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sábado, 3 de junho de 2017

Maria, irmã de Lázaro, uma devoção amorosa

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

É notória a existência de várias "Marias" ao longo do Novo Testamento: Maria, a mãe de Jesus; Maria Madalena; Maria a mãe de Tiago e João. E a Maria, citada em João 12.1-11, que é a irmã de Lázaro e Marta.

Marta, Maria e Lázaro, eram bons amigos de Jesus. Eles residiam em Betânia, uma pequena cidade nas encostas do Monte das Oliveiras. Encontrava-se a 6 quilômetros de distância de Jerusalém, havendo um trajeto que poderia ser percorrido em apenas meia hora de caminhada. Então, assim, sempre que Jesus e seus companheiros visitavam Jerusalém, passavam pela casa de seus amigos, em Betânia.

I - O EXEMPLO DE MARIA DE BETÂNIA

Alguns episódios que se referem à Maria de Betânia:
• Jesus chega à residência de Maria para jantar (Lucas 10.38-42);
• A morte de Lázaro e sua ressurreição (João 11.28-32);
• Maria lava os pés de Jesus e os enxuga com seus cabelos (Mateus 26.6-13 e Marcos 14.3-9; João 12.3).
A atitude de Maria de Betânia,ao escolher o que mais importa, que é dar atenção a Jesus em primeiro lugar, é um ótimo exemplo de crente que oferece a Deus sempre o melhor em forma de gratidão por seu amor.

1. Maria "escolheu a boa parte".

Maria foi uma mulher que honrou Jesus colocando-o acima de toda e qualquer prioridade. Sua atitude de ficar aos pés do Filho de Deus, em íntima comunhão com Ele é exemplar.

A hospitalidade é uma arte. Certificar-se de que um hóspede seja bem recebido, aquecido e bem alimentado, requer criatividade, organização e trabalho de equipe. Sua capacidade de alcançar esses objetivos faz de Maria, e sua irmã, Marta, uma das melhores esquipes de hospitalidade da Bíblia.

Para Maria, hospitalidade significava dar mais atenção ao hóspede que às necessidades que Ele pudesse ter. Ela permitia que sua irmã mais velha, Marta, cuidasse desses detalhes. A atuação de Maria nos eventos mostra que ela era, principalmente, "uma pessoa que responde".

2. Maria deu prioridade a Jesus.

Nós vemos Maria de Betânia, pela primeira vez, durante uma visita que Jesus fez à sua casa.

Um dia, Marta avistou os discípulos subindo a estrada com Jesus. Eles pareciam exaustos. Então foi correndo colocar mais lenha debaixo do forno, para fazer-lhes uma refeição. Maria foi ao encontro dos visitantes. Certificou-se de que Jesus tinha bebida fresca e água para se lavar. Depois ela simplesmente se sentou aos seus pés e ouviu tudo o que Ele tinha para dizer.

Marta, ansiosa, se irritou com o fato de que sua irmã não a ajudava, enquanto preparava um prato atrás do outro. Zangada com Maria por deixá-la fazendo o trabalho todo sozinha, não conseguiu suportar aquilo calada. Por fim, foi até Jesus e interrompeu a conversa.

- Você não pode dizer a Maria para me dar uma mão? - perguntou-lhe.

- Não vejo a razão de fazer a refeição sozinha.

E, gentilmente, Jesus declarou que a decisão de Maria desfrutar da sua companhia era a reação mais adequada, na ocasião. Lembrou-lhe que lugar de uma mulher não é ficar o tempo todo na cozinha.

- "Marta, Marta, você está agitada e preocupada com muitas coisas, mas apenas uma é necessária! Maria escolheu a melhor de todas, e esta ninguém vai tomar dela" (Lucas 10.41-42, NTLH).

3. Mais "Martas" do que "Marias".

Os registros bíblicos que focam Maria de Betânia contém lições de vida cristã. Pequenos atos de obediência e serviço possuem efeitos amplos e altamente benéficos. Analisando o seu caráter, percebemos que, quando o cristão se envolve em tarefas do serviço a Deus, pode ser tentado a afastar-se de Jesus e, se se afastar, de cristão autêntico passa a ser apenas um mero religioso desprovido do Espírito Santo.

As Escrituras Sagradas vão de encontro às inquietudes do homem moderno e pós-moderno e preenche o vazio de sua alma com plenitude de paz e satisfação de viver. No entanto, para muitos parece não haver o menor sentido o que a Palavra de Deus tem a lhe dizer. É muito triste quando um cristão se deixa influenciar pelas filosofias pós-modernistas, pois mesmo que mantenha os hábitos de religiosidade, sua fé é enfraquecida. Embora sejam ativos dentro do templo, cantando e ensinando, não mais possuem motivação para sair às ruas e evangelizar.

II - MARIA, A MULHER QUE UNGIU JESUS

Maria de Betânia foi a mulher que ungiu os pés do Mestre.

1. Maria ungiu os pés de Jesus.

Encontramos Maria de Betânia em outra narrativa bíblica, ela já havia se tornado uma mulher de ação, ponderada, mesclada com adoração. Outra vez, estava aos pés de Jesus. Lavava-o com perfume e sacava-o com seus cabelos. Jesus declarou que seu ato de adoração deveria ser descrito em todas as partes, como um exemplo de serviço precioso.

A oferta que provavelmente representou a economia de toda a sua vida, quinhentos denários (moeda grega), era uma quantia bastante grande para uma pessoa comum. Ao ungir os pés de Jesus com um unguento de boa qualidade e caro, ela demonstrou amar mais a Jesus e as pessoas do que seus bens materiais. O motivo para fazer isso é bastante simples de explicar: ela quis oferecer o melhor para Jesus.

2. Maria ungiu a cabeça de Jesus.

Na semana que antecedeu a crucificação, Jesus saiu de Jerusalém e dirigiu-se à Betânia e ali, na casa de um tal Simão, lhe ofereceram um jantar. Segundo o relato bíblico, uma mulher ungiu sua cabeça e foi criticada por causa disso. Jesus aprovou sua ação de adoração com elogio (Mateus 26.13; Marcos 14.9).

O contexto nos leva a entender que esta adoradora era Maria de Betânia (Mateus 26.6, 7; João 11.1-2).

As ações de Maria são singelas e meigas, marcantes e inconfundíveis aos leitores do Novo Testamento, em todas as épocas. Não é por acaso Jesus ter dito que o gesto dela, ungindo sua cabeça, deve ser lembrado em todos os lugares onde o Evangelho for pregado, em favor de sua memória (Mateus 26.13).

As qualidades e realizações de Maria nos levam a crer que ela entendeu e aceitou a morte iminente de Jesus, e por causa disso dedicou seu tempo para ungir seu corpo enquanto Ele ainda estava vivo.

3. Devemos oferecer o melhor a Jesus.
• Porque Ele é o único realmente maravilhoso (Isaías 9.6);
• Porque Ele é o único realmente poderoso (Mateus 28.18);
• Porque Ele é o único realmente santo (Marcos 1.24);
• Porque Ele é o único realmente invencível (João 16.33);
• Porque Ele é o único realmente capaz (Efésios 3.20).
III - O CARÁTER HUMILDE DE MARIA

Através gestos espontâneos o caráter de Maria é revelado, mostra que era uma pessoa humilde.

1. Maria, uma mulher humilde.

Maria aprendeu quando ouvir e quando agir. À luz da atitude de Maria em ungir Jesus, bem como a ocasião em que ao recebê-lo para jantar em sua casa, é possível notar que ela era essencialmente devotada ao Senhor. Há ações de Maria que demonstram isso de forma testemunhal:
• Sua devoção delicada aos pés de Jesus.
• A atenção e a prioridade integrais a Jesus.
• O derramamento e o quebrantamento do coração de Maria na ocasiões em que ela ungiu os pés de Jesus.
• A humildade de Maria diante das críticas de sua irmã.
2. Maria não revidou as críticas da irmã.

O relato bíblico do episódio em que Jesus visitou Maria e seus irmãos em Betânia, mostra que ela não reagiu de maneira negativa quando foi alvo da queixa e incompreensão de Marta, por preferir estar aos pés de Jesus do que ficar afastada dEle cuidando dos afazeres domésticos. Ela não tentou se defender e não procurou valorizar sua atitude.

Assim como ocorreu com Maria, é possível acontecer com qualquer crente ser incompreendido, até por gente da própria família, em relação ao relacionamento com Jesus e ao serviço cristão. E do mesmo modo como Maria transpareceu ser caráter cristão não retrucando sua irmã. O crente precisa manter-se em silêncio, para que sobressaia sobre ele a aprovação do Mestre, fazendo com que no momento de Deus o familiar queixoso entenda que o alvo de sua crítica escolheu a boa parte.

CONCLUSÃO

É possível destacar vários aspectos da vida que podemos aprender a partir de Maria: a vida familiar, o relacionamento com o próximo, maior brandura no falar e no se dirigir às pessoas. Mas, maior destaque deve ser dado ao aspecto litúrgico. Movida pela fé e gratidão a Deus, Maria soube demonstrar a Jesus, através de seus gestos. seu amor altruísta. .

Como está sua comunhão com o Pai e o Filho? Você tem alegria e prazer em estar em sua presença para adorá-lo pelo que Ele é?

Que o nosso amor pelo Mestre seja maior do que por nossos bens materiais e qualquer outra coisa ou pessoa Que haja em nós espiritualidade semelhante a de Maria, uma devoção mais profunda, enraizada na total entrega da alma e do coração ao nosso Senhor.

E.A.G.

Compilações:
Ensinador Cristão, ano 18, nº 70, abril a junho de 2017, página 41, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD).
Lições Bíblicas. O Caráter do Cristão - Moldado pela Palavra de Deus e provado como ouro; Elinaldo Renovato, 2 trimestre de 2017, páginas 66 a 72, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD).
Onde Encontrar na Bíblia? Chave bíblica, roteiros de sermões e curiosidades bíblicas. Geziel Gomes.  página 185. 1ª edição maio de 2008, Taquara, Rio de Janeiro - RJ (Editora Central Gospel).

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Hulda, a mulher que estava no lugar certo



Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

A profetisa Hulda (cujo nome em hebraico quer dizer "doninha"), era sábia e prudente. Foi uma mulher que aprouve a Deus usar de modo intensamente significante, entretanto passageiro, para chamar a atenção dos israelitas a respeito dos pecados que vinham cometendo.

A circunstância de Hulda ter sido escolhida pelo Senhor, como sua porta-voz, faz transparecer para nós que, embora Israel fosse uma sociedade patriarcal, Deus também usava as mulheres em função de destaque considerável. Isto mostra que o Senhor usa as mulheres tanto quanto usa homens, no ministério da sua palavra, desde que se consagrem a Ele.

