Por Eliseu Antonio Gomes
A parábola do Bom Samaritano, registrada em Lucas 10.25-35, é muito conhecida. Todos sabem que um homem samaritano socorreu um estranho. Mas o que podemos aprender com esta parábola, e que relação isso pode ter com a vida eterna?
A parábola do Bom Samaritano, registrada em Lucas 10.25-35, é muito conhecida. Todos sabem que um homem samaritano socorreu um estranho. Mas o que podemos aprender com esta parábola, e que relação isso pode ter com a vida eterna?
Primeiro, vamos observar as partes contextuais, começando em Lucas 10.25-28. Um doutor da lei se aproximou de Jesus para provocá-lo, perguntou o que ele precisava fazer para herdar a vida eterna. Jesus, então perguntou-lhe o que estava escrito na Lei. A resposta: "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo". E Jesus em seguida explicou "Respondeste bem; faze isso, e viverás".
No versículo 29, tentando justificar a si mesmo, o doutor da lei perguntou: "quem é o meu próximo?" A partir desta pergunta, Jesus passou a narrar a parábola do Bom Samaritano.
A religiosidade carrega a indiferença
Um viajante, provavelmente de origem judaica, foi vítima de roubo e espancamento. Os ladrões fugiram do local do crime e ele ficou caído no chão, muito ferido, à beira da morte. Naquela rua, em profunda necessidade de socorro, ele foi visto ferido por um sacerdote e um levita, que se mostraram indiferentes, deliberadamente eles passaram pelo homem morimbundo do outro lado da estrada, evitando a solicitação de ajuda, e seguiram seus destinos - provavelmente, indo em direção ao templo, ou retornando do templo para suas casas. Ambos eram religiosos e deveriam estar dispostos a ajudá-lo, mas se abstiveram de fazer o bem (Lucas 10.30-32).
Na continuação da parábola, um samaritano viu o homem que estava morrendo, caído na estrada, era um desconhecido para ele, mas mesmo assim de imediato resolveu socorrê-lo, interrompendo os afazeres do seu dia para ajudá-lo. Os atos que se seguiram foram baseados na compaixão: tratou as feridas daquele necessitado, colocou-o no lombo de seu animal e dirigiu-se caminhando até uma estalagem. Isto é, o samaritano cedeu sua montaria com disposição de ir à pé para beneficiar o viajante necessitado. (Lucas 10.33-34).
É interessante notar nesta situação que os judeus desprezavam os samaritanos, e exatamente um samaritano foi compassivo. Pense bem sobre isso: o socorro que o viajante ferido recebeu foi oferecido por alguém que era considerado desprezível por todos os israelitas. Ao prestar assistência, ele deve ter perdido pelo menos um compromisso; ele fez alguma espécie de sacrifício por amor a quem não conhecia.
Jesus ensinou nesta parábola, com ênfase, que o nosso próximo é qualquer pessoa. Portanto, devemos tratar o outro como desejamos ser tratados, se agimos assim receberemos a vida eterna.
O exemplo e ordem de Cristo
A narrativa dos Evangelhos está repleta de eventos em que Cristo age movido por compaixão. Alguns milagres ocorreram devido a compaixão que havia em seu coração: a multiplicação dos pães; a ressurreição do filho de uma viúva, libertação de pessoas endemoninhadas, etc. Com certeza ocorreram inumeráveis ações compassivas por parte de Cristo que não foram registradas, pois o evangelista declarou que seria impossível relatar em livro tudo o que aconteceu (João 21.25).
Jesus ensinou que para ser filho do Pai Celestial é preciso dar a quem nos pede, não ignorar quem nos pede emprestado, amar nossos inimigos, bendizer nossos maldizentes, orar por quem nos trata mal e nos persegue (Mateus 5.42, 44).
Movidos de compaixão
O sentimento de dó é espontâneo. Ninguém planeja quando irá senti-lo, simplesmente acontece em nós. Mas o apóstolo Pedro escreveu o seguinte: "E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis" - 1 Pedro 3.8.
Deus mandou os israelitas amarem os estranhos: "Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-ás como a ti mesmo, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus" - Levítico 19.34.
Jesus disse em Lucas 6.35-36: "Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus. Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso". E, em Mateus 5.16: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus".
É fácil ajudar um amigo, quanto ao estranho é comum haver hesitação, quase sempre temos pouca vontade de dispor o nosso tempo e usar o nosso dinheiro com quem não conhecemos. Precisamos ir além do sentimento natural e agir pela fé em favor de desconhecidos e de quem não age conosco amigavelmente.
Como devemos nos relacionar com quem está em necessidade?
"Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade" - 1 João 3:17-18.
"Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?" - Tiago 2.14-16.
