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sábado, 12 de novembro de 2016

José: fé em meio às injustiças

Por Eliseu Antonio Gomes

A história de José ganha um espaço especial no livro de Gênesis, começa no capítulo 37  e segue até o 50, o último capítulo do livro. A narrativa conta a história da "família de Jacó", entretanto, dá mais atenção a José do que a seus irmãos, alíás, dá mais atenção a José do que a qualquer outros dos patriarcas.

A marca da trajetória de José é que mesmo em meio a tanto desprezo e desconsideração, não permitiu que o seu coração fosse devorado pelo ódio. Humanamente, seria justo devolver na mesma moeda quando teve a oportunidade de fazê-lo. Mas ele não reagiu com vingança, preferiu compreender que tudo o que ocorreu era o Deus de seus pais preparando o caminho para conservar a sua família num contexto de fome e miséria mundial.

A história de José, jovem de fé e de caráter, é longa e contém muitas lições, encontramos alguns pontos, os quais se constituem ricos e preciosos ensinos para a nossa vida cotidiana.

José: o filho mais amado de seu pai. "Ora, Israel amava mais a José que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica talar de mangas compridas. Vendo, pois, seus irmãos que o pai o amava mais que a todos os outros filhos, odiaram-no e já não lhe podiam falar pacificamente" - Gênesis 37-3-4.

As promessas que Deus fez a Abraão foram passadas a Jacó e seus descendentes. O patriarca Jacó vivia como estrangeiro na terra de Canaã, a qual Deus prometera como herança à descendência de Abraão. Nos planos divinos, fatos contundentes haveriam de acontecer a partir de José, tornando-se o mesmo o personagem por excelência na história do povo de Israel. Por isso, Deus usou José para preservar sua família da fome e da morte. Da semente de Abraão nasceria aquEle que abençoaria todas as famílias da Terra, Jesus Cristo.

Jacó era o pai de José, e sua família era constituída pelos filhos de Lia e os dois filhos de Raquel, José e Benjamin. Também, os filhos das servas Zilpa e Bila (Gênesis 30.22-2; 35.16-18).

José era um jovem, de aproximadamente 17 anos de idade, e Jacó o amava bastante, porque era o filho de sua velhice. Além disso, José se destacava entre seus irmãos, porque era temente a Deus, porque trazia a Jacó denúncia das más ações cometida pelos irmãos, fora da vista do velho pai.

Dentro desta situação, Jacó não escondia a sua preferência paterna por José, provocando, com esta atitude, a inveja e o ciúme de seus irmãos. E assim presenteou a José uma túnica colorida, a peça de roupa revelava, inconvenientemente, a posição de favoritismo.

Os sonhos de José (Gênesis 37.7, 9). Deus tinha um plano na vida de José e esse projeto foi revelado pelo Senhor, por intermédio de dois sonhos.

José foi precipitado ao partilhar, em momento errado, a informação divina que era para ele com seus irmãos. Ingenuamente, José contou os sonhos que recebeu de Deus e os interpretava aos seus irmãos. Os sonhos sempre o colocavam como líder de seus irmãos, em posição de honra, e isto era suficiente para eles o odiarem e cheios de raiva desejarem se livrar dele.

José é vendido como escravo e levado ao Egito (37.12-36). Os irmãos de José tentaram, mas não conseguiram matá-lo, pois Deus tinha um plano especial para sua vida.

Enquanto os irmãos de José faziam a refeição, viram uma caravana de negociantes, que seguia ao Egito para vender seus produtos. Então, Judá sugeriu que vendessem José a eles como se fosse escravo deles e todos concordaram - com exceção de Rúben, que estava ausente. A negociação aconteceu rapidamente, pois os irmãos de José estavam movidos por ódio intenso ódio contra ele (Atos 7.9). Depois, enganaram o velho pai, levando-o a acreditar que o seu filho querido tinha sido morto. 

