O nome Jonas significa pomba.
Jonas abre o livro se apresentando como filho de Amitai. Outras passagens bíblicas acrescentam a informação que ele pertencia ao Reino do Norte, natural de Gate-Hefer, região próxima de Nazaré da Galiléia, na época do rei Jeroboão II, que viveu entre 783 a 743 a.C. (2 Reis 14.23-25; Josué 19.13).
Encontramos alguma relutância em Moisés, Elias e Jeremias, em aceitar incumbência quando foram chamados a cumprir a missão que Deus lhes confiou. Mas Jonas é o único profeta bíblico do qual se sabe que resistiu com grande tenacidade a vocação divina.
A estrutura do livro
Provavemente o livro tenha sido escrito pelo próprio profeta, entre 785 e 750 a.C., muito tempo depois dos fatos narrados.
O
livro contém 48 versículos distribuídos em quatro capítulos pequenos,
em estilo biográfico. Apresenta o ministério, a ressurreição e a obra
missionária de Cristo, por meio da vida do profeta (Mateus 12.29-41; 16.4).
O
Livro de Jonas é diferente dos outros livros dos Profetas Menores. É
composto de uma narrativa biográfica e não de mensagens proféticas. Relata as peripécias protagonizadas pelo profeta.
Não deve ser interpretado como alegoria, ficção
didática, mito, lenda. O oráculo foi entregue para Jonas nos mesmos
moldes que outros profetas (1.1; Jeremias 33.1; Zacarias 1.1). O conteúdo do Novo Testamento não deixa dúvidas quanto à
literalidade da narrativa (Mateus 12.39-41; 16.4).
Jesus
Cristo, a maior autoridade no Céu e na Terra, interpretou o livro como
histórico.
O contexto histórico
Israel, o Reino do Norte, conquistava a sua influência e era restaurada por Jeroboão II. Porém, a Assíria, cuja capital era a cidade de Nínive, se expandia de maneira ameaçadora. Dominava sobre quase todo o Oriente Médio, a relação da nação de Israel não era das melhores, pois era obrigada a pagar tributos à Assíria.
A Assíria, distante de Israel 960 quilômetros, era muito odiada pelos judeus. Sendo o império mais poderoso da época, representava quase tudo de ruim, pois era voltada à maldade, à crueldade, à perversidade, seus cidadãos eram orgulhosos e cometiam muitas atrocidades contra os povos conquistados - costumavam ser terrivelmente violentos, empalavam os homens e abriam o ventre das mulheres grávidas, vivas!
Quando Deus mandou o profeta anunciar o juízo em Nínive, este tentou afastar-se o máximo possível dessa cidade e de Deus, mas com essa tentativa Jonas aprendeu que é impossível fugir do Criador. "Porventura sou eu Deus de perto, diz o SENHOR, e não também Deus de longe?
Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o SENHOR. Porventura não encho eu os céus e a terra? diz o SENHOR" - Jeremias 23:23-24.
Tarsis, a cidade que o profeta escolheu refugiar-se, segundo
historiadores, é a mesma Tartessos, na orla do Mediterrâneo, ao sudeste
da Espanha.
A mensagem prioritária do livro é a graça soberana de Deus pelos
pecadores ilustrada na sua decisão de reter o julgamento sobre os
culpados, arrependidos
A linguagem antropopática
A mensagem de Jonas
Quando Jonas recebeu sua chamada para ir à Nínive, Jeroboão II, filho de
Joás, governava em Samaria. E Adade-Nirari III reinava na Assíria.
O Senhor enviou Jonas à cidade de Nívine para anunciar a destruição daquele povo. O profeta conhecia toda a maldade praticada pelos cidadãos de Nínive, por este motivo - e seu forte senso nacionalista que o fazia pensar ser superior aos estrangeiros - se mostrou resistente ao chamado que Deus lhe deu, de ir aos ninivitas com a mensagem de arrependimento e salvação. Ele preferiu fugir para Tarsis. De nada adiantou resistir. Primeiro, desobedeceu e sofreu as duras consequências (1.1-3). Na segunda vez, ouviu ao Senhor, e não demorou muito para que estivesse na Assíria, a nação que desejava estar distante (3.1-10).
Os ninivitas arrependeram-se de seus pecados e alcançaram o perdão divino. A principal mensagem de Jonas mostra a infinita e inefável misericórdia de Deus e a sua soberania sobre todas as nações.
A missão de Jonas não foi apenas prolongar a vida dos seus inimigos. Após a mensagem que levou aquele povo a arrepender-se de seus pecados, a máquina militar que procedia de modo implacável deixou de ser usada de maneira brutal. E neste tempo de paz entre a Assíria e Israel o rei Jeroboão II recobrou territórios que o povo de Deus havia perdido.
A perenidade da misericórdia de Deus
A misericórdia divina é um dos atributos que revela a natureza de Deus (Êxodo 34.6; Jeremias 31.3).
A justiça humana é precipitada em julgar. Mas a divina é longânima em
perdoar. Deus perdoou os ninivitas porque houve arrependimento, ao ver a
contrição do povo quando confrontados com a sua palavra
O conteúdo que encontramos no Livro de Jonas é o prenúncio da graça salvadora para todas as nações, fala que as nações podem ser perdoadas por Deus e qye Deus se importa com o bem-estar das nações (Tito 2.11). Os ninivitas foram salvos pela graça porque “creram em Deus” e se “converteram do seu mau caminho” (3.5, 10).
