 8-11, 28, 29). 

Agora o Espírito dá testemunho de Jesus em nossa contemporaneidade. Ele nos envia para vocações definidas (João 15.26, 27; Atos 13.2-4). Os dons espirituais  é uma das maneiras mais significativas pelas quais o Espírito Santo afeta a vida dos cristãos. Os dons são para a igreja o que os órgãos e partes do corpo são para o corpo humano. O estudo desses dons é o estudo da anatomia da Igreja, o corpo de Cristo.

3. Dom não é sinal de superioridade espiritual.

A experiência da vida cristã indica que grande parte das pessoas, nas igrejas pentecostais, não sabe lidar muito bem com os recursos espirituais que Deus coloca à disposição dos crentes. A começar pelo batismo com o Espírito Santo, há uma confusão sobre sua finalidade e propósito.

O dom de profecia não existe com a finalidade de transformar o seu portador em pessoa em grau de autoridade maior que os demais irmãos, não faz daquele ou daquela alguém habilitado espiritualmente  para dirigir a vida do pastor e de outros membros da igreja. O dom de profecia existe para trazer mensagens, aos que cultuam a Deus, objetivando a renovação de ânimo, o conforto e o fortalecimento espirituais. O indivíduo que profetiza é usado pelo Espírito no seguinte parâmetro: exortação, consolação e edificação (1 Coríntios 14.3-4). 

Possuir dons espirituais não é motivo para considerar-se superior aos outros, pois não é selo de espiritualidade. É possível medir o grau de espiritualidade do cristão? Sim. Medimos o grau de entrega de nossos vidas ao Espírito através da manifestação ou ausência das características do fruto espiritual em nossas conversas e atitudes. 

Observemos o tipo de vocabulário e a espécie de ação, façamos um paralelo com as nove características do fruto espiritual: "Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito" (Gálatas 5:22-25).

II - EDIFICANDO A SI MESMO E AOS OUTROS

1. Edificando a si mesmo.

Quando o crente fala em línguas, sem que haja interpretação, não edifica a igreja, porque não há quem o entenda. Paulo escreveu que o cristão que fala em língua estranha edifica apenas a si mesmo (1 Coríntios 14.4). 

Consideremos que não é possível haver igreja edificada se não houver crente espiritualmente estruturado, e que cada crente precisa ser espiritualmente edificado para que a coletividade também se estruture. É necessário empreender ensino sobre essa situação. O crente que eleva sua voz em língua ininteligível durante o culto, precisa compreender que tal atitude não é conveniente. É preciso fazê-lo compreender sobre a importância do hábito de ser buscar ao Senhor em local apropriado, a reservar lugar e tempo para momentos devocionais.   

Geralmente, o cristão sincero e novo na fé sente alguma dose de insegurança quando fala sobre a maneira como o Espírito entrega os dons espirituais. Inclusive, parece não existir entre os teólogos uma definição padronizada sobre o meio no qual o Senhor revela haver confiado o uso de seus dons aos crentes. Alguns afirmam que o Espírito comunica-se especificamente sobre a entrega de dons para cada servo que o recebe, enquanto outros preconizam que apenas basta ao cristão prestar atenção à rotina ministerial em que está inserido, observando oportunidades de serviço, examinando habilidades adquiridas, mensurando graus de interesse e satisfação ao desempenhar a Obra do Senhor.  

Quando pela fé nos entregamos ao Espírito para ser instrumentalizados, somos capacitados para o propósito de execução do plano de Deus em nossa vida e nas vidas de muitas outras pessoas. O Espírito atribui tarefas de maneira compatível com os dons que seus servos possuem. A pessoa que é eficaz no ensino infantil, está dotada com o dom de ensinar a petizada com a facilidade necessária. Aquele que é convidado constantemente às palestras com temáticas de difíceis abordagens, detém o dom da exortação, ou encorajamento; o indivíduo que demonstra desenvoltura ao relacionamento interpessoal e ao aconselhamento bíblico, tem chamada para pastorear as ovelhas de Cristo.

2. Edificando outros.

Podemos considerar que, se o batismo com o Espírito Santo e o uso dos dons espirituais não forem bem compreendidos, certamente haverá a manifestação estranha de comportamentos inadequados de espiritualidade. 

A igreja de Corinto, possuía todos os dons espirituais (1 Coríntios 1.7), porém, Paulo fez uma referência indesejável aos irmãos que nela congregaram. Entre eles havia inveja, contenda, dissensões, demonstrando assim que eles não eram espirituais quanto pareciam ser. Apesar do fato de terem tantos dons,  no resultado de sua avaliação, o apóstolo declarou que eles eram crentes "carnais" e ainda "meninos em Cristo" (1 Coríntios 3.1,3,4; 14.20).

Crentes invejosos, criadores de contendas e dissensões entre irmãos não entendem o propósito dos dons espirituais para a igreja. A Bíblia diz em 1 Coríntios 13.1-3: "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, isso de nada me adiantará". 

3. Edificando até o não crente. 

Por meio do Espírito, Deus habita no coração do crente. Deus se relaciona com o mundo perdido através da vida cristão, provê ao crente fortalecimento e meios para que cumpra a missão de levar o Evangelho de Cristo ao mundo, abrir os olhos das almas que caminham à perdição eterna e edificar os novos convertidos através do ensino bíblico. É o Espírito que equipa o cristão com as armas espirituais para que vença as lutas contra satanás (Mateus 28.18-20; Efésios 6.10-17; 1 João 4.4). 

III - EDIFICAR TODO O CORPO DE CRISTO

1. Os dons na igreja.

Algumas pessoas perguntam sobre a relação entre dons naturais e  espirituais. Os dons naturais são dados por Deus, mas nem todos são usados ​​no serviço de Cristo. Três exemplos de dons naturais: o talento para compor, cantar música e tocar instrumentos musicais. Quando a pessoa está em Cristo, os dons naturais são santificados pelo cristão que os tem e usados com satisfação para glorificar ​a Deus. 

Sobre os dons espirituais, habilidades que o Espírito Santo dá a cada crente para equipá-los para seu ministério específico na igreja. Cristo credenciou-se após sua ressurreição, diante de Deus, dos anjos e dos poderes do mal para conceder "dons aos homens", repartindo-os como particularmente a cada um como quer (Efésios 4.8, 12.11).

A concessão de dons foi realizada com o objetivo  de capacitar os servos do Senhor. Os dons estão colocados à disposição dos salvos para que através do mesmos o Senhor realize seus propósitos especiais (1 Coríntios 12.11). Dessa forma, Paulo registra que há nove tipos de dons. Numa igreja bem edificada, há a palavra da sabedoria, ciência de Deus, existe a fé; há os dons de curar; há operação de maravilhas; há profecias autênticas; há o dom de discernir espíritos; há línguas e interpretação de línguas.

A presença de dons diferenciam a atuação da Igreja de qualquer outra entidade ou organização. Foram e ainda são parte da vida da Igreja de Jesus, para o cumprimento de sua gloriosa missão. As operações de dons espirituais produzem a condição para a proclamação do Evangelho de Cristo a todos os lugares, contribuem para fortalecer e destacar a Igreja de Cristo de movimentos religiosos heréticos (Atos 1.8). Através da operação sobrenatural a Igreja tem o único recurso que lhe oferece condições de suplantar o império do mal. 
 
2. Os sábios arquitetos do Corpo de Cristo.

Stanley Horton, no livro I e II Coríntios - os problemas da igreja e suas soluções (páginas 112) afirma que o Espírito Santo quer honrar Jesus, não só chamando-o de Senhor, mas distribuindo uma diversidade de dons livremente. 

