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sábado, 4 de janeiro de 2014

O fruto do Espírito na vida do crente

Por Eliseu Antonio Gomes

No cenário evangélico, existem muitas abordagens acerca do fruto do Espírito. Livros, artigos em revistas, pregações. Embora eu saiba que minha contribuição seja das mais pequenas, digo que é importante tocar neste tema em profundidade pois tal iniciativa contribui para enriquecer a vida cristã daqueles que desejam conformar-se à imagem de Cristo. 

Encontramos no Novo Testamento Jesus Cristo como o Caminho. O coração humano é comparado ao solo, que precisa ser um terreno bem tratado, alvo de bastante cuidado, ser fértil, pois o Agricultor, que é nosso Deus, espera que ele seja produtivo.

Deus não se agrada da ausência do fruto a ser colhido, do fruto doente, da colheita incompleta. A produção perfeita do fruto do Espírito na vida do crente leva-o à comunhão íntima com Deus.

A Parábola do Semeador apresenta quatro tipos de terras:

1 - O terreno à beira do caminho (Mateus 13.4, 19).

Jesus Cristo descreveu o coração de alguns crentes como "beira do caminho". O coração deles é igual solo endurecido, tal qual tijolo e concreto, é semelhante a superfície de terra batida porque transitam milhares de pedestres dia após dia sobre eles. 

A rigidez os torna impenetráveis à água. As sementes são incapazes de germinar em solos duros, morrem antes de brotar. Aves comem essas sementes, pois encontram elas espalhadas. 

São corações fechados para as orientações da Palavra de Deus, mas abertos para muitas pessoas que formam suas opiniões com pensamentos que se chocam ao ensinamento bíblico. Eles dão importância maior para mensagens antibíblicas encontradas em conversas com não cristãos; aos conteúdos estranhos à Bíblia Sagrada encontrados em sites na internet, letras de músicas sem nenhum temor a Deus ouvidas no rádio, em arquivos de MP3; aos textos escritos para debochar da fé cristã, publicados em revistas e livros; sentem prazer em assistir esquetes na televisão e acompanhar roteiros de cinema produzidos para escarnecer da vida em piedade. Enfim, a mídia secular influencia a vida do coração duro e o faz viver afastado da vontade divina.

Os pássaros são analogias das equivocadas relações de amizades desses crentes.

2 - O solo rochoso ou pedregoso (Mateus 13.5-6; 20-21).

Terrenos cheios de pedras não podem ser considerados totalmente imprestáveis ao plantio. Trata-se de um tipo de terra que exige do lavrador maior dedicação, mais suor. Mesmo que os camponeses se disponham a limpar e arar a terra com bastante afinco, usem boas parelhas de animais e ferramentas novas e adequadas, empenhem-se para plantar a lavoura com altos custos, haja chuva no tempo certo, os lavradores correm o risco de colher míseros punhados ou nada do plantio, o proprietário corre o risco de ter um amargo fracasso com a produção de sua lavoura.

Muitas pessoas mental e emocionalmente afirmam amar a Cristo. Mas elas não demonstram sua fé e amor através de atitudes coerentes. Estão apenas ligadas à religião por motivos sociais que lhes são convenientes. Possuem elos com pregadores, tarefas ligadas à liturgia da igreja, mas não têm contato constante com Deus, apesar de participar de cultos. O coração delas parece um tapete verde, porém, o subsolo está composto com enormes formações de granito. 

Não é de admirar que a Bíblia Sagrada repete muitas vezes que o homem é duro de coração, pois a natureza humana está em luta constante contra a vontade do Espírito Santo. A Palavra de Deus admoesta aos crentes esforçarem-se para ter paz com todos na medida do possível e afastar-se da corrupção do mundo, mas o coração pedregoso insiste em manter uma briga contínua com alguém, ou a satisfazer-se com prazeres carnais que não condizem com a pureza da santidade divina. Assim sendo, embora a semente brote em seu solo, jamais a bela planta crescerá e frutificará, as raízes encontrarão a resistência das pedras da contenda, o calor angustiante do ódio escondido, a dureza da desobediência ao Senhor e morrerá seca ou queimada pelo sol escaldante. 