O grande peixe
Não temos informações bíblicas sobre qual animal engoliu Jonas. Tudo o que sabemos é que a criatura marítima era grande, pois engoliu o profeta sem dilacerá-lo. A língua hebraica não dispõe de termo técnico para “baleia”. A palavra é usada como resultado de uma interpretação tradicional que atravessou séculos. Para “grande peixe” é empregado “daggadol” (1.7; 2.1), e “dag” (peixe) em 1.7, 2.1, 10).
A Septuaginta traduz “ketei megalo” para “grande monstro marinho” e “ketas” para “monstro marinho”, termos encontrados em Mateus 12.40.
Na Bíblia Hebraica e na Septuaginta, o versículo 17 é deslocado para o capítulo seguinte (2.1).
A lição de Jonas
Ao fugir, a lógica de Jonas era de que se ele não entregasse a mensagem de arrependimento, os ninivitas não se arrependeriam de seus pecados, e então seriam destruídos pela justiça de divina. Mas o Senhor não queria esse desfecho, queria mostrar a sua bondade sem limites não apenas em favor de Israel, mas do povo gentio também.
Jonas aprendeu uma extraordinária lição a respeito da misericórdia de Deus.
Apesar de ser um missionário bem sucedido, demonstrou tristeza com o resultado de seu trabalho. Egoísta, ele pareceu pensar apenas em si mesmo, esperava ser instrumento de vingança contra os nivivitas, desejava ver retaliação de Deus contra eles, desejava o extermínio dos maus, mesmo que estes tivessem se arrependido de suas maldades (4.2b). Esqueceu-se que ele próprio, na qualidade de desertor da missão recebida, merecia castigo mas era alvo da misericórdia divina.
A lição cristã
O pecado sempre traz doença para a alma e muitas vezes a doença física
também. O pecado, antes de tudo, em primeiro lugar, é sempre contra Deus
(Salmo 51.4; 1 Coríntios 11.28-30).
Embora saibamos que Deus está em todos os lugares, é onipotente, às vezes o coração humano, em pecado, nos engana e tendemos a imitar o profeta Jonas, que tal qual Adão pensou ser capaz de ausentar-se da presença do Criador (Gênesis 3.8).
Aproximar-se de Deus e fazer a confissão do pecado é importante, porque o sangue de Jesus nos purifica (1 João 1.9). O perdão divino apaga o pecado e permite nova vida: "Quem é Deus
semelhante a ti, que perdoa a iniqüidade, e que passa por cima da
rebelião do restante da sua herança? Ele não retém a sua ira para
sempre, porque tem prazer na sua benignidade.
Tornará a apiedar-se de nós; sujeitará as nossas iniqüidades, e tu
lançarás todos os seus pecados nas profundezas do mar" - Miquéias 7.18-19.
Há uma lição teológica a ser aprendida observando as respostas de Jonas a Deus. Os padrões duplos de Jonas fizeram com que suas ações lhe contradissessem os credos de tom espiritual. Pelo exemplo negativo de Jonas, aprendemos a não resistir à vontade e decisões soberanas de Deus.
Não podemos nos esquecer que Deus é piedoso, longânimo e grande em benignidade. Então, a misericórdia divina alcançou os ninivitas e eles foram poupados quando se arrependeram, mesmo eles não merecendo o amor divino.
É comum reprovar Jonas, quanto a decisão de desobedecer à ordem de Deus. Mas, quantas vezes o cristão desobedece ao mandamento de amar os inimigos? Você já fez um exame sério sobre suas atitudes? Lembre-se, nenhum de nós merece o amor de Deus. Não importa o que pensamos sobre os outros, temos que tratá-los com amor. Todos somos desafiados pela Palavra de Deus a obedecer a ordem de amar uns aos outros, inclusive quem não nos quer bem.
Que amemos, então, sem que seja preciso atitudes extremadas como o uso de um grande peixe.
Conclusão
Deus voltou seu olhar cheio de graça e compaixão aos ninivitas impenitentes e decidiu enviar-lhe Jonas. Essa graça divina está disponível a todos. Aos ninivitas Deus falou por intermédio de Jonas. Hoje Ele fala por meio de Cristo, que continua a salvar quem não dá vazão à incredulidade. Jesus elogiou a fé dos ninivitas e espera de cada um de nós tenhamos fé em Deus também.
Deus ama a todos os povos do mundo. A mensagem da salvação é para toda a humanidade.
E.A.G.
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Compilação:
A Rocha - A Bíblia que Conduz às Escolhas Certas; 1ª edição novembro 2002 (Editora Candeias).
Bíblia Evangelismo em Ação; edição 2005 (Editora Vida).
Bíblia Sheed; edição 2011 (Edições Vida Nova).
Ensinador Cristão; ano 13, nº 52 (CPAD).
Lições Bíblicas, 4ª trimestre 2012 (CPAD).
Manual Bíblico Henry H. Halley; edição 1998 (Edições Vida Nova).