Trigal - pintura de Eliseu Visconti
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Por Anísio Renato de Andrade
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O pão é um dos alimentos mais comuns em nossos lares. Por essa causa, o cultivo do trigo sempre foi muito importante. Na Bíblia, encontramos muitas referências a esse cereal, cujas características e utilização serviram para ilustrar diversos ensinamentos espirituais. Ele estava, inclusive, vinculado ao culto judaico através das primícias (Êxodo 34.22; Levíticos 23.17; 2º Crônicas 31.5), dos pães da proposição (Êxodo 25.30) e outras ofertas (1º Crônicas 21.23; Ezequiel 45.13). Na igreja, temos sua presença no pão da ceia do Senhor, representando o corpo de Cristo (Mateus 26.26).
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Em todos os tempos, a escassez do trigo era motivo de tristeza para o povo e representava, algumas vezes, sinal do castigo divino:
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"O campo está assolado, e a terra triste; porque o trigo está destruído, o mosto se secou, o azeite acabou” - Joel 1.10.
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Sua fartura era sinônimo de prosperidade e alegria:
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"E livrar-vos-ei de todas as vossas imundícias; e chamarei o trigo, e o multiplicarei, e não trarei fome sobre vós" - Ezequiel 36.29.
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"E livrar-vos-ei de todas as vossas imundícias; e chamarei o trigo, e o multiplicarei, e não trarei fome sobre vós" - Ezequiel 36.29.
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"Os campos se vestem de rebanhos, e os vales se cobrem de trigo; eles se regozijam e cantam” - Samuel 65.13.
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"As eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de mosto e de azeite”- Joel 2.24.
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As referências bíblicas geralmente associam o trigo ao vinho e ao azeite, elementos de grande valor simbólico no Novo Testamento. O vinho, como símbolo do sangue de Jesus, e o azeite representando a unção do Espírito Santo.
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Quando queremos comer pão, vamos à padaria, onde podemos encontrá-lo nas mais variadas formas e tamanhos. Entretanto, existe um longo caminho que antecede esse momento. Queremos, todos os dias, encontrar o produto pronto, disponível para o consumo, mas tudo começa com a semeadura.
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Nas nossas vidas, nem sempre encontraremos para comprar aquilo que desejamos. Muitas vezes precisaremos semear e cultivar. Não se pode comprar experiência, habilidade, maturidade, confiança, credibilidade e uma boa reputação. São resultados de uma vida. Os jovens, principalmente, precisam estar atentos a isso. As decisões, escolhas e comportamentos de hoje determinam o que será colhido no futuro.
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"O reino dos céus é semelhante ao homem que semeou boa semente no seu campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e retirou-se” - Mateus 13.24-25.
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Nossa existência é um campo fértil. O que vamos semear? As boas sementes precisam ser cultivadas, mas as ruins prosperam por si mesmas ou são semeadas pelo inimigo. As ervas daninhas e os espinhos tentam sufocar a boa semente (Mateus 13.7, 22). O secundário tenta anular o principal, ocupando nosso tempo e gastando nossa energia. O comportamento e as escolhas de outras pessoas também podem interferir na nossa plantação. Precisamos estar atentos para arrancar as plantas malignas ou inúteis sempre que possível. Não podemos dormir, no sentido de estarmos descuidados em relação ao nosso campo.
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"Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto” - João 12.24.
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Lançar o grão ao solo parece perda e desperdício. Assim é toda renúncia que fazemos em prol do reino de Deus. Ao falar sobre o grão de trigo, Jesus se referia a si mesmo, sua morte e ressurreição. Ele haveria de dar a sua vida para que muitas outras fossem salvas. Depois que o grão cai ao chão, vem um longo tempo de espera, antes que ele ressurja, com uma nova forma, para produzir muitos grãos. Seja paciente e cuide de sua lavoura.
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"Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba as primeiras e as últimas chuvas” - Tiago 5.7.
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Aguarde o crescimento da planta, a produção da espiga e o seu amadurecimento. Não podemos ser precipitados nas nossas vidas, tentando antecipar o que deve ser esperado. Por outro lado, no tempo da maturidade, não se deve esperar, mas colher.
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Aguarde o crescimento da planta, a produção da espiga e o seu amadurecimento. Não podemos ser precipitados nas nossas vidas, tentando antecipar o que deve ser esperado. Por outro lado, no tempo da maturidade, não se deve esperar, mas colher.
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"Levantai os vossos olhos, e vede os campos, que já estão brancos para a ceifa” - João 4.35.
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"Assim que o fruto amadurecer, logo lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa” - Marcos 4.29.
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Na semeadura, enterra-se a semente. Parece o seu fim, mas não é. Da mesma forma, depois que a planta nasce, cresce, produz e sua espiga amadurece, vem a foice para cortá-la, em outro momento de aparente destruição, mas a colheita não é o fim. É o início de uma nova etapa. O trigo colhido deve ser debulhado e exposto ao sol para secar. Depois vem o processo de separação entre o grão e a palha.
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"Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor” - Jeremias 23.28.
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A palha é muito importante para proteger o grão durante o processo de crescimento e amadurecimento. Depois, torna-se inútil e precisa ser arrancada. Para tanto, os povos dos tempos bíblicos pisavam o trigo ou colocavam-no sobre uma grande pedra, chamada eira, e batiam nele com varas. O vento ia retirando a palha solta, enquanto o grão, por ser mais pesado, continuava sobre a pedra.
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"Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará”- Mateus 3.12.
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Quando os grãos estão limpos, ainda não terão chegado ao fim do processo. Uma parte deles pode ser tostada e servida (1º Samuel 25.18). Outros porém, se transformarão em farinha para que se faça o pão. Depois de tanto ‘sofrimento’, o trigo ainda precisa ser esmagado e moído, reduzido a pó, perdendo sua forma, aparência e estrutura. Só a essência permanecerá.
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Quando os grãos estão limpos, ainda não terão chegado ao fim do processo. Uma parte deles pode ser tostada e servida (1º Samuel 25.18). Outros porém, se transformarão em farinha para que se faça o pão. Depois de tanto ‘sofrimento’, o trigo ainda precisa ser esmagado e moído, reduzido a pó, perdendo sua forma, aparência e estrutura. Só a essência permanecerá.
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"O trigo é esmiuçado, mas não se trilha continuamente, nem se esmiúça com as rodas do seu carro, nem se quebra com os seus cavaleiros” - Isaías 28.28.
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Quando a farinha está pronta, acrescenta-lhe água, sal e azeite. Esta é a massa do pão asmo. Se for acrescentado fermento, torna-se pão comum e será necessário esperar seu crescimento. Em ambos os casos, a massa será levada ao forno quente, onde ficará até que esteja completamente assada e pronta para o consumo.
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Disse Jesus: “O pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. Disseram-lhe, pois: “Senhor, dá-nos sempre desse pão. Declarou-lhes Jesus. “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome... Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre” - João 6.33, 34, 35, 51.
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Não foi por acaso que Jesus nasceu em Belém, cidade cujo nome significa “casa do pão”.
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Cristo, o único que pode saciar a fome espiritual do homem, passou por um longo processo. Ele foi moído pelas tribulações, para ser o pão da proposição que entraria no santuário e se apresentaria diante de Deus.
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"Ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades... Todavia, foi da vontade do Senhor moê-lo, fazendo-o enfermar; quando ele se puser como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos” - Isaías 53.5,10.
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Quando serviu a ceia, “Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo” (Mateus 26.26). A ceia, enquanto memorial da morte do Senhor, aponta para a cruz, onde seu corpo seria transpassado e seu sangue derramado.
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O Novo Testamento aplica aos cristãos as lições do trigo (Mateus 13.30), da farinha (Mateus 13.33), da massa (1ª Corintios 5.6-7; Gálatas 5.9) e do pão (1ª Corintios 5.8). Nós passamos por diversas etapas no processo para desenvolver em nós a imagem de Cristo. Em vários momentos, achamos que é o nosso fim, mas depois percebemos que era apenas uma passagem. Às vezes, somos colocados para esperar. Também passamos por tribulações que parecem destruidoras. Entretanto, não seremos aniquilados. A tribulação está sujeita aos limites estabelecidos por Deus (Isaías 28.28). A palha está sendo arrancada. Haverá perdas nesse processo, mas o resultado será excelente. O que é superficial será rompido para que a essência se manifeste.
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Podemos passar por situações que não merecemos, porém necessitamos. O que o trigo fez para apanhar tanto? Nada. Jesus também apanhou sem ter cometido crime algum.
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O inimigo procura interferir em todas as fases dessa transformação. Tenta furtar a semente (Mateus 13.19), misturar joio no nosso campo (Mateus 13.25), colocar fermento maligno na nossa massa (Mateus 16.6,12). Por isso, precisamos vigiar.
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O joio, planta semelhante ao trigo, muitas vezes se encontra no meio do trigal, mas é poupado de muitas maneiras. Não é propósito do agricultor levá-lo à eira nem ao moinho. Nesses momentos, enquanto o trigo está sofrendo, o joio fica isento de tudo. Enquanto os filhos de Deus são disciplinados, os ímpios parecem superiores e vivem em melhores condições. Contudo, o joio está reservado para o fogo, pois para nada mais serve. Seu fim é ser queimado.
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O trigo será guardado no celeiro. Assim como Jesus entrou no santuário, apresentando-se como primícia e pão da proposição diante de Deus, nós também nos apresentaremos perante a sua face como oferta agradável.
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"Pois assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniquidade, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça.” - Mateus 13.40-43.
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Fonte: Lagoinha.com
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Anísio Renato de Andrade é professor, bacharel em teologia, mantém o site Mensagem de Fé e é colaborador do site Lagoinha.com
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Anísio Renato de Andrade é professor, bacharel em teologia, mantém o site Mensagem de Fé e é colaborador do site Lagoinha.com