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sexta-feira, 26 de maio de 2017

Inspiração Divina e Autoridade da Bíblia

Por Eliseu Antonio Gomes

INTRODUÇÃO

Por ser a nossa única e exclusiva fonte de autoridade, e ser a nossa regra de fé é prática, a Bíblia Sagrada deve ser alvo de estudo. Devocional e sistemático. É muito importante que o crente seja uma pessoa conscientizada a respeito da inspiração  divina, verbal, e plenária da Bíblia Sagrada.

A quantidade enorme de manuscritos antigos, o grande número de versões em outros idiomas e as citações da patrística nos primeiros séculos do cristianismo falam por si como prova da autenticidade dos livros da Bíblia. Nenhuma obra da Antiquidade apresenta hoje tantos manuscritos hebraicos, gregos, latinos e em outras línguas. Temos atualmente em todo o mundo mais de 25 mil manuscritos bíblicos produzidos antes do advento da imprensa no século XV. Em segundo lugar, vem a Ilíada, de Homero, com 457 papiros e 188 manuscritos, perfazendo um total de 645 exemplares. Nenhuma obra da Antiguidade é mais bem confirmada que a Bíblia.

As descobertas dos rolos do mar Morto revelam a credibilidade e a fidelidade dos textos hebraicos do Antigo Testamento. Com exceção do livro Ester, todos os outros livros do Antigo Testamento estão representados em 800 manuscritos. As onze cavernas de Uaid Qumran trouxeram à tona cerca de 200 manuscritos bíblicos, descobertos entre 1947 e 1964. Muitos desses manuscritos não foram produzidos pelos essênios, muitos deles vieram da Babilônia e do Egito. Trata-se portanto, de textos precedentes de várias épocas e de vários lugares.

I - REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO

O cristão precisa conhecer e reconhecer a revelação e inspiração da Bíblia Sagrada.

O Cânon bíblico está fechado. A revelação infalível que Deus fez de si mesmo já foi registrada. Hoje, Ele continua falando através dessa palavra. Assim como Deus revelou a si mesmo, e inspirou os escritores a registrar essa revelação, Ele mesmo preservou esses escritos inspirados, e orientou o seu povo na escolha destes, a fim de garantir que a sua verdade viesse a ser conhecida.

Não se deve acrescentar outros escritos ao conteúdo canônico, nem se deve tirar dele  dele nenhum escrito. O Cânon contém raízes históricas da Igreja Cristã, e o cânon não pode ser refeito assim como a história não pode ser mudada.

1. Revelação.

A palavra "revelação" (apocalipsis, em grego) significa o ato e o efeito de tirar o véu que encobre o desconhecido.

Cremos que a Bíblia é a única revelação escrita de Deus para toda a humanidade e que seu texto foi preservado e sua inspiração divina é mantida nas 2.935 línguas em que ela é traduzida (segundo dados da Sociedade Bíblica do Brasil).

Dessa revelação divina decorre o fato de ela ser nossa exclusiva fonte de autoridade espiritual. Sua inspiração divina e sua soberania como única regra de fé e prática para a nossa vida constituem a doutrina basilar da fé cristã.

A Bíblia revela os mistérios do passado como a criação, os do futuro como a vinda de Jesus, os decretos eternos de Deus, os segredos do coração humano e as coisas profundas de Deus (Gênesis 2.1-4; Isaías 46.10; Lucas 21.25-28). Seu conteúdo oferece ensinos espirituais aos que buscam conhecimento, ensinamentos importantes que não são encontrados em nenhum outro lugar do mundo.

2. Inspiração.

Cânon: a lista de livros já definidos e reconhecidos como divinos para a vida e a conduta do cristão. Cada um dos 66 livros reconhecidos como inspirado por Deus desde a sua origem, apesar da seleção de escritos sagrados só acontecer posteriormente.

Sobre o Cânon e a inspiração, às vezes, os dois termos significam a mesma coisa. O termo "kanõn" se origina do vocabulário hebraico qãneh (cana), usada como "cana de medir" (Ezequiel 40.3, 5; 41.8) e originalmente quer dizer "vara de medir". Na literatura clássica, significa "regra", "norma", padrão". Aparece no Novo Testamento com o sentido de "medida" e "regra moral" (2 Coríntios 10.13, 15; Gálatas 6.16). Nos três primeiros séculos do cristianismo, o termo se referia ao conteúdo normativo, doutrinário e ético da fé cristã, e a partir do quarto século os termos "cânon" e "canônico" ganharam o sentido de textos inspirados por Deus e instrumentos normativos para a vida e a conduta dos cristãos, portanto separados de outras literaturas.

