Não se pode renegar a grande influência e leitura que se faz do Sermão do Monte, que revela a ética do Reino de Deus, formador do caráter do cristão.
INTRODUÇÃO
Na atualidade, as sociedades vivem uma degradação de valores morais. Na Ética Moderna, muitos consideram determinados valores como questões religiosas. Nesse ambiente social conturbado, os valores do Reino de Deus
precisam estar manifestados com toda clareza na vida do cristão, pois é através deste destaque que a luz de Cristo dissipa as trevas e salva a alma perdida que reconhece o senhorio de Cristo.O Sermão do Monte, ou Sermão da Montanha, traz lições voltadas para Deus e apresenta o sentido ético da importância de amar o próximo. O conhecimento de Deus e a prática do amor formam a totalidade da vida cristã (Mateus 22.37,39).
Segundo os relatos de Mateus [8.1,5] e Lucas [7.1], aceita-se que o monte no qual Jesus usou para proferir o sermão tem sua localização a 13 quilômetros a sudeste de Cafarnaum, e a 6,5 quilômetros a oeste do Mar da Galileia.
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Lições Bíblicas Adulto - 2º trimestre 2022 - Os Valores do Reino de Deus [CPAD]. Sumário da revista.
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I - A ESTRUTURA DO SERMÃO DO MONTE
1. Por que Sermão do Monte?
O Sermão do Monte é sucinto, tem um conceito central que se espalha no seu todo, é elaborado de maneira crescente até alcançar o seu auge. Esse conceito é o Evangelho do Reino [Mateus 4.23].
Em Mateus 5.1 está escrito que Jesus ao ver as multidões subiu um monte, do qual passou a dar instruções. Em Lucas a pregação recebe o nome Sermão da Planície, a diferença de nome ocorre pelo fato da diferente localidade [Lucas 6.17; 20-49].
O olhar de Jesus enxergou no coração daquela gente que o seguia a dor do pecado, o sofrimento pela ignorância, os mais diversos tipos de necessidades. Ele também viu a avidez de todos para o escutar e não deixou que aquela oportunidade se perdesse. As oportunidades devem sempre ser aproveitadas com prontidão, é sempre melhor pescar quando há muitos peixes.
2. A estrutura do Sermão do Monte.
Jamais de pode apreciar as verdades contidas na estrutura do Sermão do Monte se não partirmos do princípio das pregações de João Batista e de Jesus. Energicamente, João Batista anunciou a chegada do Reino de Deus e conclamou o arrependimento de todos, e pouco tempo depois Cristo reverberou na Galileia que o Reino do Céu estava próximo e que era necessário ao pecador o arrependimento [Mateus 3.2; 4.17].
O desejo de João Batista, de que todos produzissem frutos de arrependimento, torna-se uma realidade sem margem para contestação, pois como bem falou o Senhor, o fruto tem que ser conforme a sua espécie [Mateus 3.8; Gênesis 1.11]. Com a transformação sofrida pela mudança da mente, o cristão tem a possibilidade de evidenciar no seu cotidiano, em qualquer lugar que estiver, as qualidades do caráter de Deus [Romanos 12.2; Mateus 5.18].
Para viver a realidade dos ensinos propostos por Cristo, tudo começa com a mudança de vida, cuja temática é mudar a mente para melhor, isto é, arrepender-se, corrigir de coração e com pesar as atitudes de pecados do passado. Sem essa excelsa distinção, qualquer vontade ou imposição de colocar as verdades do Sermão do Monte em prática será apenas filosofia moral, visto que a mudança interior tem que começar pelo novo nascimento [João 3.3].
3. A quem se destina o Sermão do Monte?
No tempo em que João Batista havia sido lançado na prisão, Jesus já havia percorrido toda a Galileia ensinando nas sinagogas [Mateus 4.12, 23]. Mas não apenas nas sinagogas, Ele também pregava o Evangelho do Reino entre o povo, curando toda forma de enfermidade e curando todos os tipos de doenças. Em consequência do seu ministério itinerante, uma grande multidão o seguia, da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judeia e da região além do Jordão [Mateus 4.25]. A massa de gente era tão grande que nenhuma sinagoga poderia abrigá-la, e por este motivo Cristo recorreu ao recurso da elevação da montanha para proferir sua solene doutrina.
As lições do Sermão do Monte não seriam transmitidas por Cristo aos seus discípulos se eles não pudessem alcançar sua realização plena. Ao ler as cartas do Novo Testamento, notamos que muitos cristãos imitaram a perfeição do Pai celeste, evidenciaram as características dos filhos de Deus; mostraram santificação, humildade, domínio próprio [Efésios 5.1].
II - AS BEM-AVENTURANÇAS E O CARÁTER DOS FILHOS DE DEUS
1. O que são as bem-aventuranças?
Consideremos que as bem-aventuranças são ensinamentos de Jesus em que Ele descreve as atitudes e ações que devem caracterizar seus discípulos [Mateus 5.3-12; Lucas 6.20-23]. São virtudes manifestadas pelos verdadeiros cidadãos do céus [Salmos 15; Filipenses 1.27; 3.10; 1 Pedro 1.1,17]. São situações espirituais que passam a estar na vida de todo crente salvo por Cristo e que se submete ao senhorio do Salvador, sendo capacitado pelo Espírito a desenvolver o seu caráter na prática diária, por iniciativa pessoal de realizar a vontade de Deus. Elas não são presentes ou dons espirituais. Não são um conjunto de filosofias banais ou uma espécie de disposição política.
A lista de bem-aventuranças contém oito pontos, que devem ser lembrados por todos que desejam viver uma vida que agrade a Deus. Através desses oito pontos, Jesus ensina:
- servir a todos;
- lamentar perdas e lançar para Deus a ansiedade;
- não julgar os outros pela aparência;
- não ser egoísta e avarento;
- ser pacificador, evitar a ira;
- ser justo, perdoar, esforçar-se para sempre fazer a coisa certa;
- colocar-se no lugar do próximo;
- construir sobre alicerces seguros, viver de modo irrepreensível;
- não desanimar diante das adversidades e críticas injustas.
2. O Reino de Deus e seu caráter.
Há muitas ideias ocupando a mente humana sobre o Reino de Deus: seus princípios, escopo, domínio, esfera, estruturação e tudo o que ele envolve. O Reino pode ser definido como uma instituição abstrata e espiritual com influência nas esferas global, física, terrena e celestial. Em Salmos 103.19 encontramos a seguinte revelação: "Nos céus, o Senhor estabeleceu o seu trono e o seu reino domina sobre tudo". O profeta Isaías [66.1], nos faz saber que "Assim diz o Senhor: 'O céu é o meu trono, e a terra é o estrado dos meus pés'".
O ideal proposto a nós por Jesus Cristo no Sermão do Monte, na condição de súditos, é que nossa justiça deve ultrapassar a dos escribas e fariseus [Mateus 5.20]. A possibilidade de transpor a nossa justiça existe por causa da misericórdia do Senhor sobre nós, porque a justiça e a imagem divina agora residem na vida daqueles que nEle creem [1 Coríntios 1.30; Romanos 8.29]. É possível cumprir o que o Senhor quer, pois Ele habita em cada cristão convertido [João 14.26]. Portanto, vivamos conforme a perfeição do Pai.
3. Os súditos do Reino de Deus.
Com respeito ao ensino sobre o Reino, duas coisas devem ser esclarecidas. Primeiro, as condições sob as quais o cristão passa a viver como súdito neste Reino; e em segundo lugar, a vida que os súditos devem levar. Logo no início do Sermão, foi traçado por Jesus o quadro do caráter e da vida dos verdadeiros súditos, ao declarar aos discípulos as bem-aventuranças [Mateus 5.3-12].
No início do Sermão, Jesus apresentou o caráter geral e o ofício dos súditos do Reino de Deus. O Reino do qual Ele falou não destruiria e tampouco se oporia à Lei mosaica, sob a qual o povo de Deus viveu desde os tempos remotos. Longe de vir para destruir a Lei, Cristo veio para que ela pudesse ser cumprida por seus súditos, como nunca havia sido cumprida antes. Ele disse: "Não pensem que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, mas para cumprir. Porque em verdade lhes digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra" [Mateus 5.17,18].
Os súditos do Reino de Deus são abençoados não apenas em si mesmos, eles também recebem bênçãos que beneficiam a outros. Vivem como sal, servem como agentes que preservam o mundo da corrupção, e também como luz, retirando os pecadores das trevas para que quando salvos passem a glorificar o Pai que está nos céus [Mateus 5.16-23].
Em determinada ocasião, Jesus declarou que as criancinhas eram as mais propensas a se tornarem seus súditos, e as mais aptas a entrar no Reino. Quando algumas mães trouxeram seus pequeninos para serem abençoados e os discípulos impediram a aproximação, indignado, disse-lhes: "Deixem que os pequeninos venham a mim; não os impeçam, porque dos tais é o Reino de Deus. Em verdade lhes digo: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele" [Marcos 10.14,15]. E, em outra oportunidade expressou satisfação em uma oração, assim: "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado" [Mateus 11.25,26].
III - SOMOS BEM-AVENTURADOS
1. As beatitudes na vida dos salvos.
O Sermão do Monte, bem como toda a Bíblia, é a fonte do nosso modo de olhar e viver a vida. A singeleza das instruções de Cristo nos faz saber que quem chora é feliz, quem deseja a retidão é feliz, o manso e o pacificador são felizes.
As bem-aventuranças oferecidas aos cristãos não são utopias, são reais, totalmente diferentes dos conceitos que versam sobre felicidade nos dias atuais. As oito beatitudes que mostram a verdadeira felicidade são virtudes rejeitadas pelas sociedades materialistas, cuja felicidade se resume nos prazeres e no uso da força.
2. A prova de que o cristão é bem-aventurado.
A maior prova da nossa bem-aventurança é que Deus deu o seu único Filho para nos salvar [João 3.16]. Temos em Romanos 8 um texto bíblico confortador, fala sobre a vida no Espírito, aborda como o amor de Deus é constantemente presente na vida do cristão; no versículo 31 deste capítulo Paulo revela a nossa bem-aventurança com a seguinte pergunta retórica: "Que diremos, então, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?"
Os valores que configuram a visão de mundo do cristão são alinhados com os valores ensinados no Sermão do Monte. Quem segue a Cristo adota tais valores e assim comporta-se segundo a justiça, a mansidão, e a humildade ensinada pelo Senhor. Dessa atitude voluntária, como árvore viçosa, brota a comprovação de quem é uma pessoa realmente bem-aventurada.
CONCLUSÃO
O Sermão do Monte é a base ética do Reino de Deus. Na condição de cristãos vivemos segundo esta ética, e quanto mais buscamos este estilo de vida mais encontramos as nossas imperfeições e compreendemos que precisamos da misericórdia divina. Apesar de nossas carências, buscamos viver segundo as regras morais apresentadas por Cristo e consequentemente somos abençoados com suas bem-aventuranças, pois atendemos ao seu convite: "Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu os aliviarei. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração; e vocês acharão descanso para a sua alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve" [Mateus 11.28-30].
Compilação:
As Bem-Aventuranças. Uma série de homilias sentenciosas sobre as Bem-Aventuranças do Sermão do Monte. Charles H. Spurgeon. 1ª edição 2014. Projeto Spurgeon - www.projetospurgeon.com.br
Os Valores do Reino de Deus - A relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Osiel Gomes. 1ª edição 2022, Bangu, Rio de Janeiro - RJ. Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD.
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