A Palavra de Deus é simbolizada nas Escrituras como o martelo que quebra pedras em pedacinhos (Jeremias 23.29). Terrenos rochosos podem se tornar solos maleáveis. O coração superficial, que pulsa apenas pelo hábito da religiosidade humana pode vir a ser terra fértil e entregar ao Agricultor o fruto do Espírito. Para que seja assim é necessário rever as prioridades, querer trocar o pregador, o professor, a bela liturgia de culto, os prazeres da carne por Deus. As relações sociais na igreja são importantes e lícitas, porém, o Senhor deve estar acima de todas elas. Somente quando Deus é o primeiro na vida do crente é que o solo rochoso de seu coração se torna capaz de receber a semente e transformá-la em árvore frutífera. 

3 -  O terreno cheio de espinhos (Mateus 13.7; 21-22).

O cristão precisa examinar a si mesmo, constantemente, perguntar-se quais são suas prioridades. Ele dá mais valor para o mato inútil ou para o fruto eterno?

Os israelitas do passado cultivavam suas plantações no clima semi-árido, para sobreviverem da agricultura precisavam estar em constante vigilância com o objetivo de evitar que em sua lavoura proliferassem espinheiros, cardos e todo tipo de erva daninha. Embora o solo fosse limpo no momento da plantação, o vento poderia trazer sementes indesejáveis, os pássaros poderiam depositar junto com o esterco sementes de abrolhos e cardos, animais domésticos e selvagens poderiam trazer na pelagem sementes de joio ao entrarem na plantação de trigo. Toda safra de uvas poderia se perder sufocada por abrolhos e cardos.

A Palavra de Deus deve ser guardada no coração para que não pequemos contra Deus. A ansiedade, os cuidados com as coisas dessa vida, o engano das riquezas como solução de todos os problemas e a sedução do materialismo competem com a semente da Palavra de Deus em nossos corações. É preciso vigiar para que o nosso coração apresente o precioso fruto do Espírito em safras que não contenham infestação de matos e plantas espinhentas.  

4 - O terreno bom (Mateus 13.8, 23).

A terra boa é altamente produtiva. Jesus Cristo a descreveu como um solo em que o agricultor planta e obtém colheitas lucrativas, resultados satisfatórios de seu trabalho ao lançar as sementes no solo. O trabalho rende uma semeadura com retorno de trinta vezes, sessenta e outros cem vezes  mais o que foi plantado. 

A terra boa oferece a vegetação que o agricultor plantou, porém antes exige dele que se aplique com habilidade na preparação do plantio, retirando o mato, ervas daninhas e sujeiras. Revolva-a com esmero para dela extrair a máxima produtividade.  

O coração humano não é terra promissora, mas ninguém é irrecuperável para Deus. Jesus Cristo derramou na cruz do Calvário suor e sangue para que fôssemos resgatados da condição de esterilidade, para que nos transformássemos em solo limpo, liso, pronto para ser semeado e pudéssemos ter condições de apresentar frutos agradáveis a Deus na estação certa. 

O que faz surtir o efeito real de transformação na terra à beira do caminho, desértica ou pedregosa, para solo  produtivo é o sincero desejo de frutificar. A mudança acontece ao permitir que o Espírito tenha liberdade e realize a limpeza no coração, deixando-o agir com o arado, a enxada, a foice. Remexa nossa vida toda e nos convença de todos os pecados que praticamos e confessemos esses pecados a Deus dispostos a não repetir nenhum deles outras vezes.

O trabalho espiritual ocorre no coração humano quando o crente dá atenção e pratica a Palavra de Deus.  É entregando o campo para Jesus tomar posse dele como único Dono e Senhor que um crente torna-se capaz de apresentar o fruto do Espírito.

E.A.G.

O presente artigo é baseado nos quatro primeiros capítulos do livro Frutos do Espírito Santo, cuja autoria é de W. Philip Keller, edição 1981, Venda Nova - MG (Editora Betânia).

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