Deus permitiu que ocorresse uma dura prova na vida de José, pois desejava conceder-lhe a bênção que lhe mostrara, através de sonhos, em sua adolescência. Só assim, ele jamais se esqueceria do que o Senhor lhe fez, ao escolhê-lo para ser o governador do Egito e provedor do alimento que salvou a humanidade da fome mundial.

José, na casa de Potifar (39.1-23). Na condição de escravo, José foi levado pelos negociantes ao Egito, o expuseram em um mercado, e seu destino foi trabalhar na casa do egípcio Potifar, que o comprou. Potifar era um importante oficial do rei, responsável pela guarda do palácio. Gostou de sua dedicação ao trabalho e logo começou a confiar mais e mais responsabilidade em suas mãos. Contando com a confiança de Potifar, José passou a administrar toda a sua casa, mas foi envolvido em grande encrenca quando a esposa de Potifar o viu e se encantou por ele, passando a assediá-lo sexualmente. José não deu atenção a ela. A esposa de Potifar não aceitou a rejeição e numa ocasião em que ambos estavam sozinhos na casa tentou agarrá-lo e ele fugiu, deixando para trás a sua capa. Ela usou a capa para caluniá-lo, dizendo que ele quis ter relações sexuais com ela, que o repudiou gritando e quando gritava ele havia fugido. Caluniado, José foi posto na prisão. 

José interpreta dois sonhos na prisão (40.1-23). Mesmo preso em correntes, injustiçado, ao ser condenado à prisão por um crime que não cometeu, José permaneceu fiel ao Deus de seu pai Jacó. Deus estava com José na escuridão do cárcere, não havia esquecido dele  e nem do grande plano que tinha para seu futuro.

Em pouco tempo na cadeia, José conquistou a confiança do carcereiro, que passou a dar-lhe pequenas tarefas naquele lugar fechado. E um dia, entraram ali dois novos prisioneiros, homens importantes daquela sociedade: um deles era o chefe dos copeiros do rei e o outro o chefe dos padeiros do rei. Eles haviam perdido seus altos postos na corte do rei porque de algum modo haviam aborrecido o monarca, que os lançou na prisão. E certa vez, disseram a José que haviam sonhado. O chefe dos copeiros sonhou com uma parreira de três galhos, dos quais ele espremia as uvas e enchia o copo do rei. O chefe dos padeiros sonhou que carregava três cestos cheios de doces para o rei, mas pássaros voavam sobre ele e comiam os doces. Então, José explicou que em três dias o chefe dos copeiros reassumiria o seu posto na corte, mas o chefe dos padeiros, em três dias, seria executado. E tudo aconteceu conforme a explicação de José. Quando o chefe dos copeiros deixava a prisão, José pediu-lhe que intercedesse por ele ao rei, dizendo-lhe que era inocente, porém, após estar livre, o ex-detento esqueceu da sua solicitação.

Ainda esquecido pelo chefe dos copeiros, seu companheiro de cela, que conseguiu a liberdade antes dele e prometeu ajudá-lo para que fosse solto, manteve-se atrás das grades fiel ao Senhor. Sua fé fazia-o entender que não estava abandonado por Deus, que na presciência divina, havia reservado o momento certo para dar-lhe a vitória sobre todas as crises que atravessava.

José é convocado para interpretar o sonho do rei do Egito (41.1-36). Quando José é chamado para explicar o sonho do rei, chega o momento decisivo na vida dele, em que começa a se cumprir em sua vida o que ele havia sonhado quando ainda morava na casa de seu pai Jacó (37.5-10).

Após dois anos encarcerado, José é chamado para explicar o significado do sonho do rei, que nenhum dos conselheiros especiais do monarca puderam dizer o que significava. O copeiro lembrou-se dele e o indicou ao rei, que ordenou que rapidamente o trouxessem diante de sua presença. Ele lhe disse que havia sonhado com sete vacas gordas que saíam da água e sete vacas magras, que também saíam das águas e em seguida as magras devoravam as gordas. Também, contou a José que havia sonhado com sete espigas cheias de grãos e ao lado de outras sete, que estavam secas e queimadas. Então, José disse-lhe que o Senhor revelava que viriam sete anos de grande fartura, com boas safras, e em seguida outros sete, que seriam de péssimas colheitas. Logo apos a explicação, José sugeriu ao rei que ele escolhesse uma pessoa para administrar as colheitas dos anos bons, armazenando alimentos para o consumo nos anos de escassez. O rei gostou do conselho e disse-lhe que o escolhia para ser encarregado dessa função.

