Pesquise sua procura

Arquivo | 14 anos de postagens

Mostrando postagens com marcador Editora Vida. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Editora Vida. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Teologia é poesia?

Por C. S. Lewis

Por Teologia, queremos significar, suponho, a série de afirmações sistemáticas acerca de Deus e da relação do homem com Ele, relação essa mantida pelos fiéis de uma religião.

(...)

Eu talvez possa presumir que Teologia significa principalmente Teologia cristã. Sou mais audacioso para fazer essa suposição porque algo do que penso acerca de outras religiões aparecerá naquilo que tenho a dizer. Devemos também lembrar que apenas uma pequena minoria das religiões do mundo tem uma teologia. Não se encontra nenhuma série de afirmações sistemáticas em que os gregos consensualmente cressem acerca de Zeus.

O outro termo, Poesia, é muito mais difícil de definir... Teologia é meramente poesia? (...) A primeira dificuldade para responder a essa pergunta nessa forma é que não temos consenso geral quanto ao que significa "verdade poética", nem se de fato existe algo desse tipo. Seria melhor, portanto, usar para este trabalho uma noção muito vaga e modesta de poesia: simplesmente como a escrita que desperta e satisfaz em parte a imaginação.

Deparado com essa questão, volto-me naturalmente para examinar o crente que eu conheço melhor - eu próprio. E o primeiro fato que descubro, ou acho que descubro, é que para mim, de qualquer forma, se a Teologia é Poesia, não é poesia muito boa.

Considerada poesia, a doutrina da Trindade parece-me oscilar entre duas posições. Não tem nem a grandeza monolítica das concepções estritamente unitarianas nem a riqueza do Politeísmo. A onipotência de Deus não é, a meu ver, uma vantagem poética. Odin, lutando contra os inimigos que não são criaturas suas e que, na verdade, no final vão derrotá-lo, tem um atrativo heróico que o Deus dos cristãos não pode ter. Há também certa pobreza na descrição cristã do universo. Considera-se que existe um estado futuro e ordens de criaturas sobre-humanas, mas os indícios que se oferecem da natureza deles são os mais tênues possíveis. (...) O cristianismo não oferece a atração do otimismo e nem do pessimismo. Ele representa a vida do universo como muito semelhante á vida mortal dos homens deste planeta - "um conto que mistura o bem e o mal".

(...)

Não podemos rejeitar a Teologia simplesmente porque ela não evita ser poética. Todas as visões de mundo produzem poesia para aqueles que nelas creem pelo mero fato de ser nelas. E praticamente todas têm alguns méritos poéticos, quer se creia quer não se creia nelas. É isso que deveríamos esperar. O homem é um animal poético e não toca em nada que não tenha adorno.

(...)

Eu apenas falei de símbolo e isso me leva ao último tópico em que vou considerar a acusação da "mera poesia". A Teologia certamente compartilha com a Poesia o emprego de linguagem metafórica e simbólica. A primeira Pessoa  da Trindade não é o Pai da segunda no sentido físico. A segunda Pessoa não "desceu" à terra no mesmo sentido em que um paraquedista desce, nem subiu novamente aos céus como um balão... Em que os primeiros cristãos acreditavam? Acreditavam que Deus realmente tem um palácio material no firmamento e que Ele recebeu Seu Filho numa poltrona decorada posta a pouca distância à direita da Sua? - ou não criam nisso? A resposta é que a alternativa que estamos propondo provavelmente jamais se tenha feito presente na mente deles. (...) 

Deus não tem corpo e, portanto, não pode assentar-se em cadeira alguma...

(...)

Somos tentados a declarar que nossa crença numa forma isenta de metáforas e de símbolos. O motivo porque não fazemos isso é que não podemos.  Podemos, se preferirem, dizer "Deus entrou na história" em vez de dizer "Deus desceu à terra". No entanto, naturalmente, "entrou" é tão metafórico quanto "desceu". (...) Podemos tornar nossa linguagem mais insossa, mas não podemos torná-la menos metafórica. Podemos tornar as imagens mais prosaicas, mas não podemos ser menos pictóricos. 

E.A.G.

Texto extraído, resumidamente,  do livro O peso da Glória, de autoria de C. S. Lewis, páginas 113 a 133, edição 2008, São Paulo (Editora Vida. ­Web site: http://www.editoravida.com.br/p/105-o-peso-da-gloria/ ).

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Mateus 5.31-32 em sete traduções diferentes e o significado do termo grego porneia


http://belverede.blogspot.com.brPor Eliseu Antonio Gomes

Primeiramente, é importante que esteja esclarecido que, como leitores da Bíblia Sagrada, precisamos ler e considerar o contexto do que lemos, no escopo histórico e entre os seus sessenta e seis livros.

Mateus escreveu o Evangelho de Cristo, que carrega seu nome, visando como seu público-alvo leitores judeus, porém, também, o conteúdo escrito vale para os gentios. O texto, contido no capítulo 5 e versículos 31 e 32, faz parte do famoso e longo discurso do Sermão do Monte, está endereçado aos discípulos de Cristo, os judeus convertidos e gentios convertidos, da primeira geração da Igreja até a data da volta de Jesus.

Mateus 5.31-32 em sete traduções ao idioma Português (em vermelho, a palavra traduzida).

"Estão lembrados do que dizem as Escrituras: 'Quem se divorciar de sua esposa, que o faça legalmente, dando-lhe o documento de separação e seus direitos legais'? Muitos de vocês estão essa lei como desculpa para seu egoísmo e seus caprichos, fingindo que estão fazendo algo justo só porque é legal. Por favor, parem de fingir! Se você se divorciar da sua esposa, será responsável por torná-la adúltera (a não ser que ela já o seja por ter se tornado promíscua. Se você se casar com uma adúltera divorciada, será automaticamente um adúltero. Você não pode usar a cobertura da lei para mascarar uma falha moral" - A Mensagem: Bíblia em Linguagem Contemporânea - Eugene H. Peterson, lançada pela Editora Vida em 2011.

"Também foi dito: Quem repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo que todo o que repudia sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, a faz ser adúltera; e qualquer que se casar com a repudiada comete adultério" - Tradução Brasileira,  primeira impressão em 1917, edição de 2010 pela Sociedade Bíblica do Brasil.

"A Lei de Moisés diz: 'Se alguém quiser divorciar-se de sua esposa, deverá entregar-lhe um documento de divórcio'. Porém eu digo que se um homem se divorciar de sua esposa, a não ser por causa de infidelidade, faz com que ela, casando-se de novo, cometa adultério. E aquele que se casar com ela, também comete adultério" -  Nova Bíblia Viva, 2010, Editora Mundo Cristão.

"Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de desquite. Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério" - Almeida Revista e Corrigida 4ª Edição, lançada pela Sociedade Bíblica do Brasil em janeiro de 2009.

"Também foi dito: quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe documento de divórcio. Eu, porém, vos digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, a não ser por causa de infidelidade. torna-a adúltera; e quem se casa com a divorciada comete adultério" - Almeida Século 21- publicação da Edições Vida Nova em 2008. 

"Foi dito: 'Aquele que se divorciar de sua mulher deverá dar-lhe certidão de divórcio'. Mas eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, faz que ela se torne adúltera, e quem se casar com a mulher divorciada estará cometendo adultério." - Sociedade Bíblica Internacional, lançada em 2000.

"Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério" - 2ª revisão da Almeida Revista e Atualizada, publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil em 1993.

Vamos detalhar o significado de "porneia”?

O termo tem a conotação literal de prostituição. Mas, também significa "adultério" e "incesto". Figurativamente, define a idolatria religiosa. A raiz desta palavra grega é "pornôs" (de onde em nosso idioma Português usamos “pornografia”). “Pornõs” está associado com “comercializar”, “vender”, define a pessoa mercenária, corrupta, libertina, a pessoa que se relaciona com prostitutas, o indivíduo fornicário.

A tradução João Ferreira de Almeida, principalmente as versões mais antigas dela, traduz em alguns trechos a palavra grega "porneia" como "prostituição". Não é errada tal transliteração, mas também não é a melhor opção para se verter, pois "prostituição" é uma palavra que descreve ação específica. No idioma grego, "porneia" tem sentido genérico, descreve diversas práticas sexuais ilícitas, não apenas uma.

"Porneia" não descreve o estado civil de uma pessoa, se ela é solteira ou casada. Portanto, vale para solteiros, casados, viúvos.

E.A.G.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A ciência confirma a Bíblia



A Bíblia, dois a três mil anos atrás: A terra é uma esfera (Isaías 40.22).
O que a ciência dizia na época: A terra era um disco plano.
O que a ciência diz atualmente: A terra é uma esfera.


