Jeremias 7.1-8: não confie em mensagens enganosas

Corajosamente, em determinada ocasião o profeta Jeremias entrega uma dura mensagem de Deus ao público do Templo em Jerusalém. O sermão, que encontramos no livro que carrega seu nome, não tem data definida, pode ter sido pronunciado durante o reinado de Joaquim (609 - 598 a.C.). Há passagem correlata: Jeremias 26.1-24.

Palavra que foi dita a Jeremias da parte do Senhor:

 — Fique junto à porta da Casa do Senhor e proclame ali esta palavra: “Escutem a palavra do Senhor, todos de Judá, vocês que entram por estas portas, para adorar o Senhor. Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Corrijam a sua conduta e as suas ações, e eu os farei habitar neste lugar. Não confiem em palavras falsas, dizendo: ‘Templo do Senhor! Templo do Senhor! Este é o templo do Senhor!’”

 — Mas, se de fato emendarem os seus caminhos e as suas ações, se de fato praticarem a justiça, cada um com o seu próximo; se não oprimirem o estrangeiro, o órfão e a viúva, nem derramarem sangue inocente neste lugar, nem seguirem outros deuses para o próprio mal de vocês, eu os farei habitar neste lugar, na terra que dei aos pais de vocês, desde os tempos antigos e para sempre.

 — Eis que vocês confiam em palavras falsas, que não servem para nada.

 Jeremias 7.1-8 [Nova Tradução Almeida - NAA].

No versículo 4, temos a seguinte frase: "este é o Templo do Senhor! Templo do Senhor! Templo do Senhor!" Por quê? O profeta anunciou que o julgamento de Deus estava chegando sobre o povo de Judá por causa da infidelidade que cometiam contra Deus. A frase, repetindo três vezes "templo do Senhor" indica o pensamento equivocado de que sendo o templo a representação da presença de Deus entre eles, então Deus estaria aprovando o estilo de vida que estavam vivendo. 

As afirmações derivadas de um mal-entendido das Escrituras, ou proferidas intencionalmente por falsos profetas, são altamente nocivas. Por conta das palavras falsas, aparentemente os israelitas acreditavam que o templo nunca seria destruído e pensavam que jurar pelo templo manteria todos a salvo. Eles não compreendiam que todas as suas práticas de cerimônias religiosas se consistiam em religiosidade que não agradava a Jeová, porque o Senhor sabia que na rotina de suas vidas eles desprezavam o estrangeiro, os órfãos e a viúvas e praticavam a idolatria.

A palavra "estrangeiro" é traduzida neste texto do vocábulo hebraico "ger", que em outros textos bíblicos é vertido como "peregrino. Trata-se de gente de outra nacionalidade, que longe de sua pátria passam por diversos tipos de dificuldades e necessitam de atenção redobrada para superarem seus problemas e alcançarem boa qualidade de vida. Muitas vezes o peregrino encontra-se em situação de refugiado, a satisfação de retornar para o seu lar é uma perspectiva que não existe. Assim sendo, deveriam ser bem recepcionados para não precisarem mais peregrinar em busca de uma moradia.

Pelos mesmos motivos, Jeremias traz à lembrança o órfão e a viúva: a falta de proteção social. A criança carente, quer através da morte, abandono ou atos irresponsáveis, e a mulher desamparada, seja através da morte ou descumprimento do compromisso matrimonial, sempre necessitarão de cuidados especiais (Deuteronômio 16.11,14; 24.19-21). Embora o Brasil ofereça algumas garantias para pessoas nessas condições, mesmo assim o cristão tem oportunidade de exercer o seu amor aos que passam por tais adversidades.

Deus, no Pentateuco e nos Profetas, ordena não apenas o cuidado com o peregrino, o órfão e a viúva. Recomenda veementemente a Israel que não se esqueça de sua identidade como "forasteiro em si". O povo de Judá se conformava em apenas cumprir os rituais judaicos enquanto quebrava os mandamentos de Deus (Jeremias 7.1 a 8.3), rejeitava a pratica das ordenanças contidas nas Escrituras Sagradas (8.4-17), vivia enganosamente (8.18 a 9.9), afligia o profeta (9.10-26), e se envolvia com práticas de idolatria (10.17-25). Por estes motivos, o Senhor permitiu que fossem ao exílio. 

Meras observâncias externas não impressionam a Deus (Jeremias 7.8-11). É preciso examinar-se internamente para não viver a religiosidade apenas dentro do conforto do templo. Ao dizer sim a Cristo, você o tem em seu coração e deve considerá-lo como o seu Senhor, e voluntariamente passar a viver em concordância com sua vontade. Embora seja correto ao crente procurar o templo para sua adoração a Deus, o seu padrão de comportamento deve estar corrigido, tudo o que foi vivido para satisfazer a velha natureza pecaminosa antes de receber a Cristo como Salvador, não deve mais ser praticado. Essa mudança é necessária para que possa morar no Céu (Salmos 15.1-7).

O Céu e Inferno existem e são eternos como eterna é a nossa alma. Escolha a bênção, recuse a maldição. O Senhor requer de cada cristão seja um bom evangelista, queira divulgar e ensinar o Evangelho. E também, dentro de nossas possibilidades, que socorramos os necessitados. Agindo assim, não apenas sendo alguém que participa da liturgia de cultos, teremos como recompensa um lugar nas Moradas Celestiais.

E.A.G.

Consultas:

Bíblia de Estudo NAA. Página 1286. Impressão 2020. Barueri - SP (Sociedade Bíblica do Brasil - SBB).

JK Doyle - Do not trust these deceptive words…Acesso em 17 de novembro de 2021. https://www.jkdoyle.com/do-not-trust-these-deceptive-words/