I - QUEM FOI HULDA

1. Hulda.

Hulda foi esposa de Salum, seu marido trabalhava como roupeiro da corte do monarca, uma profissão que o tornava um homem importante naquela sociedade. Viveu na cidade baixa de Jerusalém como uma reconhecida profetisa. Foi escolhida pelo Senhor para trazer uma mensagem de arrependimento em um tempo de apostasia. Aquela época era um momento dramático da história do reino de Judá (639-609 a.C.). O texto bíblico dá a entender que ela reconhecia o seu lugar como profetisa, e só colocou-se em ação no momento em que foi solicitada a agir.

Além de Hulda, a Bíblia registra apenas mais duas profetisas em toda a narrativa do Antigo Testamento: Miriã, irmã de Moisés (Êxodo 15.20), e Débora, que além de profetizar era juíza (Juízes 4.4).

2. Atividade que exerceu.

Podemos afirmar que Hulda era uma senhora de profunda comunhão com Deus em seu ofício incomum ofício de transmissora das mensagens do Senhor.. Se os soberanos ímpios, como Manassés e Amon, não conheceram sua função profética, ela viu Deus trabalhar de maneira evidente para atender suas orações ao levantar o menino Josias com o propósito de promover mudanças de grande impacto no reino de Judá.

Usada por Deus, a serva do Senhor entrou em ação ousada e corajosa quando o rei Josias tomou conhecimento do conteúdo do livro da Lei, que fora perdido na Casa do Senhor ou escondido em algum lugar secreto, provavelmente por algum sacerdote zeloso, que procurou preservá-lo no tempo da apostasia do monarca Manassés.

Avaliamos melhor a atuação de Hulda em Judá bem como o seu testemunho eloquente de mulher de Deus, cada vez que observamos, ainda que de maneira resumida, o pano de fundo histórico que ela vivia. O povo vivia um estilo de vida muito longe de cumprir a vontade do Senhor e não poderia ser abençoado por culpa da sua fraca condição espiritual.

Hulda aparece nas páginas da Bíblia como a profetisa que não se cala, quando é o momento correto de falar. Ela não possuía outra conduta a tomar, senão confrontar a Judá sobre as consequências de seus pecados. Entregou o comunicado que Deus havia determinado que falasse, expressou apavorante profecia contra a nação com a finalidade de que se arrependesse e se voltasse para Deus.

Devido a desobediência de Judá, a mensagem era uma repreensão severa, falava de maldição, não de bênção. Deus faria cumprir sua vontade exatamente como avisou ao monarca, por intermédio de sua serva.

O desempenho de Hulda é considerado por uma parcela de leitores da Bíblia como de uma pessoa coadjuvante. Caso realmente tenha tido ação secundária, porém, o que mais importa é a qualidade vital de seu trabalho e não a extensão de atenção substancial, da parte dos seres humanos, ao seu ministério.

II. HULDA VÊ O TEMPO DO AVIVAMENTO

1. Josias promove verdadeiro avivamento.

Numa época difícil Josias (em hebraico "o Senhor sustenta") assentou-se no trono de Judá, o povo estava vivendo em grande apostasia, buscava os ídolos com entusiasmo, porque o reinado longo de seus perversos antecessores, o avô Manassés e o pai Amon, quase apagaram a ideia da existência do Deus vivo em seus pensamentos. Seu avô reinara por 55 anos; perseguiu as pessoas piedosas e reprimiu a verdadeira religião em Judá. Seu pai governou por 2 anos e deu continuidade às práticas malignas de Manassés; seu reinado foi interrompido por intrigas na corte que culminou com seu assassinato (2 Reis 21. 19-26; 2 Crônicas 33.21-25).

Sua mãe era Jedida, filha de Adaías, de Bozcate (2 Reis 22.1).

Josias começou a reinar com oito anos de idade. Desde então iniciou sua busca ao Deus de Davi. De acordo com 2 Reis, buscou com toda a dedicação, ele era igual a Davi, no sentido de que "fez o que era reto aos olhos do Senhor, e andou em todo o caminho de Davi', ' não se apartou dele nem para a direita e nem para a esquerda" (2 Reis 22.2). Assim como Davi, Josias recolocou a Arca da Aliança no Templo, além disso, determinou que os músicos, descendentes de Asafe, voltassem ao Templo, "segundo o mandato de Davi" (2 Crônicas 35.3, 15).

A busca de Deus por parte do jovem rei era a evidência da obra do Espírito Santo em sua vida.

Quatro anos mais tarde, em 632 a.C., começou a livrar sistematicamente Judá da perniciosa religião falsa. Erradicou o paganismo, em todas as suas formas sincréticas, iniciando por por Jerusalém e Judá, e estendeu suas reformas até o território do reino do Norte. Em 628 a.C., estava com vinte e seis quando acabou com a profanação da terra e a purificou, destruiu os lugares altos, os postes-ídolos (imagens de Aserá), as imagens de escultura e de fundição. Os túmulos dos sacerdotes idólatras foram  profanados e seus ossos, queimados sobre os altares pagãos (2 Crônicas 34.3-7; 1 Reis 13.2). mandou fazer reparos no Templo que, pelo descuido de monarcas e sacerdotes anteriores, havia de deteriorado carecendo de caprichosa reforma.

Enquanto o Templo estava sendo restaurado, o sumo sacerdote Hilquias, achou o livro da Lei, escrito por Moisés, e o levou ao rei e o leu para ele. Quando Josias ouviu a leitura do livro, sabia que a nação estava completamente alheia aos princípios e propósitos dos mandamentos de Deus e as consequências para isso eram irreparáveis. Sabendo sobre as maldições que cairiam sobre seu povo, sentiu-se condenado pelo conteúdo das Escrituras.

A descoberta do livro da Lei - que fora dada "pelas mãos de Moisés" - injetou no coração de Josias grande impulso para promover reformas profundas, as mais profundas que Judá conheceu. O livro descoberto era o Pentateuco, os cinco livros da Bíblia Sagrada.

Os autores de Reis e Crônicas não especificam muito bem a natureza do livro da Lei. Parece provável que se tratava de todo o livro de Deuteronômio, devido às especificações do lugar central de adoração, a destruição dos lugares altos, celebração da Páscoa, maldições resultantes da desobediência e a cerimônia da renovação da aliança (Deuteronômio 12; 16; 27 e 28; 2 Crônica 30-32; 2 Reis 23.2).

Com esta descoberta, e a ciência do monarca sobre o que estava escrito, surgiu daí um novo compromisso com a Palavra de Deus e todo o pais experimentou uma renovação espiritual. 

Então, Josias mandou a Hilquias e aos demais assessores consultar ao Senhor para saber sobre tamanha desgraça, causada pela desobediência de Judá. Imediatamente, enviou oficiais para inquirirem de Deus quanto ao seu significado. O grupo designado procurou a serva do Senhor para interpretar o texto sagrado e saber se o Senhor tinha uma mensagem ao rei e para a nação, dizendo o que fazer.

A resposta de Hulda ao monarca resume a situação de miséria espiritual do povo: idolatria vergonhosa, a ponto de deixarem de adorar ao Deus de seus pais, que os tirou do cativeiro egípcio e os levou pelo deserto abrasador em segurança até Canaã; o povo inclinava-se perante ídolos ou deuses feitos pelas nãos dos homens, provocando a ira do Senhor. A sentença de Deus através de Hulda era o prenúncio do cativeiro de Judá anos mais tarde (2 Crônicas 34.23-25).

De pronto, o Josias tomou as medidas urgentes e necessárias para levar o povo ao arrependimento. Ele próprio fez concerto com Deus de obedecê-lo em seu reinado. Depois levou o povo a fazer o converto com Deus. E, de forma mais concreta, mandou retirar as abominações que o povo adotara em Judá e Jerusalém.

Ao receber a consulta do monarca, em plena crise de Judá e Jerusalém, Hulda foi usada por Deus para profetizar com relação a dois eventos

A Palavra do Senhor, proferida através do ministério de Hulda foi de advertência e condenação, e trouxe ao rei a certeza de que a nação sofreria os juízos divinos. Consistia de dois eventos principais:
a. Previu a destruição de Judá por causa da idolatria (2 Reis 22.14-17). A ira de Deus havia sido acesa e o julgamento viria sobre o povo por causa das práticas idólatras, exatamente como previa o livro da Lei.
b. Previu restauração e prosperidade, no reinado de Josias (2 Reis 22.14-20). A paz durante a vida de Josias, que não viveria para ver a destruição e a desolação resultante da ira de Deus, pois "o seu coração se enterneceu" e ele se arrependeu e voltou-se para o Senhor (2 Reis 22.14-24; 2 Crônicas 34.22-28).
Deus mostrou à Hulda que Josias não seguiu os maus caminhos de seus antepassados, mas humilhou-se diante do Senhor reconhecendo a calamidade espiritual de seu povo ao tomar conhecimento do que estava escrito no livro da Lei.
Então, ela fez saber a Josias que tinha visto o seu coração sincero perante seu Deus, disse aos mensageiros do monarca que Deus viu como Josias se humilhou, ao ouvir a leitura do livro da Lei, e o juízo divino que viria sobre Judá. E, assim. É prometido que o julgamento não aconteceria em seu tempo. Ela anunciou um tempo de restauração e prosperidade para  Judá, que se daria no reinado de Josias (2 Reis 22.18-20), Disse também que Deus daria ao rei livramento e ele desceria ao sepulcro em paz (2 Crônicas 34.26-28).
Josias responde a essa palavra de graça ao redobrar seus esforços em direção ao Senhor.
A profetisa não revelou somente o juízo de Deus contra a rebeldia e o pecado,  mas também anunciou a paz para Josias, porque Deus sabe separar aquele que é bom no meio dos maus; sabe ver o justo no meio da injustiça; reconhece o caráter de homens que não se corrompem no meio da multidão dos corrompidos.

Josias reinou 31 anos, entre 640 a 609 a.C. (2 Reis 22 e 23; 2 Crônicas 34 e 35). Seu reinado finalizou subitamente quando estava com a idade de 39 anos. Ao pensar ser necessário atacar o faraó Neco em Megido, quando este marchava para Carquemis com o intento de ajudar o então decadente Império Assírio. Ali Josias morreu (2 Crônicas 35.20-24). Ele foi o último dos monarcas justos de Judá.

Reflita sobre a razão de Hulda haver profetizado um futuro de paz a Josias e a razão de ele morrer em uma guerra: Hulda profetizou falsamente?

2. Aboliu a idolatria.

Encontrado e lido, o efeito da leitura do livro foi imediato na mente do rei, do sacerdote e dos principais de Judá. Ao se deparar com a lei, se humilhou diante do Senhor, rasgando seus vestidos, numa demonstração pública de que sua intenção era buscar o perdão e auxílios divinos, com o objetivo de tirar a nação da indiferença e da iniquidade.

As mudanças numa nação ou numa igreja só têm efeito se começarem pela liderança (2 Crônicas 34.29, 30). Josias foi sábio e corajoso. Primeiramente, ele próprio fez concerto com Deus para obedecer a sua palavra (2 Crônicas 34.31). Ele entendeu que precisava dar o exemplo de liderança e, antes de propor um concerto do povo com Deus, assumiu o compromisso diante de Deus e do povo de pautar seu reino pelos mandamentos do Senhor (2 Crônicas 34.29-31).