A inspiração divina da Bíblia é um fato singular que ocorreu na história da redenção humana, possui significâncias importantes para todos, principalmente para nós crentes em Deus. É o registro da revelação sob a influência do Espírito Santo, que penetra até as profundezas de Deus (1 Coríntios 2.10-13).

Os 66 livros da Bíblia são divinamente inspirados. Seus escritores foram receptáculos da revelação. Ninguém mais, além deles foi usado por Deus dessa maneira específica.

No tempo dos apóstolos ainda não havia a formação final do Novo Testamento. Quando se reunia para cultuar a Deus, a igreja neotestamentária lia o Antigo Testamento. E quando recebia as cartas apostólicas, as lia nas reuniões semanais. Posteriormente, essas cartas, e os evangelhos, foram paulatinamente aceitos pela igreja como escritos inspirados por Deus. Ora, havia alguns critérios para isso: como a autoria apostólica ou de pessoas que tivessem andado com os apóstolos.

3. A forma de comunicação.

O processo de comunicação divina aos profetas do Antigo Testamento se desenvolveu por meio da palavra e da visão, do som e da imagem (Jeremias 1.11-13). A frase "veio a palavra do SENHOR A", "veio a mim a palavra do SENHOR" ou fraseologia similar, tão frequente no Antigo Testamento, muito provavelmente, diz respeito a uma revelação direta, externa e audível.

A revelação aos apóstolos no Novo Testamento veio diretamente do Senhor Jesus Cristo (Gálatas 1.11, 12; 2 Pedro 1.16-18; 1 João 1.3) e do Espírito Santo (Efésios 3.4, 5). Exceto uma única vez no ministério de João Batista, pois ele é o último profeta da dispensação da lei mosaica (Lucas 3.2; 16.16).

II - INSPIRAÇÃO DIVINA

A inspiração divina da Bíblia Sagrada é notável aos crentes que desejam conhecê-la.

1. A inspiração divina.

"Toda Escritura é inspirada por Deus" (ARA). O vocábulo grego, aqui traduzido por "inspirada por Deus", ou "divinamente inspirada (ARC), é "theopneustos". O termo vem da Bíblia, aparece só uma vez em 2 Timóteo 3.16. É um termo composto de duas palavras gregas:  theos (Deus), e pneo (respirar, soprar).

Isso significa que o texto sagrado foi "respirado por Deus" ou "soprado por Deus". Em suma, a palavra "teopneustia" significa "inspiração divina da Bíblia". A palavra define a "inspiração divina"; remete ao fato de que Deus inspirou aos autores bíblicos todas as palavras e ideias.

A expressão "toda Escritura" não se restringe apenas ao Antigo Testamento. A Bíblia inteira é divinamente inspirada, a autoridade dos profetas e apóstolos é a mesma. "para que vos lembreis das palavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas e do mandamento do Senhor e Salvador, mediante os vossos apóstolos (2 Pedro 3.2).

Algumas porções bíblicas são, em especial, um resumo a respeito do que a Bíblia alega sobre si mesma  e uma afirmação enfática de que os autores dos livros sagrados foram movidos pelo Espírito Santo para expressar as palavras inspiradas por Deus.

• Pedro esclarece que os autores foram impelidos pelo Espírito Santo (2 Pedro 1.20, 21).
• O apóstolo Pedro coloca as epístolas paulinas no mesmo nível que estão as Escrituras do Antigo Testamento: "Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição" (2 Pedro 3.16).
• Ousadamente, Paulo declara que seus escritos são de origem divina: 1 Coríntios 7.40; 2 Coríntios 13.3; 1 Tessalonicenses 4.8.
2. Uma avaliação exegética.

Estamos acostumados com duas traduções: "toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa é proveitosa" e "toda Escritura é divina e proveitosa" Ambas as versões são permitidas à luz da gramática grega. Mas a primeira é mais precisa, pois a conjunção grega "kai" (e) aparece entre os dois adjetivos "inspirada" e "proveitosa". Isso significa que o apóstolo afirma duas verdades sobre a Escritura, a saber: divinamente inspirada e proveitosa; e não somente uma dessas duas coisas. Dizer que "toda a Escritura é proveitosa" pode dar margem para alguém interpretar que nem toda Escritura é inspirada.