Nos grandes centros das metrópoles, sempre é preciso agir com cautela, pois grassa a criminalidade e a violência, mas jamais o perigo deverá ser uma desculpa para não socorrer aqueles que precisam da nossa ajuda. Na atualidade, a agenda sempre está cheia de compromissos, porém, esta situação não poderá ser a razão que nos fará não ajudar o necessitado. É claro que nada disso significa que o cristão deixará de usar o bom senso e preservar-se.
Bons, sim... Bobos, não!
Nos anos da década de setenta, na minha minha ingenuidade de adolescente, durante meu expediente em um estabelecimento comercial, uma jovem me abordou com uma criança no colo e pediu dinheiro para comprar remédios ao bebê. De pronto, atendi e lhe dei alguns trocados. Passados trinta e poucos minutos, pude sair do meu posto para quinze minutos de descanso. Então fui à lanchonete que estava do outro lado do quarteirão, e me surpreendi reencontrando a pedinte tomando cerveja, sozinha, sem a criança. Descobri que aquela pessoa era uma exploradora.
Devemos ter cuidado com o quê e quem ajudar. Há pessoas que fingem ser necessitadas, pobres, são pedintes porque querem dinheiro sem precisar trabalhar, gastam o que ganham com álcool, drogas e coisas supérfluas.
Note as lições contidas na parábola do Bom Samaritano:
Conclusão
Através da parábola do Bom Samaritano, podemos refletir o que há em nós de Bom Samaritano, extrair deste texto bíblico a análise de o quanto as atitudes do Bom Samaritano se encaixam em nosso modo de viver.
A parábola do Bom Samaritano fala sobre o estilo de vida ideal ao cristão. Precisamos amar todas as pessoas com quem entramos em contato, amigos e estranhos, tratá-los da maneira que desejamos receber tratamento. Para isso, às vezes é preciso lançar mão de nosso tempo e dinheiro. É preciso praticar o bem todos os dias.
O cristão como luz do mundo, não pode se recusar prestar socorro, pois através da ajuda providencial aos necessitados as pessoas em volta observam como nos comportamos e convém glorificar a Deus por intermédio de boas obras.
"E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé" - Gálatas 6.9-10.
Deus promete que não esquecerá o bem que oferecemos aos outros (Hebreus 6.10).
A religiosidade carrega a indiferença
Um viajante, provavelmente de origem judaica, foi vítima de roubo e espancamento. Os ladrões fugiram do local do crime e ele ficou caído no chão, muito ferido, à beira da morte. Naquela rua, em profunda necessidade de socorro, ele foi visto ferido por um sacerdote e um levita, que se mostraram indiferentes, deliberadamente eles passaram pelo homem morimbundo do outro lado da estrada, evitando a solicitação de ajuda, e seguiram seus destinos - provavelmente, indo em direção ao templo, ou retornando do templo para suas casas. Ambos eram religiosos e deveriam estar dispostos a ajudá-lo, mas se abstiveram de fazer o bem (Lucas 10.30-32).
Na continuação da parábola, um samaritano viu o homem que estava morrendo, caído na estrada, era um desconhecido para ele, mas mesmo assim de imediato resolveu socorrê-lo, interrompendo os afazeres do seu dia para ajudá-lo. Os atos que se seguiram foram baseados na compaixão: tratou as feridas daquele necessitado, colocou-o no lombo de seu animal e dirigiu-se caminhando até uma estalagem. Isto é, o samaritano cedeu sua montaria com disposição de ir à pé para beneficiar o viajante necessitado. (Lucas 10.33-34).
É interessante notar nesta situação que os judeus desprezavam os samaritanos, e exatamente um samaritano foi compassivo. Pense bem sobre isso: o socorro que o viajante ferido recebeu foi oferecido por alguém que era considerado desprezível por todos os israelitas. Ao prestar assistência, ele deve ter perdido pelo menos um compromisso; ele fez alguma espécie de sacrifício por amor a quem não conhecia.
Jesus ensinou nesta parábola, com ênfase, que o nosso próximo é qualquer pessoa. Portanto, devemos tratar o outro como desejamos ser tratados, se agimos assim receberemos a vida eterna.
O exemplo e ordem de Cristo
A narrativa dos Evangelhos está repleta de eventos em que Cristo age movido por compaixão. Alguns milagres ocorreram devido a compaixão que havia em seu coração: a multiplicação dos pães; a ressurreição do filho de uma viúva, libertação de pessoas endemoninhadas, etc. Com certeza ocorreram inumeráveis ações compassivas por parte de Cristo que não foram registradas, pois o evangelista declarou que seria impossível relatar em livro tudo o que aconteceu (João 21.25).