A Bíblia, dois a três mil anos atrás: Número incontável de estrelas (Jeremias 33.22).
O que a ciência dizia na época: Existiam somente 1.100 estrelas.
O que a ciência diz atualmente:  Número incontável de estrelas.


A Bíblia, dois a três mil anos atrás: A Terra flutua livremente no espaço (Jó 26.7).
O que a ciência dizia na época: A terra apóia-se no lombo de um grande animal.
O que a ciência diz atualmente:  A Terra flutua livremente no espaço.


A Bíblia, dois a três mil anos atrás: A criação foi feita de elementos invisíveis (Hebreus 11.3).
O que a ciência dizia na época: A ciência era ignorante a respeito desse tema.
O que a ciência diz atualmente: A criação foi feita de elementos invisíveis (átomos).


A Bíblia, dois a três mil anos atrás: Cada estrela é diferente da outra (1 Coríntios 15.41).
O que a ciência dizia na época: Todas as estrelas eram iguais.
O que a ciência diz atualmente: Cada estrela é diferente da outra.


A Bíblia, dois a três mil anos atrás: A luz se move  (Jó 38.19-20).
O que a ciência dizia na época: A luz ficava fixa num lugar.
O que a ciência diz atualmente: A luz se move.


A Bíblia, dois a três mil anos atrás: O ar tem peso (Jó 28.25).
O que a ciência dizia na época: O ar não tem peso.
O que a ciência diz atualmente: O ar tem peso.


A Bíblia, dois a três mil anos atrás: O vento sopra em ciclones (Eclesiastes 1.6).
O que a ciência dizia na época: O vento sopra em linha reta.
O que a ciência diz atualmente: O vento sopra em ciclones.


A Bíblia, dois a três mil anos atrás: O sangue é a fonte da vida e da saúde (Levíticos 17.11).
O que a ciência dizia na época: Os enfermos precisam ser "sangrados" (ter o sangue retirado).
O que a ciência diz atualmente: O sangue é a fonte da vida e da saúde.


A Bíblia, dois a três mil anos atrás: O fundo dos oceanos contem vales profundos e montanhas (2 Samuel 22.16; Jonas 2.6).
O que a ciência dizia na época: O fundo dos oceanos era plano.
O que a ciência diz atualmente: O fundo dos oceanos contem vales profundos e montanhas.


A Bíblia, dois a três mil anos atrás: O oceano tem nascentes (Jó 38, 16).
O que a ciência dizia na época: O oceano era alimentado somente pelas águas dos rios e das chuvas.
O que a ciência diz atualmente: O oceano tem nascentes.


A Bíblia, dois a três mil anos atrás: Ao lidarmos com doenças, nossas mão precisam ser levadas em água corrente (Levíticos 15.13).
O que a ciência dizia na época: As mãos eram lavadas em águas paradas.
O que a ciência diz atualmente: Ao lidarmos com doenças, nossas mão precisam ser levadas em água corrente.

E.A.G.
__________

Fonte: Bíblia Evangelismo em Ação, Ray Comfortt, edição 2005, São Paulo (Editora Vida)..

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Provérbios 6.16-19 na tradução bíblica A Mensagem


"Aí estão as seis coisas que o Eterno detesta e as sete que ele não tolera:

olhos arrogantes,
língua que profere mentiras,
mãos que matam o inocente,
coração que planeja maldades,
pés que correm pela trilha da impiedade,
boca que mente e é cheia de falsidade,
e aquele que provoca brigas e discórdia entre irmãos."

A Mensagem - Bíblia em Linguagem Contemporânea, Eugene H. Peterson, 2011, São Paulo (Editora Vida).

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Rute: o oitavo livro da Bíblia Sagrada

Boaz permite Rute colher trigos de seus campos. Antes ele
havia ouvido sobre seu tratamento bondoso em favor de
Noemi. Ilustração de William Brassey Hole (1846 1917). 
O autor do Livro de Rute não é identificado no texto. A tradição aponta ao profeta Samuel, devido a semelhança de linguagem com os livros Juízes e Samuel. Outros autores indicados são Davi e Ezequias. No entanto, nenhuma dessas afirmações são comprovadas.

De acordo com o texto, a história acontece no período final do tempo dos juízes, mas sua redação costuma ser datada do tempo do reinado de Davi (Rute 4.22).

O livro de Rute apresenta uma bela narrativa sobre a verdadeira fé e o temor de Deus. Exibe para nós o retrato fascinante de uma mulher que, apesar de ter crescido em uma cultura pagã, aprendeu a honrar e obedecer a Deus por meio do seu caráter exemplar e profunda humildade. Mostra como era o cenário do tempo violento dos juízes pela perspectiva de uma série de vislumbres íntimos da vida particular de membros de uma família israelita. Relembra memoravelmente a bondade e a provisão do Senhor na vida de duas viúvas: Noemi, senhora hebreia, e Rute, jovem moabita.

Rute era viúva, estrangeira e nora de Noemi, sua personalidade era serena e cheia de paz. Ainda que não fluísse sangue israelita em sua veias, ela possuía fé no Deus de Israel, provavelmente por observar o estilo de vida santo de sua sogra.

O relacionamento de amizade entre Rute e Noemi era exemplar, poético, intenso. Não era parcial e nem possessivo. Quando Noemi decidiu voltar para sua terra natal, deixou Rute totalmente livre para permanecer em Moabe. Mas Rute estava determinada a acompanhar Noemi. Assim, após ambas chegarem a Belém, Noemi se empenhou ao máximo para arranjar um novo casamento para Rute. A seu tempo, as duas mulheres assoladas pela pobreza, encontram o favor de um rico fazendeiro hebreu, chamado Boaz, que se apaixonou e casou-se com Rute.

Em meio ao caos nacional e crueldade da época, Boaz demonstrou gentileza, integridade e cuidado com Rute e Noemi, fez o que era certo e bom: "Ouve, filha minha; não vás colher em outro campo, nem tampouco passes daqui; porém aqui ficarás com as minhas moças. Os teus olhos estarão atentos no campo que segarem, e irás após elas; não dei ordem aos moços, que não te molestem? Tendo tu sede, vai aos vasos, e bebe do que os moços tirarem" (2.8-9).

Boaz representa o homem com caráter de Deus, que gentilmente cuidou destas duas viúvas em tempos difíceis, como Tiago 1.17 nos instrui a fazer. Ele considerava Rute uma mulher virtuosa (3.11).

A história contida no Livro de Rute é cheia de amor e devoção, o leitor encontra Deus operando para proporcionar satisfação na vida de pessoas que se sentiam vazias em período de ausência de chuvas. Leitores modernos se deliciam não somente com a história de amor, mas também citam frequentemente o texto encontrado no capítulo 1 e versículo 16 ("aonde quer que tu fores, irei eu, e onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus") em cerimônias de casamento, como parte da aliança e da promessa entre marido e esposa, sem considerar que a solene declaração são palavras de Rute dirigidas para sua sogra e não para seu par romântico.

As esposas e mães atuais, e cristãos em geral, podem aprender muito com a conduta de Rute, Boaz e Noemi, neste livro que tem um começo triste e um final feliz.


Compilação:
A Bíblia da Mulher, página 446, impressão de 2011, Barueri, (Sociedade Bíblica do Brasil).
Bíblia Devocional da Mulher, página 306, edição 2003, São Paulo, (Editora Vida)
Bíblia de Estudo da Mulher, página 253, 6ª impressão em 2005, Belo Horizonte (Editora Atos).
Bíblia de Estudo Preparando Casais para a Vida, página 495, 1ª edição em maio de 2013, Rio de Janeiro (Editora Central Gospel).

quarta-feira, 21 de maio de 2014

O ministério de evangelista

Por Eliseu Antonio Gomes

Jesus Cristo declarou aos seus seguidores: "Vós sois a luz do mundo" - Mateus 5.14.

Paulo, abordando o testemunho de fé que devemos transmitir, declarou que exalamos o bom cheiro de Cristo: "E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para estes certamente cheiro de morte para morte; mas para aqueles cheiro de vida para vida" -  2 Coríntios 2:14-16 a.

No idioma grego, o termo evangelista é "ziw", palavra que significa proeminência e brilho, remete figurativamente ao mês de Ijar (ou Maio), que é o mês das flores. A raiz aramaica tem o sentido de esplendor, resplendor e satisfação. Assim sendo, podemos afirmar com certeza que o autêntico evangelista é todo aquele que reluz a luz de Jesus na escuridão e possui em si o perfume celestial sobressaindo no ambiente fétido do pecado.

Embora o Senhor nosso Deus separe uns para evangelista e os dê a sua Igreja, o privilégio de anunciar o Evangelho ao mundo é de todo aquele que se considera um verdadeiro discípulo de Jesus. Todo cristão deve iluminar e exalar o aroma divino, através da tarefa de evangelização apresentar a graça e o amor de Deus aos que vivem em trevas e impregnado pelo odor da morte. Evangelizar é agir como quem dá de comer a criancinhas que passam necessidade, demonstrar amor pelos famintos a ponto de se sensibilizar e levar-lhes alimento.

A distribuição do dom de evangelista nos faz entender o quanto o Senhor leva a sério a nobre tarefa do evangelismo. Assim como a multiforme graça divina nos revela que Deus cuida de nós por todos ângulos de nossas vidas, capacitando vidas a abençoar vidas por intermédio dos cinco dons ministeriais, registrados em Efésios 4.11.

Entre uma denominação evangélica e outra, existe diferença estrutural quanto à hierarquia de liderança. Via de regra, a pessoa com o ministério pastoral se estabelece no topo da tabela, enquanto profetas, evangelistas, mestres e apóstolos (missionários) mais abaixo.

Os dons ministeriais diferem uns dos outros, mas todos são úteis ao Reino de Deus: o apóstolo é capaz de fundar congregações, o local de culto; o mestre racionaliza todas as situações segundo o parecer bíblico, enquanto o pastor apega-se aos detalhes da alma humana; o profeta fala da parte de Deus a todos em circunstâncias específicas. Enquanto quatro dons ministeriais funcionam para a edificação espiritual, o dom de evangelista visa o crescimento numérico, seu objetivo é ampliar os limites da pregação além do aprisco das ovelhas.

A característica ministerial de quem lidera exerce grande influência sobre os liderados, o líder formata o coração e o foco da entidade sob sua responsabilidade. Desse modo, a igreja que tiver como líder uma pessoa dotada a ser evangelista, será mais forte no papel de propagação da Palavra de Deus centralizada na cruz de Cristo e ganhará pessoas para o Reino de Deus e será menos propensa a aplicar ações de discipulado. Por outro lado, se o líder for alguém que exerça o ministério de mestre, haverá maior aplicação, por parte de quem fizer parte da organização, ao ensino.

O ideal é que haja intercâmbio entre os membros do Corpo de Cristo, que haja estreito relacionamento entre os irmãos, com objetivo de empreender esforço para "preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz", pois "há um corpo e um Espírito", fomos "chamados numa só esperança" (Efésios 4.1-6).

A missão do evangelista é anunciar o ministério da reconciliação de Deus com o mundo, porque foi para isso que o Senhor enviou o Filho: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação" - 2 Corintios 5.19.

Os evangelistas sentem dor na própria alma ao ver pessoas gastarem tempo naquilo que não traz a felicidade verdadeira. Choram em favor das vidas que ainda não conhecem o Salvador, angustiam-se pelas pessoas perdidas em pecados, oprimidas por enfermidades, cativas por possessões malignas. E, além de entregar-lhes o recado das Boas Novas de salvação, intercedem em oração por elas e são usadas sobrenaturalmente por intermédios de dons de curas e operações de maravilhas, conforme o exemplo de Filipe (Atos 2.14-41; 8.6-17; 21.8).

Evangelismo pode ser chamado de exercício de amor. Uma das mais importantes características de um evangelista é a sua paixão por pregar às pessoas que existe o plano da salvação, viabilizado pelo sacrifício vicário de Jesus. O que importa é anunciar isso, sem se importar com o número de ouvintes ou recompensas financeiras e status.

E.A.G.

Consultas:
Bíblia de Estudo Pentecostal, página 1815, impressão 1996, Flórida / USA (CPAD).
Bíblia Evangelismo em Ação, Ray Comfort, página 1199, edição 2005, São Paulo (Editora Vida).
Ensinador Cristão, nº 58, abril-junho de 2014, página 40, Rio de Janeiro (CPAD).

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A celebração da primeira Páscoa


Por Eliseu Antonio Gomes

"Vocês a comerão numa só casa; não levem nenhum pedaço da carne para fora de casa, nem quebrem nenhum dos ossos. Toda a comunidade de Israel terá que celebrar a Páscoa" - Êxodo 12.46, 47 (NVI). 

Deus desejava que os israelitas não se esquecessem do dia triunfal em que seus filhos primogênitos escaparam da morte no Egito e o grande livramento dos seus antepassados da escravidão do Egito. Assim surgiu a festa da Páscoa como um memorial, o principal evento dos israelitas, um período anual de celebração dos judeus (Êxodo 12.1-20; 13.3-10; Deuteronômio 16. 1-8; Marcos 14.12).

Em hebraico o nome dessa festa sagrada é Pessach, o vocábulo significa "passar por". Este nome deriva da passagem do anjo exterminador, durante a qual foram poupadas as habitações dos israelitas, cujas portas tinham sido aspergidas com o sangue do cordeiro pascal (Êxodo 12.11-27).

O período do festejo era uma oportunidade para os israelitas descansarem, alegrarem-se a adorarem a Deus.  Começava no princípio do décimo quinto dia do mês de abibe, à tarde, (em nosso calendário entre março e abril), que segue ao começo da primavera no hemisfério norte.

Os elementos da Páscoa: cordeiro ou cabrito sem defeito, pão, ervas amargas

No tempo em que Jesus viveu entre os judeus, todos deviam ir à Jerusalém celebrar. Matavam-se cordeiros e cabritos no templo e levavam-nos às casas para comê-los numa ceia especial. Na residência, era servido o cordeiro, o pão sem fermento, ervas amargas, molho de hissopo, tomava-se vinho e recitava-se Salmos e orações.

Os sacrifícios significavam expiação e dedicação, cada família teria que ter o seu cordeiro ou cabrito sem mácula, o animal era assado e comido pelos membros duma família com ervas amargas e pães ázimos, e nada poderia faltar ou sobrar da refeição sacrificial. O sangue do animal  sacrificado era aspergido nas umbreiras e vergas das portas das casas.

Nessa ocasião o chefe da família contava a história da redenção do Egito, os judeus limpavam cerimonialmente as suas casas, eliminando todo o resto de fermento dos alimentos, até a menor migalha de pão fermentado. Os estrangeiros não eram proibidos de participar, talvez até quem os tivesse acompanhado no episódio da saída do Egito, mas deveriam circuncidar-se para fazer parte da celebração (Êxodo 12.38, 43-51).

O animal imolado era uma figura do sacrifício de Jesus. Os pães ázimos da Páscoa simbolizavam a pureza, na era cristã a fermentação simboliza a maldade no coração humano (Levíticos 2.11; 1 Coríntios 5.6). As ervas amargas faziam lembrar da amargura dos tempos de escravidão egípcia, apontavam para todo o sofrimento que os israelitas viverem no Egito.

A relevância da Páscoa e da Santa Ceia ao cristão

Em sua própria Pessoa, Jesus Cristo não modificou, mas cumpriu a Páscoa, dando a prática judaica novo e mais profundo significado. Ao celebrar a Santa Ceia, utilizou o pão e o vinho como símbolos do poder libertador da sua morte na cruz.

A Páscoa celebrava o fato de Deus ter libertado o seu povo do cativeiro egípcio, seus rituais  representavam a antiga aliança de Deus com os judeus. A Ceia do Senhor celebra o fato de Deus nos libertar da escravidão do pecado, lembra ao cristão a nova aliança de Deus com todos os povos.

O cordeiro sacrificial da Páscoa aplacou o anjo da morte (Êxodo 12.3.13); o pão da ceia significa o corpo de Cristo, partido na condenação de nossos pecados. O pão lembrava a saída apressada do Egito e passou a lembrar aos cristãos o corpo do Senhor oferecido em sacrifício na cruz pelos pecados. Jesus é o Pão da Vida (João 6.35).

Aquilo que significava a libertação da escravidão egípcia aos israelitas, simbolizam agora a libertação da escravidão do pecado para todos que aceitam o plano divino da salvação por meio do Cordeiro de Deus, Jesus. (Marcos 14.22-26; Lucas 22.14-20; 1 Coríntios 11.23-25).

O vinho da Ceia simboliza a  ação redentora do Senhor, o sangue inocente de Cristo derramado por nós na cruz, em favor de toda a humanidade que nEle crê, remete a morte do Filho de Deus que nos compra a vida na eternidade.

Referências no Novo Testamento

Páscoas anteriores à morte de Jesus: João 2.13-23; 6.4;
A Páscoa celebrada por Jesus aos doze anos: Lucas 2.41, 52;
Páscoa da Paixão: Mateus 26.2, 17-30; Marcos 14.1, 12.31; Lucas 22.1, 7-38; João 11.55; 12.1; 13.1; 18.28; 19.14;
Quando a Igreja Primitiva estava perseguida por Herodes: Atos 12.1-4.

Conclusão

O texto bíblico que instruía ao judeu celebrar a Páscoa determinava que nenhum osso do cordeiro pascal deveria ser quebrado. Do mesmo modo, embora os outros homens que foram crucificados com Jesus tivessem as pernas quebradas pelos soldados romanos, para apressar a morte deles, nenhum dos ossos de Jesus, nosso cordeiro pascal, não foram quebrados quando foi sacrificado pelos nossos pecados, conforme anunciou a profecia de Davi (Salmo 34.40; João 19.33-36).

A Páscoa é uma das festas mais significativas para a Igreja. Os cristãos podem afirmar que Jesus Cristo é a sua Páscoa, o seu Cordeiro Pascal, pois Ele morreu para trazer redenção aos judeus e gentios (1 Coríntios 5.7b).

Jesus Cristo é designado com o título Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O animal imolado na festa judaica é símbolo do Filho de Deus (João 1.29; 19.36; 1 Coríntios 5.7-8).

E.A.G.

Consultas:
Bíblia de Estudo Almeida, páginas 138; 244; Concordância temática, página 264, edição 2006, Barueri-SP (SBB).
Bíblia de Estudo Vida, página 1532, 1635, edição 1998, São Paulo - SP, (Editora Vida)
Bíblia Evangelismo em Ação, páginas 69, 1067, edição 2005, São Paulo - SP - (Editora Vida).
Bíblia Sagrada com Dicionário e Concordância Gigante, edição 2013 - Conciso Dicionário Bíblico, D. Ana e D.L. Watson; página 263, Santo André - SP,  (Imprensa Bíblica Brasileira //Geográfica Editora / Juerp).

domingo, 6 de outubro de 2013

Advertências contra o adultério

Falar em pecado nos dias atuais está fora de moda. Dizem que o assunto é “coisa” de fanáticos religiosos e ignorantes. Mesmo que seja considerado impopular alertar contra a prática do pecado, a verdade precisa ser dita. 

Devemos lembrar que aquilo que a Escritura considera como pecado jamais terá aprovação divina. Pecado é tudo aquilo que prejudica a vida. Está presente de inúmeras formas em nossa sociedade. Na família, na escola, no trabalho. No Congresso, nas Câmaras Legislativas. Nos jornais, no rádio, no cinema, e de um modo avassalador na televisão e na Internet. 

A sexualidade  

Tudo o que Deus criou é bom e isso inclui a sexualidade. O sexo, em si, nunca foi pecaminoso. Deus o estabeleceu para ser desfrutado no matrimônio antes que o pecado entrasse no mundo. 

Salomão aconselha os homens a se afastarem da imoralidade. No capítulo 5 de Provérbios, escreveu duas perguntas, sobre a importância de ser fiel, com o objetivo de suscitar reflexões em cada leitor das Escrituras Sagradas. “E porque, filho meu, te deixarias atrair por outra mulher, e te abraçarias ao peito de uma estranha?” - Provérbios 5.20. 

Adultério 

Na Bíblia, o adultério é e continuará sendo pecado. Em Êxodo 20.14, o Deus Eterno ordena firmemente: não cometa adultério. Encontramos no Antigo e Novo Testamentos sérias advertências contra a infidelidade conjugal (Deuteronômio 5.14; Romanos 13.9; Gálatas 5.19). 

O adultério viola o padrão santo estabelecido por Deus para o casamento (Êxodo 20.14). Até mesmo o adultério praticado em segredo e mantido no sigilo fica plenamente desmascarado diante do Deus que julga com justiça.

Em Provérbios 5.1-2 somos esclarecidos que o adultério é um grave problema de relacionamento. O adúltero é uma pessoa que tem comportamento confuso, que mistura o certo e o errado, a conduta digna com a indigna. 

Precisamos estar atentos. As consequências da infidelidade são devastadoras. Os lábios da mulher em relação extraconjugal podem parecer destilar favos de mel. Na realidade, aquilo que começa de maneira prazerosa, como doce desejo, não demora a amargar como o absinto (Provérbios 5.4). Quando os instintos do adúltero ficam satisfeitos, sobressai o remorso, o complexo culposo, o medo, a frustração, a consciência que a relação ilícita pode ser tudo menos amor. No momento que o encontro termina, só resta tristeza e amargura. Ponto em comum em tudo isso é uma fome que jamais se aplaca, deixa o indivíduo mais vazio. 

A traição conjugal produz feridas profundas na alma, o esmagamento do cônjuge vitimado, é uma opção destrutiva para toda a família, pois provoca a disfunção familiar. Ela é perigosa, para a Igreja do Senhor e para a sociedade de um modo geral. Causa destruição de reputações, os custos permanentes pesam muitíssimo mais na balança do que a satisfação momentânea. 

Tentação e vigilância 

Todos nós estamos sujeitos a ser tentados. Salomão reconhece os atrativos poderosos e torturantes do adultério, que finge oferecer prazer e satisfação sexuais com poucos riscos.  

O sigilo do pecado escondido, a maquinação para manter o adultério em segredo e a natureza proibida do ato só parece aumentar o seu poder irresistível de atração. 

Na televisão brasileira existe uma sensualidade legal, mas nem por isso deixa de ser imoral. Programas de auditórios são sempre realizados com a presença de modelos seminuas. É considerado legal para a sociedade e até mesmo para o Estado, mas é imoral diante de Deus. O sexo se tornou o deus deste século. Muitos tentam viver a “adrenalina” provocada pela concupiscência de uma forma ilegítima. Escândalos sexuais, práticas sexuais ilícitas ocorrem em escalas geométricas. Vive-se em desejos que transformam pessoas em viciadas em pornografia, masturbação, necessidade excessiva de relações sexuais, pedofilia e outras formas de perversões. 

Quando se perde a reverência a Deus, a insensatez toma conta do coração humano. Não deixe esse tipo de entulho acumular em sua mente. 

A tentação na esfera da virtualidade 

Ao nascer, fomos dotados de instintos específicos, sem os quais nossa sobrevivência seria impossível. O impulso sexual é uma tendência natural que caracteriza a preservação da espécie. Depois da queda de Adão e Eva, o ser humano pecador passou a deturpar esse impulso dado pelo Criador, gerando as muitas complicações que conhecemos nos dias atuais. 

O Pr. José Gonçalves escreveu no livro Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso: “Quando me converti ao evangelho nos anos oitenta, o acesso a uma revista masculina era muito difícil para quem era menor de idade. Além da embalagem plástica que protegia o periódico, havia também uma tarjeta onde se lia: ‘proibido para menores de 18 anos’. Com o advento da Internet esse fraco muro de proteção foi implodido e o acesso ao caudaloso rio da pornografia está à disposição das crianças, adultos e idosos. As redes sociais potencializam em muito a possibilidade de alguém se prender nas redes da tentação de casos extraconjugais. Homens e mulheres que estão vivendo alguma desilusão no casamento encontram uma porta aberta para a aventura sexual no Orkut, Facebook e outras redes sociais.” 

E ainda mais: “A Internet pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal, dependendo de quem faz uso dela. Não devemos desprezá-la por causa dos possíveis usos equivocados. Não culpamos Gutemberg pelas revistas pornográficas. Será que os automóveis são uma invenção ruim porque algumas pessoas provocam acidentes?” 

Conclusão: alegre-se no casamento 

Muitos casamentos fracassam porque são carentes de afeto e amor. Salomão nos aconselha a vivermos a nossa sexualidade com intensidade, mas dentro do casamento. Provérbios 5.15 trata do relacionamento íntimo entre marido e esposa: “bebe a água da sua cisterna.” Água é símbolo de vida. O ser humano não pode viver sem ela. Assim também é o relacionamento sexual no casamento. Ele é importante e traz vida ao matrimônio. 

Para proteger o seu casamento e torná-lo forte contra as armadilhas e tentações do adultério, o Livro de Provérbios aconselha: “alegra-se com a mulher da tua mocidade” (Provérbios 5.18). É de bom juízo e muita sabedoria alegrar-se pelo que se tem e não ficar se lastimando pelo que se gostaria de ter. Cuide com carinho do seu jardim afetivo. Da fonte cristalina do verdadeiro amor brota a fonte da alegria e da fidelidade.

Provérbios não diz para você manter um relacionamento frio, monótono com a esposa. Diz para você investir em uma vida agradável e plena com ela, divertir-se e desenvolver uma profunda intimidade. Tal investimento fará com que tenham um bom e divertido relacionamento sexual, companheirismo, bom humor, respeito e compreensão. Torna melhor a união. Investir na felicidade a dois é uma das mais poderosas armas de proteção ao seu casamento, faz com que dure satisfatoriamente até a morte.