3. Autoridade.

A autoridade da Bíblia deriva de sua origem divina. O selo dessa autoridade aparece em expressões como "assim diz o SENHOR" (Êxodo 5.1; Isaías 7.7); "veio a palavra do SENHOR" (Jeremias 1.2); "está escrito" (Marcos 1.2). Isso encerra a suprema autoridade das Escrituras com plena e total garantia de infalibilidade, pois a Bíblia é a Palavra de Deus (Marcos 7.13; 1 Pedro 1.23-25).

Existem muitas palavras ou frases que a Bíblia usa para se auto-descrever e que sugerem uma reivindicação de autoridade divina. Jesus disse que a Bíblia é indestrutível e que ela jamais passará (Mateus 5.17, 18); ela é infalível, ou "não pode ser anulada" (João 10.35); e ela é suficiente para a nossa fé e prática (Lucas 16.31).

As inúmeras profecias são exclusividade das Escrituras Sagradas e provas visíveis de sua inspiração e autenticidade. Muitas delas já se cumpriram em relação a muitos povos, tanto na Antiguidade, como na atualidade. Um exemplo é a profecia sobre a queda da Babilônia, proferida quando esta vivia dias de glórias e grande apogeu (Isaías 13. 19, 20). Tal previsão se cumpriu completamente.

Também, a Bíblia anunciou de antemão a dispersão dos judeus e profetizou seu retorno à terra de seus antepassados. Após 1.800 anos na diáspora, os israelitas retornam para sua terra, e em um só dia nasceu uma nação (Isaías 66.8). Essa profecia diz respeito á fundação do Estado de Israel logo após a derrocada do nazismo.

Entre tantas outras profecias que se cumpriram cabalmente, e que não enumeraremos aqui por questão prática de espaço e tempo de leitura, lembramos das profecias messiânicas cumpridas em Jesus, desde o seu nascimento de uma virgem em Belém, conforme Isaías 7.17 e Miquéias 5.2, até a sua ascensão, registrada em Salmos 24.7-10.

As profecias contidas na Bíblia faz dela uma coleção de livros sui generis, repleta de poder perene, o compêndio literário que não se assemelha a nenhum outro e que sempre permanecerá acima de qualquer outro já produzido no mundo.

III. INSPIRAÇÃO PLENA E VERBAL

A inspiração plena e verbal da Bíblia Sagrada pode ser explicada.

1. Inspiração plenária.

O apóstolo Paulo deixa claro ao afirmar que "toda a Escritura é divinamente inspirada". Inspiração plenária significa que todos os livros das Escrituras são inspirados por Deus. A inspiração da Bíblia é especial e única. Não existe na Bíblia um livro mais inspirado e outro menos. Todos possuem o mesmo grau de inspiração e autoridade.

Paulo ensinava: Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário" (1 Timóteo 5.18). Neste versículo, coloca lado a lado citações da Lei de Moisés (Deuteronômio 25.4) e dos Evangelhos (Mateus 10.10; Lucas 10.7), chamando ambas de "Escritura".

Às vezes, inclusive, "profetas" e "apóstolos" aparecem como termos intercambiáveis 92 Pedro 3.2). O apóstolo Pedro considera ainda as epístolas paulinas como Escritura (2 Pedro 3.15, 16).

A Bíblia que Jesus e seus apóstolos usavam era formada pela Lei de Moisés. os Profetas e os Escritos; essa terceira parte é encabeçada pelos Salmos (Lucas 24.44). O termo "Escritura" ou "Escrituras" que aparece no Novo Testamento refere-se a esse Cânon tripartido, que é o mesmo Antigo Testamento de nossa Bíblia.

2. Inspiração verbal.

A inspiração verbal  significa que cada palavra contida na Bíblia foi inspirada pelo Espírito Santo (1 Coríntios 2.13); e também que as ideias vieram de Deus (2 Pedro 1.21). Deus "soprou" nos escritores sagrados a sua mensagem. Uns produziram som de flautas e outros de trombetas, mas era Deus quem soprava. Assim, eles produziram esse maravilhoso som que são as Escrituras Sagradas.

