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segunda-feira, 13 de maio de 2013

O divórcio - lição nº 7 - EBD - CPAD

Por Eliseu Antonio Gomes

A Lei de Moisés permitia que o marido israelita repudiasse sua mulher, mas os motivos pelos quais ele podia tomar tal deliberação tinha algumas restrições:

As vítimas de violência sexual e o divórcio na Lei de Moisés

Na cultura judaica, a reputação arruinada de uma virgem era pior que o estupro. O estuprador israelita era obrigado a pagar o dote ao pai da vítima, o mesmo valor que ele receberia quando ela se cassasse em cerimônia convencional, e depois de casado dar-lhe a proteção do casamento sem a possibilidade de divórcio, sendo obrigado a cuidar da vítima e das crianças resultantes dessa união. A obrigação de casar-se com a vítima estuprada garantia a ela não ficar solteira, rejeitada por não ter a virgindade, e também servia como meio de desmotivar o sexo sem compromisso conjugal (Deuteronômio 22.19, 29; 24. 1-4).

Divórcio e novo casamento no Código Mosaico

Eram tidos como problemas graves na sociedade israelita a mulher ser incapaz de gerar filhos, possuir defeito físico, fluxo irregular de sangue durante a menstruação, proceder com descuido durante o período menstrual e no descuido outras pessoas ter contato com o sangue. A pessoa que tivesse contato era considerada cerimonialmente impura, o que impelia a todos a exigir cuidados redobrados   (Levíticos 15.19, 27).

Se um israelita casasse com uma mulher com este perfil poderia assinar um documento de divórcio e mandá-la embora de casa. E se depois de divorciada essa mulher viesse a se casar com outro israelita e neste segundo casamento ela ficasse viúva novamente ou se tornasse divorciada, o primeiro marido era impedido de reatar laços matrimoniais com a ex-esposa. 

Nestes casos, entre os judeus não era errado a mulher casar outra vez. A mulher israelita divorciada de dois maridos  não tinha impedimento algum para casar-se de novo, desde que não fosse com seu primeiro marido (Deuteronômio 24.1-2). O veto ao primeiro marido era uma maneira de coibir aos homens agirem impetuosamente contra suas esposas e de proteger a reputação das mulheres, que poderia ser vista com alguém imoral e de más intenções.

Divórcio e novo casamento na perspectiva de Jesus

Sobre a questão do divórcio, o ensino de Jesus está registrado em Mateus 5.31-32; Marcos 10.2-12; e Lucas 16.18. Jesus reconheceu que em caso de adultério o divórcio possa ser uma triste medida necessária em caso do cônjuge adúltero ter coração endurecido e não se arrepender de sua infidelidade e manter-se infiel, ou de a parte ofendida ter seu coração endurecido e não ser capaz de perdoar o cônjuge adúltero que se arrependeu e se dispõe a voltar a dedicar-se de maneira correta ao laço conjugal.

Jesus deixou claro reprovar a atitude masculina de desprezar a mulher simplesmente por desagradá-lo, mostrou que não era de acordo com a pouca proteção legal que tinham elas. Lembrou aos judeus que o divórcio é contrário à vontade de Deus, sendo o objetivo divino que o matrimônio perdure por toda a vida. 

Aos rabis que procuraram Jesus preocupados apenas com a letra da Lei, perguntando sobre divórcio e novo casamento, disse-lhes: "Qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera, e aquele que casar-se com a repudiada comete adultério" - Mateus 5.32. A resposta esclarece a necessidade de se entender o  propósito da Lei e o plano original de Deus acerca do casamento para a raça humana: um homem e uma mulher casados por toda a vida. A intenção do Senhor permanece inalterada ao passar dos anos, não pode ser ignorada por circunstâncias banais, como por exemplo um lapso quanto ao asseio físico individual feminino, a doença, a infertilidade, o ronco durante a noite, o envelhecimento (Lucas 16.16-18).

O divórcio e o novo casamento pela perspectiva do apóstolo Paulo

Paulo, em 1 Coríntios 6.18, abordando as relações sexuais ilícitas nos faz entender que, espiritualmente, o adultério  não é um pecado pior do que outros. Porém, produz um bojo de questões ao casamento que os outros pecados não produzem. Paulo esclarece que os outros pecados não atingem o corpo da pessoa, enquanto a prática da imoralidade sexual sim. Em suma, descrevendo isso no vocabulário do século 21, a infidelidade conjugal além de ferir o coração da pessoa traída, também a coloca em risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis, e porque é preciso cuidar do corpo como templo do Espírito Santo, a pessoa vítima da infidelidade tem toda liberdade de analisar a situação em que se encontra e divorciar-se se considerar necessário. 

Paulo tratou de outra situação em 1 Coríntios 7.15, quando um cônjuge crente é abandonado por outro, que é descrente. Existem duas correntes interpretativas a respeito. A primeira entende que se o cônjuge descrente simplesmente se afastar, o crente deve permitir que vá embora. No caso dele voltar deve recebê-lo, considerando o pacto matrimonial. O crente desprezado não deveria casar-se outra vez. A segunda interpretação explica que o cônjuge descrente é livre para ir embora, o cristão é livre para conceder-lhe o divórcio e também para casar-se outra vez em outro relacionamento.  