Deus capacitou a igreja  com características  e recursos que transcendem à esfera humana, pois  deseja que sua multiforme sabedoria seja conhecida dos principados e potestades nos céus (Efésios 3.10). Além da propagação da mensagem da salvação, fazer conhecida a multiforme sabedoria divina é uma das missões mais importantes da igreja. Através da profundidade das riquezas espirituais, tanto da sabedoria como da ciência de Deus, o Senhor proporciona à igreja o acesso aos recursos espirituais para que o crente demonstre o seu poder no meio dos homens através dos dons espirituais. 

Se não fosse os dons espirituais, a igreja seria apenas uma instituição meramente humana. Os dons espirituais são indispensáveis à unidade e à ação da Igreja (1 Coríntios 12.4-6). Deus quis que houvesse uma diversidade de dons espirituais, porque a mente humana jamais entenderia a grandeza e a profundidade do saber divino. Os recursos existentes na multiforme sabedoria de Deus são demonstrados através da variedade de dons. Então, de modo equilibrado, os crentes são capazes de  compreender e atuar na dimensão espiritual, glorificam ao Senhor neste mundo.

3. Despenseiros dos dons.

Os dons de Deus devem ser exercidos com sobriedade e vigilância (1 Pedro 4.7 e 5.8; Mateus 26.41), cultivados com a prática do amor a Deus e ao próximo (João 13.34-35), vividos sem que se faça acepção de pessoas (Tiago 2.9). O que administra o rebanho de Deus deve ser hospitaleiro, retirar da "despensa" de Deus o melhor alimento e vigiar pela própria vida e a vida do próximo (1 Pedro 4.9; Hebreus 13.2).

Para pôr em movimento a atividade do dom espiritual no serviço cristão, é necessário haver dedicação motivada pelo amor. Só assim é imprimido no resultado final a alegria do Senhor, que gera força para seguir adiante na caminhada de fé.

CONCLUSÃO

O Senhor dá sua maior alegria àqueles que ajudam a cumprir sua Grande Comissão. Ao encontrar e usar seus dons espirituais, você encontrará a paixão, o propósito e a paz de Deus.

É importantíssimo que os líderes de igrejas promovam o ensino bíblico quanto à origem, sobre a natureza e o propósito dos dons espirituais. Ao compreender a essência e o objetivo dos dons. Sendo conhecedores de tamanha bênção, os crentes glorificam a Deus na igreja, edificam-se uns aos outros, promovem o bem à coletividade dos salvos (Efésios 4.10-14, 16; 1 Coríntios 12.7). 

E.A.G.

Compilação:
Bíblia do Pregador Pentecostal, página 1920, edição 2006, Barueri - SP (Sociedade Bíblica do Brasil).
Bíblia Plenitude, página 1313, edição 2001, Barueri - SP (Sociedade Bíblica do Brasil).
Bibleinfo - https://www.bibleinfo.com/sv/topics/andliga-gavor [acesso à página em 08/04/2021]
Denison Forum - www.denisonforum.org/resources/who-is-the-holy-spirit/ [acesso: 08/04/2021] 
Ensinador Cristão. Ano 22, nº 85, abril a junho de 2021. Páginas 25-26. Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Bangu - RJ (CPAD). 
Dons Espirituais e Ministeriais - Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário, 2ª edição 2021, Elinaldo Renovato, páginas 22-25, 28-29. Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Bangu - RJ (CPAD). 

terça-feira, 8 de março de 2022

Isaías 59.2 - Deus abomina a iniquidade


Muitas vezes, Deus parece distante. Há um motivo sombrio para isso acontecer. Aquele que volta suas costas para o sol vê a sua própria sombra. A iniquidade é um pecado que consiste em não reconhecer igualmente o direito de cada um, em não ser correto, agir com perversidade (Salmos 25.11; 51.5; Isaías 13.11; Mateus 7.23; Hebreus 1.9). 

O Todo Poderoso age com misericórdia na vida daqueles que se arrependem de suas atividades iníquas (Isaías 59.1-8). Porém, o pecado ergue barreiras, entorpece a visão e atrapalha a consciência sobre a presença do Senhor.

Paisagem: Salar de Uyuni, Bolívia. Flamingos buscam alimentos nas águas.