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sexta-feira, 6 de março de 2015

Não furtarás

"Não furtarás" - Êxodo 20.15.

Furtar é subtrair a coisa alheia. No Decálogo, a proibição visa preservar a comunhão da comunidade da aliança. Originalmente, segundo os exegetas do Antigo Testamento, o oitavo mandamento está dirigido aos sequestradores, ao rapto com propósito de escravidão, contudo o contexto é aplicável contra todo tipo de apropriação indébita,  diz respeito à proteção da propriedade, porque ninguém tem o direito de tomar posse daquilo que não lhe pertence. Ver: Êxodo 22.1-4.

Na antiguidade dos israelitas, numa sociedade camponesa cuja vida era árdua, pessoas eram roubadas para serem vendidas como escravas, como aconteceu com José do Egito, que foi vendido pelos próprios irmãos (Gênesis 37.22-28). Este tipo de crime também era comum no período do Novo Testamento, e o apóstolo Paulo o citou na passagem 1 Timóteo 1.10.

O sistema mosaico aplica a pena capital a quem violar o oitavo mandamento no crime de tráfego de seres humanos. E o receptador de bens roubados ou furtados é igualmente culpado com o autor do crime (Êxodo 21.16; Deuteronômio 24.7; Salmo 50.18; Provérbio 29.24).

Deus garantiu a todos os seres humanos o direito de adquirir bens materiais, é considerado um direito sagrado a posse de bens desde que essa aquisição seja de maneira honesta e envolva trabalho.

"Não furtarás" abrange grande variedade de furto sobre os quais o cristão precisa vigiar para não cair nas ciladas do Diabo. A ação de furto pode acontecer em vários níveis humanos:

1. Acontece na família
O pai furta o filho, o filho furta o pai; o esposa furta a esposa, a esposa furta o esposo; o tio para com o sobrinho, avós e netos.
2. Na área profissional
A empresa pode furtar o salário do funcionário quando não lhe paga o que é devido pelo trabalho; e o funcionário furta a empresa quando não cumpre o combinado entre as partes. O chefe furta o funcionário; o funcionário furta o patrão.
3. No âmbito religioso
A relação financeira entre pastores e membros tem causado escândalo em muitos lugares por não observar o princípio do oitavo mandamento. Irmãos furtando irmãos; o pastor furtando os irmãos.
4. O nível coletivo
O Estado pode furtar o dinheiro do cidadão quando aplica altos encargos tributários, e diminuir o poder do pequeno e médio empreendedor de gerar mais empregos.
Nem mesmo o Estado pode lançar mão de propriedade alheia. O rei Acabe de apropriou ilegitimamente do campo de Nabote e Deus se irou com essa atitude do monarca, por isso ordenou ao profeta Elias anunciar o seu fim e o fim de sua esposa (1 Reis 21.17-19).

O oitavo mandamento foi dado a Israel como preceito jurídico e religioso, no Novo Testamento na pessoa de Jesus Cristo a Palavra de Deus retoma o princípio do "Não Furtarás", enfatizando a avareza como agente motivador do furto e apresentando o tema em nível espiritual.

1. O perigo de acumular bens materiais. "E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui" - Lucas 12.15,
2. Dois senhores. "Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom" - Lucas 16.13.
3. A avareza dos doutores da lei. "E os fariseus, que eram avarentos, ouviam todas estas coisas, e zombavam dele. E disse-lhes: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação" -  Lucas 16.14-15.
4. A denúncia de Jesus sobre o furto dos escribas. "E, ensinando-os, dizia-lhes: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas, e das saudações nas praças, E das primeiras cadeiras nas sinagogas, e dos primeiros assentos nas ceias; Que devoram as casas das viúvas, e isso com pretexto de largas orações. Estes receberão mais grave condenação" - Marcos 12.38-40.


 Ladrões e roubadores não herdarão o Reino de Deus (1 Corintios 6.10).

Não haverá paz em uma sociedade se não houver proteção da propriedade. Isso inclui o compromisso de cada um na construção de uma sociedade mais justa e saudável.

"Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade"- Efésios 4.28.

E.A.G.

Compilações:
Ensinador Cristão, ano 16, nº 61, página 41, jan/fev/mar 2015, Rio de Janeiro (CPAD).
Êxodo, Introdução e Comentário, R. Allan Cole, página 154, reimpressão 2011, São Paulo (Vida Nova). 
Os Dez Mandamentos - Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança, Esequias Soares, 1ª edição outubro de 2014, páginas 99, 111, Rio de Janeiro (CPAD).

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