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sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Blog Belverede: um pouco mais de um década em atividade

Eliseu Antonio Gomes
Sou paulista e paulistano, alguém que ama o lugar em que nasceu. Filho de pai e mãe nordestinos, o terceiro filho entre nove, sendo o meu irmão mais velho um menino adotivo. Meus pais - que hoje carrego-os em minha memória e os vejo apenas em registros de fotos e poucos vídeos - eram pessoas protestantes, vinculadas à Igreja Assembleia de Deus do ministério Belém (SP).


Cresci na região oeste da Capital, em uma época que era possível brincar pelas ruas sem o constante perigo de se transformar em vítima da violência urbana. O vilarejo onde residi no período da infância tinha aspecto de zona rural. As famílias da minha antiga vizinhança tinham aspectos humildes, nenhum morador possuía residência com dois andares. Poucos possuíam automóvel. As donas de casa se esmeravam em manter um jardim na frente do domicílio, se dedicavam em mostrar variedade de flores bem cuidadas. Em todos os quintais encontrávamos poços de água, árvores frutíferas; era comum criar galinhas, patos, marrecos para venda e consumo próprio. A política de boa vizinhança era espetacular: era hábito a troca de favor aos domingos, os homens que ali moravam ajudavam uns aos outros na construção e acabamento de suas casas, levantadas com produtos da alvenaria. Este tempo é nostálgico para mim, apesar de naquela época a Prefeitura não oferecer serviço de esgoto, de água encanada e nem iluminação pública.

Assim que aprendi a ler, eu me descobri portador do prazer da leitura e da escrita. Colecionava gibis dos personagens Marvel Comics. Na base do passatempo, do só eu comigo mesmo, criei meu próprio personagem de estórias em quadrinhos - sem intenção de fazer disso fonte de lucro e notoriedade. Aguardava o sábado chegar porque queria ler uma coluna escrita pelo humorista Chico Anísio em um jornal regional, distribuído semanalmente de maneira gratuita. Apreciava artigos do Pastor Abraão de Almeida, encontrados no jornal que o meu pai comprava, O Mensageiro da Paz (CPAD), cuja periodicidade até hoje é mensal e eu sou leitor. Também era fascinado pela literatura desenvolvida por Marcos Rey, livros lançados pela Editora Ática, numa série chamada Vaga-Lume.

Meu desejo de criar um blog nasceu quando já era adulto, casado e pai de família. Um dia assistia um programa de televisão que relatou as agruras de um soldado americano no Iraque. Aquele soldado publicava em um blog sua rotina na guerra que estava envolvido na linha de frente. A apresentadora do programa, Olga Bongiovanni, falava com entusiasmo sobre a novidade de uma pessoa comum ter a condição de comunicar-se com as grandes massas sem a intermediação de redes de televisão, rádio ou mídia impressa. Até aquele momento, tinha pouca informação sobre o que era a internet e muito menos a dimensão exata da sua importância, mas ao assistir aquela matéria entendi com muita clareza a possibilidade de anunciar a Palavra de Deus via internet.

Não sabia o que era um blog. Fui pesquisar a respeito. Em pouco tempo adquiri minha conexão de internet, comprei meu primeiro computador. Fiz um curso básico gratuito, oferecido pela Prefeitura sobre hardware e software, Chamei para perto de mim sobrinhos que conheciam sobre computação mais do que eu. Criei meu primeiro blog na plataforma Windows Live, da Microsoft, mas não me senti satisfeito com a dimensão de impacto aos internautas e nem com a dinâmica oferecida aos blogueiros no tocante aos formatos de página. Pesquisando mais, conheci a plataforma Blogger. Então, em 12 de junho de 2007 eu criei o Belverede, que está em uso até hoje. Lá, são encontradas postagens de diversos temas que reputo ser considerável compartilhar, os principais assuntos abordam conteúdos da Bíblia Sagrada e fatos com a opinião de gente cristã. Tudo em linguagem informal.

Belverede é uma palavrinha inexistente nos dicionários. Fiz trocadilho com “belvedere”, que significa “visão panorâmica”. Troquei o “dere” por “rede”. Como blogueiro, a intenção é usar o blog como minha ferramenta de pescaria, pois Jesus convida seus discípulos a serem pescadores de homens” (Mateus 4.19).

Como internauta, não demorou muito para eu ser usuário do Orkut. Ganhei estado de administrador de comunidades voltadas aos evangélicos, algumas com mais de trezentos mil membros. Foi nesta época que conheci alguns blogueiros mais experientes que eu. O primeiro foi o João Cruzué com o seu blog Olhar Cristão. Recebi informações boas dele, através de suas postagens contendo dicas sobre blogagem; e graças a Deus, anos depois eu me vi publicando tutoriais para outros blogueiros. Eu e o João estivemos juntos na equipe do blog União de Blogueiro Evangélico, criado por Valmir Nascimento Milomem.

Em 2007, os blogs surfavam na onda do grande interesse geral. Muitas pessoas que eu conhecia tinham ou se diziam leitores de blogs. Uma década passou, aquela visão de que os blogs eram o meio mais bem vistos da intercomunicação diminuiu seu brilho. A Mídia Tradicional bateu forte nos blogs, talvez por medo de perder espaço como única formadora da opinião pública - e de fato a Grande Mídia perdeu algum espaço mesmo, mas não apenas para os blogs do Blogger e Wordpress, foi pisoteada por inúmeros sites e redes sociais como YouTube, Facebook, Twitter etc.

Ao passar dos anos, muitos blogueiros perderam o gosto de publicar conteúdos. Os motivos são diversos, como casar-se, criar família, entrada na universidade, não ter a vocação para a escrita, não conseguir o conhecimento suficiente à navegabilidade virtual que produza resultado de visibilidade satisfatória. Mas, muitos permaneceram, e se consolidaram na Rede Mundial de Computadores como formadores de opinião, fontes de consulta em nichos de todas as espécies. Em se tratando de Blogueiros Evangélicos, muitos ainda estão firmes e fortes no trabalho de abastecer a internet com conteúdo de boa expressividade - é verdade que a frequência de postagens é variável, talvez porque manter pautas inéditas não é fácil e ser repetitivo não é coisa conveniente - esta dificuldade é uma experiência própria.

Estamos em 2018 e percebemos que o hábito de escrever e ler blogs parece ter diminuído. As aparências enganam! É com satisfação que noto a penetração do meu trabalho em terras longínquas e ao seguindo com número alto nas visitas diárias de internautas do território nacional. Devido ao aplicativo de tradução automática, minhas publicações atingem os cinco continentes. E eu, humildemente, com intenção de servir a Deus e edificar a vida de muita gente, espero que o Belverede seja encontrado nas buscas do Google por muito tempo, e também em buscadores similares. 

Minha oração e esperança é que tudo que publico sirva para muitos como uma luz na imensa constelação do universo.

E.A..G.

Publicado originalmente em https://www.facebook.com/EliseuAntonioGomesBelverede/ 

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