Pesquise sua procura

Arquivo | 14 anos de postagens

Mostrando postagens com marcador Livro de Amós. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Livro de Amós. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Os personagens Amós e Amoz na Bíblia



Recebi a seguinte solicitação no dia 18 passado, na postagem No ano em que morreu o rei Uzias. Qual o parentesco de Usias e Isaías?:
"Algumas pessoas dizem que Amós e Amoz não eram a mesma pessoa. Mas o que eu vejo é que, se foram pessoas diferentes, eles viveram em Judá no mesmo época,sendo que quando lemos no livro de Isaías encontramos Amós com letra "Z" e no livro do profeta Amós com "S" no final. (...) Algumas pessoas dizem que Amoz tinha parentesco com Uzias. O que está me parecendo que Amoz e Amós são as mesmas pessoas, não tenho certeza. Alguém pode me ajudar?
Paulo Sergio Gonçalves, 18 de agosto de 2017, 23h21.
A resposta:

"Realmente, existem duas pessoas que, na grafia da Língua Portuguesa seus nomes são parecidos, os tradutores da Bíblia convencionam fazer a diferenciação entre eles pelas consoantes S e Z: Amós e Amoz. Porém, em hebraico existe uma diferença mais acentuada. 

1. Amós (significa Condutor de Carga; Carga Pesada; Fardo Levantado).

Profeta da tribo de Judá, sua missão dirigia-se às dez tribos do reino do norte; era pastor e lavrador (Amós 7.10-17). Autor do livro que se intitula pelo seu nome e se encontra na coleção Os Doze Profetas Menores. Ele profetizou nos reinados de Uzias, rei de Judá, e de Jeroboão II, rei de Israel, que reinaram paralelamente por 36 anos. 

É interessante o relato encontrado em seu livro no capítulo 7.10-13, quando o Senhor ordena que deixe Samaria e retorne à Judá, neste trecho parece que Deus põe fim ao seu ministério profético para aquela geração e ele passa a escrever o livro, com vista às gerações futuras. Seu livro é citado duas vezes no Novo Testamento, por Estevão (Atos 7.42-43) e por Tiago (Atos 15.16-18). 

2. Amoz (significa Forte ou Firme), o pai do profeta Isaías (Isaías 1.1; 2 Reis 19.2). Existe pouca informação sobre ele na Bíblia, apenas o detalhe sobre a paternidade. 

Abraço."

E.A.G.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Amós 5.4 e o auxílio do alto

O capítulo 5 do livro de Amós nos ensina que o socorro eficaz é realizado por Deus. Se não houver auxílio do alto amparando a ajuda humana, por mais bem intencionadas que sejam as intenções de amigos e desconhecidas almas caridosas, elas não alcançarão todos os objetivos aos quais se destinam. 

Lembre-se da virada de cativeiro na vida de Jó. Após todas as aflições que viveu, após orar por seus parentes e amigos, foi Deus quem usou seus amigos e parentes para lhe socorrer, fazendo com que ele voltasse a ser uma pessoa duas vezes mais feliz do que era no início da narrativa do livro (Jó 42.10-12).

E.A.G.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Amós e os direitos civis

Encontramos no livro de Amós abordagens de questões importantes para a vida social, que nos mostra quem anda com Deus e quem anda distante do Senhor (Amós 3.3):

•  juízes corruptos

2.6: "Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Israel, e por quatro, não retirarei o castigo, porque vendem o justo por dinheiro, e o necessitado por um par de sapatos".

Amós esclarece que Deus confrorntará duramente os juízes que não dignificam a indumentária oficial que usam. A toga é símbolo da autoridade judiciária e é lastimável ver homens que deveriam ser o último respaldo do povo usá-la com seus corações corrompidos.

• corrupção ativa e passiva

3.10: "Porque não sabem fazer o que é reto, diz o Senhor, aqueles que entesouram nos seus palácios a violência e a destruição."

A corrupção ativa é caracterizada quando o servidor exige dinheiro ou  qualquer tipo de vantagem em troca de omissão ou ato; a corrupção passiva é caracterizada quando o servidor aceita oferta em dinheiro ou vantagem para praticar ação ou omissão.

Não é lícito ao agente público morar em belas residências às custas do crime de suborno, viver estilo de vida luxuosa cuja origem do dinheiro é o suborno e a violência.

• governos injustos, impostos e multas absurdas

5.11-12: "Portanto, visto que pisais o pobre e dele exigis um tributo de trigo, edificastes casas de pedras lavradas, mas nelas não habitareis; vinhas desejáveis plantastes, mas não bebereis do seu vinho."

Infelizmente, o Brasil é um dos países que mais aplica impostos altos e não dá o devido retorno do dinheiro cobrado.

Deus recrimina governantes gananciosos que estabelecem impostos e multas altas para obtenção de seus interesses pessoais. É crime contra a administração pública praticar o excesso de exação, isto é, multar indevidamente e exigir impostos a mais do necessário.

Da mesma forma, é ato criminoso aceitar "gorjetas desonestas". 

• o direito do cidadão

8.5: "Dizendo: Quando passará a lua nova, para vendermos o grão, e o sábado, para abrirmos os celeiros de trigo, diminuindo o efa, e aumentando o siclo, e procedendo dolosamente com balanças enganosas." 

A Palavra de Deus, através de Amós, cobra a prática da honestidade por parte do comerciante, exige que ele respeite o consumidor, assegura ao comprador que adquira o produto no peso correto, vedando o uso de balança.

E.A.G.

Consulta: O Direito na Bíblia, Regis Fernandes de Oliveira, edição 2008, São Paulo (Copbem Gráfica e Editora Ltda)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

CPAD - EDB 2012 - 4º trimestre - Amós e a justiça social como parte da adoração a Deus

Quem foi Amós?

O nome Amós significa carga ou carregador.

Amós era um simples camponês de Judá, homem rústico originário de Tecoa, região situada, aproximadamente, a 17 quilômetros ao sul de Jerusalém. Era boiadeiro e cultivava sicômoros, isto é, figos silvestres (7.14). Deixou o campo para profetizar ao norte de Betel, no centro religioso, focando as dez tribos do norte.

Num cenário religioso e social de total descaso com as coisas de Deus, Amós exerceu seu ministério durante os reinados de Uzias, rei de Judá e de Jeroboão II, filho de Joás, rei de Israel. De acordo com a tradição judaico-cristã, esse rei obteve muitas vitórias contra seus vizinhos hostis, e com isso obteve o controle das rotas comerciais que levavam à Samaria. O profeta viveu dias de grande prosperidade no Reino do Norte. Majestosos prédios estavam erguidos, os ricos moravam em residências espaçosas e próximas aos centros litúrgicos populares.

Pela perspectiva humana, Amós não era a pessoa melhor indicava para falar a classe dominante e sofisticada de Israel. Não estudou na escola de profetas; era um "leigo na igreja"; não era acostumado com os trabalhos da liderança e nem de administração dos sacrifícios e leis cerimoniais descritos no Pentateuco.

Amós foi contemporâneo dos profetas Oseias, Jonas e Miqueias. Suas profecias anunciaram a queda do Reino do Norte, por este motivo os sacerdotes o acusaram de traidor e o expulsaram de Israel.

A missão de Amós

O discurso de Amós não era sofisticado, porém era um ataque consistente às instituições de Israel, um confronto aos descasos que assolavam os fundamentos sociais, morais e espirituais da nação.

Em sua linguagem pouco ortodoxa chamou as mulheres da cidade de "vacas de Basã" (4.1). Elas viviam em luxo extremo, pensavam apenas em seu prazer e não nos oprimidos dos quais seu bem-estar dependiam. De maneira muito clara Amós anunciou o castigo divino que receberiam. O cruel exército assírio, que mais tarde capturou Israel e o levou para o exílio, construiu monumentos que mostravam seus prisioneiros sendo arrastados com ganchos em suas bocas.

Na geração de Amós, havia baixa condição moral e espiritual, o povo oferecia o seu culto a Jeová e ao mesmo tempo sujava as mãos praticando injustiças e participando de cultos a deuses estranhos. Todo o sistema político, religioso, social e jurídico estava corrompido. A iniquidade era praticada através do uso do luxo extravagante, prostituição cultual e idolatria. O profeta combateu esse quadro deteriorado, sua mensagem era contra a idolatria, denunciou as injustiças sociais, condenou a violência, profetizou o castigo para os pecadores contumazes, a cobrança indevida de taxas e a malversação dos impostos no culto aos falsos deuses.

Amós alertou sobre o esquecimento da prática da lei do penhor (Êxodo 22.26-27; Deuteronômio 24.6-17). Sofreu enorme oposição do sacerdote Amazias, que era alinhado politicamente ao rei Jeroboão II (7.10-16). Foi contra as injustiças sociais e contra toda sorte de desonestidade que pervertia o direito das viúvas, dos órfãos e dos necessitados. Também falou sobre o futuro glorioso de Israel. (2.6-8; 5.10-12; 8.4-6).

O livro de Amós

O estilo literário de Amós é simples e pitoresco, possui muitas metáforas chocantes:
a - A fadiga da misericórdia de Deus para com os pecadores contumazes é comparada a um carro sobrecarregado (2.13);
b - A pressão do dever do profeta é comparado ao rugir do leão (3.8);
c - O escape difícil do remanescente de Israel é comparado ao pastor que tira uma ovelha mutilada da boca do leão (3.12);
d - A escassez da Palavra de Deus é comparada a um homem no mundo natural (8.11-12).

O livro de Amós pode ser dividido em duas partes: os oráculos provenientes pela palavra (1-6) e pelas visões (7-9). Aborda a relação das nações com Israel e seu Deus. Esclarece que a soberania do Senhor não está limitada aos judeus, mas se estende aos gentios. Diz que o Criador controla a história e o destino das nações (Amós 9.7).

A mensagem profética do ministério de Amós nos ensina que praticar a justiça social faz parte da adoração a Deus. Sua mensagem é atual e abrangente, aborda a vida social, política e religiosa do povo de Deus. É conhecido como o livro da justiça de Deus e mostra aos religiosos a necessidade de se incluir na adoração dois elementos importantes e há muito esquecidos: justiça e retidão.

O livro de Amós é citado no Novo Testamento. Compare Amós 5.25-26 com Atos 7.42-42; e, Amós 9.11-12 com Atos 15.16-18.

A verdadeira adoração

Os israelitas fizeram pouco caso daquilo que a própria Lei de Moisés ordenava. Em lugar de ser um exemplo para as nações, os pecados de Israel excedeu aos dos gentios. Amós deixou claro que o Reino do Norte, ainda que orgulhoso de sua história e recentes sucessos, era ofensivo ao Senhor. Por isso Deus ficou irado com o seu povo. O descaso com as coisas de Deus produz consequências sérias

A prostituição era parte integrante de cultos pagãos, os israelitas afastavam-se de Deus entregando seus corpos à devassidão religiosa. "Um homem e seu pai coabitavam com a mesma jovem e, assim, profanam o meu santo nome" - Amós 2.7 (ARA).

Amós denuncia a adoração sem conversão, o arrependimento sem sinceridade. Aborda a questão de estar envolvido em liturgias bonitas, rituais externos e cerimônias formais sem comprometimento com a vontade de Deus.

Os israelitas ofereciam sacrifícios de manjares e ofertas pacíficas, entoavam cânticos, mas não eram verdadeiramente convertidos ao Senhor. A genuína adoração a Deus é interna, é possuir devoção reverente, honrar ao Senhor de maneira individual e pública, ter o espírito quebrantado e o coração contrito (Salmo 51.17).

Vivemos num tempo de corrupção na política e grandes injustiças sociais. Pessoas sem temor de Deus e amor ao próximo buscam intensamente os seus próprios interesses. É nossa responsabilidade pessoal lutar por uma sociedade mais justa. Tal senso de justiça expressa o pensamento da lei e dos profetas e é parte do grande mandamento da fé cristã (Mateus 22.35-40).

Conclusão

O livro de Amós nos mostra que Deus usa quem Ele quer, que às vezes faz uso de pessoas que estão fora dos padrões convencionados como aceitáveis, gente sem nenhum compromisso com as regras cerimoniais que regem a religião formal.

Um dos pilares da verdadeira religião é a preocupação e ação de auxílio para com os "orfãos e as viúvas" (Tiago 1.27).

E.A.G.

_________

Compilações:

Bíblia de Referência Thompson, edição 2007 (Editora Vida);
Lições Bíblicas, 4º trimestre 2012, Os Doze Profetas Menores - Mestre, Esequias Soares (CPAD);
Conciso Dicionário Bíblico Ilustrado - S. L. Wathson e D. Ana, apêndide da Bíblia Sagrada, edição 1982 (JUERP/ Imprensa Bíblica Brasileira);
Ensinador Cristão, ano 13, nº 52 (CPAD);
Os Doze Profetas Menores, 1ª edição, 2012, Alexandre Coelho e Silas Daniel (CPAD).