A Bíblia contém 66 livros, que abrangem o Antigo e Novo Testamento. Passaram-se cerca mil anos para que o Cânon bíblico ficasse pronto. Deus usou cada escritor em sua região, cultura e geração, com seus diversos graus de instrução. Os escritores, desde Moisés até o apóstolo João, não foram tratados como meras máquinas, mas como instrumentos usados pelo Espírito Santo, respeitosamente. Então, o leitor dos textos bíblicos encontra nos livros a personalidade do escritor, depara-se de livro para livro com muitos estilos de linguagem distintas, uso de vocabulários diferentes em estruturas sintáticas diversificadas.

Apesar do mistério que ronda o modo como Deus fez com que sua mensagem fosse fiel sem destruir a liberdade e a personalidade dos autores humanos, existem algumas coisas que ficam muito claras. Os autores não eram simplesmente secretários que anotavam algo que estava sendo ditado a eles; a sua liberdade não foi suspensa nem negada. Eles não foram usados como engenhocas. As suas palavras correspondiam ao seu desejo, no estilo em que estavam acostumados a escrever.

IV - ÚNICA REGRA INFALÍVEL DE FÉ E PRÁTICA

É importante estar consciente que a Bíblia Sagrada é a única regra de fé e prática das pessoas que, genuinamente, são crentes em Cristo.

1. "Proveitosa para ensinar".

A finalidade das Escrituras é o ensino para a salvação em Jesus, pois elas "podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus (2 Timóteo 3.15).

A Bíblia, expõe a doutrina cristã para a humanidade com o propósito de salvar, corrigir e edificar o ser humano. Foi dada aos homens para ser seguida por todos A verdade contida nela redime e santifica, não expira e nem envelhece. Seus ensinamentos são suficientes para entender a vida sob a lei de Cristo. Lucas 21.33; João 17.17; 2 Timóteo 3.15-17; 1 Tessalonicenses 2.13.

2. A conduta humana.

Uma das grandezas das Escrituras é a sua aplicabilidade na vida diária, na família, na igreja, no trabalho e na sociedade. Deus é o nosso Criador e somente Ele nos conhece e sabe o que é bom para suas criaturas. E essas orientações estão na Bíblia.

3. As traduções da Bíblia.

Desde os tempos do Antigo Testamento, até hoje, Deus se manifestou e se manifesta a a cada um de seus servos e suas servas no seu próprio idioma. Através do mundo inteiro, qualquer crente, ao ler a Bíblia, recebe sua mensagem com ose esta fora escrita diretamente para ele. Nenhum crente tem a Bíblia como livro alheio, estrangeiro, como acontece aos demais livros traduzidos. Todas as raças consideram a Bíblia como possessão sua.  Nós recebemos como nossa. Isso acontece em qualquer país que ela chega. Ninguém tem o conteúdo da Bíblia como "dos outros".Este detalhe prova que ela procede de Deus e atesta que quem escreveu esses livros sagrados eram seres humanos movidos pela inspiração divina.

CONCLUSÃO

Por direção divina, temos hoje os 27 livros reunidos, conhecidos como o Novo Testamento, mais os 39 do Antigo, totalizando 66 livros na Bíblia. Se possuímos exemplar em mãos podemos considerar que isso é um milagre. E devemos agradecer ao seu Autor celeste por nos entregar a sua Palavra. E a melhor maneira de fazer isso é meditar nas Escrituras dia e noite (Josué 1.8), de modo que ela esteja "incorporada" em nossa mente e coração.

Que cada um  queira receber a Bíblia, sem restrição alguma, pois ela é a palavra de Deus, em qualquer idioma em que vier a ser traduzida.

E.A.G.

Compilações:
A Razão da Nossa Fé. Assim cremos, assim vivemos. Esequias Soares, páginas 11-17, 1ª edição 2017, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD). 
Bíblia do Pescador, editor geral e autor de comentários Dr. Luis Ángel Diaz Pabón, páginas 1105, 1296 e 1312, 1ª edição 2014, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD).
Ensinador Cristão, ano 18, nº 71, página 36, julho a setembro de 2017, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD). 
Lições Bíblicas - Professor - A Razão da nossa Fé. Assim cremos, assim vivemos, Esequias Soares, 3º trimestre de 2017, páginas 5 a 9, Bangu, Rio de Janeiro - RJ (CPAD). 

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