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terça-feira, 12 de abril de 2022

Correios - entre lucro e prejuízo consta na lista das privatizações

Correios: empresa está na lista de desestatização, é a maior da América Latina e sofre com concorrência de transportadoras gigantes. 


No mês passado, buscando um lugar para almoçar com a esposa e uma filha, paramos na praça de alimentação do Shopping Center Lapa. Ele foi inaugurado em novembro de 1968, e na década de 80 vivi parte da minha juventude em suas dependências. 

É um dos prédios mais antigos da região, é um espaço comercial que está entre os primeiros a surgir na zona oeste da Capital paulista. O relógio instalado no pináculo da fachada impunha algo como magnificência, era uma espécie de referencial nobre no bairro, agregava uma aura de modernidade, mas hoje outras edificações superaram sua arquitetura em beleza e tamanho. Entre suas lojas chiques, havia uma dala de cinema, uma faculdade e uma agência da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Nesta recente passagem por este shopping, fui surpreendido ao ver que o cinema está fora de funcionamento - possivelmente por conta da crise da pandemia - e a unidade da estatal brasileira Correios também fechou suas portas. 

Criado em 1663, os Correios além de levar e trazer cartas, sua missão era e ainda é prestar apoio ao governo executando distribuição de vacinas, remédios, livros didáticos para as escolas, provas do Exame Nacional do Ensino Médio [ENEM] e realizar serviços bancários. Contudo, notamos 

Tal parada de atividade da unidade que ali funcionava é sinal do progresso tecnológico. É melancólico ter o fim daquela agência. Eu me deparei pela primeira vez com a internet naquela agência. Por meses, ficou disponibilizado um computador sobre um totem e havia fila para manipular o "bicho estranho", já que o preço de um computador naquela época era altíssimo e apenas aqueles que possuíam poder aquisitivo privilegiado tinham condições de comprá-lo. 

Será que alguém previu que aquele "bicho" tentaria engolir a estatal, que antigamente era vista como uma das mais eficientes empresas do Brasil? Talvez, sim. Porém, um prognóstico difícil de ser feito pois a internet era discada, usá-la exigia muita paciência e tempo porque tudo era muito lento e estressante, a conexão era interrompida constantemente. Assim, naquela época, para o bem do equilíbrio mental de todos os usuários era preferível escrever uma carta do que pensar em digitar um e-mail.

Hoje, o Brasil disponibiliza a quinta geração de internet. O sistema 5G torna a comunicação digital ultra rápida aos brasileiros. Então, a situação é irônica quando nos lembramos que o termo "correios" tem origem no Latim, a palavra "currere", que identifica o mensageiro responsável por entregar correspondências, e se desloca com muita rapidez para desempenhar essa função.  

Depois  que surgiu o e-mail e houve a popularização de aparelhos celulares capazes de manter conexão com redes sociais, a estatal brasileira de correspondência despencou ao limbo do esquecimento. Mas jamais será esquecida completamente. O motivo é óbvio, sempre precisaremos do elemento humano para realizar o serviço de envio de malotes com peso baixo, médio e alto. O que se sabe é que o costume de postar cartas terminou na vida de muita gente. Comprar o selo, escrever e envelopar uma mensagem, fechar o envelope com cola e depositar o envelope naquela caixa destinada a elas, virou passado. A mudança ocorre em escala global. Foi-se, para nunca mais voltar, o tempo daquelas trocas de cartas escritas manualmente quase não existe mais. Restou nas gavetas de corações nostálgicos alguns envelopes e folhas amareladas.

Os fatores melhor prazo nas entregas, preço atrativo, abrangência logística e segurança da carga farão com que os Correios continuem vivos entre nós. E também o fato de trabalhar em outras duas frentes, além do serviço postal está ativo como Banco Postal e Telefonia Móvel. 

Sobre os fretes, nos últimos anos o serviço dos Correios encontram concorrência crescente, a disputa com diversas transportadoras alcança nível nacional. A realização de greve feitas pelos seus funcionários em décadas passadas impactava o país e isso mudou; as mais recentes paralizações não produziram abalos na rotina da sociedade devido a prestação de serviço da concorrência. 

Os Correios estão incluídos entre as empresas públicas que deverão ser privatizadas. 

E.A.G.

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