As abominações eram os ídolos perante quem seus pais ficavam curvados, afrontando a santidade de Deus, e também as práticas abomináveis que provocaram a ira do Senhor sobre Israel e Judá, como oferecer sacrifícios humanos aos demônios, incluindo crianças inocentes.

3. Resgatou a Lei do Senhor.

Josias usou da sua autoridade respaldada na palavra do Senhor para obrigar o povo a oferecer o verdadeiro culto ao Senhor. Mandou reparar a Casa do Senhor, que tinha sido desprezada pelos seus antecessores. Depois das reformas necessárias, cumpriu o que Deus determinara. Nesse mesmo ano, conclama seu povo povo para novamente celebrar a Páscoa do Senhor em Jerusalém, com cerimônia sem igual desde o tempo de Samuel. (2 Reis 22..14-20; 2 Crônicas 34.8-1; 35.1-19).

III. HULDA É USADA POR DEUS

1. A dura mensagem de Deus.

O Senhor amava seu povo, por isso iria discipliná-lo. Deus usou Hulda para mostrar ao povo que iria derramar terrível juízo sobre a desobediência do povo. A intenção de Deus em trazer desastre sobre Judá como punição é confirmada pela serva do Senhor. Só havia uma saída capaz de fazer com que Judá escapasse do juízo iminente, o arrependimento sincero.

Segundo o livro de Deuteronômio 28, havia uma profecia proferida por Moisés sobre o povo de Israel que determinava a exaltação ou a humilhação da nação. Quando esta profecia foi proferida o povo de Israel estava próximo de entrar na terra prometida. O conteúdo do texto é claro: o sucesso da nação na nova terra estava condicionado à obediência do povo aos mandamentos de Deus (Deuteronômio 28.1-14; 29.16)
a. A Lei estava perdida dentro do próprio Templo.
b. Sua repercussão levou ao arrependimento do povo.

2. Hulda profetisa para o rei Josias.

É interessante e difícil explicar porque aquele grupo de conselheiros desconsiderou servos de Deus como Sofonias, Jeremias e Habacuque, uma vez que eram contemporâneos de Josias e já atuavam como mensageiros do Senhor. Numa época onde o santo ofício profético era exercido majoritariamente por homens, vistos como referências no ministério profético de caráter nacional,

Hulda era exceção. Talvez, os oficiais foram até ela por ser esposa  de Salum, que exercia profissão de roupeiro convivendo na corte bem próximo ao monarca. Presumivelmente, havia se estabelecido como profetisa do Senhor e era bastante reconhecida porta-voz de Deus em sua geração, era vista como confiável por todos. A sua inspiração profética é justificativa suficiente para os servos do monarca a terem procurado. Seja qual for o motivo de haver sido lembrada, sabemos que o Senhor usou esta mulher com uma mensagem contundente, que revelava o triste cativeiro de Judá, que ocorreria em 586 a.C. (2 Reis 22.14-20; 2 Crônicas 34.23).

Quanto a Jeremias, ao lado dos profetas Sofonias e Habacuque, ajudou ao rei no seu esforço de reconciliar o povo com Deus.  

3. O efeito da profecia sobre Judá e Jerusalém.

Josias percebeu a necessidade de não guardar a nova mensagem do Senhor só para si e reuniu o povo, para ouvir também à Palavra de Deus. Seguindo o estilo de Moisés, "o rei se pôs no seu lugar e fez aliança ante o SENHOR para o seguirem, guardarem os seus mandamentos, os seus testemunhos,  e os seus estatutos, de todo o coração e de toda a alma" (2 Crônicas 34.31.). Aquele que verdadeiramente abriu seu coração à mensagem divina, naturalmente o abrirá para compartilhá-la (Atos 4.20).

CONCLUSÃO

A descoberta do livro dá testemunho da atitude providente e soberana de Deus, cuidando da sua Palavra inspirada, protegendo-a da destruição pelos idólatras e apóstatas. Mostra a importância das Escrituras na vida pessoal e nacional (2 Reis 22.8-20).

A narrativa em 2 Crônicas 34.15 destaca a importância da Bíblia - o Livro dos livros. É necessário que cada cristão encontre este livro todos os dias e medite sobre seu conteúdo dia e noite.

É certo que a condenação cairá com a mesma força sobre o mundo impenitente dos nossos dia, tal qual houve o juízo divino sobre os israelitas em Judá, após o governo de Josias (Apocalipse 14; e 15.7-8; e 16.1-21; e  18. Um dia este mundo será completamente destruído pelos juízos divinos (Apocalipse 19.11-21; 20.11-15). Entretanto, como houve para Josias e para a nação dos seus dias um período de graça e misericórdia, assim também podemos crer que estamos vivendo em tempo de graça, que logo, logo, acabará, e então, chegará o momento em que o grande juiz universal, que hoje intercede por nós diante do Deus Todo Poderoso, se levantará do seu trono e dirá: "Quem é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo, suje-se ainda e quem é santo, seja santificado ainda. E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra (Apocalipse 22.11-12).

E.A.G.

Subsídios
A Bíblia de Estudo da Mulher Sábia, pagina 521, edição 2016, Várzea Paulista - SP (Casa Publicadora Paulista).
Ensinador Cristão, ano 18, nº 70, abril a junho de 2017, página 40, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD).
Lições Bíblicas. O Caráter do Cristão - Moldado pela Palavra de Deus e provado como ouro; Elinaldo Renovato, 2 trimestre de 2017, páginas 59 a 65, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD).
O Caráter do Cristão - Moldado pela Palavra de Deus e provado como ouro, Elinaldo Renovato, páginas 93 a 97, 99, 100, 1ª edição 2017, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD).
Quem é quem na Bíblia Sagrada - a história de todas as personagens da Bíblia, editado por Paul Gardner, páginas 385 e 386, 19ª reimpressão, São Paulo, 2005 (Editora Vida).

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Da janela de Raabe

Wilma Rejane

Pela fé caíram os muros de Jericó, sendo rodeados durante sete dias. Pela fé Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias.” Hebreus 11.30,31.

Jericó situava-se em uma posição estratégica para o controle das vias de acesso que subiam do baixo Jordão até as montanhas da Judeia. Era uma das cidades-estado de Canaã com boa terra, água em abundância e muitas vinhas. Conquistar Jericó era uma das missões de Josué e ele o fez sob orientação Divina: o alto muro que circundava a cidade cai por terra após sete dias de vigília, quando o povo e os sacerdotes israelitas rodearam a cidade. Deus, miraculosamente derruba as muralhas fortificadas, abrindo caminho para Israel despojar a cidade.

Nesse cenário de conquista surge uma personagem gentia chamada Raabe, uma prostituta,  descrita em idioma original como “Zônah”. A casa ou hospedaria de Raabe situava-se em cima do muro da cidade, com  vista privilegiada e uma ampla janela que lhe permitia conhecer a movimentação local. Os espiões de Israel foram até Raabe buscar informações importantes, especialmente porque da janela de Raabe avistava-se os portões da cidade: quem entrava, saía, os horários de calmaria e de maior movimentação. E Raabe considerou os espiões, não como inimigos, mas como servos do Deus que tanto ouvira falar. Para Raabe, aqueles homens estavam em missão Divina e ela sentira-se privilegiada em poder ajudá-los.

Em vez de entregar os espiões para as autoridades de Jericó, Raabe os esconde no teto plano de sua casa, debaixo das canas de linho. Entre os meses de Março e Abril acontecia a colheita do linho em Canaã. O linho era colocado sobre o telhado para secar, após isso era usado para confecção de roupas finas. Raabe cobre os espiões com as canas de linho, depois faze-os descer por uma corda, pela janela. Raabe era uma gentia,  aliás, a primeira gentia a ser abrigada por entre o povo da promessa. A cidade de Jericó foi destruída, incendiada, toda a população dizimada, aquele território ficou como um deserto, mas um remanescente fora salvo por causa da fé de Raabe. 

Fico imaginando o extenso muro de Jericó derrubado  e apenas uma ínfima parte dele, a que sustentava a casa de Raabe de pé, uma janela e um cordão cor escarlata pendurado. Não é maravilhoso saber que os anjos de Deus preservaram a casa de Raabe? Enquanto tudo desmoronava havia um lugar guardado por Deus que não fora abalado, em nome da fé de uma simples mulher , e, claro; da fidelidade de Deus.

Da janela de Raabe

Aquele cordão escarlata era o fio de esperança, o sinal da graça, do amor, do perdão, do encontro com Deus. Da janela de Raabe ela via pessoas, ouvia histórias, quem sabe, buscava a Deus em oração, afinal, Raabe nutria em seu coração a certeza de que havia um Deus real e distinto dos deuses de Canaã: “Porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do Mar Vermelho diante de vós, quando saíeis do Egito, e o que fizestes aos dois reis dos amorreus, a Siom e a Ogue, que estavam além do Jordão, os quais destruístes. O que ouvindo, desfaleceu o nosso coração, e em ninguém mais há ânimo algum, por causa da vossa presença; porque o Senhor vosso Deus é Deus em cima nos céus e em baixo na terra.”Josué 2.10,11. E um dia aquele Deus vai a seu encontro.

Por que aquela corda era escarlata? Não podia ser a mesma corda comum usada pelos espiões para fugir pela janela? Não, não podia. Aquela corda tinha a cor do sangue, era como o sinal nas portas dos israelitas por ocasião da Páscoa, do Êxodo do Egito. Aquela corda era o “tiqvah”, um nome autêntico para esperança. Vejam o que diz o dicionário Bíblico Strong sobre a corda escarlata pendurada na janela de Raabe.

“ Tiqvah = esperança. Vem do verbo gavah que significa 'olhar esperançosamente numa direção particular, esperar por'. Raabe foi instruída a pendurar uma tiqvah em sua janela, pois essa palavra também é usada para designar corda, linha”. (Strong 08615).

 Raabe:

- Recebeu os espiões
- Fez aliança com eles
- Guardou segredo
- Reuniu a família
-Amarrou o cordão escarlata na janela

Essa sequência também pode ser traduzida da seguinte forma:

- Raabe recebeu a Palavra de Deus
- Creu em Suas promessas
- Guardou-as em seu coração
- Proclamou-as aos seus parentes, intercedeu por eles.
- Se refugiou em Cristo Jesus, a viva esperança de Israel e também dos gentios.
- Foi salva

A queda de Jericó é uma história triste, pois, muitas pessoas morreram em seus pecados e a cidade ficou desabitada por muito tempo: a terra se tornou infértil e as águas amargas, o lugar viveu seu apogeu e também seu infortúnio (Josué 6.26 e 1 Reis 16.34). Anos depois de Raabe, o profeta Eliseu cura as águas de Jericó derramando sal sobre elas (2 Reis 2.19-21). Aprendo que a graça e a misericórdia de Deus trabalha em meio ao caos. Deus restaura o que se perdeu e em meio ao que se perde restará sempre um fio de esperança.

