No primeiro livro do Antigo Testamento, a prosperidade material é apresentada como sinal de vida abençoada, Abraão era muito rico, dono de gado, prata e ouro [Gênesis 13.2]. O quinto livro do Pentateuco diz que Deus faz justiça em favor dos órfãos, viúvas, ama os estrangeiros, e os alimenta; e recomenda aos israelitas ter coração gentil e mãos abertas em favor de seus compatriotas pobres [Deuteronômio 10.18; 15.7]. E Jesus ensina: "Mais bem-aventurado é dar do que receber" [Atos 20.35].
O rei Salomão e o profeta Isaías.
O rei mais sábio em sua geração e o profeta messiânico protestaram contra injustiças sociais com as seguintes palavras: "Quem tapa os ouvidos ao clamor do pobre também clamará e não será ouvido" [Provérbios 21.13]; "Ai dos que ajuntam casas e mais casas, reúnem para si campos e mais campos, até que não haja mais lugar, e ficam como únicos moradores no meio da terra!" [Isaías 5.8].
O caso do dono de muitas terras [Marcos 10.17-27].
No conteúdo do Novo Testamento encontramos abordagens sobre pobres e ricos. Jesus manteve contato com pessoas abastadas, financeiramente. Na Judeia, um homem rico procurou Jesus perguntando-lhe o que deveria fazer para herdar a vida eterna. Jesus perguntou a ele se conhecia os mandamentos e o mesmo disse que conhecia e os praticava desde sua juventude. Conhecedor do coração humano, Cristo disse-lhe que para entrar no céu ele precisava vender tudo o que tinha e distribuir o dinheiro das vendas aos pobres e depois deveria segui-lo. O homem não gostou das propostas, não pensava em se desfazer das suas muitas propriedades, e afastou-se triste. Diante dessa reação, Jesus comentou ser difícil para os que têm riquezas entrar no Reino de Deus. Os discípulos admiraram-se com tal comentário, então Cristo apontou para a misericórdia divina: "Para os seres humanos é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível" [versículo 27].
A parábola sobre o agricultor inconsequente.
"E Jesus lhes contou ainda uma parábola, dizendo: 'O campo de um homem rico produziu com abundância. Então ele começou a pensar: Que farei, pois não tenho onde armazenar a minha colheita? Até que disse: Já sei! Destruirei os meus celeiros, construirei outros maiores e aí armazenarei todo o meu produto e todos os meus bens. Então direi à minha alma: Você tem em depósito muitos bens para muitos anos; descanse, coma, beba e aproveite a vida. Mas Deus lhe disse: Louco! Esta noite lhe pedirão a sua alma; e o que você tem preparado, para quem será? Assim é o que ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico para com Deus" - Lucas 12.16-21.
A parábola sobre o mendigo Lázaro e um homem afortunado.
"Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de feridas, que ficava deitado à porta da casa do rico. Ele desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico, e até os cães vinham lamber-lhe as feridas. E aconteceu que o mendigo morreu e foi levado pelos anjos para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, o rico levantou os olhos e viu ao longe Abraão, e Lázaro junto dele. Então, gritando, disse: 'Pai Abraão, tenha misericórdia de mim! E mande que Lázaro molhe a ponta do dedo em água e me refresque a língua, porque estou atormentado neste fogo.' Mas Abraão disse: 'Filho, lembre-se de que você recebeu os seus bens durante a sua vida, enquanto Lázaro só teve males. Agora, porém, ele está consolado aqui, enquanto você está em tormentos" - Lucas 16.20-25.
O que disseram Paulo, Tiago e João sobre prosperidade?
Enfático, Paulo ensinou o seguinte: O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e atormentaram a si mesmos com muitas dores" [1 Timóteo 6.10].
