Vereador reúne Kassab e pastores para discutir fiscalização a igrejas
Após a tragédia na Igreja Renascer da Avenida Lins de Vasconcelos, no Cambuci, o Ministério Público deu início a uma fiscalização ostensiva sobre os demais templos da denominação. Muitos foram multados, alguns lacrados, e, não demorou muito a surgirem rumores de que a mesma postura se estenderia às demais igrejas. Os boatos preocuparam várias lideranças evangélicas, que procuraram o vereador Carlos Bezerra Jr. buscando informações sobre as inspeções municipais e do poder judiciário.
Para discutir o problema, o parlamentar e líder do PSDB na Câmara promoveu ontem, 16/2, um encontro entre cerca de 20 representantes das principais denominações evangélicas de São Paulo e o prefeito Gilberto Kassab (DEM), na Prefeitura.
Em São Paulo, 80% dos imóveis são irregulares, segundo a própria Prefeitura. Compõem essa porcentagem inúmeros estabelecimentos comerciais e institucionais, condomínios, indústrias, e, claro, igrejas. Porém, na maioria dos casos, os templos evangélicos apresentam um traço que os diferencia dos demais imóveis sem regularização: ao contrário de grandes shoppings, casas noturnas, hospitais, que se estabelecem em prédios projetados para suas atividades, as igrejas começam em casas comuns, e, pouco a pouco, vão ampliando, ocupando antigos galpões, velhas fábricas.
“Estamos observando, aqui e ali, algumas ações de fiscais que, de um momento para outro, passaram a visitar freqüentemente algumas das igrejas aqui representadas”, explicou Bezerra Jr. a Kassab. “Sabemos que o trâmite dos documentos é demorado, mas todas as igrejas aqui estão em processo de regularização e é preciso haver compreensão quanto a isso”, afirmou.
As afirmações do vereador foram confirmadas pelos pastores. Um deles, Jabes de Alencar, presidente do Conselho de Pastores do Estado de São Paulo, cuja igreja funciona em um antigo galpão da Antártica, no Bom Retiro, afirmou ter sido surpreendido por notificação que nunca havia sido aplicada ao templo.
No entanto, após ouvir vereador e pastores, o prefeito tranqüilizou-os. Ele afirmou não haver nenhuma disposição do governo municipal para fiscalizar especificamente as denominações evangélicas representadas e se dispôs a destacar assessores para facilitar o diálogo entre igrejas e poder público. “Sabemos da situação em que a cidade se encontra, das dificuldades para regularização. Não podemos e não vamos, simplesmente, apagar a luz e fechar São Paulo”, falou Kassab. “Essa administração é parceira do povo cristão da cidade. Aliás, seria impensável mover uma fiscalização intensa, que pretendesse fechar templos, sobre parcela tão representativa da nossa população como os evangélicos”, assegurou.
Depois da reunião, o prefeito indicou o secretário das Relações Governamentais, Antonio Carlos Malufe, junto com sua equipe, para acompanhar os processos de regularização dos pastores. Os líderes evangélicos elogiaram a iniciativa do vereador em promover a reunião e a postura de Kassab durante o encontro. “A ação de Carlos Bezerra Jr. foi excelente. Ele soube colocar os nossos anseios sempre sendo muito respeitoso com o prefeito. E o prefeito, por sua vez, se mostrou sensível às nossas necessidades”, ressaltou o pastor Carlos Walter, presidente da Convenção Batista do Estado de São Paulo.
Participaram da reunião ainda os pastores Márcio Luiz da Silva, secretário executivo da Convenção Batista Nacional, Walter Nola, da Comunhão de Igreja e Pastores; Mario Mignoni, da Igreja Assembléia de Deus Betesda; Walter Brunelli, da Assembléia de Deus Bereana; Valdo Romão, secretário executivo da Convenção Batista do Estado de São Paulo; Valmir Ventura, da Comunidade da Graça; Francisco Marcelino, presidente da Associação Batista Leste da Capital; Adilson Brandão, dirigente da Associação Batista Missionária, Eliaquim Dias, responsável pela Associação Batista Extremo Leste da Capital; e Paulo Eduardo, presidente da Primeira Igreja Batista de São Paulo. Além dos bispos Hugo Vilar, da Igreja Sara Nossa Terra; Adriel Maia, da Metodista; Nivaldo Palmeira, da Comunidade Renovo; e Elisiário, da Metodista Wesleyana; dos apóstolos Arles Marques, da Coalizão Apostólica Brasileira; e Willy Garcia, da Igreja Apostólica Nova Vida; e dos membros da diretoria do Conselho de Pastores do Estado de São Paulo, pastores Eude Martins, João Torres, Aldo Alexandre e Eli Fernandes.