Pesquise sua procura

Arquivo | 14 anos de postagens

sábado, 27 de dezembro de 2014

O tempo da profecia de Daniel

Por Eliseu Antonio Gomes

Aos leitores de Belverede, professores e alunos de Lições Bíblicas, a todos aqueles que amam a Deus, é necessário declarar que chegamos até aqui com a mente aberta ao fato de que em relação às questões proféticas existem "opiniões diferentes" e tudo que conhecemos é "em parte".

Por este motivo,  a Bíblia nos orienta:

"Cada um tenha a sua opinião muito bem definida em sua mente..." - Romanos 14.5.

"... nada julgueis antes do tempo" - 1 Coríntios 4.5.

O capítulo 12 de Daniel apresenta dois mundos: o material, ao abordar a libertação de Israel, e o espiritual, ao mostrar a atuação dos anjos.

Em Daniel 12.1, lemos "naquele tempo", anunciando a ajuda de Miguel (já citado em 10.13,21). A expressão se refere ao período da Grande Tribulação, se aplica ao começo e o término do conflito mencionado no capítulo anterior. Embora a função do anjo seja proteger, a profecia anuncia que ele não livraria o povo de Deus de ter que suportar o sofrimento, apenas que ele os livraria em meio ao sofrimento (Marcos 13.9; Apocalipse 12.7).

O esclarecimento de Daniel 12.2. O texto refere-se em primeiro plano à guerra entre Antioco Epifânio e os judeus macabeus, mas também estende-se ao fim dos tempos, quando o Anticristo travará guerra com os judeus no período da Grande Tribulação. Nestes dois momentos da História, a perseguição é de maior desconforto aos indecisos, faz com que eles se posicionem, é momento quando são obrigados a entrarem claramente em acordo com o regime pagão/anticristão ou provem que são realmente fiéis à aliança com Deus.

A ressurreição dos mortos. Uma das maiores dificuldades dos discípulos de Jesus foi a de entender que o Reino de Deus não era deste mundo. Não por acaso, quando Jesus partiu para ser crucificado seus discípulos o abandonaram. Eles não suportaram a decepção de ver o representante "do reino de Israel" morrer sem estabelecê-lo na Terra. Os discípulos só compreenderam a mensagem de Jesus depois de caminhar três anos com Ele e após sua ressurreição.

O segundo versículo do capítulo 12 de Daniel é a revelação mais clara da doutrina da ressurreição dos mortos no Antigo Testamento: "E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno". O texto descreve o resultado final da luta tanto de piedosos quanto de ímpios, que serão mortos, ficando entre os que dormem no pó da terra (Gênesis 3.19; Salmo 22.29). A razão do profeta usar o verbo "dormir" em lugar de "morrer" é para nos aproximar da ideia da ressurreição daqueles que deixaram de existir na esfera física. A palavra "muitos" no hebraico (habbîm) não é um paralelo com o sentido no idioma português, tende a significar "todos", como em Deuteronômio 7.1; Isaías 2.2. Esta citação nos lembra que é Cristo que trouxe à luz a vida e a incorrupção (2 Timóteo 1.10). 

As Escrituras Sagradas afirmam que os justos e os injustos que foram mortos serão ressuscitados para estar diante do Senhor.  Muitos crentes têm dificuldade de entender a ideia da ressurreição do corpo no Antigo Testamento (Confira em: Jó 19.25-27; Daniel 12.1-3). Apesar disso, a Bíblia confirma a realidade da ressurreição tanto no Antigo quanto no Novo Testamento (ver: Mateus 22.23-32; João 6.39, 40, 44, 54; Atos 17.18; 24.15; 1 Coríntios 15.17, 22; 2 Timóteo 2.18).

A doutrina da ressurreição de Jesus e do corpo é o fundamento da fé cristã e da esperança da Igreja. A ressurreição de Cristo dentre os mortos confirma e renova a nossa esperança que Ele voltará.

Daniel 12.3: "os sábios resplandecerão como o fulgor do firmamento". Não há razão para restringir o termo "sábio" aos heróis martirizados na guerra macabéia (11.35). O termo sábio (maskilîm) tem a mesma raiz do verbo "entender". O entendimento é dado por Deus e deve ser passado adiante a outros, os cristãos devem dar cuidadosa atenção às Escrituras Sagradas, no discurso e na prática, pois Bíblia contém a sabedoria de Deus (Daniel 9.22; 11.33).

Daniel 12.4: "fecha essas palavras e sela este livro". Encerrar implica em guardar a salvo até o tempo em que o conteúdo for necessário. Selar tem os sentidos de autenticar e preservar intacto. No caso de uma tabuinha, deveria ser colocada dentro de uma espécie de "envelope" de barro selado no qual era sumariado o seu conteúdo, na hipótese de falsificação a cobertura de barro poderia ser quebrada para uma verificação (Jeremias 32.11, 14). No caso de rolos de papiro. selar então implicava em fazer cópias, deixando apenas uma aberta e as outras guardadas do conhecimento geral, tal qual fez Isaías ao guardar o seu ensino dentro do círculo de seus discípulos (Isaías 8.16).

Não se pretende dizer que a selagem do livro de Daniel fosse literal, pois não há informação que a profecia de Isaías tenha sido guardada em segredo no sentido dela ter sido escondida, em proibição de lê-la, e nem que os últimos quatro capítulos de Daniel fossem tratados de modo diferente do restante do livro.