Foi assim,apesar de todos os problemas, a confiança inabalável de José no Senhor o fez sair do cativeiro triunfante.

José: o governador do Egito (41.37-57). José se torna a segunda mais alta autoridade em todo o Egito. E um agente de salvação não somente dos egípcios mas também de pessoas de outros países. Se José tivesse cedido à tentação na casa de Potifar, ele teria perdido a bênção de ser o segundo mandatário do Egito.

Para simbolizar o novo ofício de José, Faraó lhe deu um anel que usava, no qual estava estampado o selo de autoridade, vestiu-o de vestes de linho fino, e pôs um colar de ouro no seu pescoço. Deu-lhe um carro, no qual desfilou publicamente com a proclamação de que ele deveria ser honrado pela população.

José tinha aprendido a confiar em Deus e a desempenhar bem o seu trabalho. Ele viajou  pelo Egito, de norte a sul. Em cada cidade, mandava contruir enormes depósitos para armazenar grãos. Durante sete anos foram armazenados imensas safras de grãos, antes do fim dos sete anos de fartura todos os depósitos ficaram abarrotados. Então vieram os nos de grande escassez, quando as plantações deixaram de crescer, e José passou a administrar a distribuição de todo o conteúdo que havia guardado nos celeiros. Não demorou muito tempo para que as pessoas dos países vizinhos também fossem atingidas pela fome e ficassem sabendo que havia alimento no Egito e pedir para fosse vendido para eles.

O reencontro de José com sua família (42.1-24). No primeiro encontro de José com os seus irmãos desde que eles, mais de vinte anos atrás, o haviam vendido como escravo ao grupo de ismaelitas (37.28), ele estava com uns quarenta anos de idade, já havia se passado, aproximadamente, duas décadas. Nesta ocasião, José quer rever seu irmão Benjamin, o seu único irmão por parte de pai e da mãe, Raquel.

Na terra de Canaã, Jacó e seus filhos também estavam passando fome e souberam que haviam cereais para vender no Egito. Jacó enviou os filhos para comprarem, menos Benjamin, pois não queria que ficasse longe dele. Assim, que chegaram à presença de José, José os reconheceu mas não foi reconhecido por eles. Jamais passaria pela cabeça deles que pudesse estar vivo, quanto mais como primeiro-ministro do Egito. José conversou com eles, rispidamente, falando no idioma egípcio e sendo interpretado. Perguntou quem eram eles e o que pretendiam, Eles responderam que desejavam comprar cereais, e José disse acreditar que eram espiões e pediu que contassem a história deles. Eles contaram que eram doze irmãos e que um havia morrido e que o mais jovem era tão amado do pai quando o que estava falecido. Então, José ordenou que Simeão fosse preso e disse aos demais que ele só seria solto quando retornassem trazendo o irmão mais jovem, para provar que diziam a verdade. Assim, retornaram à Canaã e ao chegarem em casa ficaram surpreendidos ao abrirem os pacotes de cereais e ver que o dinheiro da compra havia sido devolvido.

Quando o suprimento de alimento terminava, Jacó novamente pediu que os filhos compraseem mais no Egito, mas eles insistiram que Benjamin deveria acompnhá-los; mesmo sem querer que ele fosse, Jacó permitiu sua ida. Ao chegar no Egito, eles foram muito bem recepcionados, levados para a casa de José. Ao ver Benjamin, José alegrou-se e ordenou que Simeão fosse solto. A mesa foi posta e todos comeram, sendo que a maior porção foi dada para Benjamin. E depois eles partiram com cereais rumo à Canaã. No caminho de volta, foram alcançados por um oficial de José que os fez pararem para revistar a bagagem, dizendo que uma taça de ouro do primeiro-ministro havia desaparecido. todos os sacos foram remexidos e a taça foi encontrada no saco de Benjuamin - José havia ordenado aoa empregos que a colocassem ali, para analisar a conduta de seus irmãos, se eles haviam mudado ou se ainda tinham o comportamento reprovável do passado.

