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terça-feira, 3 de maio de 2016

A Lei, a Carne e o Espírito


EBD - Lições Bíblicas - Adultos: Maravilhosa Graça: o evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos José Gonçalves (CPAD) Lição 6. A Lei, a Carne e-o Espírito
Por Eliseu Antonio Gomes

Convém dizer que a Epístola aos Romanos não foi escrita ao acaso, nem o apóstolo ditou de improviso conforme as ideias lhe iam surgindo (Romanos 16.22). A carta representa o que o apóstolo vivia, ele respirava o que transmitiu; todo o conteúdo é fruto de muitos anos de experiência com Deus. Ele ensinava em todas as igrejas a essência que encontramos nesta carta, cuja obra é inspirada pelo Espírito Santo.

O pregador inglês Martin Lloyd-Jones destacou que não existe prova melhor para saber se alguém está realmente pregando o verdadeiro evangelho de Cristo do que observar com atenção sua exposição de Romanos 6. Os pregadores do falso evangelho interpretam este capítulo errado, entendem de maneira equivocada o que o apóstolo Paulo escreveu e atribuem o sentido que desejam. Elas imaginam que se uma pessoa é salva pela graça, então pode continuar pecando, tanto quanto goste, porque a vida em pecado redundará em mais graça ainda.

O poder do pecado foi aniquilado por Jesus Cristo e não pela lei. "Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? - Romanos 6.1-3.

Se Deus está pronto para perdoar, por que não dar a Ele mais oportunidades para perdoar? Se o perdão está garantido, temos a liberdade de pecar o quanto quisermos? A firme resposta de Paulo é: "Não!" Resolver pecar implica em aproveitar-se de Deus; tal comportamento demonstra que a pessoa ainda não compreendeu a gravidade do pecado. O perdão de Deus não transforma o pecado em menos grave; a morte de Jesus Cristo comprova a terrível gravidade do pecado; Cristo pagou com a vida para que pudéssemos ser perdoados. Portanto, a disponibilidade da Graça  não deve ser desculpa para uma vida sem santidade.

O objetivo de Deus é que o crente participe da "herança dos santos na luz". O salvo é luz no meio de um mundo perverso. Cristo veio para tornar os homens em pessoas santificadas (Colossenses 1.12; Filipenses 2.15; Tito 2.14). A diferença entre o salvo e aquele que não tem Cristo é tão grande quanto a existente entre a luz e a escuridão. E não é apenas uma questão de comparação; é um fato demonstrado pelo Senhor (João 8.12; Atos 26.16-18). O salvo não é alguém "um pouco melhor" do que os demais; é absolutamente diferente, pois o crente foi resgatado para uma vida santa (Efésios 5.6-8; 1 Tessalonicenses 5.1-6; 1 Pedro 1.16, 23; João 5.17-19; 1 Coríntios 6.19, 20). 

Nossa antiga natureza está morta, agora estamos vivos para Deus. "Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus" - Romanos 6.11. 

A expressão "Considerai-vos mortos para o pecado" significa que devemos considerar nossa natureza antiga e pecaminosa como morta e indiferente ao pecado. Por causa da nossa união e identificação com Cristo, não queremos mais continuar com nossas antigas práticas, nossos antigos desejos e objetivos. Queremos viver para a glória de Deus. Ao começarmos a nova vida em Cristo, o Espírito Santo nos auxiliará a sermos exatamente aquilo que Deus quer que sejamos.

Não podemos permitir que o pecado assuma o controle de nossas vidas. "Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como redivivos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça" - Romanos 6.12, 13.

Os salvos em Cristo são  exortados à santidade em razão da nova vida que recebem e do esplendoroso futuro que os aguarda na eternidade. No texto de Romanos 13.8-14, o cristão é aconselhado a viver de modo digno diante de Deus e dos homens (Efésios 4.1-3; Colossenses 1.10; 1 Tessalonicenses 2.12). Ele também é incentivado a uma vida santa, tendo em vista o iminente retorno do Senhor e o glorioso futuro que o espera (Romanos 13.11-14).

Não usemos da liberdade para dar lugar à carne. "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros" - Gálatas 5.13.

