Por Lucilene Brito Shirota
"Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?" - Gálatas 3.3.
Objetivo do artigo
O título dessa postagem anuncia o problema da inserção de conjecturas na pregação de conteúdo bíblico. Imaginar fatos não esclarecidos pelas Escrituras pode tornar a preleção mais interessante. porém nada mais são do que suposições, palpites, presunções, especulações, teorias, hipóteses. É exatamente o que um "grande palestrante", mais atuante como político do que como pastor pentecostal, fez; perigosamente ele inventou coisas que a Bíblia não dá nenhuma sustentação.
Idolatria entre cristãos evangélicos?
Quando os israelitas andavam com Deus eram abençoados e ao se afastarem da vontade dEle entregavam-se à idolatria e tornavam-se malditos. Hoje uma parte de nossas igrejas está assim, sem a genuína fé em Deus, sem rumo certo, dada aos sacrifícios tolos como artefatos ungidos, desejosa de curas físicas e emocionais, ambiciosa por riquezas materiais, felicidade temporal, não pensa com seriedade em obedecer ao Abençoador.
A Bíblia é bem clara em Jeremias 17.5: "Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!". Então, é assustador ver tantas pessoas defendendo outra pessoa - que é um monte de pó miserável e errante, como somos eu e você e o restante da Humanidade. Inclusive pelo fato de esta defesa ser dirigida para alguém que difunde ideias humanas flagrantemente não constatável na Bíblia Sagrada.
Quando situações assim acontecem, vemos o quanto a Igreja de Cristo está dispersa e não medita o suficiente na Palavra. Somente o leigo, sem nenhum traço de conhecimento básico e simples dos textos bíblicos, bate palmas ou ecoa elogios a um homem que propaga conjecturas.
Paulo escreveu: "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema" (Gálatas 1.8). Veja bem: "ainda que nós mesmos ou um anjo..." Isto é, ainda que um anjo de luz aparecesse e pregasse algo diferente, ou mesmo se o próprio Paulo, ou os discípulos de Cristo pregassem algo diferente daquilo que Jesus ensinou, tal pregação deveria ser reprovada, refutada como mentira! Observar tantos crentes agindo como cegos, seguindo não Jesus mas homens e mulheres, que podem ter algum vestígio de conhecimento e poder temporal, é algo preocupante e mostra o quanto a qualidade espiritual dos ditos cristãos evangélicos está baixíssima.
Pregação irresponsável e audiência desatenta
Ontem, quando eu estava ocupada em meu trabalho, recebi de uma amiga não evangélica, a marcação no Facebook para ver uma pequena parte da gravação da pregação de um pastor, muito conhecido no Brasil, e que também é deputado federal. No evento dos Gideões 2016, este preletor falou algo herético - que nunca, jamais, conseguirá provar ser verdade, porque não existe o devido respaldo bíblico, já que a Palavra de Deus não afirma o que ele disse.
Curiosa, terminei minhas tarefas e, não contente com a mensagem incompleta, quis ver o vídeo em seu conteúdo inteiro de quase duas horas. A íntegra da fala, exposta com ares de convicção plena, é ainda mais horripilante e grotesca do que o trecho editado. O teor é cheio de heresias expressas com pomposidade naquilo que diz, uma situação totalmente ridícula. Mas, muito pior do que assistir isso, é saber que tantos ditos crentes aplaudem tal pregador e apoiam suas sandices fora daquele ambiente.
Em Deuteronômio 12.32 está escrito: "Tudo o que eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás". Ou seja, não posso pregar o que eu quero, do jeito que quero, não posso deixar de ser criterioso (a) ao ilustrar a pregação, só para fazer com que a platéia fique eufórica e realize as coreografias de "reteté", grite efusivamente e se comporte como avião que nunca voa. Não convém inventar um diálogo que a Bíblia não apresenta. Não há harmonia com o Evangelho de Cristo inventar coisas loucas, imaginar diálogos no Céu, extrapolar o conhecimento humano com a intenção de tentar descrever Deus. Não existe nas Escrituras licença para promover movimentos de emocionalismos vazios de espiritualidade. A Bíblia ordena pregar a Santa, Pura e Verdadeira Palavra de Deus, única e exclusivamente! Mais nada! Ir em contrário a tal ordenança nos faz pensar que é uma atitude que se iguala à tentativa do diabo estar acima da posição do Senhor.
Orar e vigiar sempre.
Que cada um de nós pare e medite mais na Bíblia, que todos os cristãos leia-a e não venha com aquela conversa de crente negligente dizendo "a letra mata"... Aquele que usa esse tipo de argumento é pior do que um ímpio e talvez precise se converter! Que haja foco nas Escrituras, oração e persistência na vigilância, porque orar e ler sem vigiar induz à queda, como aconteceu com Davi e Salomão. Vigiemos, oremos e meditemos na Palavra, para que possamos ser ovelhas atentas, distinguindo a voz do Senhor da voz de lobos.
Conclusão
Minha citação de Gálatas 3:3 no início dessa postagem tem o objetivo de causar reflexão. Se não vigiarmos, corremos o risco de iniciar bem a carreira da fé, caminhar no Espírito, entretanto, voltar a agir segundo os apetites da carne e ficar para trás no Dia do Arrebatamento, e lamentar para sempre condenados à punição eterna.
Oremos em favor da igreja dita de Cristo. Temos visto nitidamente a dispersão de um povo sem interesse nas coisas do Senhor, focado em coisas do mundo, a andar em círculos pelo deserto como perambulou Israel.
Oremos. Peço a Deus em favor de tal preletor, para que se arrependa de suas atitudes inconsequentes ao usar o microfone nos púlpitos, tenha pudores e haja como verdadeiro ministro do Evangelho e volte ao primeiro amor; retome à conduta de anos atrás quando pregou a Palavra com bom senso. sem invencionices.
Se não somos defensores do Evangelho, apenas valorizamos a pregação de loucos ao invés de adorar a Deus, somos apenas um amontoado de religiosos infelizes e miseráveis, gente que não entendeu o propósito e eficácia do sacrifício de Cristo, e estamos condenados ao inferno.
Por ética, não menciono o nome do famoso líder religioso e deputado federal, que considero mais parlamentar do que pastor.
Concluo pedindo perdão aos leitores que consideraram haver algum excesso quanto ao meu modo de expressar o que expressei.
Que Deus continue a abençoar a todos!