Todos foram obrigados a voltarem aos Egito. Receosos, foram postos diante de José, que lhes disse que o culpádo de roubo seria o seu escravo. Judá - que anos atrás havia sugerido a venda de José como escravo - colocou-se em defesa de Benjamin, revelando que seu pai Jacó não suportaria aquela situação e sugerindo ser punido no lugar dele. Assim, José conseguiu a prova que seus irmãos haviam mudado de comportamento, pediu que seus empregados os deixasse à sós, e quando estavam apenas entre eles, José revelou quem ele era, falando em seu próprio idioma.

Os irmãos de José ficaram aterrorizados ao saberem que o irmão que eles tanto maltraram estava vivo e era o primeiro-ministro do Egito; José os acalmou beijando cada um deles, começando por Benjamin. Pediu que voltassem ao lar e trouxessem o seu pai, revelando que os instalaraia na terra de Gosém, onde o pasto era bom a criação de seus animais. Jacó sentiu dificuldade em acreditar que seu filho José estava vivo e era a segunda maior autoridade do Egito. Eles empacotaram todos os seus pertences e foram morar na localidade designada a eles por José. 

Conclusão

Deus, antecipadamente, preparou o espírito de José para a grande luta que enfrentaria, quando fosse provado, ao revelar-lhe, através de sonhos, o seu futuro. Por este motivo, mesmo vendido pelos irmãos, vivendo como escravo, e condenado à prisão por Potifar, jamais retrocedeu em sua fé. Desta forma, o Senhor cuidou dele e no fim ele se tornou o salvador de sua família, teve seu nome registrado na Bíblia, e nas páginas da história humana (50.20-21).

Lendo sobre a história de José, aprendemos sobre o perigo da discriminação que alguns pais fazem com seus filhos. A prática do estabelecimento de tratamento diferenciado gera ciúmes, invejas e rancores entre os irmãos. Por causa da discriminação, José quase foi assassinado por seus irmãos. Não morreu, porque Deus tinha um plano determinado com todos eles, especialmente José. Os pais jamais devem fazer distinção entre os filhos, demonstrar que gosta mais de um do que de outro. Enquanto os pais demonstram maior amor por um determinado filho, pelo fato de ele ser mais obediente do que os outros, é que causam um problema sério de relacionamento entre eles, pois o ciúme, e outros sentimentos negativos, podem aflorar, e, talvez, provocar  uma tragédia em família. Os pais devem manifestar amor altruísta, e igualitário, evitando qualquer espécie de preferência, para que não criem crises de relacionamento na família.

Também, observando a história de José, notamos que para recebermos uma bênção divina, somos primeiramente provados, a fim de fazermos jus a ela; devemos aprender a esperar em Deus, pois Ele jamais se atrasa e nem se adianta.

E.A.G.

Postagem paralela; Potifar, o eunuco egípcio

Compilações:
Bíblia de Estudo NTLH, página 48 a 56, Barueri, edição de 2005 (SBB).
Bíblia para Crianças em 365 Histórias, Mary Batchelor, páginas 43-45, edição 2008, São Paulo (Paulinas).
Lições Bíblicas - Mestre. Gênesis. O princípio de todas as coisas; Elienai Cabral; páginas 90, 91, 95; 4 º trimestre de 1995; Rio de Janeiro (CPAD)
Lições Bíblicas - Professor -  O Deus de toda Provisão, Esperança e sabedoria divina para a Igreja em meio às crises, Elienai Cabral, 4º trimestre de 2016, páginas 50, 51, Rio de Janeiro (CPAD). 
Ensinador Cristão, ano 17, nº 68, outubro - dezembro de 2016, página 39, Rio de Janeiro (CPAD). 

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