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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Crônica do nigeriano que na rua Conde de Sarzedas disse ser missionário evangélico

Por Eliseu Antonio Gomes

Gosto muito de texto bíblico de Mateus 10,16, que nos recomenda a agir com a prudência das serpentes e a simplicidade das pombas.

Algum tempo atrás, na rua Conde de Sarzerdas - uma rua de muitas lojas evangélicas na Capital de São Paulo -, encontrei um moçambicano que se apresentava como um missionário evangélico no Brasil. Era um negro bem falante e sorridente. Ele vestia-se com traje típico do seu país, uma espécie de camisa com estampa muito colorida e falava com sotaque muito forte. Estrategicamente, estava parado bem na frente da porta de um estabelecimento comercial, aproveitava o fluxo de gente que entrava e saía da loja para oferecer os CDs dele.

Eu não sou um alguém que acredita de imediato nas coisas que ouço, sempre busco comprovar tudo. Perguntei a ele o nome de seu pastor e qual era a igreja que o havia enviado ao Brasil. Não sei se de maneira proposital ou distraída, ele não me respondeu. Ao invés de esclarecer, ofereceu o CD, cujo conteúdo era todo de pregações realizadas por ele. De pronto, pude perceber que era um produto feito de modo nada profissional. Apesar de a qualidade deixar a desejar, comprei, porque afirmava que o dinheiro seria revertido para o seu ministério. Por quê não dar um voto de confiança?

Bom de prosa, ele conseguiu mexer com o emocional da minha esposa em poucas palavras. Disse para ela que os brasileiros estão no céu e não sabem, porque no país de onde veio poucos conseguem comer na mesma refeição arroz e feijão juntos. Quase levamos dois exemplares do CD!

Hoje, conversei com uma pessoa que trazia uma dúvida e pedia auxílio, queria saber como deveria proceder. Nesta conversa, me lembrei do tal moçambicano bom de papo. A pessoa me disse que um homem de Moçambique prega em igrejas do Brasil e arrecada dinheiro para uma obra religiosa em seu país, mas as fotos que apresenta não são de seu ministério, mas de outra pessoa, brasileira, que não tem elo algum com ele, faz missões lá no continente africano e não deu autorização para copiar e usar suas imagens Tudo indica que o pedido de ofertas é uma situação fraudulenta. Estelionato. Falsidade ideológica. A ação de lobo travestido de ovelha, pois a brasileira afirma não receber um tostão.

Note a palavra MISSIONÁRIO: significa ENVIADO. A indução ao erro só acontece quando existe falta de conhecimento. O missionário precisa ter a referência de quem o envia. Então, se um pastor não enviou a pessoa, essa pessoa não deve dizer que é uma missionária, mesmo que ela seja sincera, trabalhe duro e dedique todo seu coração para Cristo. E se a pessoa não puder comprovar que foi de fato enviada por um pastor, a prudência recomenda a quem a recebe não considerá-la em missão. É seu irmão ou irmã de fé, mas missionário ou missionária não é.

O que respondi para a pessoa que pediu ajuda nesta situação? Eu acredito que a missionária brasileira deveria:
1º. falar ao seu pastor sobre o fato,
2º.  fazer seus mantenedores ficarem cientes para que não sejam enganados,
3º. fazer denúncia no próprio site, ou página dela em rede social. Deixar um comunicado bem claro que não passou procuração para que se peça ofertas em nome dela. Mas sem citar nome.

Há necessidade de tomar cuidado para não ser judicialmente processada pelo nigeriano, pois o Código Penal Brasileiro, no artigo 140, também dá oportunidade para que se puna quem diz a verdade, é a tal queixa de injúria, que bem poderia ser chamada "lei de incentivo ao crime", pois essa lei é interpretada de maneira muito esquisita, considera-se ofensa contra a dignidade ou o decoro acusar atos falhos de quem age dolosamente. A pena pode ser  detenção de seis meses a um ano ou multa.  

E.A.G

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