Em determinada ocasião, perguntei: você já admitiu alguma vez ser um pecador, de modo semelhante a qualquer outro cristão de sua igreja? Todos responderam positivamente, sem nenhuma hesitação. Então acrescentei: que tipo de falha você já admitiu? Ainda estou aguardando a resposta.
Diversos cristãos admitem não serem perfeitos, mas a impressão que transmitem é que acreditam estar bem perto da perfeição. Escuto muitos afirmar possuir falhas, no entanto, não respondem onde, quando e como não são perfeitos.
Durante as entrevistas de emprego ou avaliação de qualquer nível, o avaliador quer saber sobre o autoconhecimento do candidato e para isso pergunta: "qual é o seu defeito?" Na maioria dos casos, a resposta é: "sou perfeccionista." Esta é a resposta de quem acredita não ter nenhum defeito, logo, gostar da perfeição tornou-se seu maior erro.
Pondere um pouco: será que é pecado gostar das coisas perfeitas? É errado desejar e esforçar-se para que tudo esteja em perfeição? O perfeccionismo parece ser o pecado predileto daqueles que se consideram perfeitos. Ninguém sente facilidade para admitir que é mentiroso, invejoso, arrogante, prepotente ou possuir qualquer debilidade de caráter. Ser perfeccionista parece um pecado bonito, pois soa como demérito, mas traz uma sensação de glamour.
Uma vez tive a oportunidade de presenciar um irmão admitindo que estivesse colhendo frutos amargos em sua vida por ter pecado e desobedecido a Deus. Ele estava feliz porque sabia qual era o seu erro. Descobriu que seu maior defeito era a "excelência". Ele era muito dedicado, empenhado, gostava de executar com excelência seus planos e projetos. Não admitimos ser maus administradores do tempo, do dinheiro, da saúde, possuirmos alguns medos, sermos negligentes às responsabilidades familiares, sermos gananciosos, desinteressados pelas coisas de Deus, afinal, nosso problema é sermos perfeccionistas e buscarmos a excelência.
O Senhor conhece pormenorizadamente quem somos. Não é possível esconder dEle nenhuma característica do nosso ser usando respostas falsas. Ele reage a nós pelo que somos e não pelo que afirmamos ser.
Externamente, os crentes de Éfeso faziam coisas boas, mas em seus corações Jesus era secundário (Apocalipse 2.2-4). Os crentes em Sardes tinham fama de espiritualidade, mas no coração estavam mortos (Apocalipse 3.1). Já os irmãos em Laodiceia se consideravam ricos, abastados e perfeitos, mas aos olhos de Jesus eram infelizes, miseráveis, pobres, cegos e nus (Apocalipse 3.17). O Senhor disse que reagiria a todas aquelas igrejas que não tinham uma visão realista acerca de si mesmas, mas para todas elas Ele aconselhou que avaliassem onde erraram e se arrependessem de seus erros (Apocalipse 2.5; 3.3; 3.19).
É exatamente isto que Deus espera de nós. Que tenhamos uma visão realista de quem somos e busquemos o arrependimento de nossos pecados. Quando o nosso desejo pelas coisas perfeitas inferiorizar o próximo, nos fazer julgar pelas aparências e qualificar segundo a nossa expectativa, não estaremos sendo perfeccionistas, e sim, soberbos, arrogantes e prepotentes.
Quando a cólera tomar nossos corações porque algo não foi realizado como da maneira que consideramos correta ou algo não aconteceu como esperávamos, não estaremos sendo perfeccionistas, e sim, agindo como gente indigna, idólatras, iracundos, "mini deuses" etc.
"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" - 1 João 1.9.
Extraído de modo adaptado do Jornal de Apoio Missionário, edição 243, maio 2013. Título original: "Perfeccionismo - O Pecado preferido das pessoas perfeitas"; artigo assinado por Paulo Henrique - jornaldeapoio.com.br/
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