Jesus Cristo, em sua morte e ressurreição, nos salvou da condenação do pecado - "nenhuma condenação há"; "a lei do Espírito e vida me livrou da lei do pecado e da morte" (Romanos 8.1, 2). A liberdade em Cristo que experimentamos resulta do fato de não estarmos debaixo da lei, mas da graça (Romanos 6.14). O cristão serve o Senhor Jesus Cristo e, como tal, não pode ser servo da lei, pois acha-se livre dela. Não devemos abusar da infinita bondade de Deus mediante a desculpa de que, quanto maior o pecado, maior a graça divina.  Uma vez envolvidos pela graça "não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito". A lei diz "faça e viva", entretanto, a graça diz "viva e faça". Fazemos a vontade de Deus com a ajuda e direção do Espírito Santo para a nossa santificação.

Paulo faz a distinção entre o pecado e a liberdade de servir. A liberdade, ou licença para pecar, não é absolutamente liberdade porque escraviza as pessoas a Satanás, aos outros ou a uma natureza pecaminosa. Os cristãos, ao contrário, não devem ser escravos do pecado, porque são livres para fazer o que é certo e para glorificar a Deus por meio de uma carinhosa ajuda aos semelhantes.

Já não somos mais dominados pelas obras da carne. "Digo, porém: Andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne. Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus" - Gálatas 5.16.21.

Paulo descreve as duas forças antagônicas que estão lutando dentro de nós: o Espírito Santo e a nossa natureza pecaminosa (desejos iníquos ou inclinações gerados pelo nosso corpo). O apóstolo não afirma que essas duas forças são iguais, pois o Espírito tem poder inigualável. Porém, contando apenas com a nossa própria sabedoria, faremos escolhas erradas. Se tentarmos seguir o Espírito o Espírito apenas com nossos esforços humanos, fracassaremos. O único caminho para nos libertarmos de nossos desejos pecaminosos é por intermédio do poder recebido do Espírito Santo (Romanos 8.9; Efésios 4.23, 24; Colossenses 3.3-8).

Todos nós temos desejos pecaminosos e não podemos ignorar a existência deles. A fim de podermos seguir a orientação do Espírito Santo, devemos, determinadamente, enfrentá-los (crucificá-los). Esses desejos incluem pecados evidentes como imoralidade sexual e atividades demoníacas. Incluem também outros que são menos óbvios, como hostilidade, ciúme, ambição egoísta. Aqueles que ignora esses pecados, ou se recusam a enfrentá-los, mostram que não receberam o dom do Espírito que leva a uma vida transformadora.

O fruto do Espírito na vida do crente. "Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei" - Gálatas 5.22, 23 (NVI). 

O fruto do Espírito é a obra espontânea do Espírito dentro de nós. Produz certos traços de caráter que são encontrados na natureza de Cristo. Se quisermos que o fruto do Espírito cresça em nós, devemos unir nossa vida à dEle (João 15.4, 5). Devemos conhecê-lo, amá-lo, lembrá-lo e imitá-lo. Como consequência, cumpriremos o propósito da lei - amar a Deus e aos nossos semelhantes.

Se a sua vontade for possuir as qualidades relacionadas ao fruto do Espírito, então pode ter certeza de que o Espírito Santo está guiando seus passos. Ao mesmo tempo, tenha cuidado para não confundir seus sentimentos subjetivos com a liderança do Espírito. Ser dirigido pelo Espírito desperta o desejo de ouvir, a disposição imediata de obedecer à Palavra de Deus e a sensibilidade de discernir entre seus sentimentos e a inspiração divina. 

Viva cada um de seus dias sob o domínio e a direção do Espírito Santo, pois assim as palavras de Cristo estarão em sua mente, o amor de Deus por trás de seus atos e o poder de Cristo o ajudará a sujeitar seus desejos carnais.

E.A.G.

Compilações:
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, páginas 1561, 1562, 1640, edição 2004, Rio de Janeiro (CPAD). 
Maravilhosa Graça - O evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos. José Gonçalves. Página 59; 1ª edição 2016. Rio de Janeiro (CPAD). 
Lições Bíblicas - Mestre. Salvação e Justificação - Os pilares da vida cristã. Eliezer Lira. Lição 11: Vivendo como salvos; páginas 75, 77, 79; 1 trimestre de 2006; ; Rio de Janeiro (CPAD).
Lições Bíblicas - Mestre: Romanos - O Evangelho da Justiça de Deus. Esequias Soares. Lição 7: A Liberdade Cristã, páginas 39, 42, 57; 2º trimestre de 1998; Rio de Janeiro (CPAD).

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