__________

Compilações:
Bíblia de Estudo Vida, edição 1998, página 985 (Editora Vida);
Bíblia da Família - estudos de Jayme e Judith Kemp, edição 2007, página 556 (Sociedade Bíblica do Brasil);
O Provérbio Nosso de Cada Dia – Oswaldo Alves – 1996 ( Editora Candeias);
Revista Ensinador Cristão, ano 14, nº 56, página 37 (Casa Publicadora das Assembleias de Deus).
Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso – José Gonçalves - 1ª edição 2013, CPAD.

domingo, 24 de março de 2013

A diferença em apenas crer e renascer em Cristo


Ninguém pode imaginar que está salvo porque Jesus Cristo morreu na cruz em seu lugar. O perdão divino está condicionado à necessidade de converter-se, é um dom de Deus dado coletivamente, mas que precisa ser recebido individualmente por meio da fé em Cristo e mudança de vida. O novo nascimento é a condição essencial para a salvação

 "Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas" - 2 Coríntios 5.17.

Certa vez, Albert Einsten disse: "É mais fácil decompor o plutônio do que decompor o espírito mau do homem." O físico alemão não considerava a transformação espiritual, do mal ao bem, que Deus fez ser possível ao ser humano por meio do trabalho vicário de Cristo na cruz. 

A Bíblia Evangelismo em Ação traz uma nota de rodapé em Tito 3.3. Relata que duas mulheres em viagem durante a noite encontraram à beira da estrada um filhote de animal doente. Na escuridão, concluíram ser um cãozinho chiuaua e decidiram socorrê-lo, levá-lo para casa e tratá-lo até ficar curado. Ainda na estrada deram-lhe água e comida. Quando chegaram em casa, uma delas ficou muito impressionada com a tamanha fragilidade daquele pequenino ser e decidiu que dormiria ao lado dele para ter a certeza que nada de mal aconteceria com ele, acordando várias vezes durante a madrugada para constatar se ele estava bem. Ao amanhecer, o bichinho ainda estava mal e foi necessário levá-lo ao veterinário. Lá, as duas mulheres souberam que não cuidavam de um chiuaua, mas de um rato dágua com a doença raiva. 

Quando a pessoa não nasceu em Cristo, ama e cuida com carinho do pecado - bicho selvagem e mortal - como se ele fosse um dócil e inofensivo animal doméstico. A Palavra de Deus ilumina o estado de ignorância do pecador e aponta seus enganos. Se a pessoa realmente se converteu, dá valor às admoestações das Escrituras Sagradas e abandona o pecado.

Alguém que afirma conhecer a Deus, mas insiste em tomar atitudes contrárias aos ensinamentos de Jesus Cristo, dá sinais que não nasceu de novo e que não alcançou a salvação (João 3.1-7). Se perguntarmos a ela se tem certeza de sua salvação, provavelmente descobriremos que não tem certeza disso. A resposta é um indicativo de que na verdade ela ainda não renasceu em Cristo, conforme 1 João 5.10.
  
A diferença entre crer em Deus e nascer de novo é a mesma em acreditar na eficiência de um para-quedas e colocá-lo no corpo e lançar-se ao salto. "Não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo" - Tito 3.5. 

O nosso cristianismo deve ser vivido como a expressão da natureza renascida em Cristo. É preciso arrepender-se, desejar decompor hábitos que se chocam com as orientações bíblicas que nos recomendam amar a Deus acima de todas as pessoas, e tudo o mais, e ao próximo como amamos a nós mesmos. Querer mudar o nosso jeito habituado ao pecado é o primeiro passo para renascer em Cristo. A consequência desta decisão coloca a nossa existência em situação de prazer - como o peixe que se alegra em nadar em alto mar e o pássaro em alçar voo em céu de brigadeiro.

E.A.G.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

CPAD - EDB 2012 - 4º trimestre: Ageu e o compromisso do povo da aliança

O profeta

O nome Ageu significa "minha festa", ou "festeiro", provavelmente um referência ao retorno do exílio.

Ageu é citado no livro de Esdras (5.1; 6.14).

O profeta foi um dos exilados judeus (das tribos de Judá, Benjamim ou Levi) que retornaram sob o governo de Zorobabel, o chefe civil do povo, e Josué, o sumo sacerdote, 536 a.C, favorecidos pelo primeiro edital de Ciro, escrito 138 anos antes, quando ele (ao tomar ciência de profecias sobre si mesmo, Isaías 44.28; 45.1) permitiu a libertação dos judeus, e forneceu-lhes condições para a restauração do templo (2 Crônicas 36.23; Esdras 1.1, 2:2).

Zorobabel era filho de Pedaías, um irmão de Salatiel. de acordo com a genealogia em Lucas 3.27. Salatiel era filho de Neri, um descendente de Davi através de seu filho Natã. Zorobabel - também chamado de Sesbazar pelos caldeus (Esdras 1.8; 11; 2.2; 3:02 , Esdras 3.8; 5.2. 14, 16) - exerceu o cargo de governador entre seus compatriotas, mas nunca governou de maneira absoluta, se submetia ao governo persa, que permitiu aos israelitas viverem sob suas próprias leis e regulamentos civis em sua terra natal, porém concedia aos repatriados liberdade relativa, sempre considerando-os como uma colônia, sobre o qual tinha uma superintendência contínua.

Apesar dos judeus receberem autorização de Ciro para reconstruírem o templo em Jerusalém, eles se mostraram desinteressados quanto a reconstruí-lo. Como desculpa para não se aplicarem a reedificação, faziam interpretação errada da profecia referente ao templo e ao cativeiro (1.2). Alegavam que não era o tempo oportuno e dedicavam-se às construções de suas próprias residências, belas mansões.

Um dos motivos para os judeus perderem o interesse na reconstrução foi a reação dos samaritanos e de outros povos vizinhos, que temiam as implicações políticas e religiosas de um templo reedificado num estado judaico própero. Eles opunham-se de maneira vigorosa ao empreendimento e conseguiram fazer a obra parar, ainda no estágio dos fundamentos, quando Dario tornou-se rei da Pérsia, por volta de 522 a.C (Esdras 4.1-5, 24).

Dario era interessado no exercício das religiões, não se opunha às práticas da religião judaica, inclusive deu apoio eficaz, durante a oposição de reedificação empreendida pelos judeus (Esdras 5.3-6; 6.8-12).

O livro

Os registros das profecias são muito breves, nos leva à suposição de que são apenas resumos dos discursos originais. O espaço de tempo entre a primeira até a última são de apenas três meses.

As profecias de Ageu culparam a interrupção da reedificação do templo à inatividade dos judeus, não apontaram culpa aos oponentes da finalização da obra.

O livro é citado no Novo Testamento, compare as passagens 2.6, 7, 22 com Hebreus 12.26.

O recado de Ageu também se consiste em exortação para os dias atuais. A exortação que ele proferiu nos faz considerar o padrão de espiritualidade em que estamos vivendo, nos convida a refletir sobre o estado espiritual de nossos corações.

O ministério de Ageu

O ministério profético de Ageu fez confronto ao egoísmo dos judeus, visando despertá-los e fazê-los enxergar qual era a verdadeira prioridade deles.

No segundo ano de Dario, 520 a.C, que veio a suceder o rei Ciro, 16 anos após o retorno do exílio sob o governo Zorobabel, os profetas Ageu e Zacarias foram escolhidos por Deus (1.1), visando despertar os judeus para que eles retomassem o trabalho da reconstrução do templo em Jerusalém.

Ageu começou a profetizar após 14 anos em que estavam suspensas as obras de reconstrução do templo. Emitiu profecia dirigida a Zorobabel, então governador, e assim mostrou aos israelitas a apatia em que eles viviam com relação a Deus, pois não se importavam em ver o templo em ruínas, negligenciavam os assuntos mais importantes da lei. O profeta fez com que entendessem que seus fracassos estavam relacionados ao fato de não honrarem ao Senhor ao estarem afastados do culto em Jerusalém. Resultado dessa mensagem: 24 dias depois, talvez o tempo em que os materiais de construção foram coletados, as obras foram retomadas sob a direção de Zorobabel e eles voltaram a prosperar (1.1, 15; Esdras 6.14).

Em 516 a.C., a reconstrução do templo foi completada e dedicada a Deus (Esdras 6.15-18).

A glória da segunda casa será maior do que da primeira 

A passagem bíblica Ageus 2.3 pressupõe aos leitores que muitos israelitas do tempo da reconstrução sob a direção de Zorobabel, conheceram o templo construído por Salomão, e destruído no ano 588 ou 587.

