Martinho Lutero recebeu o trivium que era composto de gramática, retórica e dialeto. Ele também foi educado no quadrivium que era composto de aritmética, geometria, astronomia e música. Em seus dias, todo o sistema educacional era fundamentado em pressupostos que formavam as bases da aprendizagem. O objetivo era sempre encontrar a verdade e compartilhá-la, mas sem entrar em conflito com outras verdades que já haviam sido descobertas. Em outras palavras, tempo e lugar não faziam diferença. A verdade seria verdade em qualquer tempo e em qualquer lugar. Lutero e seus contemporâneos tiveram que aprender a arte do debate e, quando encontraram contradições em suas conjecturas usavam a lógica de Aristóteles para explicar as diferenças. Martinho Lutero foi ensinado através de um sistema de artes liberais que, sem dúvida, é a melhor maneira de se preparar um aluno para a vida.
Como monge, Lutero se envolveu bastante com os rituais de sua religião: autoflagelação, jejum, longas horas de oração e peregrinações. Ao invés de ajudar, esses rituais trouxeram dor emocional e incertezas à mente de Lutero. Ele duvidou da sua fé apesar de todos os esforços para ser aceito diante de Deus. Em 31 de outubro de 1517, ele postou as 95 teses na porta da catedral em Wittenberg apontando as heresias da Igreja Católica, inaugurando assim a Reforma Protestante.
Martinho Lutero foi um grande educador religioso e intelectual. Ele aprendeu que a verdade é absoluta e inegociável. Através de muito estudo das Escrituras, ele viu a verdade da graça de Deus e confrontou as heresias da Igreja Católica sobre a doutrina da salvação pelas obras. Ele sofreu por muitos anos com dúvidas e dor emocional porque ele próprio não conseguia encontrar perdão em jejum, pagando penitência ou fazendo confissões de pecados. Lutero não titubeou sobre esta verdade. Além das 95 teses, ele também traduziu a Bíblia a partir do manuscrito Textus Receptus para o idioma popular do povo alemão. Esta tradução da Bíblia foi uma notável obra de arte. A versão da Bíblia de Lutero ajudou a moldar a linguagem da Alemanha, um dos países mais importantes do mundo de hoje. Como educador intelectual, ele aprovou o Textus Receptus, como fez o seu colega inglês William Tindale.
Outra importante contribuição de Lutero para o cristianismo foi a sua filosofia sobre a verdade, principalmente aquelas encontradas na Palavra de Deus. O sistema educacional dos dias atuais, como ensina o relativismo, e o construtivismo, todos podem ter razão aos seus próprios olhos. Lutero preferiu ser exilado a negar a verdade absoluta da Bíblia. Através das 95 teses ele queria convencer o Papa sobre os erros doutrinários da igreja e modificá-la de dentro para fora, pois desde a tenra idade, ele foi treinado para executar habilidades de raciocínio elevado que o tornou ciente das heresias proclamadas pelo poder político e religioso de seu tempo. Ele também traduziu a Bíblia para que fosse facilmente entendida pelo homem comum, nos mostrando que as versões da Bíblia devem levar em consideração as mudanças e a dinâmica de um dialeto.
Infelizmente, assim como os fariseus e outros colegas protestantes de seu tempo, Lutero, às vezes, aplicava a letra da lei sem levar em consideração o espírito da lei. Por exemplo, os seus ensinamentos contra o povo judeu pavimentou o caminho para o antissemitismo encontrado na Alemanha de Adolf Hitler no início dos anos 1900.
Publicado originalmente em Jornal de Apoio, edição 272, janeiro de 2016. Autoria: Rômulo Ribeiro
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