Que Deus nos abençoe.

Bibliografia:
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Plenitude, Tradução João Ferreira de Almeida, São Paulo, Sociedade Bíblica do Brasil, 1995. 
ALLEN. Clifton. Comentário Bíblico Broadman. Tradução de Artur Antony Boorne 2. ed. rio de Janeiro. JUERP, 1994, v 2, 552 p. 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O Anjo do Senhor visita Manoá para avisar que sua esposa gerará Sansão

Por Eliseu Antonio Gomes

“E o Anjo do SENHOR lhe disse: Por que perguntas assim pelo meu nome, visto que é maravilhoso” – Juízes 13.18 (ARA)..

Tenho carinho especial pelos capítulos 13 ao 16 do livro Juízes, tais capítulos narram a história de Sansão. Trazem em minha mente lembranças do meu tempo de criança na escola bíblica dominical.

Juízes 13 relata como foi o nascimento de Sansão, conta que naquela época a nação de Israel havia desprezado a fé em Deus, desprezo este que teve como consequências uma sociedade violenta e cruel, repleta corrupção moral e espiritual, e a grande opressão dos filisteus contra os israelitas por um período de 40 anos.

Neste cenário de caos, o Anjo do Senhor visitou a esposa de Manoá, com a finalidade de dizer-lhe sobre o nascimento de seu filho,e os propósitos de Deus para a criança. Aquela mulher não tinha capacidade de gerar filhos e o ser angelical declarou que ela engravidaria e deveria consagrar o menino ao Senhor pelo voto do nazireado desde o seu ventre, pois ele começaria a libertar a nação israelita - a libertação completa só aconteceu na geração de Saul e Davi (1 Samuel 13-14; 17; 2 Samuel 5.17-25; 8.1).

A mãe de Sansão

Consta no texto sagrado que a esposa de Manoá não duvidou do milagre de cura da sua infertilidade e nem que seu filho seria uma personagem de grande importância ao seu povo. A narrativa informa ao leitor que ela foi contar ao seu marido, detalhadamente, o encontro que teve com o Anjo do Senhor. Logo que soube, Manoá ficou interessado no assunto e foi orar, pedindo ao Senhor novo encontro, para que pudesse aprender dele como educar o seu filho que ainda haveria de nascer. Deus o atendeu. O Anjo do Senhor apareceu novamente a Manoá e à sua esposa, que ofereceram sacrifícios e se admiraram diante da manifestação de seu poder.

É comum encontrar muita gente interpretando o capítulo treze como uma narrativa que apresenta uma Teofania: aparição de divindade em forma humana. Existem outras passagens veterotestamentárias que citam o Anjo do Senhor, sendo a primeira o episódio do aparecimento a Agar (Gênesis 16.7). 

Manoá quis saber como se chamava o Anjo e perguntou seu nome. Penso que a resposta foi mais importante que a pergunta. “E o Anjo do SENHOR lhe disse: Por que perguntas assim pelo meu nome, visto que é maravilhoso?”.

Deus maravilhoso.

No idioma hebraico, “maravilhoso” é "pil'i". Este termo tem o sentido de “algo ou alguém que supera a compreensão humana"; "maravilhoso demais"; "maravilhosíssimo"; "misterioso". O termo hebraico aponta ao "conhecimento do Senhor" (Salmos 139.6); foi usado pelo profeta messiânico para identificar o Messias, que haveria de vir (Isaías 9.6).

Este personagem “maravilhoso”, na maioria das traduções bíblicas, tem o termo “anjo” traduzido com letras maiúsculas.

Quanto a “senhor”, traduz-se com as consoantes e vogais em maiúsculas. A tradução “senhor” é realizada em caracteres de maiúsculas porque os biblistas consideram importante evidenciar aos leitores da Bíblia que no idioma hebraico, onde se lê em português “senhor”, existem quatro letras, que compõem o nome que Moisés ouviu no Monte Horebe. Além de "senhor" nas Escrituras em português o nome de Deus está vertido como Jeová e Javé.

Deus revelou ao patriarca chamar-se EU SOU. Em hebraico, as letras são YHWH  (Êxodo 3.1-6, 14). As quatro letras (Tetragrama), vertidas ao português, são: YHWH. Hebraístas declaram que a sonoridade seria “iodevave”.

O Tetragrama aparece mais de seis mil vezes no Antigo Testamento. Aparentemente, sugere a atemporalidade de Deus, que é a origem de toda a existência. É provável que Apocalipse 1.4, onde está escrito sobre Cristo ("aquele que é, e que era. e que há de vir") se refira ao nome EU SOU / YHWH - fortalecendo assim a existência da Trindade. E por esta razão, estudiosos das Escrituras atribuem também, ao Anjo do Senhor, a identidade de Cristo e por conseguinte à narrativa de Juízes 13 uma aparição de Jesus  Cristo antes de sua encarnação (cristofania),

Não há dúvida que o Tetragrama, impronunciável aos judeus, refere-se ao nome de Deus. O nome de Deus é impronunciável pelos judeus por questão de reverência.

O propósito divino para o nascimento de Sansão.

Para mim, o aspecto mais notável neste texto é o fato de a mulher, para quem Deus colocou seus olhos e decidiu que seria a mãe de Sansão, não ser identificada pelo próprio nome. Ela é citada como a esposa de Manoá e como a mãe de Sansão. Ao contrário de Sara, Agar, Rebeca, Raquel, Rute, Noemi, Ana, Maria, mãe de Jesus, Isabel, mãe de João Batista, e tantas outras servas do Senhor. É digno de nota, também, que ela foi fiel e obedeceu às instruções que recebeu do Anjo; após gerar o bebê, educou-o dentro das normas estabelecidas para um homem nazireu (Números 6.1-21; Levíticos 11; Deuteronômios 14.3-21).

Como nazireu, Sansão  nasceu sobre a proteção dos céus, foi dedicado a uma missão especial, possuía uma força impressionante gerada pelo Espírito Santo e deveria levar uma vida diferente.

Sansão nasceu de forma milagrosa. Seu nascimento foi prometido e abençoado por Deus, quando a sua mãe não tinha mais esperança de engravidar. Havia um propósito definido por Deus para que ele nascesse, sua vida traria esperança de liberdade, graça e prosperidade ao povo. Desde o nascimento, passagem pela mocidade e fase adulta, o Espírito se manifestava através dele. Foi um dos juízes escolhidos para libertar os israelitas da opressão dos filisteus.

Assim que houve o anúncio de que Sansão seria gerado pelo Anjo do Senhor, houve a instrução aos seus pais que ele deveria ser consagrado a Deus como nazireu. Ou seja, havia um voto que consistia em não cortar o cabelo da criança e ensiná-lo que não deveria beber ou comer qualquer coisa que procedesse da uva, jamais comer alimentos considerados impuros.

Conclusão.

Façamos uma reflexão sobre esta passagem bíblica: Deus também tem um propósito especial para a Igreja; como cristãos, não devemos ficar de braços cruzados diante de tantas armadilhas diabólicas: vidas humilhadas e escravas da paixão, corrupção, violência, drogas, sexo ilícito, jogos de azares, desespero; o crente precisa buscar do Senhor o poder fenomenal para estar alerta e sempre pronto ao combate contra o pecado em suas diversas modalidades. Cabe a todos os cristãos realizar a obra do Espírito Santo nos dias atuais. Não mais usando a força física, mas as estratégias de sabedoria cuja origem está no conhecimento do Evangelho de Jesus Cristo.

E.A.G.

Fonte:
Bíblia de Estudo da Mulher Sábia, página 295, edição 2016, Várzea Paulista/SP (Casa Publicadora Paulista).
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego, página 70, apêndice Dicionário do Antigo Testamento página 1867, edição 2011,Rio de Janeiro (CPAD),  
Mensagens Bíblicas a Cada Dia, Suely Ceruci, postagem sem título, 22 de janeiro de 2017, http : // sbertoncini . zip . net / arch  2017 - 01 - 22 _ 2017 - 01 - 28 . html # 2017 _ 01 - 22 _ 07 _ 59 _ 19 - 127692565 - 0 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

O socorro de Deus para livrar o seu povo


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Por Eliseu Antonio Gomes

Deus é fiel  no cumprimento de todas as suas alianças e promessas.

A providência de Deus na história.

O termo "providência" tem origem no latim: "pro" (antes); "videntia" ver. A definição do substantivo feminino "providência", aos dicionários da Língua Portuguesa, esclarece que "providenciar" significa "tomar medida antecipada com a finalidade de evitar uma ação futura que possa causar dano ou promover o mal"; também conta que "é a atitude cuidadosa de realizar ação concreta para a obtenção ou realização de algo, antepondo-se aos fatos de maneira eficaz".

O livro

Explicando de maneira simples, o livro de Ester pode ser considerado uma aventura romântica, com um vilão e até um concurso de beleza feminina. Apesar de parecer um conto de fantasia, tem seu lado sério, trata-se de uma obra que apresenta um relato de perseguição, uma surpreendente libertação. Mostra Deus trabalhando nos bastidores para resgatar o seu povo.

O livro de Ester tem um fato incomum: não há sequer uma menção a Deus. Isso e o fato de Ester haver se casado com um não judeu fez com que muitos rabis e mestres judeus ficassem receosos sobre a inclusão deste livro no canon das Escrituras Sagradas.

Hadassa e Mardoqueu

Mardoqueu (Mordecai em algumas traduções bíblicas), era pai adotivo de Ester. Nasceu na tribo de Benjamin, filho de Jair. Sem dúvida, era um homem que sonhava com a liberdade da sua gente. Ele cria que Deus faria algo que fosse capaz de romper com os obstáculos que impediam essa libertação. Vivia na fortaleza de Susã durante o exílio do povo judeu, no reinado de Xerxes.

Território de Israel: murta do campo floresce e frutifica.

Ester, nome persa, significa "estrela", é derivação de Isthar, nome de uma deusa babilônica. Seu nome hebreu era Hadassa, cujo significado é "murta".

A murta é uma planta de folhagem sempre verde, produz pequenas flores brancas de cheiro agradável, que para muitos é um perfume melhor do que o das rosas. Quando maduro, seu fruto é vermelho. Os ramos dessa planta são aproveitados na Festa dos Tabernáculos; foi citada pelo profeta Isaías junto com o cedro, oliveira, acácia e sarça (Neemias 8.15; Isaías 41.19; 55.13).

Ester era de origem benjamita assim como era Mardoqueu. Jovem graciosa que correspondeu à expectativa do Deus de Israel, cujos pais morreram na época do exílio babilônico. Possuía valores morais e espirituais que serviram para torná-la um instrumento de justiça divina para salvar sua gente. Quando criança e órfã, foi educada por Mardoqueu, seu primo (Ester 2.5.7).