Reflexão sobre a inversão de prioridades na vida dos obreiros do Senhor

O trabalho que é feito para o Senhor nunca é em vão. Há uma tendência no ser humano a pensar erroneamente, paralisar diante da ansiedade, desprezar os deveres espirituais e ficar parado a esperar o momento aparentemente oportuno para trabalhar para Deus. Não convém parar, é preciso agir, ter fé apesar de não estar perceptíveis aos cinco sentidos naturais as boas oportunidades de empreender taferas à vontade de Deus.

Durante o cansaço, suposto perigo, e do desejo de experimentar os prazeres temporais, como no caso de uma bela moradia, que não é um pecado querer ter, levantemos as mãos para o céu sem pecado, buscando em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, para ter Jesus ao nosso lado como amigo. Ele vê nossos desejos, problemas, desilusões, e faz valer a promessa de que tudo o mais será acrescentado em nossas vidas. Ao priorizar as coisas espirituais, Deus toma conta dos nossos assuntos temporais (Lucas 12.33).

Diante dos problemas que o cristão enfrenta para exercer sua fé, deve permanecer persistente, abandonar os pecados e reformar o que for preciso, ter ânimo para não desistir de seguir a Jesus Cristo. Tomar cuidado para não deixar escapar as oportunidades úteis que Deus espera que sejam aproveitadas plenamente.

Conclusão

O erro dos judeus, após o retorno da Babilônia, foi entregarem-se ao desânimo ao encontrarem oposição. Deixarem de lado o que realmente era importante, o que era para fazer não era feito, partirem para as coisas supérfluas, negligenciarem totalmente a construção da casa de Deus e se ocuparem integralmente em  tarefas que lhes rendiam dinheiro e o conforto temporal.

O procedimento de Ageu é um exemplo aos pregadores da Igreja do Senhor, líderes cristãos devem orientar as almas desanimadas a refletirem sobre os juízos de Deus. São muitos crentes que estão iguais às ruínas do templo de Jerusalém e precisam ouvir o recado divino para diligentemente reiniciarem reconstrução de suas vidas espirituais, voltarem a obedecer, novamente reverenciarem e cultuarem a Deus.

São muitos que alegam não ser possível participar de projetos que representam o amor cristão, que solicitam deles a colaboração financeira para tornar o templo evangélico em ambiente confortável. Os tais, acreditam que tal iniciativa na esfera física não seja espiritual. Mas, não negam gastar seu dinheiro em outras coisas, como o conforto e o luxo em suas casas.

Não é um erro viver com toda a dignidade, confortavelmente. Que tenhamos a prosperidade sem abrir mão da colaboração em construção e manutenção de templos cristãos, pois são neles que muitas almas encontram-se com Cristo através da Palavra de Deus proferida nos púlpitos, é o lugar onde famílais se reúnem e gozam de comunham fraternal.

A bênção de Deus se faz presente na vida do cristão quando este remove seu erro, reverencia ao Senhor de todo o coração, relaciona-se com Ele muito além das práticas de meros ritos exteriores, extirpa máculas de desobediência e vive o cotidiano da vida tal qual  um altar de adoração ao Senhor, ou seja, com a consciência de que deve comportar-se como um templo espiritual a serviço da glória de Deus.

E.A.G.

Consulta:

Bíblia de Estudo NVI, edição 2003, São Paulo, Editora Vida
Bible Suite, http://biblesuite.com/

Existe permissão para cópias. A reprodução poderá ser feita desde que por completo e que não seja por motivação comercial e ao rodapé do texto haja crédito de autoria e coleta da fonte (isto é, Eliseu Antonio Gomes, Belverede, http://belverede.blogspot.com.br)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

CPAD – EBD 2012 – 4º trimestre: Naum e o limite tolerância divina

Quem era Naum?

O nome Naum significa “consolo”, cujo ministério profético apresentaria a consolação do Senhor aos judeus de Judá.

Pouco se sabe acerca de Naum, exceto que talvez esteja na lista genealógica apresentada pelo evangelista Lucas, e que sua cidade natal era Elcos – de localização incerta, provavelmente seria Cafarnaum, pois em árabe “Kefr-Nahum” significa “cidade de Naum”.

De acordo com dados históricos apresentados no livro, cogita-se que o profeta tenha vivido durante o reinado de Josias e tenha sido contemporâneo de Sofonias e Jeremias, então um jovem.

O livro

O livro contém a visão de Naum. Apresenta a natureza de Deus. Revela de maneira magnífica uma extraordinária descrição do caráter de Deus, em especial no capítulo 1, versículos 2 ao 8.

O estilo literário do livro é poético e profético, uma mescla de expressiva descrição simbólica com a contundente e clara sinceridade da declaração profética. A data do livro é calculada de acordo com as evidências internas e fatos históricos conhecidos. Existem duas datas fixas entre as quais o livro deve ser situado. A primeira referência é a captura de Nõ Tebas, capital do alto Egito (3.8), que caiu perante os assírios entre os anos de 663 e 661 a.C. A segunda é quando Naum prediz a condenação iminente de Nínive (2.1; 3.14, 19). Portanto a obra tem de se situar em algum momento entre essa data e a subsequente queda de Nínive, em 612 a.C.

Naum escreveu anunciando a futura queda de Nínive, que no século VII a.C dominava Israel e quase todo o Oriente.

O ministério de Naum

Em data anterior à ministração profética de Naum, o profeta Jonas proclamou a destruição de Nínive (Jonas 3.4), quando os ninivitas se arrependeram e a condenação divina foi suspensa. Mas, após receberem a misericórdia divina, Nínive voltou a praticar iniquidade, desumanidade e soberba.

A Assíria já havia destruído Samaria, por volta de 722-721 a.C., o que resultou no cativeiro do Reino do Norte, Israel, e ameaçava Judá.

Por volta de 700 a.C, Senaqueribe, rei da Assíria, fez de Nínive a capital do império assírio e a cidade permaneceu assim até ser destruída, por este motivo Naum refere-se à Nínive representando-a como toda a nação Assíria.


O comandante do rei da Assíria, Senaqueribe, desafiara o poder do Deus de Ezequias. Este é um dos motivos de Naum ser levantado por Deus profetizando contra Nínive. A profecia em 1.11-14 tem seu cumprimento registrado detalhadamente em 2 Reis 18.35; 19.37.


O ministério de Naum tinha duplo propósito: predizer a destruição de Nínive, por causa de seus pecados, e diminuir a lastimável falta de esperança de Judá, demonstrando-lhes que as promessas de Deus são verdadeiras.

O erro de Judá

A primeira derrota dos judeus para os assírios foi a queda de Samaria (722-721 a.C), e do Reino do Norte em 701, a invasão de Senaqueribe (2 Reis 18.13 – 19.37; Isaías 36, 37 - que não foi uma investida totalmente bem sucedida). Deus nunca permitiu uma vitória bem consolidada dos assírios contra os judeus. Mas, Judá sentia falta de uma resposta segura a suas perguntas, e um desconsolo muito grande predominava na terra. De súbito a voz de Naum trovejou: “Nínive cairá. Deus preservará o seu povo”.

A mensagem de juízo que Naum entregou para Nínive foi profética para Judá. Judá mostrara-se infiel ao desconfiar de Deus e entrar em aliança com nações estrangeiras com a intenção que essas alianças aumentassem seu poderio. A condenação de Nínive lhe serviu de aviso divino.

O erro dos ninivitas

A Assíria era uma nação perversa que oprimia o povo de Deus. Era conhecida por viver à custa da pilhagem de outras nações. Seus reis eram retratados alegrando-se com os castigos sanguinários aplicados aos povos conquistados. O rei assírio Samaneser III orgulhava-se de ter levantado uma montanha de cadáveres com cabeças decapitadas em frente de uma cidade inimiga. Outros reis assírios empilhavam cadáveres, como se fossem lenhas, nas proximidades dos povos derrotados.

A Assíria cometia inúmeras atrocidades contra as nações que invadia: amputações, empalações, decapitações, incêndios. Cobrava tributos opressivos e infligia com pesada escravidão os povos conquistados.

Os assírios eram brutos e cruéis. Conduziam suas guerras com ferocidade aterrorizante, arraigavam populações inteiras como política nacional e as deportavam para outras partes de seu império. Os líderes derrotados eram torturados e horrivelmente mutilados antes de ser executados (3.3).

Por ter pecado desconsiderando a Deus, quanto à mensagem entregue por Jonas, a Assíria seria completamente destruída.