Cheio de energia, Tiago declara: "Escutem, agora, ricos! Chorem e lamentem, por causa das desgraças que virão sobre vocês. As suas riquezas apodreceram, e as suas roupas foram comidas pelas traças. O seu ouro e a sua prata estão enferrujados, e essa ferrugem será testemunha contra vocês e há de devorar, como fogo, o corpo de vocês. Nestes tempos do fim, vocês ajuntaram tesouros. Eis que o salário dos trabalhadores que fizeram a colheita nos campos de vocês e que foi retido com fraude está clamando; e o clamor dos que fizeram a colheita chegou aos ouvidos do Senhor dos Exércitos" [Tiago 5.1-4].
João descreve sua visão da Nova Jerusalém, repleta de revestimento em ouro, no capítulo 21 de Apocalipse: "Aquele que falava comigo tinha por medida uma vara de ouro para medir a cidade, os seus portões e a sua muralhas [versículo 15]; "A muralha é feita de jaspe e a cidade é de ouro puro, semelhante a vidro límpido" [18]; "Os doze portões são doze pérolas, e cada um desses portões é feito de uma só pérola. A praça da cidade é de ouro puro, como vidro transparente" [21].
Interpretação textual.
Na doutrina que Jesus Cristo apresenta, não existe um culto à pobreza, mas um alerta sobre o erro em confiar nas posses adquiridas nesse mundo, todas efêmeras. Na parábola Lázaro e o Rico, Jesus não condena a riqueza, mas o egoísmo em acumular bens, recusar-se a compartilha-lo com os que necessitam de ajuda, quando é possível ajudar.
Na ocasião em que houve o encontro de Jesus com o homem rico, a proposta que o Mestre fez foi que e o homem usasse de misericórdia e distribuísse seu dinheiro aos necessitados, para ganhar um tesouro no céu, e dali por diante fosse seu discípulo. Com certeza, se ele se convertesse seu coração avarento em generoso, atendendo a orientação de Cristo, não empobreceria, pois o outro ensinamento do Filho de Deus sentencia: "Deem e lhes será dado; boa medida, prensada, sacudida e transbordante será dada a vocês; porque com a medida com que tiverem medido vocês serão medidos também [Lucas 6.38].
Entre outros versículos similares de Provérbios de Salomão, um revela que "quem oprime o pobre insulta aquele que o criou, mas o que se compadece do necessitado honra a Deus" [14.31]. Tiago talvez estivesse se baseando neste texto bíblico ao escrever o trecho de sua carta, que encontramos no capítulo cinco, versículos primeiro ao quarto.
Em conformidade com a doutrina de Cristo, Paulo ensina que devemos amar a Deus e as pessoas e jamais as coisas. Porém, o apóstolo afirma que alguns ricos, e alguns que desejam enriquecer [note, ele diz "alguns", não diz "todos"] são cobiçosos, não vigiam e quando ricos se desviam do caminho do Senhor e por causa desse desvio criam tormentos para suas vidas e são causadores do seu próprio sofrimento [1 Timóteo 6.10].
A etimologia bíblica sobre a prosperidade.
O vocábulo "paz" [no grego koiné, a fala comum da época em que o Novo Testamento foi escrito] é eirene. Este vocábulo, lá no idioma original das páginas bíblicas, tem a conotação de "prosperidade", além de ausência de brigas e guerras. Acontece o mesmo com o termo "salvação" [soteria], isto é, o salvo é alcançado em seu espírito, alma e corpo físico.
Conclusão.
O erro de interpretação de alguns é não entender que essa prosperidade tem o sentido de estabilidade e equilíbrio, e não apenas de acúmulo de riquezas. Pela perspectiva das Escrituras, uma pessoa milionária pode ser alguém que não é próspera, e por outro lado aquele que vive na linha socioeconômica da pobreza, pode ser alguém em prosperidade. Ao milionário é possível que falte a paz interior durante toda a sua vida, enquanto que aquele que vive com dez salários mínimos, ou menos, viver feliz ao lado dos seus entes queridos, sem que faltem as coisas básicas ao sustento que traz o pão-diário à mesa.
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