A multiplicação da ciência refere-se ao aumento sobre o conteúdo expresso da profecia de Daniel, não tendo relação alguma com o avanço da ciência formal. Deus revelou seu propósito aos profetas, porém, estes não deveriam colocar a revelação pendurada em cartazes para que todos pudessem ver. Aqueles que procurarem ao Senhor na Palavra o procurarão no lugar certo, e se se mantiverem firmes na fé o encontrarão  (Jeremias 29.13; Amós 8.12).

Verso 7: a figura celeste levanta as duas mãos e emite promessa de que todos os detalhes da profecia seriam cumpridos. Era usual ao prestar um juramento solene que se levantasse apenas uma das mãos (Gênesis 14.22; Êxodo 6.8; Ezequiel 20.5). Levantando as duas mãos, o mensageiro deu a Daniel a plena garantia da verdade de tudo que havia afirmado.

Os anjos são espíritos ministradores, eles agem em favor de Israel e da Igreja de Cristo, desde os tempos bíblicos aos dias de hoje, agirão com este mesmo objetivo também no futuro.

Em 12.8-9, Daniel deixa transparecer sua humildade. Ao relatar estar confuso o profeta demonstra ser humilde. Inúmeras vezes o orgulho impede pessoas de aprender porque não permite-lhes que perguntem, para que transpareça saber mais do que sabem.

Daniel viu e não entendeu, queria entender o significado pleno da revelação e então sentiu a necessidade de perguntar e perguntou: "Senhor meu, qual será o fim dessas coisas?" Ao passo que não obteve resposta clara: "Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até o tempo do fim." A profecia deveria ser fechada e selada, então o significado não é explicado ao profeta. Diante do exemplo, nos resta reconhecer a nossa finitude quanto àquilo que não sabemos.

É importante considerar que uma palavra profética pode não significar nada ao ouvinte, até que seu conteúdo se cumpra. A palavra profética não supre informações antecipadas a partir das quais seja possível elaborar projetos a partir dela.

Versículos 10 a 13: o fim dos dias é a  ocasião em que Deus fará com que o seu Reino triunfe sobre todos os poderes do mal. O simbolismo numérico, típico do livro, cria uma informação enigmática para os diversos intérpretes da obra de Daniel.

O profeta termina descrevendo um tempo de angústia, sofrimento, genocídios e atrocidades perpetradas por ímpios que não conhecem a Deus e não respeitam a dignidade humana. Porém, em meio ao caos descrito há promessa de intervenção divina na História. "Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão" - Daniel 12.10.

Jesus Cristo voltará. O castigo dos ímpios, o estado eterno de justiça, você crê nessas promessas? Diante dessas perguntas temos que manter a consciência de que vivemos em um período materialista e consumista cujo objetivo é nos afastar da vontade de Deus.

O regime vigente é um sistema dirigido pelo príncipe deste mundo, antecede ao ambiente do governo do Anticristo. Nos  dias atuais, em muitas situações parece que o povo que serve a Deus vive em condições de derrota. Porém, o crente que em meio aos falsos profetas, iniquidades e falta de amor, perseverar em fé e fidelidade ao Senhor até o fim será salvo, porque o nosso Deus é o dono da História ((Jeremias 29.13; Mateus 11.28; 24.13).

São bem aventurados todos os que esperam no Senhor e atendem ao chamado de Jesus. Todas as pessoas que ainda não confessaram seus pecados não tiveram seus pecados perdoados e portanto ainda não são filhos do Pai Celestial, portanto precisam aproximarem-se da graça de Deus e seguirem a Jesus para serem salvas da perdição eterna. E todas as pessoas que já aceitaram a Jesus como Senhor, são propriedades de Jesus e precisam segurarem-se firmes na graça do Senhor até o fim de sua existência neste mundo, ou até o advento do Arrebatamento da Igreja.

Conclusão

As profecias escatológicas não foram escritas com o objetivo de causar pânico aos leitores, mas trazer esperança. Elas mostram que Deus é Onipotente, Onisciente e Onipresente, é amor, jamais abandonará os crentes fiéis,  e nunca será pego de surpresa por qualquer fato histórico.

"Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias" -Daniel 12:13. O profeta estava idoso, era natural que estivesse cansado e apreensivo quanto ao futuro diante das revelações que recebera. O último versículo do livro são palavras de conselho e encorajamento: ir até o fim de sua existência neste mundo vivendo em confiança em Deus.

E.A.G.

Postagem paralela: Bondade e justiça de Deus no juízo final

Compilações em:
As profecias de Daniel - Perspectivas de futuro, Norbert Lieth, página 236,  edição 2014, porto Alegre (Actual Edições) 
Ensinador Cristão, ano 15, página 42, outubro-dezembro de 2014, Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições Bíblicas - Mestre, Elienai Cabral, 4º trimestre de 2014, páginas 90 e 91, 93, 95, 96  Rio de Janeiro (CPAD). 
Daniel - Introdução e Comentário, Joyce G. Baldwin, páginas 215, 216, 218, 220; 1ª edição 1983, reimpressão 2008, São Paulo (Vida Nova) . 

Nenhum comentário: