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quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Quando Jonas disse "não" a Deus


Como indicado em 2 Reis 14.25, Jonas era filho de Amitai e um nativo de Gate-Hefer, um vilarejo situado a 5 km em direção ao nordeste de Nazaré, dentro das fronteiras tribais de Zebulom. Profetizando durante o reinado de Jeroboão II e precedendo imediatamente Amós, ele foi um forte nacionalista que estava completamente consciente da destruição que os assírios haviam feito em Israel através dos anos. Jonas é indicado como o autor do livro que leva seu nome, que teria sido escrito por volta de 760 a.C. ou após 612 a.C.; a narrativa aborda a compaixão de Deus por todos os seres humanos e remete ao arrependimento e preparo ministerial dos servos do Senhor. 

A trajetória do profeta é bem conhecida por todos nós. A maneira pela qual ele tentou "fugir" da missão a ele confiada pelo Senhor, o terror do profeta quado se deu conta de que estava no ventre de um enorme peixe e o seu livramento. Mas a sua desobediência foi o fator que o conduziu a esta situação tão terrível.

O texto bíblico não deixa dúvida. " A palavra do SENHOR veio a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Levante-se, vá à grande cidade de Nínive e pregue contra ela, porque a sua maldade subiu até a minha presença. Jonas se levantou, mas para fugir da presença do SENHOR, para Társis. Desceu a Jope, e encontrou um navio que ia para Társis. Pagou a passagem e embarcou no navio, para ir com eles para Társis, para longe da presença do SENHOR. Mas o SENHOR lançou sobre o mar um forte vento, e levantou-se uma tempestade tão violenta, que parecia que o navio estava a ponto de se despedaçar" (Jonas 1.1-4).

A narrativa prossegue e revela um panorama desesperador. Os passageiros e a tripulação corriam risco de vida: a iminência de um naufrágio avizinhava-se rapidamente. Entretanto, em meio àquele caos, os tripulantes descobrem o profeta que logo é convocado para clamar a Deus em busca de misericórdia. A tempestade amainou, logo os marinheiros decidiram lançar sortes para saber a causa de tão cruel tempestade.

Os tripulantes o interpelaram: "Agora nos diga: 'Quem é o culpado por este mal que nos aconteceu? Qual é a sua ocupação? De onde você vem? Qual a sua terra? E de que povo você é?' Jonas respondeu: 'Eu sou hebreu e temo o SENHOR, o Deus do céu, que fez o mar e a terra?'  Então os homens ficaram com muito medo e lhe perguntaram: 'O que é isso que você fez?' Pois aqueles homens sabiam que Jonas estava fugindo da presença do SENHOR, porque ele lhes havia contado (Jonas 1.7-10).

O texto é muito ilustrativo e esclarecedor. Jonas se conhecia e o Senhor também. O Senhor destacou o profeta fujão para realizar uma missão de impacto. Jonas estava identificado com aquela missão. Caso contrário, Deus não o escolheria, até porque leviandade não faz parte do caráter divino, e certamente não indicaria alguém incapaz, sem as características necessárias  para o cumprimento da tarefa.

O Criador conhece a nossa capacidade e nossas limitações. O Senhor analisa todos os pormenores e, então, convoca o mensageiro. Ele implanta no coração de seu servo a identificação com a sua vontade e, em parceria, Deus e homem trabalham juntos para fazer com que a missão avance vitoriosamente.

Mesmo quando Deus permanece "calado", Ele não está inerte. Mesmo assim, diversas vezes nós rejeitamos o seu chamado. Dessa forma, colhemos os frutos de nossa desobediência.

O profeta Ezequiel deixou registrado em seu livro no capítulo 33 e versículos de 7 a 9 a seguinte mensagem: "Quanto a você, filho do homem, eu o constituí por atalaia sobre a casa de Israel. Portanto, você ouvirá a palavra da minha boca e lhes dará aviso da minha parte. Se eu disser ao ímpio que ele certamente morrerá, e você não falar, para advertir o ímpio do seu mau caminho, esse ímpio morrerá na sua maldade, mas você será responsável pela morte dele. Mas, se você falar ao ímpio, para o avisar do seu mau caminho, para que dele se converta, e ele não se converter do seu caminho, esse ímpio morrerá na sua maldade, mas você terá salvo a sua vida." 

Os dois profetas, Jonas e Ezequiel, estavam identificados com seus respectivos ministérios. O povo hebreu identificava-os como profetas de Deus e deveriam agir como tal. A desobediência gera crise de identidade. Senhor e servo, cada qual é responsável em suas missões. A identificação entre os dois promoverá o êxito da operação. Devemos observar que a rejeição de Jonas quanto á tarefa outorgada por seu Senhor, refletiu o desprezo aos atributos que o identificavam com o seu Deus.

O Senhor desejava transformar o povo de Nínive, e o escolhido para realizar a missão foi o profeta Jonas. Tratava-se de uma honra tal distinção. Mas o profeta não analisou sob este aspecto. Simplesmente desprezou o poder de Deus sobre a criação e valorizou mais a crueldade praticada pelos ninivitas. Então, decidiu fugir.

Que tipo de atitude é esta? Por que Gideão temeu ir aos encontro dos midianitas opressores somente com 300 soldados? Ele desejava combater com os 32 mil homens à sua disposição. Todavia, Deus permitiu somente 300. E assim mesmo, divididos em três colunas de 100, munidos de trombetas, cântaros vazios e tochas. Gideão venceu os midianitas (Juízes 7.1-25). Gideão manifestou medo e insegurança, os mesmos sentimentos que acometera a Jonas. posteriormente, concordou em agir como Deus lhe falara. Jonas, de igual modo, arrependeu-se e aceitou aquele desafio, o que resultou em um quebrantamento total na cidade de Nínive.

A Igreja tem seu papel a desempenhar. O clamor da humanidade ecoa pela Terra. A estrutura política e econômica é ineficaz para preencher o interior do homem. Frustrações e questionamentos são constantes no cotidiano das nações. A ação restauradora deverá ser coordenada pela Igreja. A ela foi outorgada a incumbência.

A Igreja é a coluna e firmeza da verdade. Ela traz consigo a "pedra da esquina", a "pedra angular", que combate e aniquila todo o sistema escravizador do homem, seja de origem humana ou celestial: "Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais" (Efésios 6.12). 

O comportamento de Jonas provocou uma crise naquela embarcação. Ele identificou-se como hebreu e seguidor do Deus vivo. Até aquele momento conseguira camuflar a sua identidade e provocado toda aquela balbúrdia. Quando assume a sua responsabilizar e orienta os tripulantes como proceder, a situação volta ao normal. De igual forma, quando a Igreja prima por sua identidade junto ao seu público-alvo, ela estabelece padrões de atuação no âmbito local, nacional e mundial, que consolidarão sua existência, trazendo reconhecimento e colheita dos frutos do seu trabalho.

Com firmeza em sua caminhada, estabelece procedimentos de conduta, de abordagem, de manifestações diversas, as quais desviarão, com toda a certeza possíveis crises de comportamento, pois a Igreja sabe quem é, quem a constituiu e a comissionou para atender aos reclames da Grande Comissão.

Não há meio termo, nem acomodações. Sua estrutura espiritual será consolidada. Seu avanço estratégico proporcionará maior capilaridade junto às comunidades e, assim, adentrará no comnbate pela busca do pecador perdido. Seu agir criterioso se anteporá a possíveis crises de omissão e acomodação, pois antes de tudo, a Igreja, sabe quem é, o que tem para fazer e o que lhe aguarda. Seu iminente rapto para uma eternidade de gozo com seu amado noivo. Que assim seja".

E.A.G.

Fonte:
Bíblia de Estudo Plenitude. página 885. Edição 2001. Sociedade Bíblica do Brasil / SBB.
Quando Jonas disse "não" a Deus. Artigo de Pedro Tadeu de Souza Maia. Extraído de A Seara, ano 15, número 56, janeiro a fevereiro de 2017. Casa Publicadora das Assembleias de Deus / CPAD. 

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