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terça-feira, 10 de dezembro de 2019

A televisão brasileira e a Internet, os internautas e os telespectadores

Por Eliseu Antonio Gomes

Agências especializadas em mídia garantem que não demorará para a televisão perder completamente sua liderança no ramo da comunicação, do ponto de vista do tempo que o público gasta prestando atenção. Mostram estatísticas indicando que, em pouco tempo, a internet se tornará absoluta na preferência do cidadão. Uma dessas pesquisas foi realizada pela Zenith, que afirma esta tendência preferencial em nível mundial. Informação relevante é o fato de que os anunciantes estão cada vez mais investindo na publicidade a ser veiculada na internet. Este fenômeno ocorre devido aos usuários de smartphones e à disponibilidade cada vez maior em estabelecer conexão sem fio.

Ao longo dos anos, observo com atenção o que a tecnologia da informação tem feito nas mídias de uma modo geral. Vi em uma década e meia o telespectador se transformar em internauta. Vi a internet se transformar. Testemunhamos o MSN, Orkut e G+, passarem por nós como estrelas cadentes, brilharem e perderam brilho. 

A televisão tem muito lixo, assim como a internet também tem. Mas na internet a coisa está bem pior, porque ainda não existe um filtro regulador. O nosso bom senso serve de regulagem, e tem que ser assim. No entanto, em alguns momentos somos vítimas de internautas que não usam esse filtro. Sem procurar, encontramos as coisas indesejáveis que eles postam.

Neste mês, por três vezes tive o desprazer de receber, na condição de moderador de grupos, vídeos de torturas de crianças e assassinatos de cristãos em país africano.

Temos visto muitos internautas criarem campanhas de boicotes contra a programação de alguns canais e televisão e determinados programas. E de outro lado quem ridicularize quem faça isso.

Então, é feita uma comparação de nível de qualidade com os programas da TV aberta, onde muitos milhões em dinheiro são aplicados na produção da programação, mas o que é produzido é quase sempre a mesma. As novelas estão cheias de clichês, apresentadores de programas de auditório repetem coisas o que há anos já existem. Jornalistas mostram reportagens, cuja motivação é defender ideologias políticas próprias. Tudo isso agride a inteligência do telespectador.   Migrar de um canal a outro é apenas uma forma de constatar a falta de criatividade das emissoras brasileiras e a sua capacidade de copiar a concorrente. 

Então, internautas fazem campanhas em redes sociais contra essas situações na televisão, pedem que o telespectadores desliguem o televisor ou troquem de canal. O protesto visa chamar a atenção de diretores de televisão, não sabemos o quanto isso gera resultados. 

Sobre esses boicotes, eu considero algo importante. É um processo de mudança. Há alguns anos, deixamos a TV aberta em segundo plano, hoje são essas pessoas do boicote que estão fazendo isso, com alguns canais e alguns programas. Mas, eu penso que o tal boicote não está sendo feito de modo plenamente eficaz. Sendo televisões comerciais, o “coração” delas são os patrocinadores. Até se pode assistir tudo, e ao mesmo tempo fazer um boicote bem sucedido. Como? Deixando de comprar os produtos dos patrocinadores e fazer essas indústrias saberem qual é o motivo para rejeitar seus produtos. A queda nas vendas levará esses patrocinadores a forçarem o canal a melhorar a qualidade da programação.

Também, vimos os canais de televisão em sistema aberto se reinventando. A principal mudança das TVs é o streaming. No passado, a grade de programação era rígida, hoje posso ver o programa noturno em horário vespertino, o filme da madrugada ao meio-dia, agora é possível pausar a notícia e repeti-la quantas vezes quisermos. Para isso, basta que se tenha uma Smart Tv e um pacote de televisão por assinatura que ofereça o sistema digital HD.

Nos Estados Unidos, a tecnologia streaming tem feito os três principais canais abertos competirem em pé de igualdade com os fechados. Diante do avanço da internet, eles continuam firmes e fortes, sem dar sinal de enfraquecimento. Isso pode ser um sinal que a televisão não deixará de existir por causa da internet.

Quanto aos internautas, primeiro eles trocaram o telefone fixo pelo móvel, depois deixaram de falar ao celular e agora se comunicam via redes sociais. Sem dúvida, a grande vítima do avanço da tecnologia da informação é o sistema telefônico, não é a televisão. As empresas telefônicas perceberam isso, e se adaptam oferecendo pacotes de canais em transmissão de fibra ótica, deixaram de comercializar apenas a invenção de Alexander Graham Bell.

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