A soberania divina é incompatível com a desobediência humana. Embora Jesus não nos imponha sua vontade, espera que vivamos de acordo com seus ensinos e obedeçamos às suas ordenanças. Quando obedecemos à sua Palavra obtemos gloriosas recompensas. Contudo quando desobedecemos sofremos duras perdas, que prejudicam também o reino de Deus.
Assim que recebemos Jesus como Senhor de nossa vida, rendemos-lhe todo os nossos interesses e direitos pessoais. Entre esses, estão o direito de decidir que atividade exerceremos, onde a exerceremos, quando a iniciaremos, por quanto tempo nos dedicaremos a ela, que métodos empregaremos, como viveremos e com quem trabalharemos. Todos esses direitos passam a pertencer a Cristo.
Todavia o fato de sujeitarmos a nossa vontade a Deus não implica em deixarmos de ter interesses ou metas pessoais. Também não quer dizer que Deus não pode acatá-los e até mesmo usá-los para sua glória. Significa, porém, que sempre que nossa vontade entrar em conflito com a do Senhor, temos de orar como Jesus: "... não seja como eu quero, sim como tu queres." (Mateus 26.39). Isso resolvido, achamo-nos em condição de assumir seriamente o mandamento do Senhor: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações..." (Mateus 28.19).
Mas vejamos outro aspecto da autoridade.
Não somos apenas nós os "enviados", que temos que render-nos ao Senhor. Aqueles a quem fomos enviados também foram criados por Ele e para Ele. Portanto também devem se submeter ao seu senhorio. Não existe ninguém no mundo que não precise crer em Cristo, pertencer a Ele e sujeitar-se à sua soberania.
A necessidade da conversão não nos é imposta por Deus. Na verdade, encontra-se enraizada na estrutura da nossa alma. Sentimos o vazio da ausência de Deus em nosso coração.
O Espírito Santo está preparando pessoas em toda parte para receberem a Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Essa realidade deve animar aqueles que se dedicam ao ministério de fazer discípulos. Nossa missão é orar por essas almas e indicar-lhes o caminho de Cristo.
E há ainda um terceiro aspecto da autoridade. Quando Jesus nos envia a testemunhar a outros a fim de que se rendam ao seu senhorio, não apenas nos manda sob autoridade, mas também nos investe de autoridade. Confere autoridade a todos aqueles que saem em seu nome, para fazer sua vontade.
A autoridade dada aos discípulos
Na primeira vez que Jesus enviou os discípulos a pregar, delegou-lhes autoridade: "Chamou Jesus os doze e passou a enviá-los de dois em dois, dando-lhe autoridade sobre os espíritos imundos" (Marcos 6.7). Investidos de poder, eles foram usados por Deus e grandemente abençoados. "Então, saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse; expeliam muitos demônios e curavam numerosos numerosos enfermos, ungindo-os com óleo" (Marcos 6.12,13).
Permita-me narrar uma experiência pessoal. A primeira vez que fui chamado a exercer a autoridade de Jesus sobre os espíritos malignos, eu ainda estava na faculdade. Haviam me pedido que eu orasse por um senhor de nome Jim, cuja esposa frequentava o mesmo grupo de oração a que minha mãe costuma ir. Esse homem achava-se hospitalizado, com cirrose hepática, nos últimos estágios do alcoolismo. Quando cheguei no hospital, encontrei a esposa dele à porta do quarto, e ela disse-me:
- Estamos buscando o cumprimento da promessa de Deus de que 'Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo'". O problema é que Jim só fala o nome de Deus para praguejar.
Fiquei meio chocado com o que vi ao entrar. Jim, um homem grandalhão, achava-se inconsciente, mas tremia compulsivamente. A impressão que tive era que seu corpo queria expelir o fígado arruinado pela doença. Aproximei-me do leito e tentei conversar com ele, mas era praticamente impossível. Comecei a orar, e a convulsão, em vez de melhor, intensificou-se. Uma enfermeira entrou no quarto e pediu que eu segurasse os braços e os ombros do doente para que ele parasse de tremer. Mas quanto mais o segurávamos e quanto mais eu orava, pior ele ficava.
Afinal, pela misericórdia de Deus, entendi que deveria fazer algo que nunca fizera antes. Sem erguer muito a voz, falei: "Em nome de Jesus, ordeno a todos os espíritos malignos que há neste homem que saiam e o deixem em paz."
Quase não acreditei no que vi. O homem parou de tremer e ficou em paz. Era inexplicável, ,mas não havia dúvida de que estava calmo.
Pensei que talvez Jim tivesse acordado e tentei novamente conversar com ele. Não acordara, na verdade caíra num sono profundo. Contudo, apesar de dormir, parecia sussurrar algo. Cheguei o ouvido perto dos seus lábios e o ouvi dizer: Jesus, Jesus, Jesus."
Aguardei um pouco para ver se ele acordaria, mas estava mesmo dormindo tranquilamente. Afinal, saí, contei aos familiares dele o que havia acontecido e fui embora. Continuava impressionado com o fato de a paz de Deus ter-me manifestado tão depressa e com tal poder. No dia seguinte, fiquei ainda mais impressionado, pois minha mãe me ligou e indagou:
- O que foi que aconteceu ontem no hospital?
- Orei pelo Jim. Inicialmente ele piorou, mas depois melhorou, então vim embora.
- Sabe - disse ela - o hospital está em polvorosa. Quando Jim acordou, os médicos fizeram novos exames e constataram que o fígado dele está funcionando normalmente. Então disseram que ele está curado e lhe deram alta.
Sempre me recordo dessa experiência, vem-me à mente o hino Castelo Forte, de Martinho Lutero. Na terceira estrofe, ele diz assim:
Se nos quisessem devorar
Demônios não contados
Não nos iriam derrotar
Nem ver-nos assustados
O príncipe do mal
Com seu plano infernal
Já condenado está!
Por uma só palavra.
Nem Satanás, nem seus demônios, enm suas mentiras, nem seus dardos inflamados podem penetrar nesse castelo forte. E com apenas uma palavra - o poderoso nome de Jesus - temos autoridade sobre todas as potestades das trevas.
Fonte: Revista Mensagem da Cruz, abril a junho, número 109. George Foster. Venda Nova - MG (Editora Betânia S/C).
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