Conclusão

Deus concebeu o casamento como exemplo de harmonia e interdependência. Assim como Cristo reúne muitos indivíduos com personalidades e dons distintos como membros do Corpo de Cristo, que formam a Igreja, o casamento combina duas pessoas num vínculo de compromisso duradouro de fidelidade. A sentença "uma só carne" (Mateus 10.8) acentua a união sexual na intimidade da vida a dois, representa também uma profunda fusão espiritual, à medida que duas pessoas unem tempo, recursos, emoções e objetivos debaixo da mesmo teto (1 Coríntios 12.12-13; Efésios 5.21-33).

E.A.G.

Compilações mescladas com textos de autoria de quem assina o artigo.
Consultas:
Dicionário Bíblico Universal, AR Buckland e Luckyn Williams, maio de 2007, São Paulo, Editora Vida
Bíblia de Estudo Vida; páginas 304, 305, 306, 1560, 1622, 1774; edição 1998; São Paulo;  Editora Vida.

7 comentários:

  1. Me senti mto edificada ao ler essa postagem. Parabéns!!!!!!!!

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  2. Um dos maiores inimigos do casamento saudável são os próprios casais, pois se posicionam com uma postura de testemunho desagradável, formando assim preconceitos referentes a vida a dois. Por isso concordo com o irmão quando diz que o propósito original de DEUS não muda, e por tanto, precisamos nos basear nos princípios de DEUS e não da sociedade.

    Acesse: albervan.wordpress.com

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  3. Então não podem divorciarem os casais desse tempo?

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  4. Obrigado por me fazeres ouvir estes conselhos

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  5. Olá, Unknown (de 27 de abril de 2019).

    Eu responderei a você, adaptando o conteúdo das palavras que usei recentemente para uma pessoa amiga, que vive um período de turbulência no matrimônio. A pessoa com quem se casou se mostra infiel no relacionamento, abandonou o lar, tem relacionamento extraconjugal.

    É o seguinte:

    Você é uma pessoa de Deus e Deus nunca abandona os seus. Deus te ama e dá provas desse amor imenso todos os dias. Não tenha medo de alimentar esperanças, pois é através da esperança que Deus age em seu favor.

    O futuro é igual uma casa em começo de construção. Tijolos são assentados um por um. Um sonho por vez. Não tenha pressa, não queira ter a construção pronta, como se pudesse acontecer igual uma mágica. Se a casa tiver projeto, sua aparência final será bonita e todos os seus espaços úteis. Planeje seu futuro pedindo sabedoria a Deus e capacidade de tomar as iniciativas certas em momentos certos.

    Você se casou... Agora, ele (a) é o seu marido/esposa e não corresponde expectativas importantes. Agora, como companheiro (a) dele (a), você precisa orar colocando-o (a) no topo da sua lista de intercessões. A Palavra diz que a esposa sábia edifica a casa, fala que a pessoa cristã casada santifica seu marido/esposa descrente e que o marido crente santifica sua companheira descrente. Por descrente, entenda quem está fraco na fé. Provérbios 14.1; 1 Coríntios 7.14.

    Eu gosto da comparação que o escritor de Eclesiastes fez sobre o matrimônio. A comparação do casamento é como um laço de três dobras. A primeira dobra é Jesus, a segunda é o marido e a terceira é a esposa. O Salvador está com a gente sempre, até nos momentos em que nos sentimos sem ninguém para nos apoiar.

    É sempre triste saber que alguém não honra a relação matrimonial. Entendo e respeito a decisão de pessoas que não desistem do (a) parceiro (a) infiel. E mesmo assim eu peço a você que reflita sobre isso com bastante cuidado. Mantenha seus pés no chão e os pensamentos voltados para Deus, porque Deus é quem deixa a brecha de saída aberta para e esse tipo de problema.

    Sei que os conflitos entre casais não são iguais para todos. Cada caso é um caso diferente. Por envolver pessoas, cada qual com seu caráter e sua personalidade distinta, a resposta para a solução não é instantânea. É preciso orar, observar, ter paciência.

    Por que eu digo isso? Muitas vezes o coração endurecido é da pessoa que pecou e não de quem tem a disposição para perdoar. O coração do crente convertido é humilde e não se ressente da maldade que lhe fazem; mas o coração de quem está fraco na fé muitas vezes é insensível demais, duro demais, não tem a mínima vontade de mudar de atitude. Esta dureza tem a ver com o caráter. Conheço casos de separação com desfechos diferentes. Existe aconselhamento com resultado feliz. Mas para isso é preciso que os dois se coloquem no centro da vontade de Deus, que a pessoa que cometeu o adultério tenha um arrependimento verdadeiro.

    Está escrito que Deus odeia o divórcio. Mas, também, que Ele permite a separação em casos de adultério. Quando há o coração duro de uma das partes. Você tem disposição para perdoar, então pergunte a Deus se o coração do (a) seu/sua companheiro (a) sofre por causa do pecado cometido e busca ser fiel a El e a você, ou se quer e ou se quer continuar a satisfazer os desejos carnais.

    Abraço.

    E.A.G.

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  6. Muito edificante, mas uma coisa me deixa triste. Muitos homens que se dizem servos de Deus abandonam suas esposas, contraem novo casamento e depois passam a ocupar os pulpitos como se nada tivesse acontecido

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  7. Olá, Gilliard.

    Obrigado por prestigiar este blog com a sua leitura e comentário.

    Abraço.

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