Semeadura e colheita

 O auge da brutalidade dos ninivitas ocorreu durante o reinado de Assurbanipal, o último grande governante do império assírio (669-627), que subjugou o Egito e a quem o rei Manassés foi obrigado submeter-se como vassalo ( 2 Crônicas 33.11-13). O julgamento de Deus se cumpriu de maneira terrível, depois da morte deste rei, influência e o poder da Assíria entraram em declínio até ser destruída em 612 a.C.. O capítulo 2, versículos 1, 6, 9, trata de Ciaxares, comandante dos medos, e de Nabopolassar, o babilônio, que conquistaram Nínive. Os babilônios, citas e medos invadiram, saquearam e destruíram a cidade até não sobrar coisa alguma. A Assíria havia feito o mesmo com todos os países que capturara.

Nínive era uma cidade construída junto a três rios, o Tigre e rios menores, e se abastecia das águas deles por meio de canalizações que se estendiam ao redor e dentro de seu território. As entradas dos canais fluviais foram tomadas, as comportas foram estrategicamente fechadas e abertas pelos inimigos e as águas inundaram toda a cidade a ponto de ruir até o palácio real e outras construções mais baixas da cidade.

A invasão da Assíria contra Judá, durante o reinado de Manassés, foi o último ataque que esta nação pagã realizou.

Arqueologia

As muralhas de Assíria tinham aproximadamente 13 km de comprimento e 15 portões. Certo historiador da antiguidade, autor de Crônicas da Babilônia, narra um episódio em que uma grande inundação derrubou parte dessa muralha, por onde podemos aceitar a hipótese de que tenha sido o caminho de entrada dos medos, babilônios e citas. Este livro confirma o cumprimento da profecia de Naum, dizendo que os corações dos outrora insolentes e poderosos ninivitas se paralisaram ao haver grande quantidade de bens despojados.

Uma das peças arqueológicas da Assíria contém uma frase do rei Assurbanipal, na qual ele narra o tratamento dispensado a um líder vencido: “Coloquei nele uma corrente de cachorro e o obriguei a ocupar um canil no portão leste d Nínive” (Bíblia de Estudo NVI, página 1.553).

A história confirma que o então rei da Assíria morreu queimado dentro de seu palácio durante a invasão ocorrida em 612 a.C. Também, que o exército assírio dispersou-se sobre as montanhas da Arménia em 609 a.C., e que os soldados foram aniquilados por completo em 605 a.C..

No capítulo 3 e verso 11, Naum aponta para o fim e sumiço de Nínive. “se esconderás". Durante muitos séculos a localização de Nínive permaneceu desconhecida e a sua história considerada apenas uma lenda até que fosse redescoberta no século XIX d.C., mais exatamente por Layard e Botta em 1.842. Tal achado arqueológico revelou, confirmando a profecia de Naum, que o fogo contribuiu para a destruição da cidade. 

Conclusão

A mensagem de Naum é pertinente para todas as épocas. Avisa que a justiça divina não suporta a vigência do poder humano que se assenta no orgulho. Fala aos que resistem a Deus, aos que são arrogantes, para aqueles que desprezam Sua Palavra e deixam de confiar que Ele proverá e cuidará dele. Estes, inevitavelmente, experimentarão o juízo divino.

Quem confia em Deus será resgatado da vergonha e salvo da perdição eterna.

E.A.G.

Texto paralelo: Gênesis 10.9 -  Ninrode: poderoso caçador
_________

Compilações:

A Bíblia Anotada Expandida - Charles C. Ryrie; edição 2007; São Paulo; Editora Mundo Cristão.
Bíblia Almeida Século 21; edição 2008; São Paulo; Editora Vida Nova / Hagnos.
Bíblia de Estudo NVI; edição 2003; São Paulo; Editora Vida.
Os Doze Profetas Menores; Alexandre Coelho e Silas Daniel; 2012; Rio de Janeiro; CPAD.

domingo, 12 de agosto de 2012

Consciência Cristã na apologética bíblica



É importante fazer uso da Palavra de Deus como regra de fé e conduta. Mesmo que a intenção seja a melhor de todas, ninguém despreze a Palavra de Deus, pois esse desprezo é pecado. Quem a despreza perecerá (Provérbios 13.13).

O apologeta cristão é ponderado, não é preconceituoso. O exercício de sua competência reside em ter conceito concebido com bases em pesquisas sérias. Ao abordar qualquer tema, não faz isso movido pela pressa, mas pela moderação e ciência dos fatos abordados. Ação apressada e preconceituosa não é atitude coerente à apologia cristã.

O autêntico apologista do evangelho combate atitudes e afirmações absurdas.  Não é combatente de ações que apenas causam o estranhamento da cristandade na ordem pessoal. Usa a apologia cristã para responder tudo que realmente é estranho às normas da prática do Evangelho de Cristo. Tem plena consciência que é essencial conhecer seu público-alvo e se dirigir especificamente para ele. Quando é preciso, evita usar terminologias técnicas, comunica-se com linguajar coloquial para que todos entendam com facilidade o que deseja transmitir. É conciso e claro, evita possíveis ambiguidades.

O apologeta deve praticar a apologia com total imparcialidade, colocando-a acima de interesses pessoais e de terceiros, acima de instituições, convenções, liturgias e dogmas (Tiago 3.13-18).

O praticante da verdadeira apologia  preza por todo o conhecimento adquirido, principalmente o teológico. No mínimo, possui razoável conhecimento de teologia. Sabe que o propósito da prática de apologia é salvar almas, e para tal finalidade não é preciso ostentar títulos acadêmicos e diplomas em seus textos e homilias.

A condição do apologeta é humana. Portanto ele não deve confiar em seu coração, que é extremamente corrupto e pode enganá-lo. Não deve confiar plenamente em seu coração e nem no coração de terceiros (Jeremias 17.5-9).

O apologeta cristão não deve tomar como base suposições para praticar a apologia. Ninguém deve crer que possui a noção exata de tudo o que acontece além do alcance de seus olhos. Só Deus é onisciente e sabe de tudo (Hebreus 4.13).

A comunicação eficaz é aquela em que é dito tudo o que é preciso e a mensagem é plenamente entendida por quem ouve ou lê. As generalizações provocam confusão. Elas são sempre injustas e os injustos não entrarão no céu (1 Coríntios 6.9). E sendo assim, todos precisamos evitar generalizar em todas as situações. Ao abordar problemas comportamentais, quem pratica apologia cristã precisa fixar-se no assunto em foco, sabendo que deve manter-se justo e que o objetivo da prática apologética é eliminar a prática do pecado, não é atacar pecadores (Efésios 6.12).

O apologista praticante da Palavra de Deus respeita a autoridade pastoral, contudo não se comporta como seguidor cego de líderes Y ou X. Ele segue Jesus Cristo e, eventualmente, faz uso da Bíblia Sagrada para avaliar o que os líderes cristãos fazem e dizem. Faz isso combatendo o pecado e nunca os pecadores.

O apologeta cristão não é ofensor. Um erro nunca justifica outro. Então, ao batalhar em favor da fé cristã, rejeita a utilização de práticas carnais para salvar aqueles que estão na carne (Judas 21, 23). Ele tem amor pelas almas, prega o Evangelho Puro e Simples, envolve-se em ações específicas que representem em 100% o amor, a pureza e a simplicidade cristãs. Faz isso usando as Escrituras Sagradas na oratória e na prática diária. 

Fazer apologia das verdades do Evangelho é evidenciar e também defender o uso da Palavra de Deus objetivando que ela seja conhecida e praticada fielmente pelos cristãos. No trato com a Palavra e com as pessoas, considerar que ninguém e nenhuma instituição estão acima da autoridade das Escrituras Sagradas.

A verdadeira prática apologética não tem espaço para ofensores, deboche, escarnecedores. A zombaria, o escárnio, afastam as almas de Jesus Cristo e daquilo que o ofensor defende. Ironizar é praticar ação escarnecedora e convém não se assentar com escarnecedores (Salmo 1). A dureza de palavras provoca a raiva contra quem as emite e o resultado espiritual é negativo: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” – Provérbios 15.1.

Jesus é o Sumo Pastor das ovelhas e continua a cuidar de todas elas. Confiemos  nEle e ao mesmo tempo usemos unicamente a Bíblia Sagrada para combater o pecado. É a Palavra de Deus que alimenta, sustenta, traz às almas o discernimento espiritual necessário. Salmo 119.105; Jeremias 23.29; 2 Timóteo 2.15; Hebreus 4.12.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Intimidade com Deus e a oração


Em algum lugar, determinada pessoa me disse que Jesus Cristo, enquanto esteve na Terra, era um homem de oração. E se Ele orava, é um absurdo encontrar quem se diga seguidor dEle e não sinta a necessidade de orar a Deus.

As Escrituras se encarregam em declarar:

“Orai sem cessar” – 1 Tessalonicenses 5.17.

“Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” – Hebreus 4.16.

“Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” - 1 Pedro 5.6-7.

