Pesquise sua procura

Arquivo | 14 anos de postagens

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Os deslizes da revista Veja quanto ao fato da adoção de Lucélia por Ezenete Rodrigues do Diante do Trono


Desestruturação familiar.

Lucélia, a menina que durante um ano e três meses foi vítima de tortura, maus-tratos e cárcere privado pela empresária Sílvia Calabresi Lima, 42 anos, soube pela boca da própria mãe, Joana D'Arc da Silva, que Lourenço, o homem que julgava ser seu pai biológico, na verdade não é.

Joana e Lourenço - que não vivem juntos - agora brigam pela guarda da filha, depois que a Justiça condenou a torturadora a pagar indenização de trezentos mil reais para a garota. É o cúmulo do absurdo o repentino interesse pelo bem-estar da menina, pois a mesma havia sido desprezada pelos progenitores em troca de alimentação.

Nas conversas com o juiz, e no Centro de Valorização da Mulher (Cevam), Lucélia pouco tem citado o nome da mãe, julgada por entrega ilegal de criança.

Os aparentes olhos cegos da revista Veja.

Assinada por Ana Beatriz Magno, a revista Veja trouxe às bancas a matéria, cujo título é "Dor sem hora para acabar", onde lemos que Lucélia virou ícone na luta contra a violência infantil e ainda continua sem o abrigo de um lar sete meses depois de encontrada pela polícia amordaçada e amarrada no teto de um cubículo de propriedade da família da empresária Sílvia Calabrasi Lima.

Lucélia e a fábrica de biscoitos Mabel.

A matéria da Veja alega que na terça-feira, 21 de outubro, Lucélia foi levada perante um auditório lotado de curiosos, na sede da fábrica de propriedade do deputado federal Sandro Mabel (PR-GO). Esteve diante de dois mil e quinhentos funcionários, respondeu sobre sua tragédia infantil.

Falou para a multidão sobre os quatro buracos feitos com alicate na laterais da língua, falou sobre a marca do ferro de passar roupa que possui nas nádegas, disse que a empresária arrancou suas unhas no batente das portas, socou seus dentes, obrigou-a a comer baratas, ração e fezes de cão. "Ela dizia que era o meu remedinho e que era para eu tomar porque o diabo morava em mim", são as lembranças que Veja afirma povoar a cabeça da garota.

Lucélia e o PT goiano.

A Veja denuncia também que a imagem de Lucélia foi usada politicamente. Ela esteve na convenção do PT, de Goiânia, antes das eleições municipais. Colocaram a camisa do partido nela e os políticos se exibiram ao seu lado.

Lucélia e Ezenete Rodrigues.

A repórter Ana Beatriz consultou o blog da Ana Paula Valadão Bessa, informa na matéria ter lido que em agosto a vocalista do Diante do Trono esteve em Goiânia, conheceu Lucélia e com autorização da Justiça levou a menina à Belo Horizonte. E que nas Minas Gerais a menina ficou hospedada na casa de Ezenete, que empresaria o conjunto musical. Na casa de Ezenete, inclusive, Lucélia comemorou seu aniversário de 13 anos.

A repórter escreve que a garota voltou de BH convencida que encontrou sua família. Relata as seguintes palavras que seriam dela: "Ela disse que ia me adotar. Eu me converti em Jesus. Preciso corrigir meu gênio". E estranhamente afirma que a promessa de adoção não é uma certeza. Dá a entender que Ezenete causou esperanças vazias, não deseja a adoção. E pergunta: "O que então Lucélia foi fazer em uma igreja de Belo Horizonte?", colocando a Igreja Batista da Lagoinha, Ana Paula Valadão Bessa e Ezenete Rodrigues no mesmo balaio das pessoas que foram capazes de entrevistar Lucélia na fábrica Mabel e usar sua imagem na convenção petista.

No fim da matéria, lemos as palavras de uma psicóloga, ela comenta sobre as óbvias consequências que o abandono causa na mente de uma criança.

Como acontecem as adoções.

Que fique claro, adoções fazem parte de um processo onde é verificado se as crianças envolvidas, quando crescidas como é o caso, desejam ou não ser adotadas por quem deseja adotá-las. A Lucélia viajou à cidade mineira e depois retornou para Goiânia seguindo o protocolo do Conselho Tutelar, que buscou constatar qual seria a reação dela dentro de uma nova moradia estranha para ela até então. Agora, provavelmente, ela estará sendo tratada como ser humano que é, tem voz ativa para direcionar seu futuro quanto ao lar em que morará.


Atualização em 27 de julho de 2021, 07h10.

Nenhum comentário: