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domingo, 15 de abril de 2012

EBD 2012 - Esmirna: A igreja confessante e mártir

"Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida" - Apocalipse 2.10.

Esmirna era a mais bela cidade da província romana da Ásia menor, na praia do mar Egeu, ladeada por uma montanha circular chamada Pagos, dentro da atual Turquia Asiática. Foi  fundada na extremidade oriental do Golfo de Esmirna por Alexandre Magno, que determinou fazer dela a cidade-modelo da Grécia. A moeda apresentava com orgulho a opulência local.

Presume-se que o Evangelho chegou vindo de Éfeso (Atos 19.10). O anjo da igreja de Esmirna foi quem recebeu a segunda das sete cartas às igrejas localizadas na Ásia.

Esmirna já era aliada fiel de Roma muito antes que o poder romano se tornasse supremo no Mediterrâneo oriental.  Na época em que a carta foi escrita à comunidade em Esmirna, vários deuses eram adorados, ser chamado de cristão era algo totalmente perigoso.

A descrição de Cristo, como alguém que esteve morto e reviveu, provavelmente faz alusão ao ressurgimento da cidade, com nova prosperidade - suas ruas bem pavimentadas e arvoredos, vida cultural florescente - , depois de longo período  de obscuridade. Bem antes do cristianismo alcançá-la, mais ou menos no século VII a.C., foi capturada e destruída pelos líbios. Porém, desenvolveu-se novamente, no começo do terceiro século a.C. por Lisíaco, até se tornar uma das mais prósperas cidades da Ásia Menor, sob o império romano, admirada por sua sociedade esplendorosa e seus prédios públicos cheios de magnificência.

A "coroa da vida" (verso 10) pode ter sido frase usada aludindo a colina do monte Pagos, chamada de Coroa de Esmirna. A montanha Pagos era contornada pela Rua de Ouro, e nela havia templos pagãos e edifícios que lhe davam aparência de coroa. Outra tese, alega que "coroa da vida", é alusão aos jogos atléticos, onde o vencedor ganhava uma coroa.

No declive do monte Pago, encontram-se as ruínas do maior teatro da Ásia e do estádio, perto do qual o primeiro bispo, Policarpo, sofreu martírio por volta de 155/156 d.C..  Ele padeceu sem negar sua fé em Jesus Cristo.

Grandes contrastes existem na igreja de Esmirna, entre riqueza e pobreza. A cidade era opulenta e gozava de paz, entretanto, os cidadãos cristãos eram pobres e perseguidos pelos que se consideravam judeus.

É importante ter em mente o seguinte:

1. Sobre abundância de bens:

• Nem sempre possuir magnificiência e poder econômico significa estar distante da vontade de Deus. "A bênção do SENHOR é que enriquece; e não traz consigo dores." -  Provérbios 10.22.

• O sentimento de autosuficiencia, a confiança nas riquezas e no poder político é o mesmo que estar pobre, cego e nu diante do Senhor. Este estado mental é a repugnante mornidão espiritual, insuportável ao olhos de Cristo (3.16-18).

2. Acusações

Notemos que na carta aos crentes de Esmirna, encontramos a identificação Satanás e Diabo, apontando ao inimigo de nossas almas. A primeira palavra é hebraica e a segunda grega, porém, ambas possuem a mesma conotação, significa acusador. É notável que Jesus Cristo desfaz todas as mentiras construídas pelo ser malígno quando descreve os cristãos. Veja: Zacarias 3.1; Jó 1.6-12; e 2.1-7.

Claudionor de Andrade, comentarista da Lições Bíblicas - As Sete Cartas do Apocalipse - A Mensagem Final de Cristo à Igreja, no tópico Introdução, lembra que "a igreja de Cristo está sendo impiedosamente perseguida. Embora localmente pareça tranquila, universalmente está sob fogo cerrado. A perseguição não é apenas física. Os santos são pressionados tanto pela cultura, quanto pelas instituições de um século que, por jazer no maligno, repudia e odeia os que são luz do mundo e sal da terra".

Aos crentes de Esmirna, blasfemados por perseguidores, em pobreza material mas cheios de fervor espiritual, conscientes que eram dependentes de Deus, Jesus disse: "nada temas" (versos 8-10). Aos cristãos do século 21, que em muitos lugares vive em contexto social e econômico distinto do dela, brasileiros e de outros países, a mensagem é a mesma: não tenham medo de nada na esfera física. Neste mundo, os inimigos da cristandade têm força letal apenas para tirar a vida do corpo, o temor que devemos manter é daquele que pode lançar as almas no inferno (Mateus 10.28).

A comunidade cristã que morava em Esmira era duramente perseguida por causa de sua fé. Por um lado recebiam ostilidade da população gentia, que era fiel aos preceitos de adoração ao imperador, por outro lado tinham que enfrentar as oposições da população judaica, que esquecida da sua vocação messiânica, blasfemava contra o Senhor.

Não nos esqueçamos: existe coisa pior do que a morte física. Qual? O dano da segunda morte, que é a separação final e definitiva da misericórdia de Deus,  a existência em estadia definitiva no lago de fogo e enxofre (Apocalipse 20.11-15; 21.8; Mateus 25.41). Portanto, sejamos perseverantes até o fim, para ganhar a coroa da vida eterna, direito a viver na Nova Jerusalém, conhecer o novo céu e a nova terra.

Está previsto que neste mundo estamos todos sujeitos a passar por aflições. As tribulações não são sinais de fraqueza espiritual. Os crentes de Esmirna foram avisados disso, tendo inclusive o detalhe de que alguns deles seriam aprisionados por dez dias (Mateus 24.9; Apocalipse 2.10).

Não existe repreensão para os membros da igreja de Esmirna, nenhum deles é censurado por Cristo, pois apesar dos recursos parcos e das tribulações, mantinham-se fiéis. Assim como o exemplo dos crentes de Esmirna, os crentes da atualidade precisam manter a fé viva e ativa, de maneira inegociável, nesta sociedade corrompida

Atualmente Esmirna chama-se Izmir, sendo considerada a maior cidade da Turquia asiática.

E.A.G.

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1. Conciso Dicionário Bíblico Ilustrado - D. Ana e Dr. S.L. Watson, 10ª edição, 1979 (Juerp -IPB).
2. O Novo Dicionário da Bíblia, volume 1 - 4ª edição, 1981 (Edições Vida Nova).
3. Ensinador Cristão, ano 13, nº 50, abril-maio-junho de 2012 (CPAD).
4. Bíblia de Estudo NVI, edição 2003 (Editora Vida).

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