Por meio do estudo da vida de Ester, que o Senhor usou providencialmente, temos a possibilidade de constatar quão grandemente Deus é fiel em todas as suas promessas. Ele preservou o seu povo, livrando-o da morte por meio dela.

O rei persa

Xerxes, rei da Pérsia, em hebraico Assuero, é retratado no livro de Ester como um rei poderoso, governante de um grande império "que reinou desde a Índia até a Etiópia, sobre centro e vinte e sete províncias" (Ester 1.1). Esta é claramente uma descrição precisa pelo menos da primeira parte de seu reinado. Além da menção no livro de Ester, Xerxes é mencionado em Esdras 4.6.

Xerxes foi um dos maiores reis do Império Persa, governou de 486 a 465. Era filho de Dario I (chamado de o Grande). Sufocou brutalmente todas as rebeliões e atacou a Grécia, onde incendiou a cidade de Atenas. Os gregos, porém, contra-atacaram e, em 466 a.C., empurram os persas de volta à Ásia Menor. Sua figura, neste episódio de guerra contra os gregos, está representada no cinema de Hollywood, no filme 300, dirigido por Zack Snyder, sendo o brasileiro Rodrigo Santoro o ator que interpreta seu personagem. Xerxes foi assassinado em 405 a.C., após perder grande parte do império.

A recusa de Vasti (1.1-12). A história de Ester começa na corte de Xerxes, rei da Pérsia, o senhor absoluto do maior império da mundo. A narrativa inicial se passa no palácio de inverno, em Susã. Ao final de um banquete que durou seis meses, o rei ordena que a sua bela rainha, Vasti, se apresente diante dele para que ele a exibisse aos convidados. Ela se nega a comparecer.

A recusa de Vasti em obedecer as ordens de Xerxes foi vista como um precedente para as mulheres de todo o  império. Xerxes se divorciou de Vasti e emitiu um decreto: as mulheres deveriam obedecer a seus maridos. O decreto reflete um princípio profundamente enraizado ainda hoje no Oriente Médio. O marido governa a casa. Somente ele tem o direito de iniciar ou dar o divórcio. Os filhos do matrimônio pertencem ao marido e, quando o divórcio acontece, ele os mantém. O desafio de Vasti a Xerxes foi assim uma ameaça à ordem social estabelecida.

Ester se torna rainha (2.1-18). Furioso, Xerxes destitui Vasti do trono e promove um concurso de beleza para encontrar uma nova esposa. E a vencedora é uma jovem chamada Ester. Ela é judia, mas segue os conselhos do seu primo Mardoqueu e esconde este fato. 

Por que Ester foi colocada no palácio real de Assuero? O Senhor colocou Ester no palácio, tornando-a rainha com o propósito de que ela pudesse intermediar em favor do seu povo. O rei persa nomeando Ester como rainha, ilustra como Deus pode mudar o coração dos ímpios para que eles cumpram seus propósitos (Provérbios 21.1).

Embora Ester tivesse sido escolhida e coroada rainha do grande império persa, não se orgulhou, nem se envaideceu por causa da sua posição social e poder que acabara de receber. Não desprezava os conselhos de Mardoqueu, de condição humilde, nem menosprezou sua tradição espiritual. Ao contrário, manifestava um espírito de mansidão, humildade e submissão após tornar-se rainha, como sempre fizera antes,

Na posição de rainha, Ester tinha condições de ajudar o seu próprio povo, o que se tornou necessário cinco anos mais tarde, quando a crise chegou até os israelitas. Eles corriam sério risco de serem exterminados, mas isto não aconteceu porque o Senhor é fiel, e mostrou-se presente livrando o seu povo da morte.

Mardoqueu salva o rei (2.19-23). Com a ajuda de Ester, Mardoqueu consegue alertar o rei sobre uma conspiração de assassinato, e seu aviso sobre o golpe é escrito nos registros oficiais do reino.

A conspiração de Hamã (3.1-15). Hamã, um alto oficial persa, insiste que o povo deveria curvar-se diante dele. Mardoqueu se recusa a isso, e Hamã planeja vingar-se. Ele manipula o rei e consegue que ele assine um decreto autorizando que todos os judeus sejam executados.

Mardoqueu pede ajuda (4.17). Desesperado, Mardoqueu pede a Ester que interceda junto ao rei pelo bem de seus compatriotas judeus. Ester espera o momento certo de falar.

Hamã constrói uma forca (5.1-14). Uma noite, Xerxes não consegue dormir e, para passar o tempo, ordena que leiam para ele os registros oficiais. Durante a leitura, ele é lembrado da boa ação de Mardoqueu e decide recompensá-lo. Ele convoca Hamã, o qual já havia se preparado para a morte de Mardoqueu, para que fizesse os preparativos da homenagem.

Por haver recebido o alerta sobre a trama do golpe, em dias futuros Xerxes decidiu transformar Mardoqueu na segunda maior autoridade de seu reino (Ester 10.3).

Xerxes honra Mardoqueu (6.1-12). Hamã se sente profundamente humilhado quando descobre que Modecai seria honrado.

Ester salva seu povo (7.1-10). Durante um banquete, Ester conta ao rei sobre a terrível situação em que ela e o seu povo se encontravam e revela os planos de Hamã. O rei manda enforcar Hamã na forca que ele próprio havia planejado usar para matar Mordecai.

Hamã foi enforcado como resultado da justa intervenção de Deus.

A defesa dos judeus (8.1-17). O decreto de Xerxes continuava em vigor, Nem mesmo o próprio monarca poderia rescindir a resolução oficial que havia assinado para atacar os judeus. Porém, em resposta a solicitação de Ester, foi redigido um segundo decreto no qual ele dá permissão para que os israelitas se defendam, outorga aos judeus o direito de fazerem oposição armada e de se protegerem no dia decretado para sua destruição.e assim, os judeus são salvos.

Em geral, Deus não realizou o livramento do seu povo, sem a participação deste; porém, Ele está sempre com o seu povo para lhe prover o livramento. Aqui, o livramento de Israel resultou da ação de Deus, com a cooperação de crentes fieis. Deus não só capacitou os judeus a se defenderem, como também fez os habitantes das terras temerem os judeus (Ester 9.2). O povo de Deus tornou-se mais respeitado devido à conspiração maligna de Hamã.

A Festa do Purim (9.20-32). No dia seguinte, eles fazem uma festa para celebrar seu livramento. Esse livramento é festejado na Festa do Purim, que é comemorada pelos judeus até os dias atuais. No entanto, tal celebração não foi instituída por Deus.

O livro de Ester é popular entre os judeus porque é lembrado durante esta festa judaica do Purim, que se tornou uma celebração nacional. A popularidade do livro entre os judeus é de fácil compreensão, o relato contido nele, de perseverança e vitória, anima os milhares de judeus que vivem espalhados pelo mundo e que não raras vezes foram perseguidos por aqueles que queriam acabar com eles ao longo da história mundial. A volta por cima de Mardoqueu sobre Hamã tem dado força a muitos que atravessam por circunstâncias parecidas no decorrer dos séculos.

Postagem paralela: Jeová é Deus festeiro  .

Conclusão

Todos os dias, um incontável número de pessoas são acordadas com o alarme de um rádio-relógio que toca em volume alto. Elas despertam para o início de um novo dia ouvindo notícias de assassinatos durante a noite, escândalos nos altos escalões do governo, tempestade que se aproximam, acidentes de carro e trânsito lento, quedas no mercado de ações, pragas invadindo lavouras e pestes se alastrando em centros urbanos. Porém, diante de todos esses "Hamãs", existe o Altíssimo, que é maior do que a morte, superior aos problemas súbitos no mundo da política; seu poder supera a força de todos os desastres da natureza, não é impedido de seguir por causa de engarrafamentos de automóveis, não é extinto em incêndios, jamais é acometido por doenças e nunca conheceu fracassos.

Através da providência divina, os desígnios do nosso Deus, em quem repousa todo o poder, são cumpridos, para que suas promessas e alianças sejam executadas de maneira absoluta em nossas vidas. Ele é fiel, livra o seu povo de toda espécie de crise.

Não permita que os problemas impeçam você de seguir em sua trajetória, não dê lugar ao desânimo em seu coração. As promessas do Senhor em sua vida não serão esquecidas, creia que Ele cumprirá o prometido, mesmo se você estiver atravessando por situações em que tudo o empurra ao fim e Deus pareça estar distante da sua vida. Tenha bem viva em sua memória Romanos 8.28: "Todas as coisas cooperam para o nosso bem".

Enfim, aprendemos com a história de Ester que nada em nossas vidas acontece por acaso. Deus usa as decisões espontâneas das pessoas, como usou o arrojo de Ester e de seu primo Mardoqueu, para proteger o seu povo (Ester 4.4). Deus colocou Ester e Mardoqueu em elevadas posições próximo a Xerxes e agiu por meio deles para proteger os judeus. Assim, uma vez mais a soberania do Senhor sobre as nações do mundo foi testemunhada, na maneira como salvou seu povo do extermínio.

E.A.G.

Fotografia da planta murta extraída do site Tiuli,com - http : / /www .tiuli  . com / forum / forum _ posts . asp ? tid = 8193 

Subsídios:
A Bíblia de Maneira Simples, Nick Page, páginas 38-38, 1ª edição 2014, Barueri/SP, (SBB).
Do que você tem medo? Derrotando seus medos pela fé. Dr. David Jeremiah, página 11, 1ª edição 2016, Rio de Janeiro - RJ (CPAD)
Lições Bíblicas - O Deus de toda Provisão, Esperança e sabedoria divina para a Igreja em meio às crises, Elienai Cabral, 4º trimestre de 2016, páginas 78-81, Rio de Janeiro (CPAD). 
Quem é Quem na Bíblia - a História de Todas as Personagens da Bíblia, Paul Gardner, páginas 196, 467, 655, 19ª reimpressão 2015, São Paulo (Editora Vida).
O Deus de Toda ProvisãoElienai Cabral, páginas 128 e 129, 1ª edição 2016, Rio de Janeiro (CPAD).
Pequena Enciclopédia Bíblica página 371, 30ª impressão 2012, Rio de Janeiro (CPAD).  

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A gravidez de Sara


Abrão e Sarai se casam em Ur dos Caldeus. 

Gênesis 11.29-31. O nome Abrão significa "pai exaltado". Mais tarde, seu nome foi mudado para Abraão, cujo significado é "pai de multidão". A significação de Sarai é "livre"; o sentido de Sara é "princesa".

"Abrão casou com Sarai, e Naor casou com Milca. Milca e Iscá eram filhas de Harã. Sarai não tinha filhos, pois era estéril. Tera saiu da cidade de Ur, na Babilônia, para ir até a terra de Canaã, e levou junto o seu filho Abrão, o seu neto Ló, que era filho de Harã, e a sua nora Sarai, que era mulher de Abrão. Eles chegaram até Harã e ficaram morando ali"

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As circunstâncias da origem de Ismael

Gênesis 16.1-6:

"Sarai, a mulher de Abrão, não lhe tinha dado filhos. Ela possuía uma escrava egípcia, que se chamava Agar. Um dia Sarai disse a Abrão:

 – Já que o SENHOR Deus não me deixa ter filhos, tenha relações com a minha escrava; talvez assim, por meio dela, eu possa ter filhos. Abrão concordou com o plano de Sarai, e assim ela lhe deu Agar para ser sua concubina. Isso aconteceu quando já fazia dez anos que Abrão estava morando em Canaã. Abrão teve relações com Agar, e ela ficou grávida. Quando descobriu que estava grávida, Agar começou a olhar com desprezo para Sarai, a sua dona.

 Aí Sarai disse a Abrão:

– Por sua culpa Agar está me desprezando. Eu mesma a entreguei nos seus braços; e, agora que sabe que está grávida, ela fica me tratando com desprezo. Que o SENHOR Deus julgue quem é culpado, se é você ou se sou eu!

 Abrão respondeu:

– Está bem. Agar é sua escrava, você manda nela. Faça com ela o que quiser.

Aí Sarai começou a maltratá-la tanto, que ela fugiu."

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Angustiada, Agar recebe amparo

Gênesis 16.7-12:

"Mas o Anjo do SENHOR a encontrou no deserto, perto de uma fonte que fica no caminho de Sur, e perguntou:

– Agar, escrava de Sarai, de onde você vem e para onde está indo?

– Estou fugindo da minha dona – respondeu ela.

Então o Anjo do SENHOR deu a seguinte ordem:

– Volte para a sua dona e seja obediente a ela em tudo.

E o Anjo do SENHOR disse também:

“Eu farei com que o número dos seus descendentes seja grande; eles serão tantos, que ninguém poderá contá-los. Você está grávida, e terá um filho, e porá nele o nome de Ismael, pois o SENHOR Deus ouviu o seu grito de aflição. Esse filho será como um jumento selvagem; ele lutará contra todos, e todos lutarão contra ele. E ele viverá longe de todos os seus parentes.” 

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Abraão é informado sobre o fim da esterilidade de Sara 

Gênesis 17.1-8:

"Quando Abrão tinha noventa e nove anos, o SENHOR Deus apareceu a ele e disse:

– Eu sou o Deus Todo-Poderoso. Viva uma vida de comunhão comigo e seja obediente a mim em tudo. Eu farei a minha aliança com você e lhe darei muitos descendentes.

Então Abrão se ajoelhou, encostou o rosto no chão, e Deus lhe disse:

– Eu faço com você esta aliança: prometo que você será o pai de muitas nações. Daqui em diante o seu nome será Abraão e não Abrão, pois eu vou fazer com que você seja pai de muitas nações. Farei com que os seus descendentes sejam muito numerosos, e alguns deles serão reis. A aliança que estou fazendo para sempre com você e com os seus descendentes é a seguinte: eu serei para sempre o Deus de você e o Deus dos seus descendentes. Darei a você e a eles a terra onde você está morando como estrangeiro. Toda a terra de Canaã será para sempre dos seus descendentes, e eu serei o Deus deles.

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O anúncio do nascimento do filho de Sara e Abraão

Gênesis 17.15-22. O nome Isaque significa "riso".

"Depois Deus disse a Abraão:

– De hoje em diante não chame mais a sua mulher de Sarai, mas de Sara. Eu a abençoarei e darei a você um filho, que nascerá dela. Sim, eu a abençoarei, e ela será mãe de nações; e haverá reis entre os seus descendentes.

Abraão se ajoelhou, encostou o rosto no chão e começou a rir ao pensar assim: “Por acaso um homem de cem anos pode ser pai? E será que Sara, com os seus noventa anos, poderá ter um filho?”

Então Abraão disse a Deus o seguinte:

– Quem dera que Ismael vivesse abençoado por ti!

Mas Deus respondeu:

– O que eu disse foi que Sara, a sua mulher, lhe dará um filho. E você o chamará de Isaque. Eu manterei a minha aliança com ele e com os seus descendentes, para sempre. Também ouvi o seu pedido a respeito de Ismael; e eu o abençoarei e lhe darei muitos filhos e muitos descendentes. Ele será pai de doze príncipes, e eu farei com que os descendentes dele sejam uma grande nação. Mas a minha aliança eu manterei com Isaque, o seu filho, que Sara dará à luz nesta mesma época, no ano que vem. 

Quando acabou de falar com Abraão, Deus subiu e o deixou."

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Os visitantes ilustres

Gênesis 18-1-15: Neste episódio, encontramos um fato que é descrito como teofania. As três figuras, revestindo a forma humana masculina, eram Jeová (18.1) e os outros dois eram anjos (19.1).

"O SENHOR Deus apareceu a Abraão no bosque sagrado de Manre. Era a hora mais quente do dia, e Abraão estava sentado na entrada da sua barraca. Ele olhou para cima e viu três homens, de pé na sua frente. Quando os viu, correu ao encontro deles. Ajoelhou-se, encostou o rosto no chão e disse:

– Senhores, se eu mereço a sua atenção, não passem pela minha humilde casa sem me fazerem uma visita. Vou mandar trazer água para lavarem os pés, e depois os senhores descansarão aqui debaixo da árvore. Também vou trazer um pouco de comida, e assim terão forças para continuar a viagem. Os senhores me honraram com a sua visita; portanto, deixem que eu os sirva.

Eles responderam:

– Está bem, nós aceitamos.

Abraão correu para dentro da barraca e disse a Sara:

– Depressa! Pegue uns dez quilos de farinha e faça pão. 

Em seguida ele correu até onde estava o gado, escolheu um bom bezerro novo e o entregou a um dos empregados, que o preparou para ser comido. Abraão pegou coalhada, leite e a carne preparada e pôs tudo diante dos visitantes. Ali, debaixo da árvore, ele mesmo serviu a comida e ficou olhando.

Então eles perguntaram: 

– Onde está Sara, a sua mulher?

– Está na barraca – respondeu Abraão.

Um deles disse:

– No ano que vem eu virei visitá-lo outra vez. E nessa época Sara, a sua mulher, terá um filho.

Sara estava atrás dele, na entrada da barraca, escutando a conversa. Abraão e Sara eram muito velhos, e Sara já havia passado da idade de ter filhos. Por isso riu por dentro e pensou assim:

– Como poderei ter prazer sexual agora que eu e o meu senhor estamos velhos?

Então o SENHOR perguntou a Abraão:

– Por que Sara riu? Por que disse que está velha demais para ter um filho? Será que para o SENHOR há alguma coisa impossível? Pois, como eu disse, no ano que vem virei visitá-lo outra vez. E nessa época Sara terá um filho.

Ao escutar isso, Sara ficou com medo e quis negar.

– Eu não estava rindo – disse ela.

Mas o SENHOR respondeu: 

– Não é verdade; você riu mesmo."

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O milagre da concepção

Gênesis 21.1-12. Deus faz com que o deserto se transforme em oásis, transforma o útero infértil em fonte de grande contentamento. Foi assim no passado, é assim nos dias atuais.

"De acordo com a sua promessa, o SENHOR Deus abençoou Sara. Ela ficou grávida e, na velhice de Abraão, lhe deu um filho. O menino nasceu no tempo que Deus havia marcado, e Abraão pôs nele o nome de Isaque. 

Quando Isaque tinha oito dias, Abraão o circuncidou, como Deus havia mandado. Quando Isaque nasceu, Abraão tinha cem anos. 

Então Sara disse:

– Deus me deu motivo para rir. E todos os que ouvirem essa história vão rir comigo. 

E disse também:

– Quem diria a Abraão que Sara daria de mamar? No entanto, apesar de ele estar velho, eu lhe dei um filho. 

O menino cresceu e foi desmamado. E, no dia em que o menino foi desmamado, Abraão deu uma grande festa. 

Certo dia Ismael, o filho de Abraão e da egípcia Agar, estava brincando com Isaque, o filho de Sara. Quando Sara viu isso, disse a Abraão:

 – Mande embora essa escrava e o filho dela, pois o filho dessa escrava não será herdeiro junto com Isaque, o meu filho.

Abraão ficou muito preocupado com isso, pois Ismael também era seu filho. Mas Deus disse:

– Abraão, não se preocupe com o menino, nem com a sua escrava. Faça tudo o que Sara disser, pois você terá descendentes por meio de Isaque."

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Agar no deserto, novamente

Gênesis 21.13-21.

"O filho da escrava é seu filho também, e por isso farei com que os descendentes dele sejam uma grande nação. No dia seguinte Abraão se levantou de madrugada e deu para Agar comida e um odre cheio de água. Pôs o menino nos ombros dela e mandou que fosse embora. E Agar foi embora, andando sem direção pelo deserto de Berseba. 

Quando acabou a água do odre, ela deixou o menino debaixo de uma arvorezinha e foi sentar-se a uns cem metros dali. Ela estava pensando: “Não suporto ver o meu filho morrer.” Ela ficou ali sentada, e o menino começou a chorar. 

Deus ouviu o choro do menino; e, lá do céu, o Anjo de Deus chamou Agar e disse:

– Por que é que você está preocupada, Agar? Não tenha medo, pois Deus ouviu o choro do menino aí onde ele está. Vamos! Levante o menino e pegue-o pela mão. Eu farei dos seus descendentes uma grande nação. 

Então Deus abriu os olhos de Agar, e ela viu um poço. Ela foi, encheu o odre de água e deu para Ismael beber. Protegido por Deus, o menino cresceu. Ismael ficou morando no deserto de Parã e se tornou um bom atirador de flechas. E a sua mãe arranjou uma mulher egípcia para ele."

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Sara é sepultada por Abraão

Gênesis 23.1.20

"Sara viveu cento e vinte e sete anos. Ela morreu na cidade de Hebrom, também chamada Quiriate-Arba, na terra de Canaã. E Abraão chorou a sua morte.

Depois saiu do lugar onde estava o corpo e foi falar com os heteus. Ele disse:

– Eu sou um estrangeiro que mora no meio de vocês. Portanto, me vendam um pedaço de terra para que eu possa sepultar a minha mulher.

Os heteus responderam:

– Escute, senhor! O senhor é para nós um chefe poderoso. Sepulte a sua mulher na melhor sepultura que tivermos. Nenhum de nós se negará a dar-lhe a sua sepultura. 

Aí Abraão se levantou, se curvou diante dos heteus e disse:

– Se vocês querem que eu sepulte a minha mulher aqui, por favor, peçam a Efrom, filho de Zoar, que me venda a caverna de Macpela, que fica na divisa das suas terras. Eu pagarei o preço total e assim serei dono de uma sepultura neste lugar. 

Efrom estava assentado ali entre eles, no lugar de reunião, perto do portão da cidade. Ele falou em voz alta, para que todos pudessem escutar:

– De jeito nenhum, meu senhor. Escute! Eu lhe dou o terreno de presente e também a caverna que fica nele. A minha gente é testemunha de que eu estou lhe dando o terreno de presente, para que o senhor possa sepultar a sua mulher. 

Mas Abraão tornou a se curvar diante dos heteus e disse a Efrom, de modo que todos pudessem ouvir:

– Escute, por favor! Eu quero comprar o terreno. Diga qual é o preço, que eu pago. E depois sepultarei a minha mulher ali. 

Efrom respondeu:

– Escute, meu senhor! O terreno vale quatrocentas barras de prata. O que é isso entre nós dois? Vá e sepulte ali a sua mulher. 

Abraão concordou e pesou a quantidade de prata que Efrom havia sugerido diante de todos, isto é, quatro quilos e meio, de acordo com o peso comum usado pelos negociantes. Assim, Abraão se tornou dono da propriedade de Efrom em Macpela, a leste de Manre, isto é, do terreno, da caverna e de todas as árvores, até a divisa da propriedade. Todos os heteus que estavam naquela reunião foram testemunhas dessa compra. Depois disso Abraão sepultou Sara, a sua mulher, na caverna do terreno de Macpela, a leste de Manre, lugar também conhecido pelo nome de Hebrom e que fica na terra de Canaã. Assim, o terreno que pertencia aos heteus e também a caverna que havia ali passaram a ser propriedade de Abraão, para servir como lugar de sepultamento.


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Abraão e Quetura

Gênesis 25.1-6:

"Abraão casou com outra mulher, que se chamava Quetura, e ela lhe deu os seguintes filhos: Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Sua. 

Jocsã foi o pai de Seba e de Dedã. Os descendentes de Dedã foram os assureus, os letuseus e os leumeus. Os filhos de Midiã foram Efa, Éfer, Enoque, Abida e Elda. Todos esses foram descendentes de Quetura. 

Abraão deixou tudo o que tinha para Isaque, mas deu presentes para os filhos das suas concubinas. E, antes de morrer, separou-os de Isaque e mandou que fossem morar na terra do Oriente.


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Abraão é sepultado pelos filhos Isaque e Ismael 

Gênesis 25.7-11:

Abraão viveu cento e setenta e cinco anos. Ele morreu bem velho e foi reunir-se com os seus antepassados no mundo dos mortos. Os seus filhos Isaque e Ismael o sepultaram na caverna de Macpela, que fica a leste de Manre, no campo de Efrom, que era filho de Zoar, o heteu. Este era o campo que Abraão havia comprado dos heteus; Abraão e Sara foram sepultados ali.

 Depois da morte de Abraão, Deus abençoou Isaque, o filho dele, que morava perto do “Poço Daquele que Vive e Me Vê”.

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Postagens paralelas:
Isaque, o sorriso de uma promessa
A providência de Deus no monte do sacrifício 
Mães Cristãs

Porções bíblicas: Nova Tradução na Linguagem de Hoje (Sociedade Bíblica do Brasil - SBB).

E.A.G.

Será que o estilo de vida de Sodoma pode existir no coração de um cristão?


A esposa de Ló olha para trás e é transformada em estátua de sal.

Kent Hughes
Tradução livre: Eliseu Antonio Gomes


Se tivéssemos acesso apenas a história da vida de Ló, conforme narrada no livro de Gênesis, jamais teríamos a possibilidade de saber que Ló era uma pessoa crente. Entretanto, de acordo com três descrições em 2 Pedro, ele era um homem justo, comprometido e perturbado. Além disso, era "afligido" pela vida em Sodoma. A explicação que encontramos, no capítulo 2 e versículos 7 e 8, escrita de maneira minuciosa por Pedro, é a seguinte:
"... o justo Ló, afligido pelo procedimento libertino daqueles insubordinados (porque este justo, pelo que via e ouvia quando habitava entre eles, atormentava a sua alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas daqueles) ..." - (RA)
Ironicamente, apesar de Ló revoltar-se por causa do estilo de vida das pessoas em Sodoma, a cidade de Sodoma estava em sua alma. Então, podemos concluir que, apesar de um crente sentir aflição por causa das coisas que presencia neste mundo, inconscientemente, ao mesmo tempo ele corre o risco de sentir-se atraído e aceitar o sentimento de afeição pelo mundo.

Não existe nenhum indício de que Ló tenha sido um agente influenciador para os habitantes de Sodoma. Conquanto tenha morado por muitos anos naquela sociedade, fosse um morador de destaque ali, agiu de modo decepcionante, pois não foi uma pessoa influente entre seus amigos. Ló foi uma decepção total. Quando o julgamento divino sobreveio sobre Sodoma, nenhuma pessoa justa foi achada fora de sua família. Não havia conhecidos, vizinhos, ninguém entre os seus servos sabia quem era o Senhor. Seu apelo aos sodomitas diante de sua porta não foi respeitado por eles. Suas palavras não eram ouvidas como sérias, não eram recebidas como algo que merecesse atenção.

A tragédia maior; o exemplo de Ló não colaborou para levar sua família e parentes ao céu. Nenhum indivíduo dos seus círculos familiar e de amizades temia a Deus. Ao avisar aos genros que deveriam escapar da iminente destruição das cidades, pensaram que ele agia como "zombador". As palavras de Ló não possuíam conteúdo porque ele era vazio. Além disso, os hábitos de Ló não inspiraram sua esposa a desapegar-se da cultura de Sodoma. Ao afastar-se daquela localidade, seu coração permaneceu lá, portanto, não conseguiu resistir a olhar para trás e por este motivo foi destruída junto com Sodoma e Gomorra. A mulher que gerou suas filhas, a pessoa mais íntima de Ló, que conhecia muitos detalhes de sua alma, não enxergou nada nele ou em sua fé que indicasse a ela a direção da terra ao céu.

Inclusive, não há dúvida que o modo que Ló escolheu para viver causou à anexação do espírito de Sodoma no coração de suas duas filhas. A maneira dissimulada de agir que ambas demonstraram ter, era conduta comum em Sodoma. Ló tinha sua parcela de culpa nisso. Este comportamento disfarçado era movido por natureza espiritual negativa, portanto, concentrava em seu âmago efeito mortal.

Segundo descreve Pedro, particularmente Ló estava "afligido" por causa das ações depravadas dos ímpios e sua alma estava angustiada, mas guardava para si este estado interior, porque era uma personalidade de destaque na cidade. Usar a sinceridade prejudicaria a sua imagem perante aquela comunidade. Assim, Ló acostumou-se a fazer-se de cego, surdo e mudo quanto ao que via, não manifestava opinião quando via atos de abusos sociais e transgressões sexuais em Sodoma. Apesar de abominar, não praticar e abominar, nunca marcou posicionamento algum contra os pecados que eram cometidos. As blasfêmias e as conversas obscenas tiveram com reação de Ló um sorriso falso, a estratégica mudanças de assunto e de ambientes, com todo o cuidado de manter a aparência "politicamente correta".

As filhas do sobrevivente Ló conviveram com a figura de um pai que possuía grande habilidade de esconder suas opiniões, elas não esqueceram de sua negligência em seu dever paternal de educá-las, tinham na memória sua deslealdade torpe ao lhes oferecer como objetos sexuais para uma turba de homens inflamados de Sodoma, torpeza esta com a finalidade de apaziguar seus ânimos exaltados. Então, quando aconteceram as sucessivas seduções incestuosas, as filhas apenas usaram o método do engano, que receberam de herança. Nas profundezas de uma caverna,foi servido a Ló um copo escuro que continha vinho misturado com fraude e deslealdade. A desonra que Ló foi vítima por parte de suas filhas é uma situação incomum, numa circunstância de ironia cruel, pois ele realizou o ato vergonhoso que havia sugerido que os homens de Sodoma fizessem. Realmente, ele havia plantado no coração de suas duas filhas as sementes de Sodoma.

A postura insensata de Ló foi esta: embora o mundanismo de Sodoma afligisse sua alma justa, preferiu continuar vivendo o mais próximo possível de tudo que lhe causava aflição, até o último momento de seu final amargo. E a sequela foi que, apesar de Deus ter julgado os moradores de Sodoma, com exceção de Lós e as filhas, Sodoma renasceu em suas vidas.

Constata-se, assim, que é provável acontecer na vida de crentes como nós, gente realmente incomodada com o curso deste mundo, a adoção de atitudes pertencentes a cultura de Sodoma, é possível renascer tais atitudes na vida de crentes porque no coração do crente pode haver alguma espécie de relação com o sistema de vida mundano.

E.A.G.

Fonte: Westminster Theological Seminary | Título original: Does Sodom Live in our Souls?

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Rute, Deus trabalha pela família


Por Eliseu Antonio Gomes

Rute: uma estrangeira nascida em Moabe.

É surpreendente o fato que esta bela narrativa  tenha como título o nome de uma mulher estrangeira. Ester (nacionalidade israelita) e Rute (moabita) são os dois únicos livros da Bíblia cujos nomes são de mulheres. Esta perspectiva enfatiza o significado na revelação bíblica e nos propósitos de Deus.

O livro de Rute

O nome Rute significa "amizade". No Antigo Testamento, este vocábulo é encontrado apenas no livro de Rute, e no Novo Testamento ocorre apenas na genealogia de Jesus Cristo, apresentada em Mateus 1.5. Em ambos os casos refere-se à moabita que se casou com um homem israelita que vivia em Moabe, ficou viúva e acompanhou a sogra, chamada Noemi, quando ela retornou para Israel e para a cidade de Belém, Judá; e ali, posteriormente, casou-se com Boaz e teve um filho.

O livro de Rute apresenta uma narrativa que exemplifica o trabalho como o modo de suprir as necessidades primárias, mas, acima de tudo, confiando no Deus de toda provisão. Mostra uma crise generalizada, de pobreza, doença, viuvez e morte. Nesse drama se destaca a tenacidade de Rute, que foi capaz de superar as dificuldades com atitudes de fé, inteligência, lealdade, persistência e esperança.

A narrativa do livro começa no território de Moabe, fora do limite geográfico de Israel. Torna-se especial dentro do período em que Israel não tinha rei e a liderança do povo estava a cargo de juízes, que orientavam o povo acerca da terra, da espiritualidade e da família israelita (Rute 1.1). 

As relações de inimizade entre Moabe e Israel (Juízes 3.12-30).

Pouco antes dos fatos ocorridos na família de Noemi, sob a liderança do rei Eglon, os moabitas tinham invadido e subjugado uma grande parte do território de Israel por 18 anos, até que Eúde, o canhoto, matou este monarca e libertou Israel. Após isso, Moabe submeteu-se a Israel por 80 anos (versículo 30).

É notável como Rute desempenhava um papel tão importante e positivo no registro bíblico. Afinal, as nações Moabe e Israel eram inimigas. Como consequência dos obstáculos que a primeira criou para a segunda em sua peregrinação do Sinai para a terra prometida (Números 22.25), Deus decretou que "nenhum amonita nem moabita entrará na assembleia do Senhor, nem ainda na décima geração; nunca poderão entrar na assembleia do Senhor (Deuteronômio 23.3).

Havia um desígnio especial para a vida de Rute, que ela mesma não conhecia e nem podia imaginar. O seu "deus", antes, era um "deus moabita; depois, ela conhece o Deus de Noemi e do seu marido, e se torna uma serva de Jeová, o Deus de Israel.

A crise atinge a família de Noemi (Rute 1.1-2).          .

Por volta de 1268 a 1251, aproximadamente, havia carestia e seca por toda parte na terra de Canaã, toda a Judeia estava desolada, escassa, havia falta de grãos, especialmente trigo e cevada. Belém de Judá enfrentava uma grande crise econômica. O texto de Rute 1.1 diz literalmente: "houve uma fome na terra".  Houve fome numa proporção gigantesca, obrigando seus moradores a deixarem a cidade, que deixou de ser um celeiro de grãos para ser um lugar de escassez extrema.

Então Noemi, com seus dois filhos, por iniciativa de seu esposo, Elimeleque, mudou-se com a família para Moabe. Ao chegar em Moabe, de maneira oposta ao esperado, não encontraram a prosperidade, mas doença e morte. Elimeleque e os dois filhos de Noemi faleceram, ela ficou com as duas noras na mais completa miséria (versículos 6-7).

A primeira menção do nome Rute encontra-se em seu casamento com Malom (1.4; 4.10). O falecimento de Malom e Quiliom, seu cunhado, trágica e inesperadamente poucos anos depois da morte de Elimeleque, o seu sogro, foi uma circunstância crítica na vida dessas três mulheres (1.3, 5). Naquele tempo e localidade não havia o sistema de previdência social. As viúvas eram sustentadas pelos filhos, em especial, o primogênito. Logo, perder o marido e os filhos era uma situação atroz.

A crise existencial de Noemi e o apoio de Rute.

Segundo os especialistas, crise existencial é um momento no qual um indivíduo questiona os próprios fundamentos de sua vida; se esta vida possui algum sentido ou valor. Uma segunda definição, diz que crise existencial é um estado emocional em que o ser humano vê a própria vida sem sentido e sem significado.

Foi esta a experiência vivida por Noemi, que, tendo perdido o marido e seus dois filhos, em sua viuvez não via outra coisa senão a mão pesada de Deus contra ela. Rute foi mais forte, porém viveu um momento de amargura e dúvida a rondar sua cabeça sem ver alguma luz no fim do túnel. Noemi chegou a um ponto de sua vida pessoal em que não enxergava nenhuma saída racional para solucionar seu dilema, aos seus olhos, o futuro era um "beco sem saída" para sua vida emocional, física e até mesmo espiritual. Contudo, Rute foi capaz de não se deixar dominar por sentimentos negativos e ainda amenizou a baixa-estima de sua sogra, permanecendo ao seu lado e lhe dando toda a atenção e carinho.

A volta de Noemi à terra natal.

Noemi estava envelhecida, não entendia a razão do seu sofrimento até então, acreditava que Deus a estava castigando com todas as suas agruras vividas, por isso, resolveu liberar suas noras Orfa e Rute para que voltassem às suas famílias de origem em Moabe (Rute 1.8). Orfa aceitou a liberação, mas Rute resolveu ficar com sua sogra (1.14-17).

Deus permitiu que a estrangeira convertida ao Deus de Israel se tornasse o canal da bênção de recuperação para Noemi. Rute deu uma demonstração de afeto profundo para Noemi que a fez entender que ainda havia esperança.

O empenho ao trabalho (Rute 1.19-22; 2.2, 3).

No dia seguinte à triste chegada das duas viúvas em Belém, Rute saiu para respigar nos campos para obter alimento. Era época do "princípio da sega das cevadas", quando a colheita estava começando. Em Moabe a situação era precária; mas agora, ali, havia esperança de "não faltar nada" para as duas. É possível que o serviço que Rute se propunha a fazer fosse comum também na cultura moabita, porém, era claramente ordenada na lei de Moisés. Os pobres, as viúvas e os estrangeiros residentes no meio do povo de Israel podiam ter suas necessidades básicas supridas com certa dignidade por meio da prática de respigar os campos (Levíticos 23.22; Deuteronômio 24.19).

Assim, Rute usou sua perspicácia para suprir a necessidade da casa sem precisar agir desonestamente, Ela agiu com ética e respeito, e fez Noemi entender que Deus cuidaria de ambas e não faltaria nada para elas. Sua atitude de ânimo contribuiu para que Noemi reerguesse a cabeça e melhorasse sua autoestima.

Boaz (Rute 2.4).

Boaz era um homem diferente, bom e temente a Deus. Procurava ser justo com seus empregados e para com todas as pessoas em torno de si. Procurava ajudar a todos. 

Na tipologia bíblica, Boaz é apresentado como um tipo de Cristo na sua relação com a Igreja, um tipo de Rute. Ela era estrangeira, pobre e carente até encontrar Boaz, que se tornou seu remidor, assim como Cristo é o nosso Redentor que, sendo rico, se fez pobre para nos fazer ricos e herdeiros das suas riquezas (2 Coríntios 8.9).

A Lei do Resgatador e a Lei do Levirato (Êxodo 6.6; Levítico 25.23-34; Deuteronômio 25.5-10).

Segundo a Escritura relata, o objetivo dessas leis era preservar o nome e proteger a propriedade familiar. Para não haver exploração das terras, especialmente pelos ricos, que poderiam se aproveitar dos pobres e das viúvas. Eram leis que garantiam o nome da família do homem que morreu depois da sua morte. Por isso, a propriedade não seria vendida para pessoas que não fizessem parte da família.

Noemi era parente de Boaz através do seu marido Elimeleque, um fato essencial para a função de parente resgatador. O parente resgatador (hebraico "goel: o que resgata, liberta), no caso Boaz, tinha uma dupla obrigação: resgatar a área de terra que Noemi havia posto à venda (4.13) e casar-se com Rute para assegurar uma descendência a Elimeleque (1.15. De fato, o filho que Boaz teve de Rute foi considerado filho de Malom (4.10 - o marido falecido de Rute), o qual por sua vez, era filho de Elimeleque e Noemi (4.17).

A lei do Levirato fazia parte do conjunto de leis do Código Mosaico, que impunha ao irmão de um homem falecido, de casar com a viúva deste (Gênesis 38.8; Deuteronômio 25.5-10; Levítico 18.6; 20.21; Mateus 22.23-30.

Rute desejava ser remida por Boaz e Boaz se dispunha a garantir os direitos de subsistência, descendência e propriedade da viúva Noemi e resgatar a moabita, casando-se com ela.

Quando Noemi ouviu os fatos sobre o interesse de Boaz por Rute e que a tratou com muita bondade, apelou para a tradição sobre o costume do "parente resgatador". Instruiu Rute para que se preparasse com vestes e perfumes e, discretamente, sem que Boaz soubesse, fosse deitar-se aos pés dele sem que percebesse a sua presença. 

Cerca de meia-noite, Boaz estremeceu em sua cama quando viu que Rute estava deitada aos seus pés (3.8, 9). O fato não constitui nenhum ato delituoso e nem sensual, porque ela estava protegida pelas leis que regiam o costume do papel do remidor para com a aquela mulher que estava viúva, e o seu marido era parente de Boaz. Pedir que ele estendesse uma aba de sua coberta sobre ela significava que ele a estaria protegendo.

No capítulo 4 do livro, Boaz se casa com Rute, tornando-se o seu remidor e ainda mantendo sobre proteção Noemi. Legitimamente, Boaz e Rute se casaram sob as bênçãos de toda a comunidade de Belém.

No devido tempo, Deus deu a Boaz e Rute um filho, a quem deram o nome Obede. A genealogia no final do livro de Rute apresenta seu filho como o avô do rei Davi.

Rute, na perspectiva do Novo Testamento

A inclusão da história de Rute, a estrangeira, nas páginas das Escrituras dificilmente terá outra explicação senão a da providência de Deus, que evidencia sua graça  e habilidade de operar  na vida de qualquer pessoa, não importa a sua origem.

É particularmente interessante a referência bíblica a Rute na árvore genealógica de Jesus. em Mateus 1.5. A menção de seu nome, ela que era oriunda de uma cultura pagã e idólatra, está junto com a de outras três mulheres: Tamar (versículo 3); Raabe, uma ex-prostituta (versículo 5), e "a esposa de Urias" (versículo 6). Todas as quatro parecem ser estrangeiras, dentro do contexto do Antigo Testamento no qual se encontram. Desta maneira, o Evangelho de Mateus, que termina com a ordem de Cristo para "fazer discípulos de todas as nações" (Mateus 28.19), começa com o reconhecimento de que mulheres estrangeiras como Rute contribuíram sobremaneira para a linhagem de Jesus, o Messias.

Conclusão.

O Brasil vive um momento de crise econômica, e a falta de emprego é uma realidade que tem atingido milhões de pessoas. Muitos que perderam seus empregos buscam qualquer serviço que lhes dê condições de sobrevivência. Rute é um modelo em tempos de instabilidades, seu exemplo, não ficando de braços cruzados e trabalhando com bastante disposição no campo para ajuntar cevada suficiente para si e para a sogra, é importante aos que aspiram a um emprego nesses tempos difíceis. Apesar das perdas enormes, o marido, o sogro e o cunhado, e de ajudar Noemi que sofria com seu coração amargurado, ela soube superar essas adversidades sem perder a esperança de que sua felicidade poderia ser construída sobre valores maiores do que a riqueza material. Ela não se  deixou seduzir pelo fascínio de ser uma mulher bonita, mas firmou sua mente na busca de um trabalho honesto que lhe desse tranquilidade. E assim Deus honrou seu comportamento.

Nossa visão da vida quando nos deparamos com crises se torna embaçada e limitada. Mas podemos superar essas crises com uma atitude de fé no Deus de toda provisão. Todos nós enfrentamos momentos de dor e aflição. Diante das adversidades, não desanimemos, não paremos. A  nossa fé nos faz avançar, trabalhar e ver o impossível sendo realizado.

Podemos aprender com o exemplo de Rute e com o apóstolo Paulo que escreveu "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" e declarar como ele declarou: "que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Romanos 8. 28,31 - ARA).

A Bíblia diz que "o justo viverá da fé" (Habacuque 2.4; Romanos 1.17), para que aprendamos a confiar em Deus em todas as circunstâncias.

E.A.G.

Lições Bíblicas - Professor - O Deus de toda Provisão, Esperança e sabedoria divina para a Igreja em meio às crises, Elienai Cabral, 4º trimestre de 2016, páginas 57, 60, Rio de Janeiro (CPAD). 
O Deus de Toda Provisão - Esperança e sabedoria divina para a Igreja em meio às crises; Elienai Cabral; páginas 90, 91, 93, 94, 96-102; 1ª edição 2016;  Rio de Janeiro (CPAD). 
Quem é quem na Bíblia Sagrada - a história de todas as personagens da Bíblia Sagrada, editado por Paul Gardner, páginas 560-563, 19ª reimpressão 2015, São Paulo (Editora Vida).