Durante a noite, uma das bênçãos que Deus me deu, com doze anos de idade, aproximou-se de mim e da minha esposa e disse que há uma semana os cinemas exibem
Detona Ralph – longa metragem de animação produzido pela Disney em 3D - um filme que eu nem sabia que existia. É período de férias para a criançada brasileira, então após rápido diálogo com a esposa tratei de informar a criança que levaríamos ela para assistir na tarde do dia seguinte o filme que desejava ver. Efusiva manifestação de alegria infantil na sala de estar! Pedimos que telefonasse para uma companhia da sua faixa etária e convidasse para ir junto. Ela ligou e convidou-a, em seguida minha esposa conversou com a mãe da garotinha convidada. Tudo combinado entre os adultos. Outra festa, agora em casa e na casa do outro lado da linha telefônica!
No dia seguinte, após publicar um artigo aqui no Belverede pela manhã, desliguei o computador, beijei a esposa com um “até logo” e fui buscar pães na padaria próxima de casa. Uma pequena caminhada de uns 150 metros. Antes do estabelecimento comercial precisava passar no banco e sacar dinheiro para o passeio e para cumprir obrigações mais importantes. A agência bancária está no mesmo quarteirão em que resido.
Os dias atuais tem sido maus, como o apóstolo Paulo descreveu muito bem em 2 Timóteo 3.1-5. É preciso vigiar e orar para livrar-se dos males, conforme ensinou Jesus em Mateus 6.13.
Pisei na calçada do banco por volta das 9h30. Meus olhos correram 360 graus sem ostentação de exame em derredor:
1 - Não havia polícia e nem segurança presentes;
2- No lado externo, bem perto da porta do banco haviam algumas senhoras, com aproximadamente 65 anos, conversando, acompanhadas de uma garotinha;
3 - Dentro do banco, no salão dos caixas eletrônicos, dois clientes operavam as máquinas, um senhor com cerca de 40 anos e uma jovem aparentando uns 25; e diversas máquinas livres para uso;
4- Suspeição! Uma pessoa usando roupa de motoqueiro (macacão preto para tempos de chuva - mas o tempo não era chuvoso), capacete na cabeça levantado até a testa (era possível ver o rosto de pele branca), estava parado com seu corpo encostado na mesa posta aos clientes segurando alguns papéis no tamanho sulfite A4. Fiquei alerta quanto a ele.
Em movimentos rápidos, saquei meu cartão e o introduzi na máquina, digitei operação de saque, pus a mão para exame biométrico, digitei o valor pretendido e a senha. Fiquei entre o monitor e aquela pessoa suspeita, impedindo que visualizasse minha transação. Ao retirar o dinheiro, contei-o rapidamente e o coloquei na carteira. Ao me virar percebi ela estava bem próxima de mim. Com ar sereno olhei nos olhos dela por cinco segundos, ela desviou seu olhar e voltou para a mesa central com a vista nos papéis.
Não senti medo algum. Sabia que era preciso fazer algo que surpreendesse aquela pessoa incógnita. Pensei rapidamente sobre o melhor modo de agir naquele instante, pois sei de casos de gentes que foram assaltadas saindo daquele mesmo lugar e me sentia como a próxima vítima. Saí do banco em passos largos e sem dar a entender que queria estar o mais longe dali o mais depressa possível. Atravessei a rua com o sinal aberto aos automóveis e fora da faixa de pedestres – havia grande movimentação de carros naquela hora.
Minha deslocação fora do convencional fez com que em poucos segundos estivesse caminhando no sentido contrário ao fluxo dos veículos. Assim do outro lado da rua, eu me mantinha em situação que dificultava a aproximação de quem estivesse sobre um motor.
Andando rápido, olhei na direção da agência bancária e o sujeito suspeito estava no lado externo do banco, estático, com o capacete na mão direita. Continuei com passos rápidos e voltei a olhar, ele subia numa Yamaha XT 250. Entrei na padaria e olhei outra vez para trás e não mais o vi. Aquele estabelecimento não era o endereço que pensava em ir, mas me senti bem ao rodar a roleta de clientes, pegar a comanda de compras e estar dentro do recinto.
Me dirigi ao balcão, a jovem funcionária saudou com um frio “bom dia”. Pedi oito pãezinhos franceses, ela os ensacou e eu peguei o pacote. “O que mais?” - , perguntou ela. Um croissante e dois sonhos. Assim que ela viu o embrulho na minha mão foi ríspida dizendo que ainda não havia feito a pesagem.
Gosto do estabelecimento, gosto mesmo! Mas, me senti muito mal atendido pela funcionária que servia os pães. Puxa vida... Se ela acordou de uma noite mal dormida ou nem dormiu, o problema não deve ser "regurgitado" nos clientes! Pensei em reclamar com o gerente naquela hora, mas não fiz. Entreguei a comanda, ela digitou o código das minhas compras, fui ao caixa, paguei e voltei para casa. Ainda estava alerta quanto ao motoqueiro, que não avistei mais.
Em casa, tomei meu café com a esposa. Não falei das desventuras daquela manhã, pois queria que o dia fosse só de alegria para minha família. Depois do café assistimos três episódios de um seriado na televisão, enquanto minha esposa ia e vinha para perto do televisor, pois se aprontava para sair e malhar na academia. Antes dela sair, acordou a nossa criança para que fosse comigo buscar a criança que lhe faria companhia na sessão de cinema.
Enquanto a mulher estava malhando, buscamos a outra criança e passamos na academia e os quatro retornamos juntos para casa.
Escolhemos a sala de cinema do Shopping Center Lapa, região oeste de São Paulo. Detona Ralph é um filme engraçadinho. Acho que não terá bom êxito de bilheteria, mas preencheu o dia de férias das crianças. Dali, um giro pelo shopping, na lanchonete alguns hambúrgueres com refrigerantes e milk shake, uma atração de cinco minutos numa saleta que prometia algo em 5D (tela 3D interagindo com movimentos de poltronas afixadas em piso móvel e jatos pulverizadores de gotículas de água de cheiros). Uma loja, três peças de roupas novas. Volta ao lar doce lar, sãos e salvos, por volta de 17 horas.
Fui descansar em minha sesta da tarde. A esposa levou as crianças à igreja e depois a nossa pequena e ilustre convidada de passeio foi pega na porta da igreja por seus pais.
“Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos”. – Filipenses 4.4.
Obrigado, Senhor, por viver dias bons!
E.A.G.