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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Copa Mundial de Futebol 2014, copa da vergonha

Por Eliseu Antonio Gomes

Eu vi a cena do Fusca em chamas na Avenida Paulista, sábado, 25 de janeiro, praticamente no momento em que o sinistro acontecia. Assistia por transmissão de TV. Fiquei pensando se se tratava de veículo de colecionador ou veículo de gente pobre. Mais tarde senti indignação ao saber que havia uma família humilde, com criança, dentro daquele carro, que retornava de uma reunião em uma igreja. Vi a mulher e a menina saírem do carro em chamas, as duas chorando, apavoradas. E senti indignação redobrada ao saber que no mesmo dia a comitiva da Dilma farreava em Portugal comendo pratos caríssimos em restaurante chique, possivelmente às custas de impostos de toda a Nação - que não quer ver futebol de gringo, quer um Brasil melhor!

Passei a pensar nos meses que virão, a tendência é piorar essa indignação que já faz parte do senso coletivo da classe média brasileira, residentes nos estados mais importantes do país. Ao dizer isso, não se trata de previsão, algo sobrenatural. É apenas o uso da lógica de alguém que observa as coisas com atenção. É igual você espremer limão e ao misturar com água e açúcar deduzir que o líquido servido no copo é um suco de limonada. 

Copa do Mundo de Futebol, 2014: copa da anarquia quase que totalmente generalizada.

Quem acredita que esse campeonato será uma maravilha, alegria dentro de campo e festas nas ruas, como alguns anteriores quando a Rede Globo montou telões no Vale do Anhangabaú - SP?

Neste ano, o som não será de vuvuzelas ensurdecedoras, o barulho será de muvucas, sirenes de polícia. Muita gente gritando sem querer ouvir o que o outro tem a dizer.

Por quê? Porque esse evento mundial já é pauta para protestos, data marcada no calendário para colocar para fora a dor das injustiças, descasos, indiferenças, desmandos de governos eleitos que parecem não se importarem com os eleitores que os elegeram, que parecem acreditar que fazem parte de uma casta de privilegiados.

O período da Copa é período de execução da política manifestada da "casta de baixo" contra "a casta de cima". É um momento raro, tipo Cometa Halley no céu, quando gente comum se percebe importante e pronta ao confronto de ideias, exposição de sentimentos de desencantos com a classe dominante.

Tempo do protesto da elite partidária na oposição, tempo do protesto do cidadão apartidário contra o sistema quebrado. Covardias de mascarados Black blocks e frieza de gente com coragem de mostrar quem é ao praticar desumanidades. Tempo do pessoal dos Direitos Humanos levantar a voz e defender o mau-caratismo de bandidos travestidos de gente. Hora do encontro de policiais fardados com baderneiros idiotas que pensam que queimar ônibus é heroísmo patriótico.

Aos olhos atentos e câmeras ligadas de jornalistas estrangeiros de quase todos os continentes, haverão passeatas repletas de vândalos que farão do Brasil manchetes impactantes para as principais redações jornalísticas ao redor do mundo, com notícias que nunca vimos ou imaginamos que veríamos.

Talvez, a cobertura mais procurada na mídia não será o esporte dentro das quatro linhas do gramado. Ficaremos envergonhados de ser filhos e filhas da Pátria Amada.

Eu gostaria de estar totalmente equivocado. Se errar, me sentirei feliz!

E.A.G.

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