Através da televisão, tive a oportunidade de ouvir um determinado pregador dizendo algo sobre a oração. Achei interessante e concordei.

Ele fez uma analogia entre Deus e os cristãos, um paralelo com a relação de duas pessoas. O mais abastado deles presenteia o outro com um aparelho celular, dizendo para ligar sempre que precisar. Os dias passam e o primeiro telefonema é realizado. É um pedido de empréstimo em dinheiro. O amigo rico cede sem qualquer comentário. Apenas ratifica: “Ligue sempre que precisar”. Seis meses depois, sem qualquer outro contato entre eles durante cento e oitenta dias distantes, outra vez o aparelho toca e do outro lado é o rapaz pedindo dinheiro novamente. É atendido, mas o rapaz rico começa a analisar se a pessoa é sua amiga ou se é amiga do dinheiro que ele tem.

Há quem confunda o significado de intimidade com Deus, ora muito, mas as orações são sempre pedindo benefícios pessoais. Elas raramente oram prostradas em louvor, ao agradecer as bênçãos fazem isso superficialmente, pouco se preocupam com o bem-estar do próximo. 

Você já pensou como o Senhor recebe suas orações? A intimidade com Deus se consiste em atender os desejos dEle, não é apenas querer e ser atendido em nossas solicitações.

A Bíblia explica:

“E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” – Gálatas 6.9-10. 

“Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” - Filipenses 4.6-8.

E.A.G.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Os pecados do preconceito

Rio Isère. Lyon - França.

Reflexão no livro de Jonas sobre os sentimentos que abrigamos e o que Deus espera de cada um de nós como agentes no plano divino da salvação.

Não devemos permitir que o prejulgamento nos impeça de pregar aos perdidos.

"Na verdade reconheço que Deus não fez acepção de pessoas, mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo" - Atos 10.34-35.

Em seu livro, Refúgio Secreto, Corrie Ten Boom relata como começou a viajar e a ministrar depois de sua terrível experiência num campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Um dos seus temas principais era o perdão, e a capacidade de proclamar que perdoara os nazistas dava convicção às suas apresentações. Mas um dia Corrie foi posta à prova. Um senhor se aproximou dela, e, para sua surpresa, ela o reconheceu como sendo um dos guardas do campo. Ele lhe disse que havia aceitado a Cristo, e lhe estendeu a mão. Somente após grande esforço e uma oração foi que Corrie conseguiu estender a mão e tomar a do senhor. A experiência lhe deu um vislumbre do verdadeiro significado do perdão de Deus.

O preconceito é uma feia realidade em toda a sociedade humana, e os cristãos gostam de pensar que superaram essa demonstração emocional tão carnal. Mas o preconceito pode surgir de maneiras muito sutis. O problema de não perdoar é um ângulo do preconceito.

Jonas não podia perdoar os assírios pela maneira cruel que havia tratado o seu povo. Talvez tenha ficado contente aos saber que a capital da Assíria, Nínive, estava sendo marcada para ser destruída por Deus. Quando soube que Deus queria que ele advertisse os ninivitas de sua ruína iminente, correu em direção oposta. Através de Jonas podemos ver a nossa própria necessidade de uma atitude doadora e amorosa.

O arrependimento (Jonas 3.1-10).

Nínive era uma grande cidade, metrópole importante, capital de uma grande potência mundial, com pelo menos 120 mil habitantes. E a dimensão do pecado de Nínive era maior que o seu tamanho físico.

Quando Jonas proclamou que "Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida", a reação foi esmagadora. Desde o rei até o cidadão mais humilde, Nínive se transformou de uma cidade de pecado, poder e maldade, em uma cidade de oração. Houve humilhação perante Deus, o alimento e a água foram proibidos. Em jejum, todos começaram a clamar a Deus.

O preconceito (Jonas 4.1-5).

O capítulo 4 do livro de Jonas começa assim: "Mas desgostou-se Jonas estremamente e ficou irado." Percebemos aqui que a humildade exterior desse profeta não havia atingido seu coração. Jonas preferia morrer a ver a misericórdoa de Deus demonstrada aos inimigos.

Deus é misericordioso e cheio de graça, tardio em irar-se, muito bondoso e pronto a perdoar os que se arrependem. Jonas estava disposto a aceitar essa verdade com relação aos seus próprios defeitos; mas quando a misericórdia divina começou a ser evidente entre os que ele odiava, já não podia aceitá-la e queixava-se.

É comum ao crente permitir que sentimentos semelhantes cresçam dentro de si. Tudo bem quando as pessoas boas se salvam e Deus começa a abençoá-las. Mas talvez não seja tão fácil alegrar-se quando um indivíduo mau, cujas ações causaram muita dor aos outros, busca a Cristo e experimenta a alegria do perdão de Deus.

Romanos 3.23 inclui todos os cristãos com o restante da humanidade quando diz que "todos pecaram". E, quando os crentes lêem Romanos 6.23, que "o salário do pecado é a morte" precisam ser relembrados de sua própria necessidade da misericórdia de Deus.

Deus pôde tocar os corações de uma cidade inteira de pecadores. Esteve mais do que disposto a tratar com o descontentamento de Jonas, foi ao cerne do assunto quando perguntou: "É razoável essa sua ira?" A resposta do profeta não está registrada, não sabemos se tinha esperança de que Nínive fosse destruída, mas há uma forte indicação que ele abrigava tais sentimentos. Jonas saiu fora da cidade, fez uma barraca e sentou-se para esperar "até ver o que aconteceria à cidade". Mal percebia que era ele o centro da atenção de Deus.

O amor de Deus (Jonas 4.6.11).

Três coisas se destacam nestes versículos com relação à experiencia de Jonas: uma aboboreira, um verme e um calmo vento oriental. A frase repetida "Deus mandou" deixa claro o fato de que nenhum deles apareceu por acidente. A aboboreira deu sombra à barraca de Jonas e Jonas perece não haver notado o fato de que ela havia crescido completamente da noite para o dia. Apenas "se alegrou em extremo" por receber sua sombra.

Quando o verme chegou, o gozo do profeta se dissipou rapidamente. A aboboreira desapareu tão rápido como apareceu. Para assegurar que Jonas notasse sua ausência, Deus enviou o vento oriental que não fez nada mais do que aumentar o calor do sol. Então, mais uma vez consumido por seus sentimentos negatovos, Jonas desejou acabar com tudo.

Deus queria que Jonas percebesse que as suas prioridades estavam completamente fora de ordem. A pergunta do Senhor no versículo 9 é expressa da mesma maneira que a pergunta no versículo 4, unindo com contundência os elementos comparativos, que Deus desejava que o profeta fizesse.

Jonas estava disposto a sentir "compaixão" por uma planta perecível, mas encontrava muita dificuldade em compreender a compaixão de Deus por uma cidade inteira! Deus conclamava Jonas a considerar a intregridade moral de suas ações e a abandonar rebeldia que fazia parte de sua natureza.

Quantas vezes uma atitude farisaica se interpõe entre o crente e o plano de Deus.

"É acaso razoável?" Esta é última frase que encontramos de Jonas. Talvez Deus permitisse que a crônica de Jonas terminasse assim para mostrar a maneira pela qual o preconceito pode dominar uma vida. Mas a crônica com relação a Deus se encerra com uma bela declaração de seu amor pelo perdido.

Conclusão.

A misericórdia de Deus para com Nínive se sobressai na história como um farol de esperança para o perdido em todos os lugares.

Cego por seu ódio e preconceito contra os ninivitas, Jonas havia esquecido que havia clamado por misericórdia dentro do ventre do grande peixe e obtido a resposta divina que solicitou. Ao ver a necessidade dos perdidos, o cristão precisa lembrar que houve um tempo em que ele também estava em volta do mau cheiro do pecado. Tomemos cuidado, as nossas prioridades não podem estar invertidas como estavam as de Jonas, coisas não são mais valiosas do que pessoas.

O preconceito é um pecado dos mais feios. Quando aplicamos o exemplo de Jonas à igreja, percebemos o quanto Satanás usa o preconceito para impedir o progresso do plano divino da salvação. As palavras de Jesus em João 13.35 não deixam margem para o preconceito. Através da prática do amor os homens demonstram se são ou não discípulos de Cristo.

O amor de Cristo precisa ser expressado em atos genuínos em nossas vidas. Tire um tempo para examinar a sua própria vida à luz do exemplo de Jonas. Precisamos nos examinar perguntando: "Quem eu creio no meu íntimo que não é bom o suficiente para ser salvo?" E passar a orar por elas e tomar medidas corretas para sejam alcançadas com mensagens do amor de Deus.

E.A.G.

Fonte: O Mestre. Páginas 36-38, Março - Agosto de 2004 (Editora Vida). Uso adaptado ao blog.