Jesus ensinou que para ser filho do Pai Celestial é preciso dar a quem nos pede, não ignorar quem nos pede emprestado, amar nossos inimigos, bendizer nossos maldizentes, orar por quem nos trata mal e nos persegue (Mateus 5.42, 44).
Movidos de compaixão
O sentimento de dó é espontâneo. Ninguém planeja quando irá senti-lo, simplesmente acontece em nós. Mas o apóstolo Pedro escreveu o seguinte: "E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis" - 1 Pedro 3.8.
Deus mandou os israelitas amarem os estranhos: "Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-ás como a ti mesmo, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus" - Levítico 19.34.
Jesus disse em Lucas 6.35-36: "Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus. Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso". E, em Mateus 5.16: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus".
É fácil ajudar um amigo, quanto ao estranho é comum haver hesitação, quase sempre temos pouca vontade de dispor o nosso tempo e usar o nosso dinheiro com quem não conhecemos. Precisamos ir além do sentimento natural e agir pela fé em favor de desconhecidos e de quem não age conosco amigavelmente.
Como devemos nos relacionar com quem está em necessidade?
"Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade" - 1 João 3:17-18.
"Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?" - Tiago 2.14-16.
Nos grandes centros das metrópoles, sempre é preciso agir com cautela, pois grassa a criminalidade e a violência, mas jamais o perigo deverá ser uma desculpa para não socorrer aqueles que precisam da nossa ajuda. Na atualidade, a agenda sempre está cheia de compromissos, porém, esta situação não poderá ser a razão que nos fará não ajudar o necessitado. É claro que nada disso significa que o cristão deixará de usar o bom senso e preservar-se.
Bons, sim... Bobos, não!
Nos anos da década de setenta, na minha minha ingenuidade de adolescente, durante meu expediente em um estabelecimento comercial, uma jovem me abordou com uma criança no colo e pediu dinheiro para comprar remédios ao bebê. De pronto, atendi e lhe dei alguns trocados. Passados trinta e poucos minutos, pude sair do meu posto para quinze minutos de descanso. Então fui à lanchonete que estava do outro lado do quarteirão, e me surpreendi reencontrando a pedinte tomando cerveja, sozinha, sem a criança. Descobri que aquela pessoa era uma exploradora.
Devemos ter cuidado com o quê e quem ajudar. Há pessoas que fingem ser necessitadas, pobres, são pedintes porque querem dinheiro sem precisar trabalhar, gastam o que ganham com álcool, drogas e coisas supérfluas.
Note as lições contidas na parábola do Bom Samaritano:
a. O Bom Samaritano encontrou o homem gravemente ferido. A pessoa necessitada estava totalmente impossibilitada de ajudar-se a si mesma. Tal exemplo nos faz entender que muitas pessoas pedem ajuda mas não estão em real situação de desespero, pois recusam-se a empreender os esforços necessários para mudar o péssimo estado de suas vidas. Preferem pedir esmolas porque são preguiçosas.
b. O Samaritano era uma pessoa forte, pegou o homem desacordado no colo e o colocou em seu animal. O cristão que se dispõe a socorrer quem está necessitado precisa observar sua condição, deve fazer apenas o que estiver em seu alcance, não convém tirar o pouco que tem e ficar sem nada. Se fosse um alguém fraco, certamente pediria auxílio de outra pessoa para carregar o homem desfalecido. A ajuda a ser oferecida não deve ir além das possibilidades que temos, não é correto dar aquilo que nos fará falta depois. Ame o próximo como ama a você mesmo.
Conclusão
Através da parábola do Bom Samaritano, podemos refletir o que há em nós de Bom Samaritano, extrair deste texto bíblico a análise de o quanto as atitudes do Bom Samaritano se encaixam em nosso modo de viver.
A parábola do Bom Samaritano fala sobre o estilo de vida ideal ao cristão. Precisamos amar todas as pessoas com quem entramos em contato, amigos e estranhos, tratá-los da maneira que desejamos receber tratamento. Para isso, às vezes é preciso lançar mão de nosso tempo e dinheiro. É preciso praticar o bem todos os dias.
O cristão como luz do mundo, não pode se recusar prestar socorro, pois através da ajuda providencial aos necessitados as pessoas em volta observam como nos comportamos e convém glorificar a Deus por intermédio de boas obras.
"E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé" - Gálatas 6.9-10.
Deus promete que não esquecerá o bem que oferecemos aos outros (Hebreus 6.10).
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Fonte: Jornal United News, Janeiro 2006. Texto adaptado de http://www.sporeas.gr/?p=3728
Um comentário:
gostei muito da postagem!..ela nos ensina e nos faz refletir sobre a bondade e o amor para com nosso próximo!...
"Se alguém disser: Amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é 'incapaz de amar a Deus, a quem não vê.
lJoão 4:20
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